Arqueologia/antropologia/ADN

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#31 Mensagem por LeandroGCard » Qua Mar 26, 2014 10:25 am

Marechal-do-ar escreveu:Mais tarde quanto? Há negros na África, há brancos da Américas ao Japão, pela lógica a perda da melanina ocorreu antes da migração desses povos, quer dizer, logo assim que o Homo Sapiens saiu da África.
Muito pelo contrário, a perda da melanina provavelmente ocorreu apenas após as primeiras levas de descendentes dos povos que emigraram para fora da África (o que deve ter começado uns 60 mil anos atrás - o Homo Sapiens surgiu há mais de 150 mil anos, mas aparentemente as primeiras migrações para fora da África não foram bem sucedidas) se estabelecerem nas regiões mais frias do norte nas duas extremidades da Eurásia. Em outros ambientes dificilmente uma população sem a adequada proteção contra a luz solar excessiva teria sequer sobrevivido, imagine atingir um número suficiente para colonizar de forma bem sucedida.

As populações nativas do sul e centro da Ásia até hoje tem um certo grau de melanina na pele, vide os indianos, mongóis, etc... . Iranianos e outros povos de pele clara chegaram a estas regiões já em tempos históricos. Nem mesmo os esquimós tem a pele totalmente branca. E nenhuma tribo americana também jamais teve a pele branca, incluindo as que viviam nos extremos norte e sul do continente (as únicas populações brancas na América provinham de imigrantes chegados da Europa).

Apenas no norte da Europa e no extremo leste da Ásia surgiram populações de pele completamente clara, talvez de forma independente e talvez primeiro na Europa com migração posterior para o leste, mas isso não deve ter acontecido muito antes por exemplo das migrações para a América pelo Alasca (uns 15 mil anos atrás), caso contrário as primeiras populações nativas americanas já teriam pele clara, e não é este o caso. Apenas bem depois estas populações brancas se espalharam para as regiões mais próximas, como o sul da Europa e o Japão (este foi ocupado há uns 30 mil anos, mas não se tem certeza da cor da pele dos primeiros ocupantes). E isso sem falar na Melanésia, com sua população de pele tão escura quanto a dos africanos (embora talvez a pele dos melanésios seja hoje mais escura que a de seus ancestrais que migraram pelo sul da Ásia, tendo o aumento da quantidade de melanina evoluído como uma característica secundária da mesma forma que o cabelo loiro de algumas tribos da região).

Existe uma hipótese de que a cor branca surgiu entre grupos que migraram do sul para o norte da Europa com o final da última glaciação e se miscigenaram com os neandertais da Europa, estes sim de pele branca. Mas não sei se esta ideia tem muita sustentação. O primeiro artigo abaixo diz que provavelmente sim, o segundo diz que certamente não (humanos brancos teriam cerca de 12 mil anos apenas):

http://news.nationalgeographic.com/news ... n-science/

http://www.newscientist.com/article/dn2 ... zLYI4XLKw4

E a evolução no sentido oposto é improvável, praticamente tudo nos humanos é adaptado ao calor e savanas africanas, foi nesse ambiente onde humanos provavelmente tiveram mais tempo para evoluir.
Este ponto está certo, a grande maioria das características humanas parece mostrar que a evolução do Homo Sapiens se deu na África. E isso é corroborado pela grande diversidade genética existente entre os povos africanos, maior que entre todas as demais populações do mundo. As diferenças genéticas entre um dinka e um pigmeu ou entre um swahili e um boskímano são maiores do que entre um alemão e um japonês, ou entre um aborígene australiano e um ianomâni. Isso indica um grande período de evolução com diferenciação genética naquele continente antes que um ou alguns grupos saíssem de lá e se espalhassem pelo restante do mundo.


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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#32 Mensagem por Marechal-do-ar » Qua Mar 26, 2014 7:18 pm

LeandroGCard escreveu:
Marechal-do-ar escreveu:Mais tarde quanto? Há negros na África, há brancos da Américas ao Japão, pela lógica a perda da melanina ocorreu antes da migração desses povos, quer dizer, logo assim que o Homo Sapiens saiu da África.
Muito pelo contrário, a perda da melanina provavelmente ocorreu apenas após as primeiras levas de descendentes dos povos que emigraram para fora da África (o que deve ter começado uns 60 mil anos atrás - o Homo Sapiens surgiu há mais de 150 mil anos, mas aparentemente as primeiras migrações para fora da África não foram bem sucedidas) se estabelecerem nas regiões mais frias do norte nas duas extremidades da Eurásia. Em outros ambientes dificilmente uma população sem a adequada proteção contra a luz solar excessiva teria sequer sobrevivido, imagine atingir um número suficiente para colonizar de forma bem sucedida.

As populações nativas do sul e centro da Ásia até hoje tem um certo grau de melanina na pele, vide os indianos, mongóis, etc... . Iranianos e outros povos de pele clara chegaram a estas regiões já em tempos históricos. Nem mesmo os esquimós tem a pele totalmente branca. E nenhuma tribo americana também jamais teve a pele branca, incluindo as que viviam nos extremos norte e sul do continente (as únicas populações brancas na América provinham de imigrantes chegados da Europa).

Apenas no norte da Europa e no extremo leste da Ásia surgiram populações de pele completamente clara, talvez de forma independente e talvez primeiro na Europa com migração posterior para o leste, mas isso não deve ter acontecido muito antes por exemplo das migrações para a América pelo Alasca (uns 15 mil anos atrás), caso contrário as primeiras populações nativas americanas já teriam pele clara, e não é este o caso. Apenas bem depois estas populações brancas se espalharam para as regiões mais próximas, como o sul da Europa e o Japão (este foi ocupado há uns 30 mil anos, mas não se tem certeza da cor da pele dos primeiros ocupantes). E isso sem falar na Melanésia, com sua população de pele tão escura quanto a dos africanos (embora talvez a pele dos melanésios seja hoje mais escura que a de seus ancestrais que migraram pelo sul da Ásia, tendo o aumento da quantidade de melanina evoluído como uma característica secundária da mesma forma que o cabelo loiro de algumas tribos da região).
Hum... Já vi esse desencontro de informações antes pela falta de definição do que é pele branca, pelo que você escreveu você só considerou "branco" os humanos com tons de pele mais claro que, de fato, só existem na Europa e lesta da Ásia, os nem tão brancos (índios brasileiros e americanos) são mais comuns pelo globo, e definitivamente não são negros.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#33 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 26, 2014 8:04 pm

Salvo erro os indigenas do continente Americano são descendentes de povos que vieram da ásia.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#34 Mensagem por Marechal-do-ar » Qua Mar 26, 2014 9:12 pm

cabeça de martelo escreveu:Salvo erro os indigenas do continente Americano são descendentes de povos que vieram da ásia.
Salvo engano isso não está nada claro, no Brasil existem sítios arqueológicos com 40 mil anos, na América Central 25 mil anos, e na América do Norte 15 mil anos, não é bem o trajeto que se espera de colonizadores asiáticos.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#35 Mensagem por LeandroGCard » Qua Mar 26, 2014 10:36 pm

Marechal-do-ar escreveu:Hum... Já vi esse desencontro de informações antes pela falta de definição do que é pele branca, pelo que você escreveu você só considerou "branco" os humanos com tons de pele mais claro que, de fato, só existem na Europa e lesta da Ásia, os nem tão brancos (índios brasileiros e americanos) são mais comuns pelo globo, e definitivamente não são negros.
É, esta questão é meio complicada.

Apesar da longa tradição em se fazer exatamente isso, na verdade separar as etnias pela cor da pele é uma bobagem. Como eu já mencionei, as diferenças genéticas entre povos considerados simplesmente como "negros africanos" são muito maiores do que entre todas as demais etnias (brancos caucasianos, asiáticos, ameríndios, polinésios, melanésios e o que mais houver). O mais correto seria usar a filogenia, que hoje é muito facilitada pela análise genética. Se partirmos deste princípio, todas as etnias não-africanas descendem de uma quantidade muito pequena de populações africanas emigradas, e divergiram após a migração para fora da África em ramificações distintas, que a cor da pele não ajuda nem um pouco a traçar. Por exemplo, os aborígenes australianos descendem de raças caucasianas que migraram desde o sul da Índia, e portanto são mais distantes das raças negras da África subsaariana do que os brancos europeus, apesar de terem praticamente a mesma cor :wink: . Entre os brancos também pode haver confusão, a pele clara dos coreanos e japoneses não é necessariamente indicação de que eles sejam mais relacionados com os europeus do que com os Africanos. Na verdade os Europeus são mais próximos dos semitas do sudoeste asiático e das raças mongólicas centrais, ambas não totalmente brancas, do que dos japoneses.

Por isso quando me referi a "brancos" em meu post eu falava especificamente dos caucasianos europeus e dos extremo-orientais. As demais raças tem peles de diversas outras cores, e não são portanto "brancas", da mesma forma que também não são negras. E com relação à raça "negra" propriamente dita, ela simplesmente não existe. As etnias com tom de pele mais escuro são tantas e tão variadas geneticamente que não faz sentido "colocá-las em um só balaio", é preciso especificar claramente a qual etnia específica (ou grupo delas) se quer referir.

Marechal-do-ar escreveu:
cabeça de martelo escreveu:Salvo erro os indigenas do continente Americano são descendentes de povos que vieram da ásia.
Salvo engano isso não está nada claro, no Brasil existem sítios arqueológicos com 40 mil anos, na América Central 25 mil anos, e na América do Norte 15 mil anos, não é bem o trajeto que se espera de colonizadores asiáticos.
Não há um consenso absoluto, mas a maioria dos pesquisadores ainda acredita que os povos americanos descendem sim basicamente de asiáticos orientais.

A datação destas prováveis colonizações mais antigas não estão definitivamente comprovadas, alguns ainda discordam que elas sejam tão antigas assim. Mas mesmo que sejam, a idéia atual não é de que o caminho de formação das etnias presentes na América à época dos descobrimentos tenha sido sul-norte au invés de norte-sul. O que se imagina é que ouve pelo menos duas (talvez mais) levas de migração para as América: Uma primeira bem mais antiga, de antes que as etnias orientais típicas que conhecemos hoje tivessem surgido (por isso Luzia seria de etnia negróide) e que não se sabe quando chegou nem de onde teria vindo. E uma segunda que chegou a 15 mil anos pelo Alasca, e que se expandiu para o sul acabando por eliminar quase totalmente os representantes da primeira leva de colonizadores. A maioria absoluta das etnias americanas descendem desta segunda leva, com possível exceção de algumas tribos bem primitivas da América do Sul, que poderiam ter sangue miscigenado entre as duas levas.


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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#36 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 22, 2014 2:17 pm

O fuzilamento de Jacinto Correia em Mafra

A 25 de Janeiro de 1808, foi fuzilada aquela que seria, oficialmente, a primeira vítima dos exércitos napoleónicos em toda a península ibérica. O seu nome era Jacinto Correia, mas os motivos que conduziram à sua morte variam segundo as versões. Vejamos:



Paisano dos arredores de Mafra
O bispo do Rio de Janeiro, logo depois de falar da arbitrária prisão de Bernardo José de Sousa Lobato, refere que “ao representante de Napoleão [i.e., a Junot] não era bastante lançar ferros aos portugueses; era preciso que fizesse correr o seu sangue, como sucedeu em Mafra com a morte de um pobre lavrador da vila da Atouguia chamado Jacinto. Este simples paisano tinha sido roubado pelas primeiras tropas francesas que passaram para a Praça de Peniche, e querendo defender-se dos seus inimigos, que julgava também [serem] inimigos da pátria, inflamado pelas queixas de seus vizinhos que tinham sido roubados como ele, foi imediatamente à vila de Óbidos a pedir auxílio de tropas ao Coronel do Regimento de Freire, que ali se achava. Disse-lhe que a sua intenção era dar a morte a todos os franceses que continuassem a passar pela sua terra. Ninguém escusará este pobre rústico de um erro de entendimento; mas o seu erro nascia de um verdadeiro patriotismo; e o que é bem digno de lamentar-se é que o seu patriotismo foi julgado um grande crime pelo juízo dos mesmos portugueses; porque o próprio Coronel de Freire, em lugar de o instruir como ignorante, o foi delatar como rebelde aos franceses, e por isso caindo o infeliz Jacinto nas garras do Brigadeiro Taunier [sic*], Comandante da Praça de Peniche, poucos dias depois foi morrer arcabuzado em Mafra, por sentença de uma comissão militar francesa.
Para maior desgraça esteve este pobre homem a ponto de morrer sem sacramentos, se não fossem os cuidados e diligências de um religioso arrábido do Convento de Mafra, que com eles lhe acudiu quase no momento de sua triste morte. E de passagem nos seja permitido notar aqui que este religioso era um dos oito a que os francese reduziram todos os sacerdotes da Real Basílica de Mafra” [José Caetano da Silva Coutinho, Memoria Historica da Invasão dos Francezes em Portugal no anno de 1807, Rio de Janeiro, Impressão Régia, 1808, pp. 49-50].


Acúrsio das Neves, que parece estar na maior parte dos casos muito bem informado, corrobora esta versão, quando refere que o motivo de tal fuzilamento, que se praticou "com solenidade", foi "um indiscreto desafogo de palavras proferidas contra os franceses diante de uma autoridade portuguesa, que não praticou a virtude de ocultá-las" [José Accursio das Neves, Historia Geral da Invasão dos francezes em Portugal - Tomo II, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1810, p. 69].


Talvez apoiado nesta última obra, o General Foy, que acompanhara o exército invasor a Portugal, escreveu igualmente que "un bourgeois de Mafra fut condamné à mort par une comission militaire, et exécuté, pour s'être répandu en invectives contre l'armée française" [Général Foy, Histoire de la Guerre de la Péninsule sous Napoléon - Tome III, Paris, Baudouin Frères Éditeurs, 1827, p. 37].




No entanto, uma outra versão ganhou mais adeptos. Parece-nos que esta segunda versão foi publicada originalmente logo em 1809, numa obra anónima, cujo longo título é o seguinte: Observador Portuguez, Historico e Politico, de Lisboa, desde o dia 27 de Novembro do Anno de 1807, em que embarcou para o Brazil o Principe Regente Nosso Senhor e toda a Real Familia, por Motivo da Invasam dos Francezes neste Reino, &c. Contém todos os Editaes, Ordens publicas e particulares, Decretos, Successos fataes e desconhecidos nas Historias do Mundo; todas as Batalhas, Roubos e Usurpaçoens, até o dia 15 de Setembro de 1808, em que foram expulsos, depois de batidos os Francezes (Lisboa, Impressão Régia, 1809)**. Segundo esta obra (na p. 156), o crime de Jacinto Correia foi ter assassinado com uma foice dois franceses. Condenado à morte, suas últimas palavras teriam sido mais ou menos as seguintes: Se todos os portugueses fossem como eu, nem um só francês continuaria vivo.


Cuidadosamente, a punição de Jacinto Correia foi tornada conhecida somente no dia 1 de Fevereiro, através duma proclamação de Loison que, contudo, omitiu as causas e natureza de tal "grande crime", talvez para evitar que o exemplo fosse seguido:








Quartel General de Mafra, 1 de Fevereiro de 1808
Portugueses:
Um dos vossos compatriotas, Jacinto Correia, convencido de um grande crime, foi condenado à morte; esta severidade das leis assegura a tranquilidade pública de que dependem as vossas vidas e propriedades.
Se Sua Excelência o Comandante em Chefe entregou às leis um dos habitantes do país, todos presenciaram que tratou com a mesma severidade os soldados franceses quando se abandonaram a alguns excessos.
Portugueses, agradeçam a Sua Excelência que se interessa à vossa segurança, e acautelem-se contra todas as pessoas que procurariam abusar da vossa credulidade para vos conduzirem a excessos, cujos males incalculáveis recaíram sobre vós.
O General de Divisão, Governador do Palácio de S. Cloud, Comandante da Segunda Divisão do Exército,
Loison


[Fonte: Arquivo Histórico Militar, 1.ª div., 14.ª sec., cx. 182, doc. 83, fls. 11 e 12]




Um exemplar desta proclamação encontra-se também recolhido no 4.º vol. da Colecção de sentenças que julgarão os réos dos crimes mais graves e attrozes commetidos em Portugal e seus dominios, contendo uma nota manuscrita que corrobora a segunda versão, deixando assente que "o grande crime deste réu foi matar dois soldados franceses com uma foice. Abençoada seja sua memória".


Raul Brandão, no seu livro "El-Rei Junot", dá mais algumas achegas para a compreensão deste episódio, através da publicação da seguinte nota, da autoria de Júlio Ivo:
"Jacinto Correia, segundo referências que tenho encontrado nos arquivos de antigas irmandades, estudou em Mafra [as] primeiras letras no convento. Era natural de Zambujeira do Mar, freguesia de N.ª S.ª da Anunciação de Lourinhã. Casou na Atouguia de Baleia com Umtolini Rosa, em 30 de Maio de 1785, e deixou descendência. Residia nesta localidade quando o prenderam.
Nas épocas em que mo permitem as minhas ocupações oficiais, tenho indagado do paradeiro dos descendentes; já encontrei vestígios, e sei que numa localidade no concelho de Cadaval, me parece, vivem pessoas desta família. Tenho o máximo empenho em saber o que esses descendentes conservam sobre o motivo do fuzilamento do avô ou bisavô.
A tradição em Mafra conservou até hoje que Jacinto Correia foi atacado por dois soldados franceses que lhe queriam roubar (vá o termo) um feixe de lenha. Jacinto Correia defendeu-se e matou os dois soldados com uma foice. Preso, foi conduzido a Mafra, onde se achava estabelecido o quartel-general de Loison. Julgado em conselho de guerra, declarou, confessando o crime, que: se todos fossem do seu valor, não ficaria um só francês vivo. Este desabafo, traduzido rigorosamente pelo português que servia de intérprete, encolerizou o presidente do tribunal (ou conselho de guerra) e Jacinto Correia foi condenado à morte, sem a menor atenuante, e fuzilado em 25 de Janeiro de 1808, segundo a tradição, no campo chamado «Alameda», na face sul do edifício de Mafra, mas há quem assegure que [foi] no largo dos «bicos», na face norte, por ter ouvido dizer.
No livro 6.º, fls. 1936 de óbitos da freguesia de Santo André de Mafra encontra-se o seguinte registo: Aos vinte e cinco de Janeiro de 1808, faleceu com os sacramentos da confissão e comunhão, fuzilado pelos franceses, Jacintho Correia, d'idade de 46 annos, casado com Umtolini Rosa, moradora no logar d'Athouguia... O Prior (a) Manuel Duarte". [Raul Brandão, El-Rei Junot, Lisboa, IN-CM, s.d., pp. 205-206].






Finalmente, dispomos abaixo mais uma versão sobre este acontecimento, extraída de um manuscrito existente na Biblioteca Nacional de Portugal:




Não pensava Jacinto Correia1, natural da Atouguia, freguesia de S. Silvestre do Gradil, que seus dias haviam de terminar em 1808 por sentença dos cúmplices de Robespierre e Marat dentro da sua pátria! O amor que consagrava a esta e os espíritos lusitanos que em seu peito nutria, o impeliram a dizer com menos que prudência, mas sem escravidão, que ele com o seu cajado era suficiente a espancar meia dúzia dos Marenguistas. Bastou só o proferir estas vozes, aproveitadas pela espionagem de degenerados portugueses, que as noticiaram aos invasores da nossa pátria, para que eles em continente[?] decretassem a prisão do valente luso; e preso imediatamente organizassem um conselho de vogais militares franceses, presidido por Mr. Dival Chefe do Batalhão, para conhecerem de um delito imaginário, mas bastante para o conduzir ao cadafalso.


Deram ao réu infeliz um advogado2 que baldamente interpunha os seus deveres e ofícios pelo seu constituinte, a quem [os] juizes prevenidos a sacrificá-lo a seus fins o haviam condenado à morte; e assim se proferiu a sentença, pospondo-se todas as formalidade prescritas em direito para a indagação dos delitos e imposição da justa pena.
E que preceitos de justiça podiam observar homens que abertamente avançavam “le droit que nous connaissons est le droit du canon”3? Deste pois dimanou o espingardear-se no dia 25 de Janeiro, pelas nove horas para as dez da manhã, o malfadado Correia, assistindo-lhe o segundo e terceiro Regimento francês de Infantaria Ligeira, da Divisão do General Loison. O cadáver se deu à sepultura no adro da Igreja Matriz de Santo André da vila de Mafra, em cujo largo defronte do Convento se fez a execução. Assistiram-lhe com os socorros espirituais neste terrível lance o padre João António Horta[?] e fr. Francisco de Jesus Alavia[?], religioso arrábido, ambos varões de virtude, que o confortaram até ao último momento; e o religioso pelo excesso de sua caridade em não abandonar este infeliz, correu o risco de ser ferido por não se retirar a tempo.
Enquanto Jacinto Correia descansa no centro da terra esperando o dia último e melhor Juiz, nos grita, não com o epitáfio de seu sepulcro, porque careceu dele, mas de sua lealdade, com que nos admoesta dizendo:
E não quereis que tema, ó Lusos fortes,
Ruínas, perdições, exícios, mortes?4
Os sucessos seguintes continuaram o vaticínio; e a sua narração nos convencerá da sua existência.
[Fonte: Discursos do Imortal Guilherme Pitt..., p. 322 (compilação de vários textos impressos e manuscritos desta época)].


:arrow: http://asinvasoesfrancesas.blogspot.pt/ ... ia-em.html




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#37 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Mai 02, 2014 1:25 pm

.GPS genético calcula as nossas coordenadas geográficas ancestrais

O Geographic Population Structure – ou GPS – é um software que permite, a partir da leitura de bocadinhos do ADN de qualquer pessoa, dizer de onde vieram os seus antepassados.

Uma equipa internacional de cientistas desenvolveu uma ferramenta informática que permitiu identificar, em 83% dos casos, o país de origem de centenas de pessoas de todo o mundo com base no seu ADN. Os resultados, que segundo os autores têm implicações para a história das migrações humanas, as ciências forenses e a medicina personalizada, foram publicados na edição desta semana da revista Nature Communications.

E mais: quando aplicado a cerca de 200 habitantes de dez aldeias na Sardenha, uma população com séculos de insularidade e endogamia, a ferramenta – baptizada Geographic Population Structure ou GPS – conseguiu “geolocalizar”, tal como o autêntico GPS por satélite, a área de residência de todos eles com uma precisão de 50 quilómetros… e até, em 25% dos casos, a sua aldeia. O mesmo aconteceu com 20 ilhas da Oceânia, onde 90% das pessoas cujo ADN foi analisado foram atribuídas à ilha certa pelo algoritmo, desenvolvido pela equipa de Eran Elhaik, da Universidade de Sheffield (Reino Unido), e Tatiana Tatarinova, da Universidade da Califórnia do Sul (EUA).

O GPS não é o primeiro método a utilizar a genética para mapear a nossa geografia ancestral. “Nas últimas quatro décadas, os especialistas (…) têm-se esforçado por atingir esta meta, mas com um sucesso limitado”, escrevem os autores. De facto, os algoritmos utilizados até aqui “apenas conseguiam atingir uma precisão de 700 quilómetros na Europa e eram muito imprecisos em todos os outros sítios”, acrescentam.

Existem empresas que comercializam online análises de ancestralidade genética. Por uma centena de dólares, podemos comprar um kit, recolher um pouco de saliva e fazer um teste. A seguir, a “leitura” de uma série de mutações genéticas pontuais, ou SNP, contidas no ADN dessa amostra biológica – e ali gravadas ao longo das gerações – permite reconstituir, nas suas grandes linhas, o rasto genético que persiste em nós da história e das deslocações dos nossos antepassados.

Porém, para desenvolver o GPS, os autores recorreram agora a um kit que afirmam ser muito mais preciso do que qualquer outro: o GenoChip, comercializado pela revista National Geographic no site do seu Genographic Project. Este teste contempla dezenas de milhares de SNP, distribuídas por todo o genoma, que se pensa serem particularmente informativas em termos de ancestralidade. Por outro lado, os cientistas também utilizaram amostras de ADN vindas do Projecto 1000 Genomas, que embora não esteja aberto à participação pública já permitiu sequenciar a totalidade do ADN de uma série de pessoas pertencentes a diversas populações humanas.

Geolocalização genética
O GPS genético que agora apresentaram foi desenvolvido para determinar a origem geográfica de uma dada pessoa. Só que, quando a pessoa pertence a uma população heterogénea do ponto de vista genético – fruto de sucessivas migrações e invasões ao longo da sua história –, o método serve sobretudo para identificar o local de origem ancestral e não o local de residência, explica a revista Nature num artigo jornalístico publicado no seu site.

“O que de facto descobrimos é uma maneira de determinar, não onde nasceu uma pessoa – essa informação consta do nosso passaporte –, mas sim onde é que o ADN dessa pessoa se formou, por vezes até há mil anos, devido a processos de mistura genética” de diferentes populações, diz Elhaik em comunicado da sua universidade. “E o que é notável é que conseguimos localizar com precisão a aldeia onde os antepassados de cada pessoa viveram há centenas e centenas de anos – algo que até aqui nunca fora possível.”

Tirando algumas excepções, a mistura genética costuma ser a regra nas populações actuais. E para Elhaik, também citado pela Nature, essa terá sido a razão pela qual só 83% das mais de mil pessoas por eles testadas no total foram devidamente colocadas no seu país de origem pelo GPS genético. Nos 17% restantes, o “erro” deveu-se provavelmente à história migratória dos seus antepassados.

Um exemplo particularmente ilustrativo – e diametralmente oposto ao da Sardenha – foi o do Kuwait. “As pessoas do Kuwait (…), originárias da Arábia Saudita, do Irão ou de outros locais da Península Arábica, foram atribuídas [pelo GPS] a essas regiões e não ao seu local de residência actual”, escrevem os cientistas.

Claro que não se tratou de um engano, mas apenas de um reflexo da diversidade étnica daquele país. “O facto de ter colocado os kuwaitianos no Irão e países circundantes não foi um erro, porque é mesmo dali que eles vieram”, frisa Elhaik. “E o mesmo vai acontecer com os norte-americanos actuais: a maioria deles vai ser mapeada para qualquer outro sítio que não os EUA.”


:arrow: http://www.publico.pt/ciencia/noticia/g ... is-1634153

:arrow: https://genographic.nationalgeographic.com/




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#38 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Mai 17, 2014 6:34 am

Blue Eyes Originated 10,000 Years Ago in the Black Sea Region

A team of researchers from Copenhagen University have located a single mutation that causes the mysterious phenomenon of blue eyes. And all blue eyed people are genetically related to a person who lived in the Black Sea region sometime between 6 – 10,000 years ago.

The research was published in the Journal of Human Genetics. A mutation in a gene called OCA2 came into being nearly 8,000 years ago. It can be definitively traced back to an ancestor from the Black Sea.

Dr. Hans Eiberg claims that before this time, every human being had brown eyes. “A genetic mutation affecting the OCA2 gene in our chromosomes resulted in the creation of a ‘switch,’ which literally ‘turned off’ the ability to produce brown eyes,” Eiberg said.

When blue-eyed peoples from Jordan, Denmark and Turkey were examined, their genetic difference was traced back to the maternal lineage according to Eiberg’s team.

The brown melanin pigment is still dominant. However, following the last Ice Age, Europeans developed this rare mutation that differentiated them from the rest of the human race.

Ninety-five percent of Europeans in Scandinavian countries have blue eyes. They are also found to have a greater range of hair and skin color.



Comparatively, Europe has a wider variety of hair color and skin pigment than is found in any other continent in the world. These mutations are recent as Europe was colonized only a few thousand years ago, say mainstream scientists.

Through interbreeding, the brunette with blue eyes was evidenced about 25,000 years ago. Researchers attribute this to ancient interbreeding with Neanderthals.

Although no Neanderthal DNA has been found in modern Homo Sapien-Sapien, mainstream science clings to this theory as fact because they haven’t come up with anything better.

“The question really is, ‘Why did we go from having nobody on Earth with blue eyes 10,000 years ago to having 20 or 40 percent of Europeans having blue eyes now?” John Hawks of the University of Wisconsin-Madison said. “This gene does something good for people. It makes them have more kids.”



redits/source: OccupyCorporatism, where this was originally featured.

References:

http://www.sciencedaily.com/releases/20 ... 170343.htm

http://www.livescience.com/9578-common- ... -eyes.html

http://www.springerlink.com/content/204 ... ltext.html




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nasce

#39 Mensagem por Hermes » Sáb Mai 17, 2014 4:31 pm

Crânio de 12 mil anos achado no México é similar a brasileiros da época
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

15/05/2014 18h15
http://tools.folha.com.br/print?site=em ... poca.shtml

Uma exploração arqueológica com ares cinematográficos, na qual mergulhadores vasculharam uma caverna inundada no México, acabou trazendo à tona um dos mais antigos esqueletos humanos das Américas, o de uma adolescente morta há cerca de 12 mil anos. Embora o crânio dela tenha traços "africanos", como os do famoso esqueleto brasileiro conhecido como Luzia, uma análise preliminar de DNA mostrou ligações genéticas entre a garota e os indígenas atuais.

O achado, descrito na revista especializada "Science" por uma equipe de cientistas americanos e mexicanos, volta a colocar lenha na fogueira de um campo de pesquisa já naturalmente controverso. Os autores da pesquisa dizem que os dados de DNA favorecem a hipótese de que apenas uma população humana da Ásia contribuiu para o povoamento das Américas, ideia contestada pelo principal especialista brasileiro no tema, Walter Neves, da USP.

Como é frequente no que diz respeito a descobertas arqueológicas, tudo começou por acaso. O mergulhador profissional Alberto Nava, que mora na Califórnia, estava explorando as águas da caverna com dois colegas mexicanos quando se deu conta de que, após um túnel relativamente estreito, ela se abria e formava um salão inundado de 60 metros de diâmetro, apelidado pela equipe de mergulho de Hoyo Negro, ou "buraco negro".
No fundo do abismo, podiam ser divisados ossos de grandes mamíferos - feras extintas, como dentes-de-sabre e mastodontes, morreram presas lá - e um crânio humano. Era a caveira da menina, mais tarde apelidada pelos pesquisadores de Naia (referência às náiades, ninfas aquáticas da mitologia grega).

Morta em torno dos 15 anos de idade, Naia tinha ossatura delicada e menos de 1,50 m de altura - curiosamente, a brasileira Luzia, mais ou menos contemporânea do esqueleto, também tinha essa compleição "mignon". Os especialistas acreditam que ela tenha caído na caverna enquanto procurava água, talvez morrendo na hora com a queda. Mais tarde, a subida do nível do mar com o fim da Era do Gelo inundou a gruta, que está perto da costa.

A análise da anatomia do esqueleto, conduzida pelo antropólogo forense americano James Chatters, da empresa Applied Paleoscience, deixou clara a semelhança entre Naia e os demais paleoamericanos, como são conhecidos os primeiros habitantes do continente (que viveram até uns 8.000 anos atrás).

Os traços, que lembram os de africanos e aborígines australianos, são usados como argumento por quem defende que as Américas foram povoadas por pelo menos duas ondas migratórias distintas - a segunda corresponderia aos ancestrais dos índios de hoje, com traços mais "mongólicos" - típicos dos habitantes atuais do Extremo Oriente.

No entanto, ao extrair mtDNA (DNA mitocondrial, uma pequena parcela do material genético, só transmitida pela linhagem materna) do esqueleto mexicano, os cientistas identificaram o chamado haplogrupo D1, presente em mais de 10% dos índios de hoje.

"Assim, Naia não representa uma migração anterior, vinda de uma parte do mundo diferente do lugar de origem dos ameríndios atuais. Tanto ela quanto eles vêm do mesmo lar ancestral", declarou Chatters em entrevista coletiva. Esse lugar seria a região entre a Sibéria e o atual Alasca, a chamada Beríngia, parte da qual foi engolida pelo mar no fim da Era do Gelo.
Ao longo do tempo, outros processos evolutivos, ainda pouco conhecidos, poderiam ter alterado a morfologia dos paleoamericanos para o padrão visto hoje, propõe o grupo.

Naia, o fóssil de uma adolescente morta aos 15 anos de idade, encontrado em 2011
Walter Neves, paleoantropólogo da USP, diz não estar convencido pelas conclusões do trabalho.
"Primeiro, o nosso modelo [de duas migrações] também é via Beríngia", ressalta ele. A ideia é que um primeiro grupo oriundo da Sibéria teria a morfologia paleoamericana, recebendo mais tarde o aporte genético de um novo grupo "mongólico".

"É difícil acreditar nas informações da biologia molecular, a cada trabalho eles dizem uma coisa. Não faz muito tempo, outro genoma paleoamericano supostamente indicava uma herança dual", aponta. "Não vejo por que o mtDNA e a forma craniana teriam de concordar, porque são duas heranças genéticas totalmente distintas. Seria muito importante obter o genoma completo desse esqueleto e de outros", diz Neves. A equipe de Chatters diz que esse, de fato, é um de seus próximos objetivos.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#40 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 25, 2015 2:45 pm

Quênia descobre os restos de um grande navio português do século XV

http://abcblogs.abc.es/espejo-de-navega ... l-siglo-xv
(...) Se trata de un buque importante, de origen portugués por los objetos excavados, que se hundió en las costas de Kenia hace más de 500 años. El pecio de Ngomeni se encuentra muy cerca de la orilla, a poca profundidad y en un área bien protegida, llamada Ras Ngomeni (...) Se conservaba perfectamente en el lecho marino, tanto el casco, con su base y las cuadernas y otros elementos intactos después de cinco siglos. (...)

Imagem

Algunos de los objetos analizados en la campaña de este año en Kenia

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#41 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Ago 13, 2015 7:30 am

A primeira escrita da Península Ibérica
por Filomena Naves

Imagem

Estela de xisto que esteve 35 anos guardada volta a ser exposta, agora no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar.
São sinais enigmáticos, o que significam é um mistério ainda por desvendar, mas uma certeza existe: aquela é a primeira escrita nascida na Península Ibérica, entre há 2700 e 2500 anos. Há menos de cem caracteres gravados nesta laje de xisto, a estela do Monte Novo do Visconde, que está em exposição desde sexta- feira em Almodôvar, Alentejo, no Museu da Escrita do Sudoeste.
Esta escrita pré- românica deve o nome à área da península onde existe a maior concentração destas lajes gravadas, entre Ourique e Loulé, na zona de transição montanhosa entre o Alentejo e o Algarve. Só que ainda não se encontrou a sua Pedra de Roseta - a chave para a sua decifração. Com 95 centímetros de altura, por 34 de largura e 22 de espessura, a estela do Monte Novo do Visconde foi encontrada em 1979 em Casével, na região de Castro Verde, e entregue ao arqueólogo Caetano de Mello Beirão.
A maior parte dos signos são importados da grafia fenícia cavou o local do achado, onde encontrou ainda os restos de uma antiga necrópole, com cerca de 2500 anos, da I Idade do Ferro no Sudoeste da península.
Em 1980, a peça integrou uma exposição temporária no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, após o que recolheu ao acervo do Centro de Arqueologia em Ourique, onde esteve desde então. Agora, 35 anos depois da sua última exposição pública, a estela pode de novo ser visitada, agora em Almodôvar, no museu local dedicado à tal escrita misteriosa e ao povo que a inventou. "É importante que as pessoas possam voltar a ver esta estela", diz Samuel Melro, arqueólogo da Direção Regional da Cultura do Alentejo, e um estudioso destas peças. Além de isso ser "um fator de dinamização do próprio museu [ de Almodôvar]", como sublinha, esta estela tem uma "particularidade interessante": ela é a peça deste tipo encontrada mais a norte no contexto geográfico das populações ibéricas da I Idade do Ferro que criaram a enigmática escrita.
O arqueólogo Rui Cortes, que esteve ligado à criação do Museu da Escrita do Sudoeste, em 2007, e continua a colaborar com a instituição, concorda. "A ideia é também divulgar este tema, levá- lo ao público, e fomentar mais estudos sobre estas peças e os seus textos", afirma. Uma herança fenícia Mas que escrita é esta, afinal, ainda por cima a primeira inventada na Península Ibérica? "É uma herdeira da escrita fenícia", explica o arqueólogo e professor da Faculdade de Letras de Lisboa Amílcar Guerra, e o responsável pelos conteúdos científicos do Museu da Escrita do Sudoeste. "A maior parte dos signos que usa são importados diretamente da grafia fenícia e depois há um pequeno conjunto que foi criado pelos seus inventores, num total de 27 símbolos." No contacto com os fenícios, que aqui vieram fazer os seus comércios, os locais ter- se- ão apercebido das vantagens de passar algumas coisas a escrito e acabaram por adaptar à sua própria língua os símbolos da grafia estrangeira.

O problema é que, embora se consigam ler foneticamente - à exceção dos caracteres que não foram importados do fenício e que não se sabe que sons representariam -, não é possível compreender o seu significado, porque a língua que eles transcrevem é desconhecida. "Não sabemos a que correspondem os símbolos", explica Amílcar Correia. "Ainda não se encontrou a Pedra de Roseta para esta língua", resume - com um texto escrito em três idiomas diferentes, o grego, o demótico e os hieróglifos do egípcio antigo, a Pedra de Roseta foi a chave para a decifração do terceiro, o dos hieróglifos, abrindo a porta ao conhecimento da civilização e da cultura do Antigo Egito.
John Koch, um linguista da Universidade de Gales, no Reino Unido Unido, tem defendido que a língua grafada pela Escrita do Sudoeste pertenceria ao grupo das célticas, falada por populações celtas, na altura fixadas na região. Mas a verdade é que não há certezas. O que se sabe, sublinha Amílcar Guerra, é que "essa língua desapareceu, com a romanização da Península", iniciada há cerca de 2200 anos. Por isso, esta escrita ibérica que lhe correspondia também não subsistiu mais de 200 a 300 anos.
Seja como for, chegaram até nós quase uma centena de estelas. Os arqueólogos supõem que os curtos textos nelas gravados poderão ser inscrições funerárias, porque, tal como aconteceu com a estela do Monte Novo do Visconde, a maioria das peças conhecidas foi encontrada em escavações de necrópoles com 2300 a 2700 anos. Mais clara parece ser a correspondência de alguns grupos de signos a certos nomes latinos que foram de uso comum nesta região, como Pilegus, Boutius ou Aibuiris.

:arrow: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interi ... 434&page=2




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#42 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Ago 20, 2015 11:04 am

A mão humana moderna, afinal, é antiga. Tem 1,84 milhões de anos


Um pequeno osso de 3,6 cm encontrado na Tanzânia mostra que as "inovações" que a evolução trouxe às mãos dos hominídeos surgiram mais cedo do que até agora se pensava.




É ainda mal conhecida a evolução da mão humana moderna, que remeteu para a noite dos tempos a vida dos hominídeos nas árvores e abriu caminho às primeiras pinturas e aos primeiros instrumentos. Não ajuda o facto de haver poucos registos fósseis, por isso, sempre que surge uma nova peça deste puzzle, a história completa-se um pouco mais. É o caso agora com a descoberta de um pequeno osso fossilizado, uma falange do dedo mindinho, que mostra que a mão humana moderna é, afinal, mais antiga do que se supunha - tem pelo menos 1,84 milhões de anos.

O pequeno fóssil, que foi descoberto por um grupo internacional de paleontólogos no sítio de Olduvai Gorge, na Tanzânia, corresponde a uma falange de mão humana, um osso com 3,6 cm, datado de há 1,84 milhões de anos, o mais antigo do género que até hoje se descobriu e que mostra que a história da evolução da mão humana é mais antiga do que se supunha - e também tem mais que se lhe diga.

No estudo sobre o novo fóssil, publicado nesta semana na revista Nature Communications, os autores explicam que o dono daquela mão, cuja espécie não foi possível identificar com base apenas no pequeno osso (não se encontrou mais nenhum), mas que se sabe que tinha pelo menos aquela característica moderna, conviveu há quase dois milhões de anos com outros hominídeos seus contemporâneos, como o Paranthropus boisei ou o Homo habilis, cujas mãos eram menos modernas.

Dessa coexistência emerge também um novo quadro, em que a evolução surge como um processo mais complexo, em que se observam avanços que por muito tempo coexistem ainda com outras características mais antiquadas.

Até à descoberta do novo fóssil, que é o exemplo perfeito daquela coexistência de características modernas com outras mais antigas, um outro achado recente já havia mostrado que a mão humana, com as suas características revolucionárias que ajudaram o Homo sapiens a mudar a face do planeta e a construir máquinas para viajar para fora dele, evoluiu há mais tempo do que se pensava.

Essa descoberta, feita no Quénia, na região de Turkana, no início da década, foi o fóssil de um osso do metacarpo, que liga a base do terceiro dedo ao pulso. Até ao achado da falange de dedo mindinho, aquele era o registo mais antigo, com 1,42 milhões de anos, relacionado com a mão humana, mostrando já surgimento de características modernas nessa época. Com a falange do dedo mindinho, recuamos ainda mais no tempo, até há 1,84 milhões de anos.

A dimensão da falange, com 3,6 cm, também dá que pensar. Ela mostra que o indivíduo ao qual pertenceu era enorme, como sublinham os autores do estudo. "Não se conseguia perceber como o Homo habilis, que só media um metro, podia caçar de forma eficiente animais grandes. Esta descoberta mostra que um hominídeo maior e de características mais modernas também viveu nessa época, naquela região", afirmou o principal autor do estudo, o espanhol Manuel Domínguez-Rodrigo, do Instituto da Evolução em África, de Madrid, ao diário El Mundo. O hominídeo mais parecido com as características que o fóssil implica era o Homo erectus, mas este só surgiu 300 mil anos depois, há cerca de 1,8 milhões anos. É bem possível, portanto, que este fosse um seu antepassado.

:arrow: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interio ... 89&page=-1




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#43 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Dez 11, 2015 3:44 pm

O segredo dos escravos reprodutores

CHRISTIANA MARTINS

Imagem
Reprodução de “Chafariz d’el Rey no séc. XVI” (pintura flamenga, 1570-80, de autor desconhecido, óleo sobre madeira, 93 x 163 cm, Coleção Berardo), onde são visíveis vários africanos a desempenhar diferentes tarefas. Na imagem mais pequena, reprodução da primeira página do documento que está na Biblioteca Nacional da Ajuda, cópia do século XVIII do original de Venturino, que relata o episódio dos escravos reprodutores de Vila Viçosa. Ao lado, imagem atual do espaço onde existiu a “ilha” no paço ducal da Casa de Bragança, então habitado por escravos. Ainda hoje os trabalhadores referem-se à zona pelo mesmo nome.


Desumanização. Documento pouco conhecido do século XVI relata criação de escravos, em Vila Viçosa, como se fossem cavalos para reprodução


A passagem foi escrita em italiano, no século XVI, e é assim que surge no espólio da Biblioteca da Ajuda. Traduzida, revela um português estranho aos leitores contemporâneos e uma realidade difícil de acreditar. “Tem criação de escravos mouros, alguns dos quais reservados unicamente para fecundação de grande número de mulheres, como garanhões, tomando-se registo deles como das raças de cavalos em Itália. Deixam essas mulheres ser montadas por quem quiserem, pois a cria pertence sempre ao dono da escrava e diz-se que são bastantes as grávidas. Não é permitido ao mouro garanhão cobrir as grávidas, sob a pena de 50 açoites, apenas cobre as que o não estão, porque depois as respetivas crias são vendidas por 30 ou 40 escudos cada uma. Destes rebanhos de fêmeas há muitos em Portugal e nas Índias, somente para a venda de crias.”

O relato da existência de escravos reprodutores no Paço Ducal de Vila Viçosa, a mais importante casa nobre portuguesa, foi feito por João Baptista Venturino da Fabriano, secretário do cardeal Alexandrino Miguel Bonello, enviado papal à corte portuguesa em 1571 para propor Margarida de Valois como noiva de D. Sebastião. A união do rei de Portugal com a filha de Henrique II e Catarina de Médici — que acabaria por casar-se no ano seguinte com Henrique IV e tornar-se a rainha Margot de França, célebre pela morte de milhares de protestantes —, não se concretizou. E quanto aos escravos, nada mais se soube.

No século XVI viveriam 350 pessoas no paço ducal e a criação de escravos teria lugar num terreno ao lado da casa principal, uma zona ainda hoje conhecida pelos trabalhadores locais como a “ilha”. Atualmente só resta o chão, coberto de pedras, nas imediações do picadeiro e do local onde terá estado o torreão onde, em 1512, foi degolada D. Leonor, de 23 anos, pelo seu marido, o quarto duque de Bragança, D. Jaime, acusada de ter um pajem de 16 anos por amante.

O paço era então liderado pelo sexto duque de Bragança, D. João I, que três anos mais tarde acompanhou D. Sebastião na primeira incursão em África, levando com ele 600 cavaleiros e dois mil infantes. Não participou, contudo, na desastrosa expedição de 1578 devido a violentas febres, tendo enviado o primogénito D. Teodósio II, que com dez anos foi ferido em Alcácer-Quibir e viria a ser pai de D. João IV, aclamado rei de Portugal em 1640.

O “segredo”, com mais de 400 anos, continua a ser desconhecido por muitos dos investigadores da escravatura em Portugal. Os historiadores que o conhecem defendem que o episódio tem de ser estudado para que se compreenda se foi um caso único ou se representa a ponta de um novelo espesso.

O primeiro a ficar incomodado com o relato foi Alexandre Herculano, no século XIX. Nos “Opúsculos”, volume VI, refere o texto de Venturino, com pudor: “Falando dos escravos, a linguagem do autor é bastante solta, e por isso não transcreveremos esta passagem. Basta saber que estes desgraçados eram considerados e tratados como as raças de cavalos em Itália, e pelo mesmo método, que o que se buscava era ter muitas crias para as vender a trinta e quarenta escudos”.

Foram as lacunas de Herculano que levaram Jorge Fonseca, estudioso da escravatura, a procurar o documento original. Encontrou-o na Biblioteca da Ajuda, traduziu a passagem e publicou-a em 2010 no livro “Escravos e Senhores na Lisboa Quinhentista”. Um ano depois, Isabel Castro Henriques, a maior especialista portuguesa da área, cita-a em “Os Africanos em Portugal, História e Memória, séculos XV-XXI”. E é ela quem mais se insurge com a inexistência de estudos: “Impõem-se investigações rigorosas. Este é um documento de extrema violência, em que os escravos são tratados como cavalos. A investigação é difícil mas tem de ser feita”, afirmou recentemente numa conferência sobre a escravatura, na Biblioteca Nacional, em Lisboa.

SINAIS DE ALERTA

Antes de Venturino, Nicolau Clenardo escrevera cartas em que, embora não tão explícita, é referida uma estrutura de produção com fins comerciais: “Os mais ricos têm escravos de ambos os sexos e há indivíduos que fazem bons lucros com a venda dos filhos das escravas nascidos em casa. Chega-me a parecer que os criam como pombas para levar ao mercado. Longe de se ofenderem com as ribaldias das escravas, estimam até que tal suceda.” Testemunha do Portugal do século XVI, Clenardo chegou ao país em 1533 para ser mestre do infante D. Henrique, irmão do rei D. João III e sem meias-palavras, relatou: “Mal pus os pés em Évora, julguei-me transportado a uma cidade do inferno: por toda a parte topava negros.”

Na publicação “A herança africana em Portugal”, Isabel Castro Henriques explica que “desde o início de quinhentos, os autores sobretudo estrangeiros davam conta de uma atividade de produção, marcada por um carácter insólito e cruel: a criação de escravos, como se de animais se tratassem, destinada a abastecer o mercado nacional, mas também para exportação”. E transcreve uma passagem da Collecção da Legislação Portuguesa (1763-1790), que denunciava a existência de pessoas “em todo o Reino do Algarve, e em algumas províncias de Portugal (que tinham) escravas reprodutoras, algumas mais brancas do que os próprios donos, outras mestiças e ainda outras verdadeiramente negras, (designadas) ‘pretas’ ou ‘negras’, pela repreensível propagação delas perpetuarem os cativeiros”.

Questionada sobre as razões da falta de estudos sobre os escravos, Mafalda Soares da Cunha, professora da Universidade de Évora e considerada a mais importante estudiosa da Casa de Bragança, não tem dúvidas: “A investigação histórica mais recente, incentivada pelas novas agendas historiográficas internacionais, começa a tratar de forma mais sistemática e menos dependente ideologicamente da questão da presença dos escravos na história de Portugal. Os resultados são manifestamente insuficientes, mas o tema deixou de ser maldito e silenciado como o foi no passado mais recente. Creio mesmo que desperta interesse entre as gerações mais jovens de historiadores que, de certa forma também entendem o estudo da escravatura como uma forma de participação nas lutas pelos direitos humanos. Mas ainda estamos num estádio muito embrionário.”

Fantasmas históricos, os escravos não são personagens principais. “O estudo de populações com pouco acesso à escrita e aos recursos de poder é sempre difícil. Não sendo atores reconhecidos pelo sistema político, pouco falam por si, a menos que colidam com o sistema instituído. As referências de época são muitas vezes indiretas e distorcidas e os conhecimentos desses grupos, e em particular dos escravos, exige sempre um esforço grande de desconstrução das visões dominantes da época e dos contextos em que se produziram as referências”, explica a especialista.

Há pouca informação, por exemplo, sobre os escravos agrícolas porque a sua existência não tinha outro interesse para a época senão como parte dos equipamentos de uma qualquer exploração agrícola. Mas como sublinha Mafalda Soares da Cunha, “eles existiam e agiam”. Num artigo na revista “Callipole”, Jorge Fonseca relata que o duque D. Teodósio I, em 1564, teria 48 escravos, dos quais 20 serviam na estrebaria, quatro na cozinha e na copa e quatro eram varredeiros, entre outras funções. A contabilização parece ser o mais longe que se consegue ir.
Quanto ao episódio dos reprodutores, relatado por Venturino, Mafalda Soares da Cunha desconhecia-o antes do contacto do Expresso e alerta ser necessário perceber o contexto do relato para compreender a intencionalidade da narrativa e a sua veracidade, mas conclui: “Não excluo evidentemente a possibilidade. A documentação que conheço da Casa de Bragança é totalmente omissa quanto a isso, mas a probabilidade de acontecer parece-me evidente.”

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Quando chegaram a Portugal os primeiros escravos africanos?

Os primeiros escravos negros entraram em Portugal ainda no século XV, através de Marrocos, havendo registo de apreensões desde 1441, embora o uso de mão de obra escrava fosse largamente difundido desde o século XIV. Em 1444 teve lugar o primeiro carregamento de 235 escravos, trazidos do Golfo de Arguim, atual Mauritânia. O próprio Infante D. Henrique terá estado presente no primeiro leilão de escravos em Lagos, o passo inaugural para um importante negócio de exportação sobretudo para Sevilha, Cádis e Valência.

Quantos escravos existiam em Portugal no século XVI?

Lisboa abrigava quase dez mil escravos, o que equivaleria a cerca de 10% da população da capital na altura. A maior parte dos escravos encontrava-se no Algarve, região seguida pelo Baixo Alentejo, Vale do Tejo e pelo distrito de Évora. No século XVII, o número diminuiu substancialmente devido ao desvio para o cultivo de açúcar no Brasil.

Qual a influência da procura de escravos no continente americano no seu preço?

A partir de 1540, o aumento da procura de escravos para as plantações de açúcar nas Antilhas, primeiro, e depois no Brasil, fez com que o preço dos escravos aumentasse exponencialmente, tendo sido registada uma valorização de mais de 500% em três décadas, segundo o historiador António de Almeida Mendes.

Quais os escravos mais cobiçados pelo tráfico negreiro?

Os escravos “minas”, originários da Costa da Mina, no Golfo da Guiné (Gana, Togo, Benim e Nigéria), eram os mais procurados nos mercados consumidores, devido à maior resistência física. Os “angolas” eram considerados mais frágeis e com uma maior tendência a cometer suicídio. Em 1644, um decreto do D. João VI autorizaria os comerciantes a comprarem diretamente a mão de obra àquela região, como explica o historiador João Pedro Marques no livro “Portugal e a Escravatura dos Africanos”.

Quantos escravos morriam nas viagens nos navios negreiros?

Cerca de um quarto dos escravos morria durante o transporte transatlântico. Outros, cujo número é difícil de precisar, morriam nas viagens do interior até aos portos de embarque. Alguns, ainda, não resistiam à espera pelo embarque nos navios. Chegados ao destino, a vida nas colónias também os matava, o que permitiria totalizar a morte acumulada em todo o processo num patamar superior a 70%.

Qual o maior destino mundial de escravos?

O Brasil, entre meados do século XVI e até cerca de 1850, quando 42% do tráfico negreiro, o equivalente a cinco milhões de pessoas, terá partido de África em direção ao território brasileiro. Estima-se que atualmente cerca de um terço da população brasileira descenda de angolanos. Os maiores traficantes mundiais de escravos foram os portugueses radicados no Brasil.

Portugal foi o primeiro país a acabar com a escravatura?

Não. Em 1761, o marquês de Pombal, através de um alvará régio, acabou com o tráfico de escravos para a metrópole. A 10 de dezembro de 1836, uma lei proibiu o tráfico de escravos nos domínios portugueses ao sul do Equador. A escravatura continuou no Brasil até 1888, quando o país já era independente. Portugal só a aboliu totalmente em 1875. Em 1794, o Haiti foi o primeiro país a abolir a escravatura na sequência de uma revolta de escravos, seguindo-se a Dinamarca em 1804.


Texto publicado na edição do Expresso de 5 dezembro 2015




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#44 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Dez 17, 2015 3:29 pm

Afonso de Albuquerque é o português mais conhecido no Sudeste Asiático depois de Cristiano Ronaldo

Andreia Nogueira (Lusa, Malaca)


Afonso de Albuquerque morreu faz nesta quarta-feira exactamente 500 anos e é recordado em Malaca, cidade que conquistou em 1511, pela sua visão estratégica.


Afonso de Albuquerque, que morreu faz quarta-feira 500 anos, é recordado em Malaca (Malásia), cidade que conquistou em 1511, pela sua visão estratégica. “Tudo o que os descendentes de portugueses [de Malaca] sabem é que Afonso de Albuquerque era um grande homem”, diz Colin Goh, que é também membro do Clube da História e do Património Malaio.

A imagem que existe de Afonso de Albuquerque, provavelmente o português mais conhecido do Sudeste Asiático depois de Cristiano Ronaldo, é que “tinha uma mão forte aqui em Malaca”, mas não mostrava uma atitude tirânica. Enquanto muitos indonésios acreditam que os portugueses colonizaram o seu arquipélago, quando na verdade a presença lusa ali nunca assumiu contornos de colonização, na Malásia há livros escolares que justificam a tomada de Malaca como uma acção meramente religiosa, do catolicismo contra o islão, esquecendo os fins comerciais.

Para muitos habitantes de Malaca, Albuquerque é apenas o nome da rua principal do Portuguese Settlement, o bairro onde ainda hoje resiste uma comunidade de cerca de mil pessoas que se apresentam como os “portugueses de Malaca”. Mas, para Colin Goh, um malaio apaixonado pela história das conquistas na sua região e que tem sido convidado para dar palestras sobre a presença dos portugueses, Afonso de Albuquerque era muito mais que isso: “Era um homem bom” com uma estratégia eficaz.

Afonso de Albuquerque, que foi nomeado vice-rei e governador da Índia Portuguesa, desenhou uma política de expansão para o Oriente e foi o responsável pelas estratégias que permitiram consolidar o império luso na região, defende o investigador. Era conhecido por ser implacável com os traidores do reino, mesmo quando lhe ofereciam avultadas somas de dinheiro para os poupar, e temperamental, sendo-lhe inclusive atribuída por algumas fontes a ideia de tomar Meca, a cidade mais sagrada do islão.

Joseph Sta Maria, que faz parte da comunidade portuguesa de Malaca e que hoje é o representante das minorias junto da administração de Malaca, realçou que “Albuquerque era uma pessoa muitíssimo honesta” e “nunca trairia” o rei de Portugal.

Os dois especialistas destacaram a estratégia de miscigenação iniciada por Afonso de Albuquerque para defender a posição portuguesa em Malaca, na altura um dos locais mais estratégicos do mundo devido ao lucrativo comércio das especiarias. “Foi ele que entendeu que Portugal não tinha mão-de-obra para um império. Logo depois da conquista de Malaca, ele começou a encorajar a miscigenação”, contou Colin Goh.

Os homens e mulheres portugueses que chegaram à região com o propósito de constituir famílias aumentaram a população de origem portuguesa na região e “em tempos de batalha todos os mestiços ou casados eram chamados a defender Malaca”, explicou Colin Goh. O especialista recordou ainda que esses mestiços acabaram por tornar-se pessoas influentes, porque “tinham a capacidade de comunicar com diferentes comunidades”.

O idioma kristang

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Mapa com a planta da fortaleza de Malaca, cerca de 1600

Os portugueses perderam Malaca a favor dos holandeses em 1641, mas mesmo depois disso o idioma kristang (cristão-português) — que ainda hoje é falado por uma minoria dentro da comunidade portuguesa de Malaca — continuou a ser uma das línguas de negócios. Joseph Sta Maria concordou que, para além dos casamentos mistos, o que favoreceu a continuidade da presença portuguesa, mesmo contra a vontade holandesa, foi a cultura, presente não só na língua, mas também na religião.

Os descendentes de portugueses em Malaca, uma comunidade iniciada com a conquista da região por Afonso de Albuquerque em 1511, herdaram do conquistador do Oriente a lealdade a Portugal, um país que nunca conheceram. “Nós queremos ser portugueses”, justificou Christopher De Mello, um dos promotores da herança de Portugal naquele canto do mundo. E dá um exemplo quotidiano que é visível nas ruas de Malaca: aqueles que se afirmam descendentes de portugueses continuam a cumprimentar-se com dois beijos, uma saudação que não é vulgar na Malásia.

“Não queremos saber do país, se é rico ou pobre, não interessa”, diz, referindo-se a Portugal. “O mais importante é quem somos. Isso é a riqueza que temos em nós”, acrescenta. No bairro dos portugueses, o idioma está a perder espaço para o inglês, num país onde o malaio é a língua oficial, mas o orgulho em ser português é passado de geração em geração através da música e dos costumes.

Para Joseph Sta Maria, a lealdade a Portugal é uma herança de Afonso de Albuquerque, embora não tenha a ver com patriotismo, mas com uma ligação cultural. “Nós nunca morremos, nós somos portugueses. Amamos os portugueses, ainda que eles não tenham feito assim muito [por nós]. É a afinidade e o orgulho de nos chamarmos portugueses”, vincou, reconhecendo ainda que “Portugal tem os seus próprios problemas” e está “muito longe de Malaca”.

“Repare em quanto os portugueses fizeram por Timor-Leste: foram 450 anos de administração e quando eles devolveram Timor-Leste, o país estava em ruínas: logo, eu não espero que Portugal faça muito [pelos portugueses de Malaca]”, diz.

A visão que os portugueses de Malaca têm de Portugal é muito própria e, ainda que exista um desejo de um contacto maior com os portugueses de Portugal e o sonho de visitar terras lusas, há também um orgulho em manter a portugalidade específica de Malaca.

Um padre português?

Joseph Sta Maria, autor do livro Pessoas Proeminentes na Comunidade Portuguesa em Malaca, acredita que o seu povo nunca irá desaparecer, a menos que o Portuguese Settlement, o bairro onde residem, seja destruído. Também a religião católica os mantém unidos, segundo destacou, defendendo que para quem não é católico é difícil fazer parte da comunidade, porque tem de comemorar o Natal, o São Pedro ou o São João”.

O forte catolicismo leva Christopher De Mello a pedir a Portugal um padre português — “talvez reformado, para viver connosco no Portuguese Settlement e para nos ensinar” — porque há poucos presbíteros na Malásia, país de maioria muçulmana.

O padre Michael Mannayagam, de origem indiana, é um dos sacerdotes da região que se desdobram em celebrações numa cidade com “cerca de 20.000 católicos”, sobretudo de origem chinesa e indiana, dado que os portugueses não representam mais do que mil. O presbítero considera que a expansão do catolicismo através dos portugueses não foi muito notória na região, já na altura maioritariamente muçulmana, mas destaca a resistência dos católicos durante as perseguições holandesas. “Alguns fugiram da cidade. Dispersaram-se por aqui e ali. Mantinham-se clandestinos e onde houvesse um padre, eles teriam uma missa”, recordou.

Na visão de alguns malaios, disse Christopher De Mello, o povo português adora beber e, tendo dinheiro ou não, sabe divertir-se e “celebra um Natal muito bonito”, convidando toda a gente a participar e oferecendo comida e bebida nas suas casas. “Na verdade, os malaios admiram-nos e também têm inveja de nós, porque tudo o que fazemos em Malaca é diversão, é festa, é prazer, mas algumas coisas são demasiado sensíveis para nós falarmos aqui”, referiu.

Um museu

Um museu preserva, desde há três anos, a memória portuguesa num canto de Malaca. Há três anos, Christopher De Mello, juntamente com Jerry Alcântara, decidiu pegar num museu antigo que tinha "apenas fotografias" e transformá-lo num espaço de exposição de memórias que hoje recebe pessoas de todo o mundo.

O Portuguese Settlement Heritage Museum (Museu da Herança do Povoado Português), como é conhecido localmente, fica precisamente no centro do Portuguese Settlement, situado a cerca de três quilómetros de centro de Malaca, que foi criado na década de 1930 para os descendentes de portugueses espalhados pela região.

Entre o espólio, com largas centenas de peças, há objectos e colecções pessoais, como biberões e fotografias, e artigos comprados ou "encontrados no mar" pelos pescadores, que podem ser "portugueses, chineses ou indianos", conta Christopher De Mello.

Após ter ficado desempregado, o engenheiro de manutenção, que agora trabalha em part-time, encontrou uma oportunidade para "melhorar o museu" fazendo uso dos seus variados talentos, como a carpintaria para montar expositores e a comunicação para contar as histórias da comunidade que não cabem no museu. É também ele o responsável pelo barco de madeira Flor de la Mar (Flor do Mar, em português), que se encontra no centro do museu para lembrar a famosa nau com o mesmo nome que naufragou em 1511 no estreito de Malaca, com um imenso tesouro, que nunca foi encontrado.

Afonso de Albuquerque também está representado, porque foi ele um dos "primeiros pais da aldeia". "É por causa dele que estamos aqui hoje", frisou Christopher, que se sente "incomodado" quando lhe dizem que se assemelha aos malaios. "Prefiro que digam que eu pareço mais português. Nós aqui nunca dizemos que somos malaios, dizemos que somos malaio-portugueses", sublinhou, explicando que, apesar do sangue português já se ter perdido há muito, ainda predominam os sobrenomes lusos na comunidade de cerca de mil habitantes, como Sousa ou Gomes.

No museu, encontram-se mobílias, louças, redes de pesca, fotografias, documentos históricos e até vinho produzido pelo próprio Christopher, uma bebida alcoólica feita de maçã que dizem fazer lembrar "o vinho do Porto". Aos trajes tradicionais lusos oferecidos por portugueses juntam-se trajes semelhantes desenhados e usados pelos grupos de música e de dança locais que disseminam o folclore português na Malásia e no exterior.

Além das três salas de exposição, há ainda um espaço que guarda dezenas de prémios conquistados por pessoas da comunidade em concursos de beleza ou de fatos de Pai Natal ou em torneios de futebol durante os santos populares. Entre os visitantes do museu, que nem sempre está aberto, há grupos de estudantes de todo o país e turistas estrangeiros, que vêm conhecer o Portuguese Settlement, localmente famoso pelo ambiente de festividade no Natal, no Carnaval e nos Santos Populares.

Os visitantes pagam dois ringgits malaios (0,42 cêntimos) de entrada, um valor insuficiente para sustentar o projecto, que precisa do apoio de voluntários.

O governo local já apresentou uma proposta para apoiar o museu, mas com a condição de assumir a administração do espaço e pagar um salário aos voluntários, algo que os promotores recusaram. "Eu não quero que no futuro a história malaia entre no Portuguese Settlement. A nossa história portuguesa seria abolida", justifica. Pedir apoios a Portugal também é visto com algumas dúvidas, pois essa eventual ajuda implicaria o envolvimento das autoridades malaias no museu, acrescentou.

Malaca, que em 2008 foi declarada Património Mundial pela UNESCO, é hoje uma cidade fortemente turística, retratando a história dos vários povos que por aqui passaram. Entre as grandes atracções figuram o Museu Marítimo, a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago, o que resta da fortaleza mandada construir por Afonso de Albuquerque.


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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#45 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Jan 19, 2016 1:38 pm

Humans Were Living in the Arctic 15,000 Years Earlier Than We Thought


Written by
Daniel Oberhaus

January 17, 2016 // 11:00 AM EST


Around 26,000 years ago, the ice sheets comprising the Earth’s arctic regions reached their maximum extension, reaching as far south as Germany. This period is appropriately known as the Last Glacial Maximum, and it occurred at around the same time early humans were beginning to explore the arctic regions. Our picture of early human movement in the arctic region before the Last Glacial Maximum is hazy at best—strikingly little evidence exists to indicate our ancestors were ever there.

A handful of discoveries in the last two decades have shown that contrary to popular belief, humans were in fact present in the arctic prior to the Last Glacial Maximum. There were some artifacts found at the Arctic Circle dating to 40,000 years and some traces of human activity a bit further north which dated to 28,000 years ago, but outside of this meager evidence, archaeologists had little else to go on to indicate how early the first humans had actually arrived in the Arctic and how far north they had traveled. Recently, a team led by archaeologists from the Russian Academy of Sciences discovered a 45,000 year old woolly mammoth carcass which bears the telltale marks of death by humans, suggesting that our ancestors could have arrived far north of the Arctic Circle about 15,000 years earlier than previously thought.

As the team details in an article published Friday in Science, a woolly mammoth carcass unearthed in 2012 at nearly 72°N latitude (well north of the Arctic Circle, which begins at approximately 66°N) had slice marks on its tusks and bones which were similar to those seen on mammoth bones at a younger Siberian site which was a known mammoth hunting ground. According to the team, the nature of these injuries makes it clear that the mammoth died by human hands.

With the exception of 45,000 year old human remains which were recently found at 57°N in Siberia, human remains which predate the Last Glacial Maximum by more than about 3000 years haven’t been found north of 55°N. That's part of what makes this discovery such a big deal. The bones and artifacts found at the Yana River site in Siberia were about the same latitude as this most recent discovery, although these artifacts are about 15,000 years younger.

Previously, archaeologists assumed that most of our ancestors were hanging out at 55°N or further south around 40,000 years ago because they hadn’t yet figured out how to deal with the hostile arctic environment. Yet the cuts on this woolly mammoth carcass suggest that they had actually been capable of hunting up to 1,700 kilometers north of these 55°N remains, a feat achieved about 15,000 years earlier than previously assumed.
“Humans’ ability to survive in the Arctic environment, and their spread within the region as early as [45,000 years ago], represents an important cultural and adaptational shift,” the team concludes. “We speculate that adaptation changes that ensured human survival there may be related to innovations in mammoth hunting. This is a rare case of unequivocal evidence for clear human involvement, even if there is no artifact association.”

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