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Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 7:02 am
por pt
Nem entendo como é que o NATO malvado não invadiu já a Islandia :shock:

A Islandia não é obviamente exemplo, porque tem apenas 0.3 milhões de habitantes. Aquilo não é um país é um bairro de uma cidade.
A Islândia não é um país da zona Euro e por causa da sua dimensão não foi um grande problema para ninguém.
Comparar a Islândia com a Grécia que é 35 (trinta e cinco) vezes maior não parece ser muito lógico. Os problemas dos islandeses não são nem foram os dos gregos.
A Islandia podia entrar para o Euro e não quis!
A Islândia é mais rica, mais produtiva, menos corrupta, mais organizada que a Grécia.
Além disso, o simples facto de terem moeda própria permitiu uma maxidesvalorização da moeda. Coisa que os países da zona Euro que gastaram mais que o que tinham, não podem fazer.

Além de tudo isso, a Grécia representa 1.9% da zona Euro.
É engraçado achar que se a Grécia saír do Euro, os outros 98.1% são forçados a ir atrás.

Os problemas da Grécia, foram causados pelos gregos !
Essa é a realidade !
Os bancos tiveram culpas no cartório (não tenho dúvida), mas a culpa é sempre de quem assina o pedido de empréstimo e recebe o dinheiro.

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 7:25 am
por tflash
Vamos lá ver. A Islândia teve problemas com os bancos. Portugal tem problemas com a despesa do estado que é mal gerida e com exportações fracas. A Espanha e o resto tem problemas com os custos do desemprego, resgate dos bancos, e aumento do preço do refinanciamento.

Todos esses problemas foram agravados com uma subida brutal do custo do financiamento porque se os juros estivessem como estavam à dez anos atrás, não haveria crise nenhuma com excepção da Grécia talvez.

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 7:34 am
por Túlio
pt escreveu:Nem entendo como é que o NATO malvado não invadiu já a Islandia :shock:

A Islandia não é obviamente exemplo, porque tem apenas 0.3 milhões de habitantes. Aquilo não é um país é um bairro de uma cidade.
A Islândia não é um país da zona Euro e por causa da sua dimensão não foi um grande problema para ninguém.
Comparar a Islândia com a Grécia que é 35 (trinta e cinco) vezes maior não parece ser muito lógico. Os problemas dos islandeses não são nem foram os dos gregos.
A Islandia podia entrar para o Euro e não quis!
A Islândia é mais rica, mais produtiva, menos corrupta, mais organizada que a Grécia.
Além disso, o simples facto de terem moeda própria permitiu uma maxidesvalorização da moeda. Coisa que os países da zona Euro que gastaram mais que o que tinham, não podem fazer.

Além de tudo isso, a Grécia representa 1.9% da zona Euro.
É engraçado achar que se a Grécia saír do Euro, os outros 98.1% são forçados a ir atrás.

Os problemas da Grécia, foram causados pelos gregos !
Essa é a realidade !
Os bancos tiveram culpas no cartório (não tenho dúvida), mas a culpa é sempre de quem assina o pedido de empréstimo e recebe o dinheiro.

Mas o maior tomador de empréstimos é precisamente O ESTADO, POWS!!!

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 8:54 am
por pt
Os bancos cometeram aquilo que eu costumo chamar de «Crime Perfeito».

É isso que é criticável e nesse aspecto os líderes de esquerda até têm razão quando apontam baterias contra o sistema financeiro.
Os bancos criaram uma situação em que emprestaram dinheiro, sabendo que se não lhes pagassem o reboliço seria tanto que os governos não podiam deixar os bancos cair.

O problema não são os bancos, o problema são os depósitos.
E acima de tudo o voto dos cidadãos que têm depósitos nos bancos e que não podem perder o dinheiro que confiaram aos bancos.

Se o sistema bancário, ou mesmo um ou outro banco falir, os directores e administradores podem até ser presos mas o problema principal é que as poupanças de muita gente que nem é rica, de repente desaparecem.

Outro problema (e truque fácil), é confundir a economia de mercado, com o sistema bancário e acusar todo um sistema em que se baseiam as democracias para propor um mundo novo, o homem novo, que também foi proposto e implementado por dois senhores muito conhecidos. Um suicidou-se em 1945 e o outro morreu de morte morrida em 1953.

Todo este problema tem solução, o problema é que a solução passa por fazer pagar pelos desmandos dos outros, o país que mais reestruturou a sua economia, a Alemanha.

E os alemães até já avisaram que estão na disponibilidade de o fazer, se forem criados os mecanismos para evitar que se repita.
Se a dívida da Grécia for perdoada e a Grécia continuar no Euro, TUDO VOLTARÁ A ACONTECER.
Um perdão da dívida nunca leva a reestruturações. Quando uma dívida é perdoada o devedor tende a não mudar nada e como não muda, acaba cometendo os mesmos erros.

Em Portugal temos o caso da Madeira, cuja dívida foi perdoada para chegarmos à conclusão que o rei da Madeira voltou a endividar-se até à ponta dos cabelos.

Isto quer dizer que a Grécia, como Portugal ou eventualmente a Itália, têm que abdicar da sua soberania para manter uma economia minimamente estável. Num governo quem manda é o Primeiro Ministro. É ele que tem a última palavra, quando os outros ministros pedem recursos para os seus ministérios.

No gabinete do Conselho de Ministros o PM é uma espécie de juiz que decide qual ministério beneficia, dando ordens ao ministro das finanças para libertar as verbas.

Se o ministro das finanças for designado por Bruxelas, os restantes ministros vão pedir verbas diretamente ao ministro das finanças que é controlado a partir de Bruxelas e indiretamente a partir de Berlim. O Primeiro Ministro passa a ter um papel pouco relevante e a soberania, já era.

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 8:58 am
por P44
Curiosa coincidência, ontem tomou posse o novo presidente do BCE, um ex-quadro...da Goldman Sachs
Se o ministro das finanças for designado por Bruxelas, os restantes ministros vão pedir verbas diretamente ao ministro das finanças que é controlado a partir de Bruxelas e indiretamente a partir de Berlim. O Primeiro Ministro passa a ter um papel pouco relevante e a soberania, já era.
Isso já acontece em Portugal, o sr. Victor Gaspar mais não é que um burocrata do BCE, a cumprir as ordens superiores de Bruxelas e Berlim.

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 9:20 am
por gaia
A Corrupção na Grécia está tabelada !!!
Grécia , não é europa , é médio oriente , esteve sobre o domínio bizantino e otomano durante muitos séculos , é uma cultura diferente .
Um dos grandes problema da europa , é que tem muitos identidades regionais , com ódios seculares , quase incompreensíveis, a CEE é uma plataforma politica que pretende anular ou amenizar rivalidades passadas , mas não está a resultar em muitos casos .

A Grécia quando entrou na CEE, foi abrangida pelo projecto politico , mas a parte económica foi esquecida, e fraude das contas públicas já deveria ser conhecida .

Não tem industria , tem bastantes armadores , mas caloteiros.

A partir de Junho ,até Setembro, é impossível contactar clientes (falo de um banco ), foram quase todos para as ilhas !!!

A mudança das chefias militares , pode ser uma medida preventiva ,no caso da saída do euro , quanto valerá dracma , a Grécia para importar medicamentos alimentos tem reservas cambiais , a crise pode atingir limites nunca vistos , um pouco do que se viu na Islandia .

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 9:27 am
por Túlio
pt escreveu:
Outro problema (e truque fácil), é confundir a economia de mercado, com o sistema bancário e acusar todo um sistema em que se baseiam as democracias para propor um mundo novo, o homem novo, que também foi proposto e implementado por dois senhores muito conhecidos. Um suicidou-se em 1945 e o outro morreu de morte morrida em 1953.

Aqui uma imensa VERDADE! 8-] 8-] 8-] 8-]

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 9:37 am
por P44
O mais "engraçado" é que aqueles que agora acusam a Grécia das maiores malfeitorias sabiam em 2001 que os gregos falsificavam as contas, mas como na altura o que interessava era ir para a frente com o Euro, fecharam todos os olhos e assobiaram para o lado. Agora estão a colher os frutos...

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 10:10 am
por Túlio
E aí, os Turcos ainda querem entrar para a Eurozona?

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 10:14 am
por Túlio
Ah, e os COMUNAZZZ parecem estar aproveitando a deixa na Grécia...
Agora o povo tem de intervir mais decisivamente

- Declaração do CC do KKE
- Socialização dos monopólios
- Desligamento do país da UE
- Cancelamento unilateral da dívida

por KKE


TODOS À PRAÇA SINTAGMA NA 6ª FEIRA 4 DE NOVEMBRO
ALEKA PAPARIGA FALARÁ


O KKE apela aos trabalhadores, aos auto-empregados, aos jovens da Ática para reunirem-se na Praça Sintagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6:00 da tarde. Apela a uma aliança de modo a que o próprio povo possa intervir mais decisivamente nos desenvolvimentos. Os dilemas da chantagem e da intimidação que são postos pelo governo, os partidos da plutocracia e a UE devem fracassar.

Agora isto deve ser ouvido mais alto:

ABAIXO O GOVERNO E OS PARTIDOS DA PLUTOCRACIA

O POVO PODE IMPEDIR E ACABAR COM OS SACRIFÍCIOS SELVAGENS QUE LHE SÃO IMPOSTOS ATRAVÉS DE NOVOS ACORDOS E DO NOVO MEMORADO PARA OS LUCROS E A PROTECÇÃO DA UE E DA EUROZONA

O povo deve fortalecer as lutas de classe e populares e utilizar as eleições para enfraquecer o PASOK-ND e os outros partidos da plutocracia e da UE. O KKE deve ser fortalecido. Ao mesmo tempo a organização popular nos lugares de trabalho e bairros deve actuar mais decisivamente. Este é o caminho para bloquear o pior que eles estão a trazer, quando a crise na UE e na Eurozona está a aprofundar-se e as contradições inter-imperialistas estão a aguçar-se.

O povo deve agora confiar na justiça da sua causa e fortalecer-se para repelir o pior. Deve abandonar ilusões, apelos ao consenso e à coesão social, as montagens ideológicas, dilemas que são promovidos pelos partidos burgueses.

Uma solução em favor do povo só pode existir com um KKE forte e o povo organizado. Aliança do povo e contra-ataque pelo poder popular, socialização dos monopólios, desligamento do país da UE e cancelamento unilateral da dívida.

Atenas, 01/Novembro/2011
O CC do KKE

O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011- ... itopoiisi/

:shock: :shock: :shock: :shock:


Olha que...

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 10:14 am
por marcelo l.
Túlio escreveu:E aí, os Turcos ainda querem entrar para a Eurozona?
Faz tempo que não.

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 10:43 am
por FOXTROT
terra.com.br

Alemanha: plano de ajuda à Grécia não pode ser renegociado
02 de novembro de 2011 • 10h00

Notícia

Istambul, Turquia, 2 Nov 2011 (AFP) -As negociações sobre o plano europeu para salvar a Grécia da falência não podem ser reabertas, afirmou nesta quarta-feira o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

"O programa integral que acordamos na semana passada não pode ser colocado novamente sobre a mesa", disse Westerwelle em Istambul, durante um recesso em uma conferência internacional sobre o futuro do Afeganistão

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 11:20 am
por LeandroGCard
FoxTroop escreveu:Penso que nem sequer se trata disso já. Na minha opinião, estamos a assistir à maior transferência de poder e riqueza desde que existe Humanidade e se são USD ou € é igual ao litro, o que conta é controlo, controlo como nunca se viu na História e que não está a ser feito de Estados para Estados mas sim de Estados para corporações transnacionais, malta que não conhece nada nem ninguém e nem tem piedade de nada, apenas quer controlo/poder. Socialização total dos prejuízos monstruosos de um sistema que se montou numa base que em nada deve a Ponzi enquanto os fundos públicos e o suor dos povos é transferido para Goldman Sachs (está disponível e é publico o envolvimento desse bando de criminosos na falsificação das contas gregas) e afins criando um buraco da qual não tem como se sair pois o que poderás pagar nunca cobrirá o crescimento da dívida, para mais quando se olha para crescimento e divida em % esquecendo que um crescimento constante em % a longo prazo, leva a uma curva de crescimento em "Stick de Hóquei" quando a função exponencial lhe calca em cima.
Concordo com esta idéia.

O caso é que em um sistema capitalista clássico os agentes econômicos sempre vão atrás de aumentar sua riqueza individual, e como os que tem mais poder econômico são mais eficientes nisso acabam concentrando muito da riqueza disponível para si próprios. Quando é possível explorar colônias ou mercados externos em nações subdesenvolvidas os problemas decorrentes desta mecânica aparecem em lugares distantes do mundo, e nas metrópoles tudo parece funcionar que é uma maravilha, as sobras da transferência de riquezas dos países "explorados" para os "exploradores" (vou usar estes termos porque estou com preguiça de procurar outros mais adequados) é suficiente para melhorar também o padrão de vida da população em geral nestes países "exploradores", e o sistema parece estar perto da perfeição.

Mas o mundo mudou, restam poucas áreas e populações realmente atrasadas para se explorar, as empresas se internacionalizaram, outras surgiram, e a produção de bens de alto valor agregado se espalhou por todo o planeta, destruindo ou alterando o sentido dos mecanismos de concentração de riqueza que antes favoreciam as metrópoles.

Só que diante do novo quadro em que o fluxo de riqueza real mudou, os agentes econômicos mais poderosos nos países centrais (e seus prepostos nos países periféricos ainda ligados a este sistema, como os árabes) encontraram outras formas de acumular riqueza, desta vez "explorando" (de novo esta não é a palavra ideal, mas vá lá) suas próprias populações locais e governos de países mais fracos dentro de blocos econômicos através agora de mecanismos financeiros, com o próprio dinheiro transformado em mercadoria. Novamente foi um mecanismo que pareceu funcionar maravilhosamente, e há 4 ou 5 anos atrás quase todos achavam que o mundo ia muito bem, jamais tinha ido melhor. Só que o modelo se esgotou, pois a capacidade dos "explorados" de contrair e administrar suas dívidas chegou ao limite. Aí o novo mecanismo parou de funcionar, e o empobrecimento da maioria da população nos países sujeitos a este sistema de transferência de riqueza para os agentes econômicos mais poderosos agora ficou evidente.

Além disso, deve-se acrescentar o papel da própria natureza do mercado financeiro. O maior volume das dívidas impagáveis das nações hoje mais empobrecidas não é decorrente dos valores reais financiados, mas da aplicação de juros sobre juros no refinanciamento destes valores. A Grécia, para citar o exemplo em causa, deve centenas de bilhões de euros, mas ela não pegou tudo isso e aplicou internamente dentro do país em infra-estrutura, educação, saúde, etc... (senão, hoje ela seria o país mais desenvolvido do mundo!). Os valores realmente entregues à Grécia foram muito menores, só que com a aplicação de juros cada vez mais elevados sobre o valor contábil da dívida ao longo dos anos chegou-se a esta quantia que agora é totalmente impossível de pagar. Por isso agora a população se revolta e com razão, pois teria que pagar agora e no futuro um valor muitas vezes maior do que os que realmente foi usado em seu benefício (além é claro dos benefícios terem sido mal distribuídos, favorecendo prioritariamente grupos de interesse específicos e não a população como um todo).

Mas pela lei os bancos em geral não fizeram nada de errado (fora uma ou outra instituição que ajudou a maquiar as contas da Grécia justamente para poder continuar com os mecanismos de refinanciamento), e pela lei devem receber o dinheiro que nunca emprestaram mas contabilizaram como ganho ao longo destas últimas décadas.

Este passou a ser o problema mais visível, resolver a questão de quanto cada lado deve abrir mão agora que a contabilidade chegou a valores que tornaram o pagamento integral impossível e até mesmo imoral. Mas o problema de fundo é bem mais grave, como é que o sistema de acumulação de riqueza pelos agentes econômicos mais poderosos vai continuar funcionando se seus efeitos deletérios agora aparecem nos próprios países e sociedades onde eles estão inseridos, e não em algum país distante?


Leandro G. Card

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 11:25 am
por Túlio
Eu iria mais longe: o que é DINHEIRO em termos de BANCOS? Quem acredita que um banco tem tanto dinheiro EM ESPÉCIE quanto negocia? Para um banco, dinheiro é uns cliques num computador, ou seja, na prática ele imprime sua moeda. Eu tomo emprestado dez mil reais no Banrisul e posso ou não sacar; posso usar isso numa compra/pagamento eletrônico, ou seja, não houve moeda real em uso, apenas bits e Bytes. Ou por que será que existem realmente muito menos dólares do que os virtuais (mais ou menos 1/12)?

Re: Convulsâo na Grécia

Enviado: Qua Nov 02, 2011 11:42 am
por Carlos Mathias
Eu acho que é esse castelo de cartas que vai cair, dinheiro de faz de conta.