11 de Junho de 2011

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Corsário01
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Re: 11 de Junho de 2011

#31 Mensagem por Corsário01 » Sáb Jun 11, 2011 11:41 pm

Pepe, sabe o que acho engraçado?

Você até bem pouco tempo, era defensor de que a FAB deveria ter comprado os F-16 MLU holandeses ( 40 se não me falhe a memória), que os chilenos acabaram levando.

Depois vc defendeu fervorosamente o Gripen C/D como solução para a FAB ( aeronave repleta de equip. Made in USA).

Para fechar, veio em defesa de que a MB deveria comprar os KDX-2 coreanos por serem excelentes navios e tal, mas que possuem sistemas eletrônicos da Raytheon ( americana né???? ).

Isso posto, fica clara a sua incoerência. Eu sempre defendi uma linha. É claro que podemos mudar de opinião.

Mas um dia os USA são os melhores para nós e no outro, eles passam a ser os piores, juro que não entendo.

Me desculpe ter que te lembrar disso, mas vc está muito tempo em BSB e está ficando igual aos politicos.

Sem memória. Vamos deixar por aqui, ta bom? Pra mim já deu. Vamos entrar em looping e o Brasil vai continuar a mesma coisa.

Bom FDS.




Abraços,

Padilha
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Re: 11 de Junho de 2011

#32 Mensagem por Paisano » Dom Jun 12, 2011 1:05 am

O objeto deste tópico é a comemoração da Batalha de Riachulelo.

Assim sendo, peço a todos o fim do off topic




Pepê Rezende
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Re: 11 de Junho de 2011

#33 Mensagem por Pepê Rezende » Dom Jun 12, 2011 3:32 pm

Corsário01 escreveu:Pepe, sabe o que acho engraçado?

Você até bem pouco tempo, era defensor de que a FAB deveria ter comprado os F-16 MLU holandeses ( 40 se não me falhe a memória), que os chilenos acabaram levando.

Depois vc defendeu fervorosamente o Gripen C/D como solução para a FAB ( aeronave repleta de equip. Made in USA).

Para fechar, veio em defesa de que a MB deveria comprar os KDX-2 coreanos por serem excelentes navios e tal, mas que possuem sistemas eletrônicos da Raytheon ( americana né???? ).

Isso posto, fica clara a sua incoerência. Eu sempre defendi uma linha. É claro que podemos mudar de opinião.

Mas um dia os USA são os melhores para nós e no outro, eles passam a ser os piores, juro que não entendo.

Me desculpe ter que te lembrar disso, mas vc está muito tempo em BSB e está ficando igual aos politicos.

Sem memória. Vamos deixar por aqui, ta bom? Pra mim já deu. Vamos entrar em looping e o Brasil vai continuar a mesma coisa.

Bom FDS.
Desculpe-me, Paisano, tudo o que está aqui refere-se à situação da Marinha e tem a ver com o discurso da Dilma. Os KDX-II que defendo são os que a MB pediu, com sistemas europeus. Aliás, se insistirem com os equipamentos da Raytheon não terão chance. Defendi os F-16MLU quando o F-X1.0 deu chabu. Ou seja, há NOVE ANOS. Quanto aos Gripen C/D, o que falei ao Bengt e citei no fórum é que gostava da OUTRA proposta da SAAB, que incluia Gripen C/D e a construção de um caça conjunto de 5ª geração. Não sou eu que estou variando o discurso, é vc que não leu direito ou apresenta um acelerado processo de amnésia.

Não me queira mal, meu amigo. Comprar dos EUA pode ser legal para um país que não queira independência ou para os sócios da OTAN. Para nós é complicado.

Abraços

Pepê




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Re: 11 de Junho de 2011

#34 Mensagem por papagaio » Dom Jun 12, 2011 4:32 pm

E o Brasil quer independência, com o que investe nas FA ?
Complicado.
Abs,




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Re: 11 de Junho de 2011

#35 Mensagem por Túlio » Dom Jun 12, 2011 9:44 pm

Eu só queria saber o que diabos esse monte de IDEOLOGICES tem a ver com a Batalha de Riachuelo... :roll: :roll: :roll: :roll:

A propósito, foi nela que Barroso, na enrascada, mandou abalroar navios inimigos e virou o jogo? Sei que houve o episódio mas não lembro em qual batalha foi...




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: 11 de Junho de 2011

#36 Mensagem por Hader » Dom Jun 12, 2011 9:56 pm

Foi nesta mesma Túlio. O porte do Amazonas permitiu esta manobra, colocando a marinha paraguaia fora de ação na segunda parte do combate.

[]'s




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Re: 11 de Junho de 2011

#37 Mensagem por Túlio » Dom Jun 12, 2011 10:02 pm

Valews, cupincha! Vou pesquisar mais a fundo amanhã, hoje estou no bagaço (a escala de plantão endoidou), queria saber qual batalha, lembro de ter lido séculos atrás sobre o episódio mas queria ir mais fundo. E vou!

Abração!!! :wink: 8-]




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Re: 11 de Junho de 2011

#38 Mensagem por Carlos Lima » Dom Jun 12, 2011 11:18 pm

Por favor publique a história [100] [009]

Nada mais justo como homenagem :)

[]s
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Re: 11 de Junho de 2011

#39 Mensagem por Pepê Rezende » Seg Jun 13, 2011 6:53 am

Túlio escreveu:Eu só queria saber o que diabos esse monte de IDEOLOGICES tem a ver com a Batalha de Riachuelo... :roll: :roll: :roll: :roll:

A propósito, foi nela que Barroso, na enrascada, mandou abalroar navios inimigos e virou o jogo? Sei que houve o episódio mas não lembro em qual batalha foi...
Não são ideologices, mas questão de soberania. Nada mais adequado do que discuti-la no tópico de nossa maior vitória naval. Quem defende Arleigh Burke na MB esquece-se, por exemplo, que toda a manutenção do AEGIS é feita nos EUA. Isso vale até para as fragatas que os espanhóis venderam. Nenhum outro país, inclusive o Japão, pode abrir a caixa preta. Vale a pena? Não.

Pepê




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Re: 11 de Junho de 2011

#40 Mensagem por Hader » Seg Jun 13, 2011 9:44 pm

Para ler mais sobre a batalha:

https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/ ... anaval.htm

Observar que tem um ícone "Leia mais" no pé do quadro. Serve para rolar o texto.

[]'s




lynx
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Re: 11 de Junho de 2011

#41 Mensagem por lynx » Ter Jun 14, 2011 11:18 pm

Uma contribuição histórica. Desculpem se não coloco a fonte, mas recebi por e-mail e não constava esse dado:

Em junho de 1865, o Paraguai já estava em guerra com o Brasil há 6 meses. Uruguaiana estava ocupada por 10.000 homens, e Corumbá, por 2.000. A Argentina perdera a Província de Corrientes. O Exército paraguaio tinha quase o dobro do efetivo das forças argentinas, brasileiras e uruguaias combinadas. Por outro lado, o potencial humano e econômico destes três países era maior, dando-lhes vantagem a médio prazo (motivos, pretextos e resultados da guerra não vêm ao caso para esta narrativa).
.

A chave das operações para os dois lados estava no controle do uso dos rios Paraná e Paraguai, que eram as principais artérias de comunicação da região. Se os paraguaios o conservassem, poderiam abastecer suas tropas e até avançar. Caso a Tríplice Aliança o conquistasse, seria possível anular as conquistas paraguaias e levar a guerra ao próprio Paraguai.
.

A Marinha Imperial era a maior da região, a melhor equipada, e tripulada por veteranos de guerras... contra uruguaios e argentinos! Desde a década de 1850 ela incorporara navios a vapor, a maioria para combates no mar, alguns fluviais. Portanto, se o Paraguai pretendia dominar o sistema fluvial, era necessário destruí-la como força efetiva.
.

O palco escolhido para esta operação foi a confluência dos rios Paraná e Riachuelo, ao sul da cidade de Corrientes. As 2a e 3a Divisões da Esquadra brasileira, sob o Chefe-de-Divisão (hoje Contra-Almirante) Francisco Manuel Barroso, estavam fundeadas no Paraná, dando cobertura a operações em terra. A margem esquerda (leste) do Paraná era ocupada pelos paraguaios, e em suas altas barrancas foram camuflados Batalhões de infantaria e Baterias de artilharia.
.

Na manhã de 11 de junho de 1865, 9 vapores paraguaios, comandados pelo Capitão-de-Navio Meza, aproximaram-se velozmente, aproveitando-se da correnteza favorável, e passaram pelos brasileiros, em direção do Riachuelo. Foram primeiro avistados pela Canhoneira Mearim, que deu o alarme. Barroso, a bordo da Fragata Amazonas, deu ordem de suspender e perseguir o inimigo.
.

Às 09 h 25 min, com a batalha a começar, Barroso mandou hastear no mastro da Amazonas o sinal "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever", seguido de outro, com instruções de combate: "Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que cada um puder". Foi então que as tropas paraguaias em terra subitamente abriram fogo. A situação tornou-se confusa e perigosa para os navios brasileiros, que também viram-se atacados por chatas artilhadas rebocadas pelos vapores paraguaios, e encontraram bancos de areia desconhecidos, num ponto onde o Paraná tem cerca de 200 m de largura e várias ilhas.
.

As Canhoneiras Jequitinhonha e.Parnahyba encalharam. A primeira, apesar de atacada por três navios paraguaios, conseguiu manter todos, e mais canoas com infantes, à distância. Já a Parnahyba não teve tanta sorte. Os vapores .Paraguary, .Tacuary .e .Salto acostaram e seus tripulantes abordaram a canhoneira. A luta no convés foi intensa, por mais de uma hora, pois os brasileiros recusaram-se a render o navio. Entre os mortos, estavam o Guarda-Marinha João Greenhalgh, o Imperial Marinheiro Marcílio Dias e dois oficiais do 9o Batalhão de Infantaria do Exército, o Capitão Pedro Afonso Ferreira e o Tenente Feliciano Maia (o Batalhão estava embarcado na Esquadra, juntamente com uma Bateria do 1o de Artilharia, tanto para ação naval quanto para eventuais desembarques). Fuzileiros e Artilheiros do então Batalhão Naval (atual Corpo de Fuzileiros Navais) também participaram da batalha. Os Soldados José Alves, Hilário Pereira e Zeferino Leite de Oliveira morreram em combate, e o Sargento Augusto Pires Ferreira foi mencionado em despachos por sua bravura.
.

Por fim, Barroso (mais tarde feito Barão do Amazonas) acorreu, com a Fragata Amazonas e as Canhoneiras Ipiranga, Mearim, Iguatemi, Araguari e Beberibe (a Belmonte estava isolada e sob fogo das baterias em terra), repelindo os navios paraguaios e socorrendo a Parnahyba. A perda desta foi assim evitada. As chatas paraguais, levadas pela correnteza ou com a munição esgotada, representavam menos perigo. Barroso decidiu bombardear as posições paraguaias em terra com sua Divisão, causando grandes danos e perdas. Então, aproveitando o fato de sua fragata ter rodas laterais de propulsão e construção sólida, ele atacou diretamente os navios paraguaios, abalroando-os com sua proa. Neste momento, subiu seu terceiro e último sinal na batalha: "Sustentar o Fogo que a Vitória É Nossa"!
.

A Amazonas atingiu, e pôs a pique, três navios paraguaios: o Jejuy, o Salto.e o ex-Marquês de Olinda (este era um navio brasileiro capturado a 12 de novembro de 1864, num dos pretextos para o início da guerra; três 3 navios argentinos haviam sido igualmente apresados), tendo ficado desgovernado e encalhado o Paraguary. O Capitão Meza, diante desta situação, e gravemente ferido (ele morreu alguns dias depois), retirou-se com os quatro 4 navios que lhe restavam (o Tacuary, o Ygurey, o Yporá e o Pirabebé) rio acima, em direção ao Paraguai. Após quase 10 horas de combates, a Batalha do Riachuelo estava terminada.
.

Barroso conquistara uma incrível vitória tática, apesar de grandes desvantagens. Nenhum navio brasileiro foi destruído ou capturado (a Jequitinhonha foi incendiada e abandonada no dia seguinte), apesar de encalhes, abordagens, superioridade inimiga, e das perdas de 74 mortos e 142 feridos (os paraguaios também lutaram corajosamente, com baixas de pelo menos 400 mortos e 1.000 feridos na Esquadra e em terra). Estrategicamente, o resultado foi excelente, pois as tropas paraguaias em Uruguaiana foram forçadas a se renderem a 19 de setembro, Corrientes foi em grande parte liberada, e a Marinha paraguaia não mais desempenhou qualquer papel na guerra. Os aliados passaram a dominar totalmente a navegação fluvial fora do Paraguai, com grande liberdade de ação e logística. Foi possível montar o acampamento de Tuiuti, base de operações por dous 2 anos e local das duas maiores batalhas campais da América Latina. A ação do Riachuelo só não foi totalmente decisiva devido à poderosa Fortaleza de Humaitá, transposta apenas a 19 de fevereiro de 1868. A partir de então, a guerra ainda durou mais de dois anos...




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Re: 11 de Junho de 2011

#42 Mensagem por Marino » Sáb Jun 18, 2011 11:39 am

Alocução do CA Mathias, Comandante do CIAA, no Clube Naval:

É com muita honra que participo desta sessão magna, a convite do Presidente do Clube Naval, para proferir a alocução comemorativa do 146º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, Data Magna da Marinha, neste ano em que nosso clube, fundado pelo então Capitão-de-Fragata LUIZ PHILIPPE DE SALDANHA DA GAMA, completa 127 anos de existência. É, pois, com muita satisfação que o faço, não só pela importância desta efeméride para todos os brasileiros e em especial para nós Oficiais de Marinha, mas também por estar neste querido Clube, do qual sou sócio a mais de trinta anos, falando para uma plateia tão distinta.
É ocasião oportuna para relembrarmos o que nos levou a participar deste Combate e quem foram os notáveis brasileiros que propiciaram esta primeira grande vitória, resultado de batalha decisiva que marcou uma inversão de expectativas em um conflito que até então nos era amplamente desfavorável.
Estamos falando da guerra da Tríplice Aliança que, entre 1865 e 1870, reuniu o Brasil, a Argentina e o Uruguai contra o invasor paraguaio que, à época, possuía um exército de 77.000 homens, em muito superior às tropas dos aliados disponíveis na região.
Em 1864 a república paraguaia, cuja independência só foi formalmente proclamada em 1842, era conduzida pelo ditador FRANCISCO SOLANO LOPEZ, sucessor de seu pai que foi presidente por quase vinte anos. SOLANO LOPEZ tinha sérias desconfianças em relação aos três países vizinhos devido às questões de limites não solucionadas. Havia por parte dos paraguaios a reivindicação de território no Mato Grosso, parcialmente ocupado por brasileiros; mas o verdadeiro estopim da guerra foram às ações brasileiras no conflito interno do Uruguai.
Em novembro de 1864, o governo paraguaio capturou o Navio Brasileiro “Marques de Olinda”, que se encontrava em Assunção, invadiu com suas tropas o atual estado do Mato Grosso do Sul e posteriormente o território da Argentina, tirando-a de sua posição de neutralidade e possibilitando então a assinatura do tratado da Tríplice Aliança com a finalidade explícita de obter o fim da ditadura de SOLANO LOPEZ, a resolução definitiva dos litígios de fronteira, e o estabelecimento da livre navegação nos rios da região.
Neste tratado, assinado em 1º de maio de 1865, os aliados firmaram que a guerra não seria travada contra o povo paraguaio e sim contra o seu governo, estabelecendo-se que o Comandante-em-Chefe dos exércitos aliados seria o General Argentino BARTOLOMEU MITRE e que as forças navais ficariam sob o Comando do Vice-Almirante VISCONDE DE TAMANDARÉ, Comandante-em-Chefe das forças navais brasileiras que já se encontravam na região cuidando da questão uruguaia.
TAMANDARÉ estabeleceu um bloqueio naval, no intuito de impedir que a esquadra paraguaia atingisse o Atlântico ou recebesse o reforço de navios contratados junto a estaleiros ingleses. Dividiu suas forças em três divisões: uma sob seu comando direto que permaneceu no Rio da Prata, com base em Montevidéu e outras duas que operaram no Rio Paraná, apoiando as tropas aliadas em sua reação contra o avanço paraguaio em território argentino.
No intuito de recuperar a cidade Argentina de Corrientes, que havia sido tomada pelas forças paraguaias, TAMANDARÉ determinou que o Comandante da 2ª Divisão, o Almirante FRANCISCO MANUEL BARROSO DA SILVA, “Chefe Naval” experiente a quem conhecia desde jovem e em quem confiava totalmente, subisse o Rio Paraná e apoiasse um ataque à cidade com desembarque de tropas aliadas.
Em 25 de maio de 1865, as forças aliadas atacaram Corrientes e, apesar do bom êxito inicial, tiveram que reembarcar as tropas, fazendo com que a força naval brasileira permanecesse fundeada em suas imediações, no Rio Paraná, até o dia 11 de junho, quando é atacada pela força naval paraguaia e ocorre então a Batalha Naval do Riachuelo.
SOLANO LOPEZ percebeu, após o ataque das forças aliadas a Corrientes, que a presença da esquadra brasileira no Rio Paraná impedia que suas tropas avançassem para o sul, ameaçando permanentemente seu flanco direito, e planejou pessoalmente o ataque que deveria surpreender, ainda fundeados, os valorosos navios brasileiros: a Fragata “Amazonas” (Capitânea); as Corvetas “Jequitinhonha”, “Beberibe”, “Parnaíba” e “Belmonte” e as Canhoneiras “Mearim”, “Araguari”, “Iguatemi” e “Ipiranga”.
Ao final daquele inesquecível domingo de céu azul, quase ao pôr-do-sol, após mais de nove horas de batalha contínua, a vitória era brasileira. Não há dúvidas de que o grande herói do dia foi BARROSO que, com sua postura ousada, ao utilizar a proa da “Amazonas” como “Ariete” para afundar os navios inimigos e seu destemor, ao ordenar “ATACAR E DESTRUIR O INIMIGO O MAIS PERTO QUE PUDER”, foi determinante no resultado do confronto.
Vale mencionar que, em todos os navios ocorreram fatos heroicos importantes, certamente motivados pela ordem do Comandante-em-Chefe “SUSTENTAR O FOGO QUE A VITÓRIA É NOSSA”. Gostaria de destacar, nesta oportunidade, a atuação destemida do Chefe do Rodízio da Corveta “Parnaíba” o Imperial Marinheiro de 1ª Classe MARCÍLIO DIAS.
MARCÍLIO DIAS já tinha experiência em combate, havia sido condecorado com a Medalha “Paissandu”, pela bravura com que participou da tomada da Vila de Paissandu, durante a campanha oriental quando, ao final de 27 dias de peleja e as tropas brasileiras obtém sucesso, é ele quem desfralda o Pavilhão “Auri-Verde” no alto da torre da Igreja Matriz.
A Corveta “Parnaíba” viveu um dos momentos mais dramáticos dos combates desse dia. Último navio da coluna brasileira, foi atacada por três navios paraguaios e conseguiu avariar seriamente um deles, porém foi abordada por “BB” e “BE” pelos vapores “Taquari” e “Salto”. A partir de então, calaram-se os canhões e passou-se à luta corpo a corpo, contra um inimigo numericamente superior, para em meio a atos de bravura, ousadia e extremo sacrifício pessoal, defender o território brasileiro invadido. O herói MARCÍLIO DIAS está na primeira fileira de defesa. Imortalizou-se nesse dia pela bravura e coragem demonstrada ao sustentar uma luta de sabre contra quatro inimigos ao mesmo tempo. Insensível às dores, matou dois dos atacantes mas é ferido mortalmente e perde seu braço direito, vindo a falecer no dia seguinte. Sua ação destemida e de outros heróis desse dia como o Guarda-Marinha JOÃO GUILHERME GREENHALGH, que morreu defendendo o Pavilhão Nacional, impediram que o navio fosse tomando pelo inimigo.
Mas quem foi esse marinheiro heroicamente morto no cumprimento do dever?
MARCÍLIO DIAS, nasceu na cidade de Rio Grande, em 1838, e aos 17 anos foi enviado, como voluntário, para a Companhia do Corpo de Imperiais-Marinheiros, à época instalada na Ilha de Villegaignon, no Rio de Janeiro, sob o comando do então Capitão-de-Mar-e-Guerra BARROSO, onde sentou praça no Corpo de Imperiais-Marinheiros, como Grumete, no dia 6 de agosto de 1855. Permaneceu nesta Escola de Formação de Marinheiros, recebendo instrução militar (entre elas manejo de armas) até 17 de janeiro de 1856, quando embarcou na Fragata “Constituição”.
Em 1863, já Marinheiro de 2ª Classe, foi matriculado na Escola Prática de Artilharia, que então funcionava a bordo da Fragata “Constituição”. Esse curso constava de uma fase teórica e de uma fase prática, com um “cruzeiro de 45 dias em navio misto com diversos exercícios de tiro real”. Na fase teórica com currículo já bastante abrangente, com 26 matérias, entre as quais noções de aritmética, e conhecimento prático dos princípios de balística, utilizavam o Manual de Artilheiro do então Primeiro-Tenente HENRIQUE ANTONIO BATISTA, que mais tarde viria a ser o Patrono dos Armamentistas da Marinha, reverenciado anualmente no dia 15 de maio, Dia do Armamentista.
MARCÍLIO DIAS terminou o curso com distinção, sendo um dos quinze que lograram êxito em 51 que o iniciaram, e adquiriu o direito de usar o Distintivo de Marinheiro-Artilheiro. Militar exemplar, que jamais sofreu qualquer punição, com espírito no culto da disciplina, obediente, respeitador, exemplo completo de lealdade aos chefes e aos seus companheiros, “a praça mais distinta da Parnaíba”, conforme registrou seu Comandante o Capitão-Tenente AURÉLIO GARCINDO FERNANDES DE SÁ.
É importante lembrar que até 1836, as guarnições dos navios de guerra brasileiros eram constituídas de alguns marinheiros voluntários (sem nenhuma capacitação formal), marinheiros estrangeiros contratados e em boa parte por marinheiros recrutados à força, homens que, em sua maioria, não sabiam ler nem escrever.
Essa situação começou a mudar a partir do Decreto nº 49, do Governo Imperial, de 22 de outubro de 1836, que criou quatro companhias fixas de marinheiros, compostas de cem praças cada uma, com a tarefa de ministrar instrução primária e aprendizagem nas artes do marinheiro, do artilheiro e do fuzileiro, aos jovens de 14 a 17 anos de idade. Em seguida, é criado o Corpo de Imperiais-Marinheiros e as Companhias de Aprendizes-Marinheiros, destinadas a dar melhor preparo aos jovens que quisessem seguir a carreira naval.
Em 1885, essas Companhias passam a se chamar “Escolas de Aprendizes-Marinheiros”, e são a origem das atuais Escolas, que em número de quatro, localizadas em Fortaleza, Recife, Vitória e Florianópolis, continuam perseguindo o mesmo propósito de formar marinheiros para o Corpo de Praças da Armada, assegurando o preparo intelectual, físico, psicológico, moral e militar-naval de cerca de 2.200 novos marinheiros a cada ano.
Por volta de 1850, diante da evolução tecnológica dos navios a vapor e da artilharia, a Marinha Imperial observou a necessidade de se formar especialistas e criou a Escola de Exercícios Práticos de Artilharia e em seguida fundou a Escola de Maquinistas.
Essas Escolas de Especialistas e as Companhias Fixas de Marinheiros são a origem do nosso atual Centro de Instrução Almirante Alexandrino que com quase 175 anos de existência e organizado em nove Escolas (Armamento e Convés, Máquinas e Artífices, Eletricidade e Eletrônica, Comunicações, Administração, Taifa, Cursos de Formação, Ensino à Distância e Qualificação Técnica Especial) tem a tarefa de formar, especializar e aperfeiçoar cerca de 5.500 praças da Marinha do Brasil por ano.
A Batalha Naval do Riachuelo, ocorrida a exatos 146 anos, foi a primeira grande vitória dessa guerra que motivou e impulsionou as forças aliadas a perseguirem o triunfo final, ocorrido cinco anos depois. É, também, um marco inconteste do preparo e do brio do marinheiro brasileiro, ainda hoje motivado pelo sinal içado por BARROSO ao início da batalha – “O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER”.
A Marinha do Brasil, ainda hoje motivada pelos feitos heroicos do 11 de junho, busca aperfeiçoar a capacitação de seu pessoal, nosso maior patrimônio, atuando em duas vertentes, na ampliação e na modernização de nossas Escolas. A primeira ação visa atender a necessidade de aumento de nosso efetivo de oficiais e praças, recentemente aprovado pela Lei nº 12.216/2010, que permite à Marinha incorporar cerca de 21.000 homens até 2030, e a segunda para, como diz a Canção do CIAA: “FORMAR PROFISSIONAIS/ PRONTOS PARA GUARNECEREM/ OS MODERNOS MEIOS NAVAIS/ BRAVOS HOMENS AGUERRIDOS/ COM MISSÃO EM TERRA, MAR E AR”. Homens que guarnecem com eficiência nossos meios atuais e que em breve estarão guarnecendo também nosso Submarino Nuclear.
“TUDO PELA PÁTRIA – RUMO AO MAR”. VIVA A MARINHA!
Muito obrigado!

José Carlos Mathias
Contra-Almirante




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: 11 de Junho de 2011

#43 Mensagem por Corsário01 » Dom Jun 19, 2011 9:12 am

Muito bom!!! BZ Marino por ter postado.[009]




Abraços,

Padilha
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Re: 11 de Junho de 2011

#44 Mensagem por soultrain » Seg Jun 20, 2011 5:11 pm

Muito bom mesmo, arrepio-me sempre que leio estes relatos, esses actos forjaram o carácter da MB.

BZ





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Re: 11 de Junho de 2011

#45 Mensagem por J.Ricardo » Seg Jun 20, 2011 5:42 pm

Hoje o Brasil tem recursos ($), tecnologia e recursos humanos para produzir épicos como esse para o cinema, seria muito legal que houvesse interesse em resgatar tais passagens da história!!!




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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