Senhores,
Do meu ponto de vista só existe alguma hipótese de conflito para o Brasil futuramente daqui a algumas décadas, devido à escassez de recursos. Países como a China e Índia não tem uma base nacional de recursos suficiente para alimentar o desenvolvimento das suas economias, com as demandas impostas por suas enormes populações. A China, principalmente, está se tornando cada vez mais dependente de recursos adquiridos fora do seu território (a participação de empresas chinesas no nosso pré-sal é emblemática) e isto pode fazer com que ela entre em conflito com seus vizinhos, ou em outras regiões de soberania nebulosa.
Estas áreas de "soberania nebulosa" são principalmente áreas marítimas e/ou áreas terrestres onde há pouca vigilância, onde o governo local é fraco demais para impor sua vontade, onde há conflitos intermitentes, etc. Nestes locais países militarmente fortes e com grande voracidade por recursos sempre tentaram se impor, não é de hoje. Não necessariamente pela força, mas usando de diversos artifícios, inclusive suborno, para arrancar vantagens.
Neste contexto o Brasil é um país rico em recursos naturais e bio-capacidade (a capacidade dos ecossistemas nacionais de prover serviços, como gerar alimentos, água limpa, reciclar o carbono da atmosfera, etc) e com uma população relativamente pequena.
O Brasil detêm 16% da bio-capacidade do mundo, sendo o país mais rico neste sentido. Vejam o mapa abaixo, onde o tamanho dos países reflete a produtividade das suas terras:
Neste contexto, podemos sim entrar em rota de colisão com alguma outra potência militar e econômica na disputa por recursos, principalmente no atlântico (existem muitos minérios pouco explorados no fundo do mar). Vejam que o potencial atual da África é péssimo, mas isto é algo que pode ser melhorado com mais desenvolvimento, infra-estrutura e tecnologia. Por isto a China está tão presente por lá, aliás, em países onde o Brasil tambêm quer ter influência.
No caso da UE e dos EUA, vejo isto como sendo um pouco menos provável, mas ainda possível, porque estes países já tem relações de dependência estabelecidas com outros países a bastante tempo (principalmente com o Oriente Médio), e suas populações não crescerão muito, portanto tirando o petróleo eles poderão dar conta das suas demandas futuras. Mas, de qualquer jeito o país deve adquirir uma capacidade de defesa relativamente robusta e que não dependa de um único fornecedor (o ideal seria que tudo que precisássemos fosse feito aqui, mas acho isto um tanto utópico) para dar respaldo à nossa diplomacia.