PRick escreveu:
Não pense pequeno, a Guerra é a continuação política por outros meios, Bismarck concebeu o plano perfeito para unificar a Alemanha, e usou a Guerra com a França para isso, não se entra numa guerra sem saber exatamente o que se quer, nem medir o que se tem a perder, é claro, a tática do TO é menor, mas Bismarck sabia que estavam na frente, sabia que tinha tudo a ganhar e pouco a perder. a França estavam com sérios problemas internos, tinha se metido no México e debilitado seu exército, além disso a introdução do fuzil DREYSE, deu a vantagem significativa para os chucrutes.
Já te disse, cupincha, nem só de internet se vive: o Dreyse (curiosidade: duzentos deles foram usados por mercenários Alemães empregados por D. Pedro II na Guerra contra Rosas, na Argentina) era um senhor fuzil para a época mas os Franceses estavam usando um certo Chassepot, cujas principais características eram atirar duas vezes mais rápido e com maior alcance que seu antagonista Alemão. Vamos ver melhor: a capacidade de penetração do projétil do Dreyse era de 125mm, a do Chassepot 237mm; a energia era, para o Alemão, 141, para o Francês, 225. Ademais, os Franceses tinham uma arma revolucionária de sua invenção, a Mitrailleuse, arma de 25 canos calibre 13mm que usavam como peça de artilharia (!!!), com reparo e tudo, e fazendo inclusive fogo de contrabateria. Se aceitares, até te ajudo a defender teu ponto de vista: a Artilharia Prussiana usava canhões de retrocarga muito mais rápidos em cadência que os Franceses, de antecarga...
Mas não tens como defenderes nem assim teu ponto de vista, a questão-chave, reconhecida "apenas" por
TODOS os Historiadores dignos de credibilidade, foi o revolucionário uso da excelente malha ferroviária Alemã, não levado em conta pelos Franceses: enquanto estes achavam que aqueles levariam um longo tempo em lentas marchas até a fronteira, os trens levaram toda a tigrada em tempo muitíssimo inferior, pegando Napoleão III literalmente com as calças na mão...
PRick escreveu: Aqui temos o campo oposto, o Kaizer era um péssimo estrategista, se meteu em um monte de incidentes idiotas, se pautanto na crença da supremacia militar, o que se viu durante a Guerra, era que a Alemanha não tinha condições de derrota a Inglaterra no mar,
Verdade sobre a RN. Sobre o KAISER, ele não era nem tinha de ser estrategista, tinha Marechais e Generais para isso...
PRick escreveu: nem a França no chão.
Não, né? E o que eles estavam fazendo em volta de Paris em setembro de 1914, a ponto de poderem ver a Torre Eiffel? Nem os Ingleses teriam então salvo a França de nova e vergonhosa capitulação, eis que não haviam ainda chegado. Mas o que salvou a França dessa vez foi, curiosamente, um grave erro de comando ALEMÃO, cometido pelo Comandante em Chefe da Frente Ocidental e curiosamente sobrinho - nada a haver com as habilidades do tio - de Von Moltke. Ele simplesmente deteve as tropas que avançavam quase sem oposição (ou desconheces o episódio dos táxis de Paris, e que deteminou a fábrica Renault a entrar no mercado de veículos militares?) por simplesmente não acreditar num vitória tão fácil...
PRick escreveu:A frente russa, durou pouco tempo,
Pura verdade, só de 1914 a 1917, e isso porque eclodiu a Revolução Russa...
DETALHE: a Alemanha teve de desfalcar suas tropas (já destinadas para o chamado Plano Schlieffen) que participariam da batalha do Marne (que citei acima) justamente para deter uma invasão RUSSA em
agosto/1914 - lembras, falávamos de
setembro - e mesmo assim só foi detida no momento do assalto final pela incompetência do sobrinho de Von Moltke...
PRick escreveu: e mesmo com a derrota da Rússia, e todo o Exército Alemão na frente ocidental, nada foi feito, isso porque a Guerra de trincheiras, estática, consumia mais da economia alemã do que ela poderia dispor, uma vez que no campo tático e de armamento ocorreu um empate. O plano de Von Moltke não podia mais ser executado, porque a França fez a linha de fortes no meio do caminho, ou seja, na fronteira com a Alemanha, o Plano Alternativo evitava as defesas estáticas, porém, aumentava em muito o caminho a ser percorrido, quer dizer, seria necessário algo que a Alemanha não tinha, ninguém tinha, foi criado durante a Guerra, quer dizer os veículos blindados, meios que tornassem a guerra algo móvel, dada a supremacia das armas de infantaria sobre a cavalaria. A Guerra se transformou num grande impasse, e a economia alemã entrou em colapso, uma vez que dependia das linhas de comércio marítimas.
Temos aí uma grande mistura, mas vamos tentar destrinchar:
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a Rússia NÃO foi derrotada, ela assinou um armistício por estar em guerra civil. Nenhum soldado Alemão sequer esteve às portas de Moscou como estiveram às de Paris...
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A Guerra de Trincheiras foi o resultado da Primeira Batalha do Marne, ou seja, a que estamos discutindo. Os Alemães detiveram da maneira mais idiota possível um avanço que lhes daria a vitória e começaram a recuar, diante de incrédulos Franceses e os recém-chegados Ingleses, comandados pelo tímido Sir John French. Para evitar nova invasão que certamente tomaria Paris, os Franceses e Ingleses escavaram trincheiras por toda parte; por estas coincidências malucas da guerra, os Alemães fizeram o mesmo, para evitar a perseguição a suas tropas em retirada. Deu no que deu...
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Os blindados Ingleses foram sem dúvida uma surpresa tática - no dizer de Toynbee - mas não decisiva nem duradoura: ainda naquela guerra os Alemães também os desenvolveram. Os avanços eram violentos e arrasadores porém curtos, dado o alto consumo de combustível, a fragilidade do abastecimento e os problemas mecânicos (o automóvel ainda estava em sua infância). As blindagens mal seguravam projéteis de fuzil e metralhadora, uma simples granada HE (anti-pessoal!!!) de artilharia bastava para colocá-los fora de combate...
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Sobre o impasse e a economia, concordo: Com o mar bloqueado pela então invencível Royal Navy, o comércio Alemão estagnou quase que por completo.
PRick escreveu:Estou falando em tradição militar ligada a história, não a tradição militar ligada as táticas de combates, operações e organizações. Napoleão foi primeiro Comandante a fazer isso, quer dizer tradições, só as boas, aquilo que é repetição do passado retrogado não interessa, algumas práticas introduzidas por ele até hoje estão aí, como a meritocracia, quer dizer, somente os oficiais capazes eram promovidos, nada de apadrinhamento. A organização das forças, treinamento, padronização, etc.. O Batalhão em questrão era o suprasumo da modernidade quando foi organizado, agora, é mantido como um aspecto histórico, quer dizer a boa tradição.
Esqueces de dizer do papel da Guarda Imperial em Waterloo: foram brilhantes e heróicos até fim. Apenas mal empregados por um Napoleão doente e enfraquecido...
PRick escreveu:Não se trata de generais incompetentes, mais como eles, a esmagadora maioria dos Oficiais Generais de 1939 não acreditavam que a tecnologia revolucionaria as táticas no TO. Quase todos os generais eram assim, "incompetentes". Todo Alto Comando Franco-Britânico, dos EUA, Russo e Japonês.
O OKH, a despeito da resistência dos 'tradicionalistas', tinha quem desse ouvidos aos Oficiais mais jovens e com idéias revolucionárias...
PRick escreveu: Creio que em 1939 somente um General tinha inteira noção do que era a Guerra de movimento, chama-se Zukov, por sinal, o que ele fez com o Exército Japonês menos de um mês antes da Alemanha invadir a Polonia, é bem mais significativo que os Alemães fizeram na França, para quem não sabe, quem criou e executou de fato a Guerra de Movimento, e não a BlitzKrieg, foi Zukhov, em um único ataque deixou uma divisão japonesa com 01% de seu efetivo. E foi de tal modo aterrador e desconhecido para o Alto Comando Imperial Japonês, que assinaram um armistício com o rabo entre as pernas, e logo os caras considerados os mais durões, perto deles até os chucrutes eram moles.
Novamente laboras em erro: ainda nos anos vinte dois CAPITÃES escreveram livros agudíssimos sobre o emprego de forças blindadas em conjugação com Aviação e demais Armas no campo de batalha: um se chamava Sir Basil Lidell-Hart; o outro? Charles de Gaulle...
AMBOS se basearam nos escritos de um ALEMÃO, o Chefe da Reichswher no imediato pós-guerra, o General Hans von Seeckt. Uma interessante passagem:
"Em breve toda a guerra do futuro aparece para mim como resultante do emprego de armas móveis, relativamente pequenas mas de alta qualidade, e que serão muito mais efetivas com o emprego da aviação e a mobilização de todas as forças, tanto para dar início ao ataque como para a defesa do país"
PRick escreveu:Durante o ataque a França, outro General percebeu o mesmo que Zukov, anos depois, e foi quase sem querer, tudo por conta de alguns canhões de 88 mm, porém o resto do Exército Alemão estava na BlitzKrieg. Inclusive Guderian, que havia sido suplantado por Zukov, esse Gal foi para a África e durante meses, surrou os coitados dos Ingleses e o gênio do Montgomery
, porque havia entendido empiricamene a diferença entre Blitzkrieg e a moderna Guerra de Movimentos.
Nem vou comentar...
PRick escreveu:Podemos dizer que existiam 03 contigentes de generais, os que estavam em 1914, os que estavam em 1939(Guderian e alguns outros, como De Gaulle), e os que estavam nos dias atuais, antes da Guerra do Vietnam. Teria sido muito interessante um embate entre Rommel e Zukov. Ambos estavam muito a frente dos outros.
[]´s
É difícil comentar isso sem analisar os TOs: se fosse Stalingrado, ou Rommel desobedeceria a Hitler e teria recuado, salvando o Sexto Exército, ou teria obedecido e sofrido a mesma derrota, que pouco se deveu à suposta 'genialidade' de Zhukov e muito à BURRICE de Hitler...
PRick, nas buenas, sem pesquisa séria é brabo de discutir, espero sinceramente que os dados e capacidades que costumas atribuir ao Rafale não se baseiem em tantos 'achismos' como os vistos aqui...
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