Somália dá 'sinal verde' para que russos usem força contra piratas
Grupo seqüestrou navio ucraniano com 33 tanques na costa da África.
Seqüestradores querem US$ 20 milhões de resgate.
Autoridades da Somália deram à Marinha russa o sinal verde para o uso da força contra piratas que mantêm sequestrado um navio ucraniano com 33 tanques de guerra a bordo, informou uma autoridade marítima nesta quarta-feira (1).
A Rússia enviou um navio de guerra, mas ele ainda não chegou à Somália, onde homens armados pedindo resgate de US$ 20 milhões tomaram o navio MV Faina na semana passada. Navios da marinha dos Estados Unidos estão observando a embarcação, que foi sequestrada perto de uma das mais movimentadas rotas de transporte marítimo do mundo.
O governo somali deu a permissão para que a Marinha russa adentre em águas somalis e use a força", disse Andrew Mwangura, uma autoridade do Programa do Leste da África para o Auxílio a Navegantes.
"Em nome das famílias dos marinheiros, estamos pedindo para que não usem a força, pois isso colocará os homens em perigo", disse.
O sequestro chamou atenção da comunidade internacional para a crescente presença de piratas em uma das áreas de navegação mais movimentadas do mundo. A observação de embarcações norte-americanas também levantou questões sobre o destino da carga do navio sequestrado. O Quênia diz que os tanques T- 72, os lançadores de granada e a munição presentes na embarcação seriam entregues a suas Forças Armadas. Os EUA, no entanto, acreditam que a carga seria enviada ao sul do Sudão por meio da cidade portuária de Mombasa.
Valendo-se da situação caótica verificada na Somália, onde militantes islâmicos iniciaram uma insurgência quase dois anos atrás, os piratas somalis capturaram mais de 30 navios neste ano e atacaram outros tantos.
A maior parte das investidas ocorreram no golfo de Áden, entre o Iêmen e o norte da Somália, uma importante rota marítima usada por 20 mil embarcações por ano que saem ou chegam ao canal de Suez.
Os piratas rebateram nesta quarta as notícias sobre a morte de três deles na terça-feira, em um tiroteio entre rivais que se desentenderam a respeito do que fazer com a embarcação.
Segundo Mwangura, o navio sequestrado é de propriedade de uma empresa com sede no Panamá dirigida por ucranianos. Há 20 tripulantes a bordo. Um russo que estava doente acabou morrendo. A maior parte da tripulação é de ucranianos. Além deles, há no navio dois russos e um letão.
Mwangura acrescentou que os sequestradores estão em contato com os empresários por telefone, mas as negociações "devem demorar porque a empresa ucraniana não deseja pagar tudo isso (pela liberação do navio)."
Uma autoridade da Somália disse que o governo estava pronto para trabalhar com qualquer país para combater os grupos armados.
"Nós já permitimos que o mundo nos ajude contra os piratas e a Rússia é parte do mundo, mas com a condição de que coordenem as operações conosco", disse à Reuters Mohamed Jama Ali, secretário permanente no Ministério das Relações Exteriores.
Grupos internacionais de transporte marítimo pediram no mês passado que potências navais façam mais para conter a pirataria na região.
O presidente do governo de transição da Somália, Abdullahi Yousef Ahmed, pediu às forças navais internacionais situadas no Oceano Índico que lutem contra a pirataria que coloca em risco a navegação no Golfo de Áden.
"Condenamos a pirataria e qualquer outro ato de violência contra a humanidade", disse Ahmed, em discurso por ocasião da festa do Eid ul-Fitr, que marca oficialmente o final do Ramadã, período sagrado para os muçulmanos.
Segundo Ahmed, "com suas ações, os piratas estão impondo (de fato) um embargo marítimo internacional sobre o litoral do Iêmen e da Somália".