ICBM no Paraiso
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- Luís Henrique
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Vamos lá, conforme eu tinha prometido.
Tentando dar uma clareada nesta ilustração.
A primeira coisa que vocês tem que ter em mente é que este RV - Reentry Vehicle - não existe na pratica. Ele é uma concepção artística bastante realista, mas também tem seus pontos inverossímeis.
O principal ponto é que este desenho descreve um RV com capacidade de manobra terminal, coisa que não existe no arsenal americano, apesar de projetos avançados de demonstração de tecnologia já terem sido propostos neste sentido nos anos de 1980. Algumas fontes como a FAS dão os RV’s dos mísseis Trident II D-5 como manobráveis, mas isto eu nunca vi confirmado pelo Pentágono. O programa americano de RV manobráveis atende pelo nome de Advanced Maneuvering Reentry Vehicle.
Os sistemas RV manobráveis adotados nos mísseis russos TOPOL e BULAVA apresentam desenho diferente dos propostos nesta figura.
Analisando os pontos destacados na figura.
(1) Ali temos o elemento primário de blindagem térmica, feito de - Reinforced Carbon-Carbon - ou RCC. A forma de cone pontiagudo não é muito eficiente do ponto de vista de distribuição do calor de reentrada, o grosso do aquecimento vai acontecer na ponta. É análogo a uma broca perfurando uma parede, a sua ponta será o ponto mais quente em função do atrito.
(2) No desenho original este elemento é descrito como sendo um sistema inercial de referencia. Em um RV de reentrada balística como os AVCO Mk-21 que equipam os mísseis LGM-118A Peacekeeper, não existe necessidade de sistemas inerciais, a detonação pode acontecer próxima ao solo, quando o alvo for um silo de míssil ou instalação subterrânea ou a algumas centenas de metros de altura, caso o alvo seja uma grande instalação militar ou uma cidade por exemplo. A posição de detonação de ogiva é por temporização, isto é, após o RV deixar o ultimo estagio do míssil ele é programado para detonar em uns instante tal, que a sua posição em relação ao alvo seja a posição ótima para a otimização da explosão de acordo com o alvo.
(3) Sistemas eletrônicos principais. Ao contrario do que se imagina os sistemas eletrônicos de um RV não são complexos em relação ao resto do míssil por exemplo. Basicamente existem três funções básicas para os sistemas eletrônicos. O primeiro são os procedimentos de self check que verificam os parâmetros de bordo. Depois são os sistemas de segurança que são habilitados apenas com o míssil em vôo, normalmente após a fase do impulso, quando ele já esta a milhares que quilômetros do ponto de lançamento. E a terceira função é o seqüênciamento das tarefas de bordo. A grande dificuldade é construir um sistema que tenha grande confiabilidade em um ambiente com grande quantidade de radiação ionizante (interior do RV) e uma grande diversidade de pulsos eletromagnéticos (cenário nuclear), mas isto com técnicas de projetos adequadas é plenamente possível.
(4) Ali estão as baterias térmicas do RV, que fornecem eletricidade para os sistemas internos.
(5) Revestimento externo do RV, os americanos mais modernos são construídos por uma técnica chamada PICA - Phenolic Impregnated Carbon Ablator – basicamente material abrasivo a base de carbono, as proteções mais antigas eram a base de Nylon fenólico.
(6) Ali temos a esfera de plutônio do circuito primário. É uma esfera do tamanho de uma laranja que tem quase 10Kg de Plutônio, ela serve como primeiro estágio de detonação da ogiva que é detonada em dois estagio, um primeiro por fissão e um segundo por fusão.
(7) Em volta da esfera temos zircônio, que devido a sua baixa captura de nêutrons não influencia no processo de detonação.
(8) Ali temos os explosivos químicos de detonação da ogiva primária.Este é um dos segredos de uma bomba nuclear de plutônio. A ogiva na forma esférica (6) só vai explodir se for comprimida violentamente, e para que a explosão seja perfeita, temos que comprimir a ogiva por igual, isto significa que os explosivos químicos em volta da ogiva tem que serem detonados simultaneamente e ainda por cima apresentarem uma velocidade de explosão o mais próxima possível de todos os lados da ogiva para quem a compressão da esfera seja perfeita.
E o que acontece quando a detonação não é peita de forma perfeitamente simétrica por todos os lados da esfera de plutônio? Basicamente a fissão do plutônio não é total, então a explosão sai mais fraca do que a planejada.
Lembram-se do famoso teste nuclear da Coréia do Norte a alguns meses atrás? O teste não teve a força esperada, então o que se cogitava era que foi um teste com falha parcial. Que tipo de falha parcial? Acredito que nem a CIA deve saber ao certo, mas uma hipótese bem provável é que houve uma falha de otimização no processo de compressão de plutônio, que como disse, é o segredo da bomba de Plutônio.
Uma das formas que EUA e Rússia concordavam em reduzir a corrida nuclear no passado, era proibir testes nucleares. Qual seria o efeito desejado? EUA e Rússia tem muitas explosões nucleares em seus currículos, tem pessoal, base de dados e know-how para simularem computacionalmente o evento de ignição de uma bomba atômica, a maioria dos outros paises não.
Então se todos aderissem a uma moratória dos testes, paises médios no clube nuclear não teriam como testarem e aferirem seus circuitos de disparos, e por conseqüência travariam a evolução de suas bombas atômicas. Esta tecnologia de simulação é tão especial, que a uma década atrás, a França precisou criar todo aquele constrangimento mundial ao anunciar seus testes no Atol de Mururoa, para validar suas novas ogivas nucleares. Rússia e EUA vão validar suas ogivas novas sem necessidade de testes. (A Rússia já validou). A França na época tinha quase 200 testes já concluídos e ainda não tinha tecnologia de simulação confiável. Isto dá uma dimensão do problema. Mas voltemos ao nosso RV hipotético.
(9) Estes são os ignitores elétricos dos explosivos. Reparem que os explosivos são separados em gomos, como uma laranja, com um detector por gomo. Dependendo do projeto podem existir camadas diferentes de explosivos, alguns mais lentos na parte externa da esfera que fazem a ignição de uma camada mais rápida interna que comprime a esfera de plutônio.
Existe uma coisa que não esta ali representada, mas que existe em alguns projetos. Para que a detonação do explosivo seja mais homogenia ainda, existe uma cinta de aquecimento resistivo, que é uma espécie de um tecido recheado de resistências elétricas, similar a aquelas cintas que envolvem pneus de carros de Formula-1 antes da largada, cujo objetivo é fazer um pré aquecimento da borracha. No caso, o objetivo é pré aquecer o explosivo durante o vôo do RV de modo que na detonação ele precise de menos energia térmica do ignitor, logo sua detonação seria mais rápida, e a diferença de tempo de detonação entre os gomos da esfera de explosivo seja menor ainda, otimizando o processo.
(10) Aqui entramos na segunda parte da ogiva, que é o circuito de fissão. A peça na (10) é o martelo da bomba. Feito de urânio exaurido, que como sabem é muito denso, quando a ogiva primaria explode, esta peça é comprimida para trás gerando uma enorme pressão sobre o combustível da ogiva secundária.
(11) Spark Plug. Basicamente é uma haste de plutônio que ao ser comprimida pela energia da ogiva primária e do martelo (10) também produzi mais fissão, levando ao longo de todo o eixo longitudinal da ogiva secundaria calor para a fusão desta.
(12) Combustível de fusão, deutério que comprimido ira liberar energia em altíssima escala (explosão principal) e cujo produto final será Helio.
(13) Estrutura primaria do RV em alumínio semi-monochoque.
(14) Esferas de hidrazina. O desenho representa um RV manobrável, o que implica em um combustível associado a um impulsor. Normalmente não se tem nada disto em um RV convencional.
O RV começa seu vôo autônomo quando se separa do “ônibus” por meio de uma mola que gera uma pequena velocidade de afastamento entre o RV e o bus. Depois vem a manobra de spin-up, que é quando o RV aciona dos pequenos motores de combustível sólido que geram uma rotação em torno do seu eixo longitudinal para que ele ganhe estabilidade para a fase de reentrada.
(15) Impulsor de hidrazina. Considerando um RV manobrável seriam estes impulsores os responsáveis pelas mudanças do vetor de reentrada.
Algumas outras considerações.
1) Existem sistemas de reflexão de raio-x entre o primeiro e segundo estagio que ai não estão representados. Bem como outros pequenos detalhes que não são de conhecimento publico.
2) Entre os pontos (4) e (5) vocês vão ver duas pequenas esferas verdes que eu esqueci de numerá-las. Basicamente são reservatórios de trítio que são injetados junto a esfera de plutônio para otimizar a explosão. O grande pulo do gato é que o trítio vai decaindo e se transformando em Helio com o passar do tempo, então existem mecanismos ultra classificados para separar os dois gases e só injetar o trítio. Muito daquele escândalo em torno do roubo por parte da China se segredos nucleares americanos a alguns anos atrás era entre outras coisas desta tecnologia, introduzida a primeira vez na W-88 ogiva americana de pequena passa para mísseis de cruzeiro e nucleares.
Algumas figuras que ajudam a entender um pouco mais.
A idéia de proporção de um RV moderno. A Massa de referencia é de 450Kg.
Um Mk-6, mais antigo, empregado pelo ICBM Titan II. A miniaturalização foi puxada pelos SLBM e pelo conceito de MIRV.
Uma ilustração de um RV reentrando. Ao contrário de uma nave espacial, a distribuição de calor é em apenas um ponto concentrado, no nariz, em ma nave buscamos uma melhor distribuição do calor, em um míssil buscamos criar uma forma aerodinamica mais neutra que não influencie na precisão. São problemas distintos.
Um balão inflavel de auxilio a penetração por meio de falsos ecos de radares. Estes balões são soltos a 400Km de altura e só perdem velocidade a uns 150Km de altura já bem proximo do alvo. É possivel criar dezenas de alvos falsos para meia duzia de RV's verdadeiros, dificultando a defesa, mas este é um capitulo todo especial, não vou me alongar.
Um míssil moderno tem que ser projetado para que praticamente não sofra manutenção durante sua vida util. Os procedimentos de manutenção são caros e complexos demais, alem de arriscados pela presença de itens toxicos e volateis como a hidrazina que normalmente é evitada em sistemas não manobraveis.
Um silo moderno como este russo, pode ser destruido por uma ogiva que caia a menos de 100 metros dele. Nos ultimos 15 anos, tanto Rússia quando EUA já tem sistemas com esta precisão. Os Russos apostam em seu gigantismo territorial para mover ICBM's moveis. Os EUA apostam em seus submarinos com maior prontidão para contrapor ao problema.
Um Agni II indiano, que também tem um RV. A pergunta que um observador mais criterioso pode fazer seria, porque ele tem aletas no RV e os mostrados até agora não tinham aletas?
A explicação é simples. Um ICBM de um míssil balístico reentra a velocidades como Mach-20, na atmosfera mais rarefeita a sua onda se choque tem um ângulo tal que não influencia a calda do projétil. Um IRBM penetra a velocidades muito menores e em camadas mais densas, alem de que sua proporção cumprimento x diâmetro é diferente, daí as aletas, que estão presentes no Pershing II e no Agni II por exemplo.
Uma ogiva W-80. Fica claro a distribuição fisica entre a ogiva primária parte da frente e a secundária logo atrás.
Tentando dar uma clareada nesta ilustração.
A primeira coisa que vocês tem que ter em mente é que este RV - Reentry Vehicle - não existe na pratica. Ele é uma concepção artística bastante realista, mas também tem seus pontos inverossímeis.
O principal ponto é que este desenho descreve um RV com capacidade de manobra terminal, coisa que não existe no arsenal americano, apesar de projetos avançados de demonstração de tecnologia já terem sido propostos neste sentido nos anos de 1980. Algumas fontes como a FAS dão os RV’s dos mísseis Trident II D-5 como manobráveis, mas isto eu nunca vi confirmado pelo Pentágono. O programa americano de RV manobráveis atende pelo nome de Advanced Maneuvering Reentry Vehicle.
Os sistemas RV manobráveis adotados nos mísseis russos TOPOL e BULAVA apresentam desenho diferente dos propostos nesta figura.
Analisando os pontos destacados na figura.
(1) Ali temos o elemento primário de blindagem térmica, feito de - Reinforced Carbon-Carbon - ou RCC. A forma de cone pontiagudo não é muito eficiente do ponto de vista de distribuição do calor de reentrada, o grosso do aquecimento vai acontecer na ponta. É análogo a uma broca perfurando uma parede, a sua ponta será o ponto mais quente em função do atrito.
(2) No desenho original este elemento é descrito como sendo um sistema inercial de referencia. Em um RV de reentrada balística como os AVCO Mk-21 que equipam os mísseis LGM-118A Peacekeeper, não existe necessidade de sistemas inerciais, a detonação pode acontecer próxima ao solo, quando o alvo for um silo de míssil ou instalação subterrânea ou a algumas centenas de metros de altura, caso o alvo seja uma grande instalação militar ou uma cidade por exemplo. A posição de detonação de ogiva é por temporização, isto é, após o RV deixar o ultimo estagio do míssil ele é programado para detonar em uns instante tal, que a sua posição em relação ao alvo seja a posição ótima para a otimização da explosão de acordo com o alvo.
(3) Sistemas eletrônicos principais. Ao contrario do que se imagina os sistemas eletrônicos de um RV não são complexos em relação ao resto do míssil por exemplo. Basicamente existem três funções básicas para os sistemas eletrônicos. O primeiro são os procedimentos de self check que verificam os parâmetros de bordo. Depois são os sistemas de segurança que são habilitados apenas com o míssil em vôo, normalmente após a fase do impulso, quando ele já esta a milhares que quilômetros do ponto de lançamento. E a terceira função é o seqüênciamento das tarefas de bordo. A grande dificuldade é construir um sistema que tenha grande confiabilidade em um ambiente com grande quantidade de radiação ionizante (interior do RV) e uma grande diversidade de pulsos eletromagnéticos (cenário nuclear), mas isto com técnicas de projetos adequadas é plenamente possível.
(4) Ali estão as baterias térmicas do RV, que fornecem eletricidade para os sistemas internos.
(5) Revestimento externo do RV, os americanos mais modernos são construídos por uma técnica chamada PICA - Phenolic Impregnated Carbon Ablator – basicamente material abrasivo a base de carbono, as proteções mais antigas eram a base de Nylon fenólico.
(6) Ali temos a esfera de plutônio do circuito primário. É uma esfera do tamanho de uma laranja que tem quase 10Kg de Plutônio, ela serve como primeiro estágio de detonação da ogiva que é detonada em dois estagio, um primeiro por fissão e um segundo por fusão.
(7) Em volta da esfera temos zircônio, que devido a sua baixa captura de nêutrons não influencia no processo de detonação.
(8) Ali temos os explosivos químicos de detonação da ogiva primária.Este é um dos segredos de uma bomba nuclear de plutônio. A ogiva na forma esférica (6) só vai explodir se for comprimida violentamente, e para que a explosão seja perfeita, temos que comprimir a ogiva por igual, isto significa que os explosivos químicos em volta da ogiva tem que serem detonados simultaneamente e ainda por cima apresentarem uma velocidade de explosão o mais próxima possível de todos os lados da ogiva para quem a compressão da esfera seja perfeita.
E o que acontece quando a detonação não é peita de forma perfeitamente simétrica por todos os lados da esfera de plutônio? Basicamente a fissão do plutônio não é total, então a explosão sai mais fraca do que a planejada.
Lembram-se do famoso teste nuclear da Coréia do Norte a alguns meses atrás? O teste não teve a força esperada, então o que se cogitava era que foi um teste com falha parcial. Que tipo de falha parcial? Acredito que nem a CIA deve saber ao certo, mas uma hipótese bem provável é que houve uma falha de otimização no processo de compressão de plutônio, que como disse, é o segredo da bomba de Plutônio.
Uma das formas que EUA e Rússia concordavam em reduzir a corrida nuclear no passado, era proibir testes nucleares. Qual seria o efeito desejado? EUA e Rússia tem muitas explosões nucleares em seus currículos, tem pessoal, base de dados e know-how para simularem computacionalmente o evento de ignição de uma bomba atômica, a maioria dos outros paises não.
Então se todos aderissem a uma moratória dos testes, paises médios no clube nuclear não teriam como testarem e aferirem seus circuitos de disparos, e por conseqüência travariam a evolução de suas bombas atômicas. Esta tecnologia de simulação é tão especial, que a uma década atrás, a França precisou criar todo aquele constrangimento mundial ao anunciar seus testes no Atol de Mururoa, para validar suas novas ogivas nucleares. Rússia e EUA vão validar suas ogivas novas sem necessidade de testes. (A Rússia já validou). A França na época tinha quase 200 testes já concluídos e ainda não tinha tecnologia de simulação confiável. Isto dá uma dimensão do problema. Mas voltemos ao nosso RV hipotético.
(9) Estes são os ignitores elétricos dos explosivos. Reparem que os explosivos são separados em gomos, como uma laranja, com um detector por gomo. Dependendo do projeto podem existir camadas diferentes de explosivos, alguns mais lentos na parte externa da esfera que fazem a ignição de uma camada mais rápida interna que comprime a esfera de plutônio.
Existe uma coisa que não esta ali representada, mas que existe em alguns projetos. Para que a detonação do explosivo seja mais homogenia ainda, existe uma cinta de aquecimento resistivo, que é uma espécie de um tecido recheado de resistências elétricas, similar a aquelas cintas que envolvem pneus de carros de Formula-1 antes da largada, cujo objetivo é fazer um pré aquecimento da borracha. No caso, o objetivo é pré aquecer o explosivo durante o vôo do RV de modo que na detonação ele precise de menos energia térmica do ignitor, logo sua detonação seria mais rápida, e a diferença de tempo de detonação entre os gomos da esfera de explosivo seja menor ainda, otimizando o processo.
(10) Aqui entramos na segunda parte da ogiva, que é o circuito de fissão. A peça na (10) é o martelo da bomba. Feito de urânio exaurido, que como sabem é muito denso, quando a ogiva primaria explode, esta peça é comprimida para trás gerando uma enorme pressão sobre o combustível da ogiva secundária.
(11) Spark Plug. Basicamente é uma haste de plutônio que ao ser comprimida pela energia da ogiva primária e do martelo (10) também produzi mais fissão, levando ao longo de todo o eixo longitudinal da ogiva secundaria calor para a fusão desta.
(12) Combustível de fusão, deutério que comprimido ira liberar energia em altíssima escala (explosão principal) e cujo produto final será Helio.
(13) Estrutura primaria do RV em alumínio semi-monochoque.
(14) Esferas de hidrazina. O desenho representa um RV manobrável, o que implica em um combustível associado a um impulsor. Normalmente não se tem nada disto em um RV convencional.
O RV começa seu vôo autônomo quando se separa do “ônibus” por meio de uma mola que gera uma pequena velocidade de afastamento entre o RV e o bus. Depois vem a manobra de spin-up, que é quando o RV aciona dos pequenos motores de combustível sólido que geram uma rotação em torno do seu eixo longitudinal para que ele ganhe estabilidade para a fase de reentrada.
(15) Impulsor de hidrazina. Considerando um RV manobrável seriam estes impulsores os responsáveis pelas mudanças do vetor de reentrada.
Algumas outras considerações.
1) Existem sistemas de reflexão de raio-x entre o primeiro e segundo estagio que ai não estão representados. Bem como outros pequenos detalhes que não são de conhecimento publico.
2) Entre os pontos (4) e (5) vocês vão ver duas pequenas esferas verdes que eu esqueci de numerá-las. Basicamente são reservatórios de trítio que são injetados junto a esfera de plutônio para otimizar a explosão. O grande pulo do gato é que o trítio vai decaindo e se transformando em Helio com o passar do tempo, então existem mecanismos ultra classificados para separar os dois gases e só injetar o trítio. Muito daquele escândalo em torno do roubo por parte da China se segredos nucleares americanos a alguns anos atrás era entre outras coisas desta tecnologia, introduzida a primeira vez na W-88 ogiva americana de pequena passa para mísseis de cruzeiro e nucleares.
Algumas figuras que ajudam a entender um pouco mais.
A idéia de proporção de um RV moderno. A Massa de referencia é de 450Kg.
Um Mk-6, mais antigo, empregado pelo ICBM Titan II. A miniaturalização foi puxada pelos SLBM e pelo conceito de MIRV.
Uma ilustração de um RV reentrando. Ao contrário de uma nave espacial, a distribuição de calor é em apenas um ponto concentrado, no nariz, em ma nave buscamos uma melhor distribuição do calor, em um míssil buscamos criar uma forma aerodinamica mais neutra que não influencie na precisão. São problemas distintos.
Um balão inflavel de auxilio a penetração por meio de falsos ecos de radares. Estes balões são soltos a 400Km de altura e só perdem velocidade a uns 150Km de altura já bem proximo do alvo. É possivel criar dezenas de alvos falsos para meia duzia de RV's verdadeiros, dificultando a defesa, mas este é um capitulo todo especial, não vou me alongar.
Um míssil moderno tem que ser projetado para que praticamente não sofra manutenção durante sua vida util. Os procedimentos de manutenção são caros e complexos demais, alem de arriscados pela presença de itens toxicos e volateis como a hidrazina que normalmente é evitada em sistemas não manobraveis.
Um silo moderno como este russo, pode ser destruido por uma ogiva que caia a menos de 100 metros dele. Nos ultimos 15 anos, tanto Rússia quando EUA já tem sistemas com esta precisão. Os Russos apostam em seu gigantismo territorial para mover ICBM's moveis. Os EUA apostam em seus submarinos com maior prontidão para contrapor ao problema.
Um Agni II indiano, que também tem um RV. A pergunta que um observador mais criterioso pode fazer seria, porque ele tem aletas no RV e os mostrados até agora não tinham aletas?
A explicação é simples. Um ICBM de um míssil balístico reentra a velocidades como Mach-20, na atmosfera mais rarefeita a sua onda se choque tem um ângulo tal que não influencia a calda do projétil. Um IRBM penetra a velocidades muito menores e em camadas mais densas, alem de que sua proporção cumprimento x diâmetro é diferente, daí as aletas, que estão presentes no Pershing II e no Agni II por exemplo.
Uma ogiva W-80. Fica claro a distribuição fisica entre a ogiva primária parte da frente e a secundária logo atrás.
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VICTOR escreveu:Espetáculo. Lembrei do livro "The Sum of All Fears". Acho que lá o artefato é de fissão. A Koslowa leu? Achou verossímil? Da minha área que é a Medicina eu seu que o Clancy não entende nada. A descrição dele do presidente dos EUA tendo um AVC beira o ridículo. Deveria ter perguntado a alguém.
Oi Victor, infelizmente não li.
Artefatos de fissão são a base para bombas mais simples, Paquistão, India, Israel, todo mundo que começa suas pesquisas nucleares e faz a primeira bomba "doméstica" a faz por meio de fissão e com plutônio, é a receita "classica".
Era de fissão sim(pelo menos no filme), na verdade o primeiro estágio de uma bomba H, tinha uns 10Kt de rendimento. E fez o estrago que fez...
No filme, uma parte mostra exatamente o desmonte da arma e a separação das duas fases, além da preparação para o transporte. Ela foi colocada numa "vending machine" ou aquelas máquinas automáticas de vender refrigerante.
BUUUUUUUUUUM! E muita radiação no solo...
No filme, uma parte mostra exatamente o desmonte da arma e a separação das duas fases, além da preparação para o transporte. Ela foi colocada numa "vending machine" ou aquelas máquinas automáticas de vender refrigerante.
BUUUUUUUUUUM! E muita radiação no solo...
- Allysson Vieira
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http://ciencia.hsw.com.br/bombas-inteligentes.htm
http://ciencia.hsw.com.br/bombas-eletromagneticas.htm
http://ciencia.hsw.com.br/bomba-nuclear.htm
http://ciencia.hsw.com.br/bombas-sujas.htm
http://ciencia.hsw.com.br/sistemas-de-d ... isseis.htm
http://ciencia.hsw.com.br/misseis-de-cruzeiro.htm
Abraços,
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