A FAB por aqui, leia-se governo brasileiro, correu o mesmíssimo risco de comprar um avião até então sem parâmetro na historiografia militar, e pior, com tendência a substituir uma lenda, o que deixava o projeto muito mais "perigoso" ainda. Mas fato é que a Embraer, não deixou a desejar e ainda colocou nas mãos da FAB um produto muito superior ao que se havia previsto inicialmente. Claro, com todos os percalços que algo do nível traz junto consigo.LM escreveu: ↑Qua Jul 17, 2024 6:13 am O "problema" da aquisição do KC-390 apenas foi, do aparelho em si, no risco de o projecto "correr mal" (ie estávamos a colocar os ovos todos em um projecto ainda recente e sem provas dadas - e nós não tínhamos plano B); a principal critica era da escolha "daquele segmento" (ie muitos consideram que se devia ter optado por A400M + C295M) e esta critica era a mesma que caso o escolhido fosse um C-130J; aliás, outra "critica", muitos consideram desnecessário investir já em aviões de transporte, considerando que os nossos C130H modernizados ainda serviam uns bons anos... há sempre receio que só se invista em transporte e SAR, a parte "armas" fica sempre em 3º plano.
A questão da escolha do ST é, para mim, muito simples: acordo entre Estados, forte "incorporação nacional" na versão N através da OGMA... temos de comprar; se vamos gastar mais 1 cêntimo do que o necessário para ter um avião de treino a hélice capaz de CAS? O que interessa é as OGMA; no entanto escusam de tentar convencer que é boa opção para CAS nas nossas condições (ie que vale a pena pagar por essa capacidade)... pior se formos perceber que até no treino não cumpre as necessidades todas (o Brasil não está a estudar adquirir outro modelo para formar pilotos do F39? E nem vamos pensar em quantos pilotos se formam em Portugal para F16 por ano).
A pergunta hoje é: valeu a pena o investimento, e todos os (altos) riscos? Em 2019 nós não saberíamos dizer nem que sim, nem que não. Mas em 2024, a resposta é categoricamente sim. Com nuances de o avião ser não somente um grande sucesso, mas a referencia fulcral de toda a aviação tática militar do século XXI. E a indústria portuguesa e a FAP irão lucrar com isso.
P&D em um país como o Brasil, que não tem, nunca teve, e pior, acredita que não precisa de visão de longo prazo em absolutamente nada, é basicamente como apostar na loteria e ver o que acontece. Mas em Portugal, a coisa já é um pouco diferente quero crer, com toda a experiência e a cultura que se tem pela Europa a influenciar o país.
Se o KC-390 não desse certo no Brasil, o máximo que aconteceria seriam os jornais ficarem umas semanas enchendo o saco com chamadas do tipo "mais um fracasso brasileiro", ou "outro elefante branco do governo", ou ainda "governo joga fora milhões de reais em projeto de avião que ninguém quis, nem a FAB..." E não passaria disso. Vida que segue.
Bom, para avançar em termos de ciência, tecnologia, pesquisa e inovação, é preciso não raras vezes correr-se riscos, ainda que muito bem medidos, sempre controlados e baseados em critérios objetivos. Foi isso que a Embraer fez, e a FAP apostou certeiramente. Em todo caso, ainda que houvessem mais atrasos do que houveram por causa da iniquidade do governo brasileiro com as contas públicas, e em especial do setor de Defesa Nacional, vocês e a FAB ainda teriam os Hércules, ou mesmo no caso da PAP, A-400M\C-295 alugados e\ou comprados. De toda forma, havia soluções de pronta resposta dentro do projeto pelo planejamento elaborado. Ninguém é bobo ou neófito nesta história. Muito menos a Embraer.
O negócio hoje está muito bem, obrigado, e estamos em vias de, salvo alguma coisa muito fora da curva acontecer, tornar o KC-390 um dos, senão, o principal vetor tático militar da OTAN\UE, sem contar as vendas para outros players de peso mundo afora. Está quase na hora de contabilizar o lucros e dividendos. OGMA e demais indústrias portuguesas junto.
Quanto ao ST, me permito pensar que a coisa tem de ser vista no longo prazo. As muitas décadas passadas em sôfregos anos de crescimento e estabilidade econômica e social levaram os militares, e os políticos, europeus a uma condição de quase estazia quase neurótica com "a falta do que fazer" ou "de quem se proteger", uma vez que todos os conflitos das últimas 4 décadas foram a reboque dos USA, e externos ao velho continente, dentro da sua eterna necessidade de inimigos para combater, a fim de manter o stabishiment da pesada indústria de armas que financia Washington.
Enfim, creio que as coisas irão se encaixar com o tempo, e o advento do KC-390 já está elevando a FAP a outros patamares, e chamando a atenção de forças aéreas bem maiores que a portuguesa, tornando Portugal um novo centro de referência militar dentro do contexto europeu. Melhor que isso, além de possuir um esquadrão inteiro dos aviões da Embraer, só comprando mais KC-390...
Aliás, no futuro a longo prazo, eu não descartaria a compra de mais KC-390 pela FAP a título de venda indireta a terceiros países, sejam europeus ou não. A OGMA está aí para isso.