Muito interessante este artigo.
Serve para pensarmos duas vezes antes de escrevermos criticando nossas decisões.
==================================================================
Atualizado: Para onde vai a esquadra de Portugal?
04/05/2010
E.M.Pinto
Na esteira dos acontecimentos envolvendo a escolha dos submarinos brasileiros com a vitória da Francesa DCNs, e a consquente construção de uma base naval, um estaleiro para construção de submarinos nucleares, o contrato dos armamentos dos primeiros modelos, o contrato do desenvolvimento do primeiro nuclear e de outros tantos convencionais, Ufffa…
Fica no ar para alguns questionamentos de leitores, fizemos um bom negócio? as críticas são ferrenhas e atribuem aos franceses o descumprimento dos contratos e não execução dos serviços, pois bem, isto é verdade? são eles mesmos os senhores do não cumprimento?
Quando fechado o acordo com a DCNs a imprensa Brasileira enviou uma chuva de relatórios técnicos apontando o negócio com os franceses como “de alto risco” devido as garantias: De acordo estamos, é preciso fiscalizar cada centavo e cada contrapartida.
Pois bem, minha intenção com este artigo não é defender um grupo industrial em detrimento ao outro, pelo contrário, é chamar a atenção ao leitor e cotribuinte para o fato de que temos que fiscalizar sim e apurar a verdade dos fatos, doa a quem doer, o artigo serve para mostrar que no mundo dos negócios de defesa não existem mocinhos e bandidos e que muitas vezes a demonização de determinado grupo ou nação só atende a interesses de outros.
O caso Português
Digo isto pois neste exato momento o governo Português está em volta com o caso dos seus U-Boat recém adquiridos, em causa além de escândalos de corrupção envolvendo políticos e funcionários das empresas contratadas (alguns já até presos e interrogados) está algo que interessa muito aos brasileiros, o não cumprimento dos acordos assinados pelas empresas alemãs, com o não cumprimento das contrapartidas prometidas. Junta-se a isso o beneficiamento de determinados grupos econômicos, alerto aos leitores que os processos estão correndo e não se pode atribuir crime à ninguém, até que se concluam os processos legais.
Porém, é curioso que em meio a estes escândalos a imprensa no Brasil sequer faça um comentário… Ao contrário, o anúncio da data de batimento da quilha dos Scorpène nacionais e da construção da Base naval em Sepetiba foi tratado pela mídia oficial e por leitores do Plano Brasil como duvidosa estranhamente um caso claro de perseguição, ou não?
O Governo Português, ameaçou em 1 de abril(e não era mentira), cancelar o contrato com o fornecedor alemão, e alega que o grupo responsável pelas contrapartidas não cumpre o que prometeu, e mais, que os valores dos submarinos estariam inflacionados pro conta das contra-partidas.
O conglomerado alemão se defendeu afirmando que cumprirá o que foi acordado e o Governo Português no entanto estuda renegociar os acordos de contrapartidas, alguns especialistas chegaram a afirmar que os submarinos tiveram seus preços inflacionados e as contrapartidas sobrevalorizadas.
O primeiro ministro José Sócrates em seu pronunciamento em 31 de Março, declarou ser “Inaceitavelmente baixos os níveis de execução das contrapartidas“ e a polêmica segue-se…
Uma pena, pois aos alemães gozavam de boa reputação (ao contrário dos franceses, pelo menos na mídia nacional), o presidente da Ferrostal a empresa que negociou a compra dos Subs foi esta tarde exonerado de seu cargo.
A demissão foi decidia em reunião do Conselho de Administração da Ferrostaal. Em comunicado é referido que “a decisão era necessária para que haja um novo começo na empresa”. O Presidente executivo estava indiciado por corrupção num negócio com a Grécia em 2002.
Vale ressaltar que os Gregos que sempre reclamaram do negócio com os Alemães, e por isso foram acusados de não cumprirem os seus acordos e até mesmo de acobertarem a devolução dos subs por não terem dinheiro para pagar…
Será que o argumento também será usado contra Portugal? estarei aqui para saber…
Causa sim um desconforto não ler nota e menção do caso na mídia oficial brasileira, uma vez que esta defende que o grupo alemão seria mais confiável, será?
Há aqui duas hipóteses, ou os negócios com os franceses vão para muito mais fundo que os submarinos, ou o negócio com os alemães poderia assim, digamos, não ser muito vantajoso quanto se vende, pelo menos é o que o negócio com os portugueses aponta, até porque o governo português alega pagar mais pelo submarino do que pensava…
Qual das hipóteses você escolhe? eu escolhi a minha…
Foram assinados, pelo Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante-de-Esquadra Marcus Vinicius Oliveira dos Santos, e colocados em eficácia, em 3 de setembro, todos os contratos comerciais referentes ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB):
1. Compra do Pacote de Material e Logístico para os 4 (quatro) Submarinos Convencionais (S-BR);
2. Construção dos 4 S-BR;
3. Projeto e Construção do Submarino com Propulsão Nuclear (SN-BR) – este contrato incorpora a compra do pacote de Material e Logístico para o SN-BR;
4. Compra de Torpedos e Despistadores;
5. Projeto e Construção de um Estaleiro e de uma Base Naval;
6. Administração, Planejamento e Coordenação do Projeto e da Construção do SN-BR;
7. Transferência de Tecnologia;
8. e OFFSET.
Esses contratos foram celebrados com as seguintes instituições:
a) Direction des Constructions Navales et Services (DCNS);
b) Construtora Norberto Odebrecht;
c) Consórcio Baía de Sepetiba (composto pela DCNS e Odebrecht); e
d) Itaguaí Construções Navais (Sociedade de Propósito Específico composta da DCNS, Odebrecht e MB).
O custo total do PROSUB é da ordem de 6,7 bilhões de euros, dos quais 4,3 bilhões serão objeto de financiamento externo em 20 anos, já aprovado pelo senado em 2 de setembro, e o restante será custeado diretamente com recursos do Tesouro Nacional.
Com a assinatura desses contratos, a Marinha do Brasil receberá, até 2015, um Estaleiro e uma Base Naval dedicados à construção e ao apoio de submarinos, e incorporará à nossa Armada o primeiro dos quatro submarinos convencionais, até 2017, e o submarino com propulsão nuclear, até 2021.
Fonte: Marinha do Brasil
Ou seja, vamos pagar por tudo isto 6,7 bi de euros e Portugal, que tinha seus subs orçados em 832,9 milhões de euros, poderá pagar mais que isso, o diário de notícias cita o preço como sendo de 1 bilhão por dois submarinos, confesso que os valores no caso português oscilam muito, pois dependem da fonte e a razão pode ser o pacote de armas e treinamento incluso, porém falta coerência na nossa imprensa de investigar os fatos e apenas mostrar o lado da moeda que lhes interessa…
4 subs uma base de construção e o primeiro sub nuclear nos custará 6.7 bi certo?
Me perdoem os colegas portugueses mas teremos que usá-los como referência no caso. Façam um comparativo pelo preço pago pelos portugueses e vejam por sí mesmos quanto custariam 5 submarinos à estes mesmos preços.
Explico, no Brasil, o nosso Prosub o programa que prevê a reformulação da força de submarinos com a pretenção de aquisição de 6 Subs nucleares e 15 convencionais, é considerado abusivo dados aos custos de 6.7 bilhões para as 5 priemiras unidades citadas, porém não são mencionados a base, o estaleiro capacitado a construir nacionalmente os nossos demais submarinos empregando mão de obra no Brasil, e emantendo nele os investimentos ao ines de gerar emprego em outro país.
Soma-se o pacote não mencionado de armamentos para as primeiras unidades, com detalhe ao sistema de armas que inclui os torpedos e mísseis de última geração, por ai fica fácil ver que o pacote pode ser encarado como caro ou como vantajoso, depende do gosto do freguês…
Voltando ao caso Português, não há dúvida de que os mais prejudicados serão os contribuintes portugueses, (sem as contrapartidas contratadas) e a Marinha Portuguesa que necessita destes modernos sistemas para garantir a soberania de sua nação em suas águas e que pode ver o contrato cancelado, o que esperamos não aconteça, embora hajam movimentos partidários e mesmo jurídicos que defendam tal atitude, (espero que isto não ocorra no Brasil).
Esperemos que a Marinha de Portugal receba os seus submarinos e que as empresas envolvidas cumpram o que prometeram.
O U-214 é um dos mais modernos navios de sua categoria e a HDW tem um histórico de sucesso e profissionalismo, nossa Marinha opera 5 de seus navios e com um histórico exemplar em exercícios multinacionais, não seria bom para ninguém que escandalo como estes sujassem a boa imagem e reputação, porém conclamo a mídia brasileira e ficar mais atenta a estes fatos para que não cometamos os mesmos erros…
Não se trata de comparar ou querer apontar quem é melhor ou pior, pois para mim ambas armas são referências em suas categorias, com vantagens e desvantagens, mas sim, mostrar que muitas vezes temos visões equivocadas do que se passa, especialmente quando há uma maré de informações manipuladas de tal forma a criar um mal para justificar um bem.
Termino minha intervenção parafraseando um capitão de Marinha Português que questionou em seu artigo sobre a opção brasileira pelos scorpène (se não estou enganado e peço-lhe desculpas por isso) afrase era a seguinte: “Para onde vai a esquadra do Brasil?” e respondo, “espero que para a completa operacionalidade de seus submarinos, nucleares e convencionais, e desejo o mesmo para a Marinha de Portugal”.
E.M.Pinto
Fonte: Plano Brasil (
http://pbrasil.wordpress.com/2010/05/04 ... -portugal/)