#29125
Mensagem
por GustavoB » Sex Jan 08, 2010 4:36 pm
Apesar dos relatos comoventes...
Quando os aviões viram notícia
Projeto F-X2
Escrito por Defesa Brasil Sex, 08 de Janeiro de 2010 12:42
Confusões sobre o processo de compra de caças inundam a mídia e não ajudam a esclarecer o povo.
Leonardo Jones
Nos últimos dias tem se falado muito sobre a compra de caças novos para a FAB, os jornais tem publicado, cada um, duas ou três notícias relacionadas a isso por dia. Mas esse não é um assunto de domínio público, e muito menos corriqueiro para os veículos de mídia não especializados. Por conta desse repentino interesse pelos jornais à esse processo, muita confusão vem sendo feita e muitas afirmações erradas vem aparecendo nessas matérias, muitas vezes já no título.
Por conta dessa chuva torrencial de informações sobre o Programa FX-2, mais precisamente sobre um suposto vazamento de um relatório da FAB, tornou-se claro que alguns pontos precisam ser esclarecidos, mas para isso primeiro um breve resumo sobre o processo de seleção se faz necessário.
Pois bem, o programa FX-2, que visa à seleção de um novo caça para a Força Aérea Brasileira, está em curso há dois anos. Nesse tempo o processo de seleção seguiu rigorosamente procedimentos comuns a uma compra desta magnitude, com o RFI (Request for Information), que é um pedido de informações feito as empresas interessadas sobre detalhes de seus produtos, seguido da seleção de três finalistas no que foi chamado de “Short List”, e nela estão o F/A-18E/F, o JAS-39 Gripen NG e o Rafale F3. Logo em seguida foi emitido o chamado RFP (Request for Proposal), que é um pedido de propostas das empresas fabricantes desses três modelos, são elas a Boeing, SAAB e Dassault respectivamente.
Após as propostas serem enviadas e analisadas, entra a fase de negociações, testes e avaliações técnicas onde os valores são discutidos, os equipamentos incluídos na provável compra são selecionados e as aeronaves são testadas e avaliadas em todos os aspectos operacionais.
A partir daí é que o agora tão famoso relatório da Força Aérea Brasileira vai tomando forma.
O relatório avalia o desempenho técnico de todas as aeronaves e as propostas comerciais de todas as empresas, mas não é, sozinho, suficiente para se fechar a compra por mais completo que possa parecer após tantas etapas.
Uma compra dessa importância, caças que serão a linha de frente da defesa de um país pelos próximos 30 anos, não é simples e muito menos barata. O que se busca é a proposta que melhor cubra todos os pontos vistos pela nossa estratégia de defesa como relevantes, e o relatório da FAB é responsável apenas por uma fração desses pontos.
Ainda falta a avaliação política, que engloba as análises a respeito da nossa relação com o país que nos oferece a aeronave, afinal vamos ter que possuir uma boa relação com esse país por todo o tempo que essa aeronave vai estar voando aqui no Brasil. Análises econômicas que levam em conta não só o valor a ser pago e como esse valor vai ser diluído, em quantas parcelas por quantos anos, mas também avalia, por exemplo, investimentos na indústria nacional prometidos por cada empresa interessada em nos vender seu produto. E avalia também acordos internacionais assinados pelo Brasil, tratados e a lista continua.
A avaliação política é tão ou mais complexa que a técnica feita pela FAB, e as duas precisam ser unidas para que a melhor proposta vença.
Está sendo feita muita confusão na mídia por conta disso, muitos dizem que o governo vai ignorar a avaliação da FAB e que a escolha vai ser apenas política. Mas em qualquer lugar do mundo a escolha desse tipo de coisa é política, o que não quer dizer nunca que a avaliação técnica vai ser posta de lado. Confunde-se avaliação política com escolha política.
O governo, através principalmente do Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, tem afirmado nos últimos dias que a escolha será política, e estão certos já que a decisão será do Presidente Lula. Mas será uma decisão política tomada com base na união, na fusão, da avaliação técnica feita pela FAB com a avaliação Política feita pelo governo.
Não possui peso conclusivo para o processo de seleção se um relatório técnico apontou ou não um avião específico como o mais indicado, pois esse relatório é parte de algo maior, e portanto, decisões não serão tomadas com base apenas nesse suposto relatório vazado como deixa claro Celso Amorim ao afirmar ontem que "o barato pode sair caro."
O Ministro Nelson Jobim anulou tal confusão ao pedir, no final do ano passado, que o relatório da FAB não apontasse vencedor, pois não é esse o trabalho da FAB. É trabalho da FAB apontar os resultados das avaliações técnicas feitas. O vencedor, invariavelmente será apontado pelo Presidente Lula junto ao Conselho de Defesa Nacional em cima de todas as avaliações disponíveis.
É isto, o país vai gastar US$ 10 bi e a mídia de oposição não tem nenhum interesse em interferir contra o governo. Ora...