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Re: EUA

Enviado: Seg Fev 06, 2017 10:46 am
por Wingate
LeandroGCard escreveu:
joaolx escreveu: :roll: Inquietante sem duvida, USA e Russia ambos virando estados fascistas
A impressão que tenho é até pior: Estão virando repúblicas teocráticas :shock: !

O Putin de um lado fazendo discursos cheios de tiradas moralistas conservadoras e citações aos valores cristãos tradicionais, e Trump do outro querendo liberar apoio direto das igrejas americanas aos partidos, o que certamente vai levar à transformação do partido republicano em um partido religioso aos moldes dos que já existem no Brasil, sendo que aqui não são tão grandes e importantes quanto os republicanos são lá.

E o pior é que eles não fazem isso por convicções próprias (ou alguém realmente acredita que Putin e Trump tem de fato o hábito de ler a Bíblia todo dia e rezar antes das refeições e de dormir?), mas porque percebem que existe uma boa parte da população de seus países que é politicamente ativa e que espera discursos e ações neste sentido. Ou seja, não é um problema do Trump ou do Putin em si, e sim das sociedades dos seus países. E isso é muito mais grave.


Leandro G. Card
God bless America (ou "praise the Lord and pass the ammo")!

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Wingate

Re: EUA

Enviado: Qua Fev 08, 2017 11:42 am
por Bourne
Vejo gente defendo a política econômica do Trump. Amigos que se autodenominam de "esquerda, progressistas e anti-neoliberais". Sinto que lá no fundo eles tem o objetivo de destruir os EUA por dentro e transformá-lo em uma potência emergente. Assim, abrindo caminho para os chinas e emergentes dominarem o mundo :o :shock:
EUA: o novo emergente?E se não pudermos contar com a autonomia do Fed contra uma alta da inflação nos EUA?

No final da semana passada, Donald Trump assinou decreto que prevê o desmantelamento da Lei de Dodd-Frank, adotada em 2010. A Lei de Dodd-Frank redesenhou o arcabouço da regulação financeira nos EUA, cujas falhas foram parcialmente responsáveis pela crise de 2008. Embora a lei tenha se tornado bem mais complexa e de difícil implementação do que sua formulação original previa, é ela que hoje provê os obstáculos que impedem o repeteco altamente destrutivo de 2008 (ver A Reforma do Sistema Financeiro Americano, de Dionisio Dias Carneiro e Monica de Bolle). O desmantelamento pretendido por Trump – mais uma de suas promessas de campanha – aumentaria sensivelmente os riscos de que ocorra novo ciclo descontrolado de crédito, como o que antecedeu a última crise. Tal medida, junto com a expansão pretendida da política fiscal, e com investidas contra instituições, torna os EUA cada vez mais com cara de país emergente.

Antes de prosseguir, vale elencar as principais medidas econômicas no plano de Trump. São elas: (i) investir cerca de US$ 1 trilhão em infraestrutura, com o objetivo de criar empregos não só na construção civil, mas no setor de aço, atendendo às demandas dos Estados que formam o cinturão de ferro dos EUA; (ii) reduzir os impostos corporativos para 15% em média, dos 35% atuais, usando recursos provenientes da repatriação de 10% do lucro de empresas com operações fora dos EUA para financiar o corte; (iii) simplificar o sistema tributário corporativo reduzindo as faixas de tributação de sete para três, além de revogar os impostos sobre imóveis; (iv) reduzir o ônus regulatório, sobretudo o que pesa sobre as instituições financeiras, revogando partes da Lei de Dodd-Frank; (v) introduzir novas tarifas sobre importações, possivelmente na forma de um novo imposto para ajustar diferenças tarifárias transfronteiras; renegociar o Nafta; elevar para 45% as tarifas sobre os produtos chineses.

As medidas (i) a (iv), se implantadas conforme formuladas, provavelmente induziriam um forte ciclo de expansão fiscal e creditícia, um “boom” duplo qualitativamente bastante parecido com o que vimos no Brasil entre 2011 e 2014, minuciosamente detalhado em meu livro Como Matar a Borboleta- Azul: Uma Crônica da Era Dilma. Como hoje a taxa de desemprego americana está bastante baixa, o estímulo adicional produzido por uma expansão do crédito e da política fiscal poderia acabar desaguando em quadro de maior pressão inflacionária. Hoje, presume-se que o Banco Central americano, o Fed, agiria para impedir que a inflação subisse além dos 2% – a meta. Mas, e se essa presunção for ingênua? E se não pudermos contar com a autonomia da autoridade monetária americana, da mesma maneira que tivemos de abandonar a ideia de autonomia do BC brasileiro durante os anos Dilma?

A pergunta não é retórica. Na semana passada, em meio aos anúncios de decretos assinados e à confusão provocada pela proibição de vistos para sete países de maioria muçulmana, fato dos mais relevantes foi ofuscado. O líder do Congresso responsável pelo comitê que lida com assuntos do sistema financeiro enviou carta bastante contundente para a dirigente do Fed, Janet Yellen. Diz um trecho: “Apesar da mensagem bastante clara dada pelo presidente Donald Trump sobre a necessidade de priorizar os interesses da América nas negociações internacionais, parece que o Federal Reserve continua envolvido na negociação de padrões regulatórios internacionais com burocratas globais em terras estrangeiras, sem a devida transparência ou autoridade para fazê-lo. Isso é inaceitável”. Vejam bem: um importante congressista americano, responsável por assuntos financeiros, enviou uma carta ao Fed advertindo a autoridade monetária e dizendo claramente que ela não tem autonomia para conduzir negociações que deveriam estar em sua alçada. Para um país desenvolvido, isso é inaceitável.

Já afirmei aqui nesse espaço que as políticas econômicas de Trump têm um quê de Nova Matriz Econômica. Dessa vez, arrisco-me a ir mais longe: os EUA estão perto de tornar-se uma verdadeira potência emergente. Todos sabemos o que pode acontecer com potências emergentes. Afinal, já fomos uma delas.
*Economista, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 0001657037

Re: EUA

Enviado: Qua Fev 08, 2017 11:44 pm
por Grep
Que os Chinas dominem o mundo, pelo menos as diferenças culturais entre nós e eles são gritantes e estão do outro lado do globo.

Sendo assim deve ser um pouso mais difícil o alinhamento dos vira-latas.

Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 10:46 am
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Vejo gente defendo a política econômica do Trump. Amigos que se autodenominam de "esquerda, progressistas e anti-neoliberais".
Engraçado,

Também conheço gente que defende as ideias do Trump com paixão, mas são da direita liberal nacionalista folclórica.


Leandro G. Card

Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 11:32 am
por mmatuso
Trump é o messias que está unificando povos de várias origens.

Não será incomum ver até muçulmanos estrangeiros do lado dele.

Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 1:19 pm
por Bolovo
LeandroGCard escreveu:
Bourne escreveu:Vejo gente defendo a política econômica do Trump. Amigos que se autodenominam de "esquerda, progressistas e anti-neoliberais".
Engraçado,

Também conheço gente que defende as ideias do Trump com paixão, mas são da direita liberal nacionalista folclórica.


Leandro G. Card
Eu postei essa imagem num grupo de whattsapp e promovi a discórdia...

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Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 1:35 pm
por Bourne
Mais discórdia. O motivos da China e emergentes preferirem serem contra retórica trumpiana. A guerra econômica e financeira já começou.
Why Trump Can’t Bully China

CAMBRIDGE – As US President Donald Trump proceeds to destabilize the post-war global economic order, much of the world is collectively holding its breath. Commentators search for words to describe his assault on conventional norms of leadership and tolerance in a modern liberal democracy. The mainstream media, faced with a president who might sometimes be badly uninformed and yet really believes what he is saying, hesitate to label conspicuously false statements as lies.

But some would argue that beneath the chaos and bluster, there is an economic rationale to the Trump administration’s disorderly retreat from globalization. According to this view, the US has been duped into enabling China’s ascendency, and one day Americans will come to regret it. We economists tend to view abdication of US world leadership as a historic mistake.

It is important to acknowledge that the roots of the anti-globalization movement in the United States run much deeper than disenfranchised blue-collar workers. For example, some economists opposed the Trans-Pacific Partnership (a 12-country trade deal that would have covered 40% of the global economy) on the questionable grounds that it would have harmed American workers. It fact, the TPP would have opened Japan far more than it would have affected the US. Rejecting it only opens the door to Chinese economic dominance across the Pacific.

US populists, perhaps inspired by the writings of Thomas Piketty, seem unimpressed by the fact that globalization has lifted hundreds of millions of desperately poor people in China and India into the global middle class. The liberal view of Asia’s rise is that it makes the world a fairer and more just place, where a person’s economic fate does not depend quite so much on where they happen to have been born.

But a more cynical view permeates populist logic, namely that in its excessive adherence to globalism, the US has sown the seeds of its own political and economic destruction. Trumpism taps into this sense of national mortality; here is someone who thinks he can do something about it. The aim is not just to “bring home” American jobs, but to create a system that will extend US dominance.

“We should focus on our own” is the mantra of Trump and others. Unfortunately, with this attitude, it is hard to see how America can maintain the world order that has benefited it so much for so many decades. And make no mistake: America has been the big winner. No other large country is nearly as rich, and the US middle class is still very well off by global standards.

Yes, Democratic Presidential candidate Bernie Sanders was right that Denmark is a great place to live and does many things right. He might have mentioned, however, that Denmark is a relatively homogeneous country of 5.6 million people that has very low tolerance for immigration.

For better or for worse, the globalization train has long since left the station, and the idea that one can turn it back is utterly naive. Whatever might have been done differently before US President Richard Nixon visited China in 1972 is no longer possible. The fate of China, and its role in the world, is now in the hands of the Chinese and their leaders. If the Trump administration thinks it can reset the clock by starting a trade war with China, it is as likely to accelerate China’s economic and military development as it is to slow it down.

So far, the Trump administration has only sparred with China, concentrating its early anti-trade rhetoric on Mexico. Although the North American Free Trade Agreement, which Trump reviles, has likely had only modest effects on US trade and jobs, he has attempted to humiliate Mexicans insisting that they pay for his border wall, as if Mexico were a US colony.

The US is ill-advised to destabilize its Latin American neighbors. In the near term, Mexican institutions should prove quite robust; but in the long run, Trumpism, by encouraging anti-American sentiment, will undermine leaders otherwise sympathetic to US interests.

If the Trump administration tries such crude tactics with China, it will be in for a rude surprise. China has financial weapons, including trillions of dollars of US debt. A disruption of trade with China could lead to massive price increases in the low-cost stores – for example, Wal-Mart and Target – on which many Americans rely.

Moreover, huge swaths of Asia, from Taiwan to India, are vulnerable to Chinese aggression. For the moment, China’s military is relatively weak and would likely lose a conventional war with the US; but this situation is rapidly evolving, and China may soon have its own aircraft carriers and other more advanced military capabilities.

The US cannot “win” a trade war with China, and any victory will be Pyrrhic. The US needs to negotiate hard with China to protect its friends in Asia and deal with the rogue state of North Korea. And the best way to get the good deals Trump says he seeks is to pursue a more open trade policy with China, not a destructive trade war.

-----------

Kenneth Rogoff, Professor of Economics and Public Policy at Harvard University and recipient of the 2011 Deutsche Bank Prize in Financial Economics, was the chief economist of the International Monetary Fund from 2001 to 2003. The co-author of This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly, his new book, The Curse of Cash, was released in August 2016.

https://www.project-syndicate.org/print ... ff-2017-02

Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 11:35 pm
por knigh7
O Trump está servindo aos antiamericanos.

Título da matéria no jornal Valor Econômico:
Aiatolá do Irã diz que Trump está mostrando verdadeira face dos EUA
Toda a matéria:
http://www.valor.com.br/internacional/4 ... ce-dos-eua

Re: EUA

Enviado: Qui Fev 09, 2017 11:45 pm
por Grep
Certamente um bufão populista e estupidamente personalista como ele não vai trazer coisa boa para os Eua.

Torço pra que continue fazendo esse bom trabalho.

Re: EUA

Enviado: Sex Fev 10, 2017 12:13 am
por knigh7
Os atos desmedidos dele, como saída total do tratado de livre comércio Transpacífico (ao invés de usar o peso dos EUA para um acordo menos abrangente) salvou o horizonte das nossas exportações para aqueles países consumidores dos nossos produtos primários.

No caso do Brasil, o limão virou limonada.

Re: EUA

Enviado: Sex Fev 10, 2017 8:35 pm
por akivrx78
"Diplomacia do golfe" para aproximar Trump e Shinzo Abe

Trump recebeu Abe na sua casa de Nova Iorque, logo em novembro de 2016, duas semanas após a eleição. Na foto, a filha Ivanka e o marido

Reuters
10 DE FEVEREIRO DE 2017

Dimensão da delegação japonesa demonstra relevo da relação com os EUA, que têm em Tóquio o aliado mais importante na Ásia.

Se há uma coisa que o golfe nos ensina é que "ficamos a conhecer alguém melhor quando estamos com essa pessoa no campo [de golfe] do que à mesa de almoço", declarava Donald Trump dias antes de ser confirmada a presença de Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão, nos Estados Unidos a partir de hoje. Para negociações em matéria política e económica. E para jogar golfe com o presidente americano. Desporto cujo entusiasmo o governante partilha com Trump.

As negociações iniciam-se hoje na Casa Branca, seguindo depois os dois dirigentes, a bordo do Air Force One, para Mar-a-Lago, na Florida, para mais negociações e para um ou mais jogos de golfe. A sugestão do golfe terá partido de Abe como instrumento central da sua estratégia de cimentar uma relação forte com Trump.

O presidente republicano teve palavras duras para o Japão durante a campanha, criticando as políticas de Defesa e comerciais deste país. Em causa, estão as restrições à despesa no primeiro caso, em que o Japão, de certa forma, depende dos EUA para garantir a sua segurança; no segundo caso, as barreiras alfandegárias que dificultam as importações nipónicas de automóveis americanos. Trump acusou ainda Tóquio de manipular o iene para conseguir vantagens para as exportações. Após a tomada de posse, Trump anunciou a saída dos EUA da Parceria Trans-Pacífico, um espaço de comércio livre em que o Japão apostava particularmente. O presidente americano prefere a (re)negociação de acordos bilaterais, em especial, com países que apresentam excedentes comerciais significativos com os EUA. Caso do Japão.

Antes da deslocação, o primeiro-ministro japonês disse numa entrevista, citada ontem pelo The Japan Times, que pretende criar condições para uma situação de "ganho mútuo geral" e contribuir para a criação de empregos nos EUA. Aquele diário referiu ser possível o investimento - oficial e privado - de 450 mil milhões de dólares (cerca de 422 mil milhões de euros) em áreas como a energia, a indústria de transportes de alta velocidade e no setor da inteligência artificial. Um outro quotidiano japonês, o Asahi Shimbun, referia um outro montante, 150 mil milhões de dólares (140 mil milhões de euros) referente a projetos ligados ao governo de Tóquio.

A importância da relação nipo-americana e do impacto que as questões referidas por Trump durante a campanha atesta-se pelo facto de Abe ter sido o primeiro dirigente estrangeiro a ser recebido pelo candidato republicano, cerca de duas semanas após a eleição deste. O encontro decorreu em Nova Iorque, na Trump Tower, a 18 de novembro de 2016, tendo caráter informal. E se é verdade que o Japão tem interesse em ter um aliado forte nos EUA, também Washington necessita de aliados seguros na Ásia, tendo presente as tensões na península coreana e a crescente afirmação da República Popular da China em todo o Sudeste Asiático.

Após o encontro de Nova Iorque, Trump colocou uma fotografia dele com Abe nas redes sociais, sob o comentário "foi o prazer ter o primeiro-ministro Shinzo Abe em minha casa e dar início a uma bela amizade". Por seu turno, o chefe do governo de Tóquio classificou o então presidente eleito como "um dirigente em quem se pode confiar".

O relevo da relação nipo-americana pode deduzir-se pela importância da delegação japonesa. Além do primeiro-ministro, viajam para os EUA o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Taro Aso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, e o da Economia, Hiroshige Seko. Como notava ontem o Asahi Shimbun é altamente "invulgar" a presença simultânea de "todos estes ministros ao lado de Abe".

http://www.dn.pt/mundo/interior/diploma ... 59053.html

Re: EUA

Enviado: Ter Fev 14, 2017 3:14 am
por Bolovo
E o governo Trump começa com tudo!

Michael Flynn resigns: Trump's national security adviser quits over Russia links

https://www.theguardian.com/us-news/liv ... links-live

Re: EUA

Enviado: Ter Fev 14, 2017 9:40 pm
por Penguin
Bourne escreveu:Vejo gente defendo a política econômica do Trump. Amigos que se autodenominam de "esquerda, progressistas e anti-neoliberais". Sinto que lá no fundo eles tem o objetivo de destruir os EUA por dentro e transformá-lo em uma potência emergente. Assim, abrindo caminho para os chinas e emergentes dominarem o mundo :o :shock:
EUA: o novo emergente?E se não pudermos contar com a autonomia do Fed contra uma alta da inflação nos EUA?

No final da semana passada, Donald Trump assinou decreto que prevê o desmantelamento da Lei de Dodd-Frank, adotada em 2010. A Lei de Dodd-Frank redesenhou o arcabouço da regulação financeira nos EUA, cujas falhas foram parcialmente responsáveis pela crise de 2008. Embora a lei tenha se tornado bem mais complexa e de difícil implementação do que sua formulação original previa, é ela que hoje provê os obstáculos que impedem o repeteco altamente destrutivo de 2008 (ver A Reforma do Sistema Financeiro Americano, de Dionisio Dias Carneiro e Monica de Bolle). O desmantelamento pretendido por Trump – mais uma de suas promessas de campanha – aumentaria sensivelmente os riscos de que ocorra novo ciclo descontrolado de crédito, como o que antecedeu a última crise. Tal medida, junto com a expansão pretendida da política fiscal, e com investidas contra instituições, torna os EUA cada vez mais com cara de país emergente.

Antes de prosseguir, vale elencar as principais medidas econômicas no plano de Trump. São elas: (i) investir cerca de US$ 1 trilhão em infraestrutura, com o objetivo de criar empregos não só na construção civil, mas no setor de aço, atendendo às demandas dos Estados que formam o cinturão de ferro dos EUA; (ii) reduzir os impostos corporativos para 15% em média, dos 35% atuais, usando recursos provenientes da repatriação de 10% do lucro de empresas com operações fora dos EUA para financiar o corte; (iii) simplificar o sistema tributário corporativo reduzindo as faixas de tributação de sete para três, além de revogar os impostos sobre imóveis; (iv) reduzir o ônus regulatório, sobretudo o que pesa sobre as instituições financeiras, revogando partes da Lei de Dodd-Frank; (v) introduzir novas tarifas sobre importações, possivelmente na forma de um novo imposto para ajustar diferenças tarifárias transfronteiras; renegociar o Nafta; elevar para 45% as tarifas sobre os produtos chineses.

As medidas (i) a (iv), se implantadas conforme formuladas, provavelmente induziriam um forte ciclo de expansão fiscal e creditícia, um “boom” duplo qualitativamente bastante parecido com o que vimos no Brasil entre 2011 e 2014, minuciosamente detalhado em meu livro Como Matar a Borboleta- Azul: Uma Crônica da Era Dilma. Como hoje a taxa de desemprego americana está bastante baixa, o estímulo adicional produzido por uma expansão do crédito e da política fiscal poderia acabar desaguando em quadro de maior pressão inflacionária. Hoje, presume-se que o Banco Central americano, o Fed, agiria para impedir que a inflação subisse além dos 2% – a meta. Mas, e se essa presunção for ingênua? E se não pudermos contar com a autonomia da autoridade monetária americana, da mesma maneira que tivemos de abandonar a ideia de autonomia do BC brasileiro durante os anos Dilma?

A pergunta não é retórica. Na semana passada, em meio aos anúncios de decretos assinados e à confusão provocada pela proibição de vistos para sete países de maioria muçulmana, fato dos mais relevantes foi ofuscado. O líder do Congresso responsável pelo comitê que lida com assuntos do sistema financeiro enviou carta bastante contundente para a dirigente do Fed, Janet Yellen. Diz um trecho: “Apesar da mensagem bastante clara dada pelo presidente Donald Trump sobre a necessidade de priorizar os interesses da América nas negociações internacionais, parece que o Federal Reserve continua envolvido na negociação de padrões regulatórios internacionais com burocratas globais em terras estrangeiras, sem a devida transparência ou autoridade para fazê-lo. Isso é inaceitável”. Vejam bem: um importante congressista americano, responsável por assuntos financeiros, enviou uma carta ao Fed advertindo a autoridade monetária e dizendo claramente que ela não tem autonomia para conduzir negociações que deveriam estar em sua alçada. Para um país desenvolvido, isso é inaceitável.

Já afirmei aqui nesse espaço que as políticas econômicas de Trump têm um quê de Nova Matriz Econômica. Dessa vez, arrisco-me a ir mais longe: os EUA estão perto de tornar-se uma verdadeira potência emergente. Todos sabemos o que pode acontecer com potências emergentes. Afinal, já fomos uma delas.
*Economista, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 0001657037
‘Forbes’ e Bloomberg apontam semelhanças entre governos de Trump e de Dilma
http://brasilianismo.blogosfera.uol.com ... -de-dilma/

Imagem
https://www.bloomberg.com/view/articles ... each-trump

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https://www.forbes.com/sites/kenrapoza/ ... 7f435b431a

Re: EUA

Enviado: Ter Fev 14, 2017 9:41 pm
por Penguin
Bourne escreveu:Vejo gente defendo a política econômica do Trump. Amigos que se autodenominam de "esquerda, progressistas e anti-neoliberais". Sinto que lá no fundo eles tem o objetivo de destruir os EUA por dentro e transformá-lo em uma potência emergente. Assim, abrindo caminho para os chinas e emergentes dominarem o mundo :o :shock:
EUA: o novo emergente?E se não pudermos contar com a autonomia do Fed contra uma alta da inflação nos EUA?

No final da semana passada, Donald Trump assinou decreto que prevê o desmantelamento da Lei de Dodd-Frank, adotada em 2010. A Lei de Dodd-Frank redesenhou o arcabouço da regulação financeira nos EUA, cujas falhas foram parcialmente responsáveis pela crise de 2008. Embora a lei tenha se tornado bem mais complexa e de difícil implementação do que sua formulação original previa, é ela que hoje provê os obstáculos que impedem o repeteco altamente destrutivo de 2008 (ver A Reforma do Sistema Financeiro Americano, de Dionisio Dias Carneiro e Monica de Bolle). O desmantelamento pretendido por Trump – mais uma de suas promessas de campanha – aumentaria sensivelmente os riscos de que ocorra novo ciclo descontrolado de crédito, como o que antecedeu a última crise. Tal medida, junto com a expansão pretendida da política fiscal, e com investidas contra instituições, torna os EUA cada vez mais com cara de país emergente.

Antes de prosseguir, vale elencar as principais medidas econômicas no plano de Trump. São elas: (i) investir cerca de US$ 1 trilhão em infraestrutura, com o objetivo de criar empregos não só na construção civil, mas no setor de aço, atendendo às demandas dos Estados que formam o cinturão de ferro dos EUA; (ii) reduzir os impostos corporativos para 15% em média, dos 35% atuais, usando recursos provenientes da repatriação de 10% do lucro de empresas com operações fora dos EUA para financiar o corte; (iii) simplificar o sistema tributário corporativo reduzindo as faixas de tributação de sete para três, além de revogar os impostos sobre imóveis; (iv) reduzir o ônus regulatório, sobretudo o que pesa sobre as instituições financeiras, revogando partes da Lei de Dodd-Frank; (v) introduzir novas tarifas sobre importações, possivelmente na forma de um novo imposto para ajustar diferenças tarifárias transfronteiras; renegociar o Nafta; elevar para 45% as tarifas sobre os produtos chineses.

As medidas (i) a (iv), se implantadas conforme formuladas, provavelmente induziriam um forte ciclo de expansão fiscal e creditícia, um “boom” duplo qualitativamente bastante parecido com o que vimos no Brasil entre 2011 e 2014, minuciosamente detalhado em meu livro Como Matar a Borboleta- Azul: Uma Crônica da Era Dilma. Como hoje a taxa de desemprego americana está bastante baixa, o estímulo adicional produzido por uma expansão do crédito e da política fiscal poderia acabar desaguando em quadro de maior pressão inflacionária. Hoje, presume-se que o Banco Central americano, o Fed, agiria para impedir que a inflação subisse além dos 2% – a meta. Mas, e se essa presunção for ingênua? E se não pudermos contar com a autonomia da autoridade monetária americana, da mesma maneira que tivemos de abandonar a ideia de autonomia do BC brasileiro durante os anos Dilma?

A pergunta não é retórica. Na semana passada, em meio aos anúncios de decretos assinados e à confusão provocada pela proibição de vistos para sete países de maioria muçulmana, fato dos mais relevantes foi ofuscado. O líder do Congresso responsável pelo comitê que lida com assuntos do sistema financeiro enviou carta bastante contundente para a dirigente do Fed, Janet Yellen. Diz um trecho: “Apesar da mensagem bastante clara dada pelo presidente Donald Trump sobre a necessidade de priorizar os interesses da América nas negociações internacionais, parece que o Federal Reserve continua envolvido na negociação de padrões regulatórios internacionais com burocratas globais em terras estrangeiras, sem a devida transparência ou autoridade para fazê-lo. Isso é inaceitável”. Vejam bem: um importante congressista americano, responsável por assuntos financeiros, enviou uma carta ao Fed advertindo a autoridade monetária e dizendo claramente que ela não tem autonomia para conduzir negociações que deveriam estar em sua alçada. Para um país desenvolvido, isso é inaceitável.

Já afirmei aqui nesse espaço que as políticas econômicas de Trump têm um quê de Nova Matriz Econômica. Dessa vez, arrisco-me a ir mais longe: os EUA estão perto de tornar-se uma verdadeira potência emergente. Todos sabemos o que pode acontecer com potências emergentes. Afinal, já fomos uma delas.
*Economista, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University

http://economia.estadao.com.br/noticias ... 0001657037
‘Forbes’ e Bloomberg apontam semelhanças entre governos de Trump e de Dilma
http://brasilianismo.blogosfera.uol.com ... -de-dilma/

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https://www.forbes.com/sites/kenrapoza/ ... 7f435b431a

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https://www.bloomberg.com/view/articles ... each-trump

Re: EUA

Enviado: Qua Fev 15, 2017 9:13 am
por Clermont
Os EUA vão enviar 500 soldados, tanques e aviões para - segundo eles - "proteger" a Romênia de uma suposta ameaça russa.

Trump pode não ter mentido ao eleitor sobre imigrantes muçulmanos, muros e outros assuntos internos americanos. Mas, ao que tudo indica, mentiu sobre não ser um intervencionista e militarista.

Provavelmente, o mundo viverá na corda bamba nos próximos anos, ameaçado pelas intervenções militares americanas catastróficas.