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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qui Out 14, 2010 2:41 pm
por marcelo bahia
kurgan escreveu: Portugal diz que se unirá ao Brasil por reforma na ONU
13/10/2010

Secretário de Estado da Cooperação e Negócios Estrangeiros português contou à Rádio ONU que receberá secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota, em Lisboa, para discutir renovação do Conselho de Segurança já nesta segunda-feira.


Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Logo após ser eleito para um assento não-permanente no Conselho de Segurança, nesta terça-feira, Portugal informou que irá estabelecer uma "concertação" com o Brasil para pedir a reforma do órgão.

A notícia foi dada à Rádio ONU pelo Secretário de Estado da Cooperação e Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho.

Grande Proximidade

"Teremos uma cooperação muito especial com o Brasil. Terei o prazer, já na próxima segunda-feira, de receber em Lisboa, o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota. E começa já na segunda-feira o nosso trabalho de concertação com o Brasil. Claro que há uma diferença entre Portugal e o Brasil no Conselho de Segurança.

O Brasil é candidato a membro-permanente. E nós julgamos que é de elementar justiça, para além de trabalharmos com grande proximidade com o Brasil, é de elementar justiça também trabalharmos para uma reforma do Conselho de Segurança em que o Brasil seja um membro-permanente", afirmou.

O Brasil foi eleito para um assento rotativo no ano passado. O mandato do país no Conselho irá expirar no fim de 2011. Portugal, que assume a vaga em 1º de janeiro, atuará ao lado do Brasil e mais 13 países-membros do órgão.

Além de Portugal, foram eleitos nesta terça-feira, Alemanha, África do Sul Colômbia e Índia para o biênio 2011-2012. Esses assentos não têm direito a veto.

Apenas cinco países são membros-permanentes no Conselho de Segurança: China, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Rússia.

http://www.unmultimedia.org/radio/portu ... 86270.html
Boa notícia!

Cada vez mais Portugal tem se alinhado com a gente! É por aí mesmo! :D

Sds.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Out 15, 2010 9:14 am
por Marino
Maior saldo comercial obtido pelos Estados Unidos agora vem do Brasil

O Brasil, que tinha superávit com os EUA até 2008, é um dos únicos países onde os americanos conseguem melhorar seus resultados comerciais

Raquel Landim - O Estado de S.Paulo



Com exceção de Hong Kong, que é um ponto de distribuição de mercadorias para toda a Ásia, o Brasil é hoje o parceiro que garante o maior superávit comercial dos Estados Unidos. O posto é disputado com a Austrália, mas, nos últimos dois meses, o País conquistou a liderança.

Dados divulgados ontem pelo Departamento de Comércio dos EUA mostram um saldo de US$ 1,3 bilhão nas trocas com o Brasil em agosto, acima do US$ 1,02 bilhão com a Austrália. No acumulado do ano, o superávit dos americanos com os brasileiros chega a US$ 7,2 bilhões - mais que o dobro dos US$ 3,4 bilhões de janeiro a agosto de 2009.

Por conta de frete e impostos, as estatísticas são diferentes do que as divulgadas pelo governo brasileiro. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do ministério do Desenvolvimento, o déficit do Brasil com os EUA ficou em US$ 5,74 bilhões de janeiro a setembro.

O Brasil é um dos poucos países, portanto, com os quais os EUA conseguem melhorar seus resultados comerciais e repassar uma parcela do ajuste que sua economia precisa para sair da crise. As exportações americanas para o Brasil cresceram 41% de janeiro a agosto, enquanto as importações avançaram 23%.

"Se um país quer superávit, o melhor alvo hoje é o mercado brasileiro", diz Fernando Montero, da Corretora Convenção. Segundo o economista, o País reúne as condições para importar mais: é um dos poucos que cresce e sua moeda se valorizou. Desde o início do ano, o real brasileiro e o dólar australiano subiram, respectivamente, 5,08% e 10,7% em relação ao dólar americano.

"O Brasil está pagando a conta do ajuste global, porque seu superávit encolheu e caminha para um déficit. É uma tendência inevitável", disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Depois de anos de superávits, o Brasil voltou a ter déficit com os EUA em 2009. Além da crise, fatores estruturais influenciaram o resultado. O Brasil se destaca como exportador de commodities e os EUA não são clientes, mas concorrentes.

Os dados americanos demonstram que os EUA só registram saldos significativos com Brasil e Austrália (moedas que seguem os preços das commodities) ou com polos de distribuição na Europa (Holanda e Bélgica) e na Ásia (Hong Kong e Cingapura).

Frustração. O presidente Barack Obama anunciou a intenção de dobrar as exportações americanas em cinco anos para ajudar a tirar a economia da estagnação. Mas seu plano tem sido frustrado pela lenta recuperação da economia global e pelo yuan desvalorizado. Ontem, o Departamento de Comércio informou que o déficit comercial americano em bens e serviços subiu de US$ 42,58 bilhões em julho para US$ 46,35 bilhões em agosto. No acumulado do ano, o rombo chega a US$ 494,8 bilhões.

Em agosto, o déficit dos EUA com a China chegou a US$ 28 bilhões - um recorde. A economia chinesa cresce, mas o câmbio funciona como uma barreira contra a importação. A pressão para que os chineses valorizem sua moeda deve aumentar até a reunião do G-20 em novembro.

No entanto, os EUA também não conseguem melhorar seus resultados comerciais com Japão ou União Europeia. O iene foi a moeda que mais se valorizou em relação ao dólar este ano, mas essas economias ainda crescem pouco.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Out 16, 2010 10:26 am
por Marino
Governo alemão traça estratégia para se aproximar da América Latina

Publicada em 15/10/2010 às 23h51m
Gustavo Paul e Flávia Barbosa

BRASÍLIA - O governo alemão decidiu que é necessário adotar uma política agressiva para melhorar a qualidade de sua relação econômica, política e cultural com a América Latina, em especial com o Brasil, para não perder espaço para outras nações, principalmente as asiáticas. Um documento estratégico da Alemanha deixa claro que, para fazer valer os interesses alemães no continente, Berlim pretende usar seu peso político na União Europeia (UE). A posição alemã pode virar a balança a favor do Mercosul, que voltou a negociar nesta semana, em Bruxelas, os termos de um acordo de livre comércio com a UE.

A decisão consta de um texto de 64 páginas, elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores alemão, com a colaboração de outros 13 ministérios. O documento estratégico foi elaborado em agosto e a versão em inglês passou a circular na semana passada.

"Queremos usar nossa influência nas relações UE-América Latina para estabelecer uma posição europeia coerente e fortalecer a parceria estratégica entre nossas regiões, mantendo-a vibrante. Desta maneira, a política da Alemanha (para a região) tem por objetivo formatar a (própria) política europeia (para a região)", diz o documento.


São Paulo é a cidade com mais empresas alemãs no exterior

O governo da chanceler Angela Merkel é mais aberto a um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, mas vem esbarrando na forte resistência de países como França, Polônia e Irlanda, por exemplo. As negociações, interrompidas em 2004, foram retomadas este ano. O principal entrave tem sido a abertura do mercado agrícola.

O documento evita destacar países em específico na América Latina. Mas o Brasil é citado 22 vezes, enquanto o México aparece em dez oportunidades, o Chile, em cinco e a Argentina, em quatro. A Venezuela não é mencionada uma vez sequer.

- São Paulo é a cidade com maior número de empresas alemãs fora da Alemanha. São 800 companhias - lembra o embaixador alemão em Brasília, Wilfried Grolig.

"A região (América Latina) fornece recursos naturais, produtos agrícolas e também bens industriais", diz o texto. "Na América Latina, há demanda pela qualidade alemã, tecnologia alemã e investimento alemão, também no campo da energia renovável", afirma outro trecho.

O diagnóstico aponta possibilidade de parcerias em áreas como o combate ao crime organizado e o tráfico de drogas, ajuda para organização dos Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de 2014, até a nova formatação do sistema financeiro internacional.

A preocupação com a perda de influência é exposta claramente. O documento lembra que muitos países latino-americanos estão procurando e achando novos parceiros em outras regiões do mundo, principalmente na Ásia e também na África.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:44 am
por Marino
Evo Morales admite que Bolívia exporta coca
Presidente reconhece pela primeira vez que parte da produção é desviada para o narcotráfico
internacional
LA PAZ. O presidente da Bolívia, Evo Morales, admitiu pela primeira vez que seu país exporta
coca, contribuindo para o tráfico internacional de drogas.
No sábado, durante a abertura de congresso da principal organização de cocaleros da Bolívia —
da qual ele mesmo é líder —, Morales criticou os companheiros por desviarem a produção para
abastecer os narcotraficantes e burlarem acordos que limitam a expansão do cultivo.
— Vocês sabem que uma parte da nossa coca vai para o mercado ilegal — admitiu o presidente.
— Se tudo fosse para o mercado legal, não haveria problemas, mas alguns desviam.
Para Morales, “está na consciência dos camponeses” o fato de as cargas de coca que saem dos
mercados primários não chegam aos mercados centrais da Bolívia porque são destinadas ao tráfico. A
política de Morales baseia-se em acordos com os sindicatos para controlar a expansão do cultivo de
coca. Ele impôs a cada família de camponeses cocaleros o limite de um “cato”, uma área de 1.640
metros quadrados, para o cultivo da planta. O presidente, porém, criticou o fato de que, para aumentar a
produção, os cocaleros chegaram a inscrever crianças como proprietários dessas parcelas, pondo em
risco o prestígio internacional de seu governo.
— Temos que ser responsáveis conosco, com as novas gerações, com a Bolívia e com o mundo
— alertou. — Nem livre cultivo de coca, nem coca zero.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano passado a área de cultivo
de coca, matéria-prima da cocaína, cresceu pouco mais de 1% no país, de 30,5 mil para 30,9 mil
hectares, dos quais 20 mil são legais e destinados a usos tradicionais. Ainda de acordo com a ONU, no
ano passado apenas a região de Chapare produziu 26.800 toneladas de coca, das quais só 1.800
entraram nos mercados autorizados.
Para Morales, o aumento das plantações “serve para que os gringos justifiquem” o descrédito à
luta contra as drogas no país: já há alguns anos os EUA incluíram a Bolívia na lista de países que não
cooperam com o combate ao narcotráfico.
Morales ganhou destaque no cenário político boliviano nos anos 90 como líder do sindicato dos
cocaleros da região de Chapare e, desde que assumiu a Presidência, já foi reeleito duas vezes como
dirigente máximo da organização. Mas ele não controla todos os produtores bolivianos. Ainda no sábado,
o sindicato dos cocaleros de Yungas de La Paz, região ao norte da capital, mantinha protestos que já
duram seis dias contra o governo. Os manifestantes afirmam que o presidente atende melhor os
camponeses do seu sindicato e fecharam a única estrada que conecta La Paz ao norte da Bolívia. Eles
exigem que Morales anule uma nova lei que endurece o controle do comércio interno de folhas de coca,
e pedem a demissão de dois ministros do governo atual.
Mesmo com esses problemas, porém, a aprovação do presidente boliviano voltou a subir neste
mês, após ter alcançado seu mais baixo nível em setembro. Segundo pesquisa do instituto Ipsos,
publicada pelo jornal “La Prensa”, 52% dos bolivianos aprovam o presidente, contra os 46% registrados
no mês passado.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:48 am
por Marino
O Cáucaso à beira da guerra
Terrorismo, separatismo e interesses geopolíticos de russos e americanos elevam a tensão na
região
Jamil Chade ENVIADO ESPECIAL SUKHUMI, ABKHÁZIA - O Estado de S.Paulo
O chanceler da Abkházia, Maxim Gundjia, recebeu a reportagem do Estado em seu gabinete.
Poucas horas após a entrevista, a casa do vice-presidente do país, Alexandre Ankvab, foi atingida por
um morteiro. Ele sobreviveu de forma milagrosa. Seu assassinato poderia ter desencadeado um novo
conflito numa região que está sendo alvo de uma disputa silenciosa entre Moscou e Washington. "O
Cáucaso está a beira de uma guerra e o mundo precisa saber disso", disse Gundjia.
A região foi palco de um conflito em 2008, quando a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul, que ela
considera uma província rebelde, causando uma violenta reação russa. O Kremlin expulsou as tropas
georgianas e acusou Washington de ter patrocinado a intervenção. O conflito se espalhou para a
Abkházia, que travou cinco guerras pela independência contra a Geórgia desde 1992.
O Cáucaso é o centro de uma batalha pelo geopolítica. Para governos, especialistas e simples
cidadãos, não há como negar que a tensão é alta e a situação está prestes a explodir mais uma vez. "Em
2008, encontramos armas que os georgianos deixaram e estava claro que eram americanas e europeias.
Agora, pelas informações que recebemos, eles já se rearmaram e tentarão reconquistar o que
perderam", afirmou Gundjia. "Em 2008, sentamos com Javier Solana (então chefe da diplomacia da UE)
e dissemos que tínhamos informações de que a Geórgia atacaria. Ninguém nos ouviu. Agora, estamos
dizendo mais uma vez."
O conflito em 2008 foi o pretexto para que Moscou ocupasse a região e reconhecesse Abkházia
e Ossétia do Sul como novos países, uma reivindicação antiga. Na prática, ambos dependem
completamente do Kremlin para sobreviver. "A principal fonte de renda do país é o governo russo", afirma
Beslam Baratelia, professor de economia da Universidade de Sukhumi, capital da Abkházia. Segundo
ele, US$ 100 milhões por ano são enviados de Moscou para manter os órgãos públicos, pagar salários
de ministros e fazer o Estado funcionar.
No entanto, nem todo o mundo está satisfeito. "Há uma certa desilusão em relação aos russos",
explicou Irakli Khintba, pesquisador do Centro para Programas Humanitários de Sukhumi. "Todos
achavam que, após o aval russo, as portas estariam abertas para um reconhecimento internacional. Não
foi isso que aconteceu." Até agora, apenas quatro países reconhecem a Abkházia - Rússia, Venezuela,
Nicarágua e Nauru -, que, na prática, se tornou um protetorado russo, com 3 mil soldados do Kremlin no
território.
A situação ficou ainda mais tensa há dois meses, quando os russos instalaram na região um
sistema de mísseis. Na Geórgia, o presidente Mikhail Saakashvili reuniu-se com a secretária de Estado
dos EUA, Hillary Clinton, para fechar os detalhes de um acordo estratégico entre os dois países.
"O governo americano está lançando uma política contra nossa independência, que inclui
congelar nosso dinheiro no exterior", acusou o chanceler. Segundo ele, uma viagem do presidente da
Abkházia à Venezuela, em julho, quase teve de ser cancelada por causa da recusa americana em
autorizar uma transferência bancária para pagar o avião.
"Estamos vendo um fortalecimento da posição americana no Cáucaso, criando uma espécie de
cinturão para frear a Rússia. A Geórgia está sendo usada. Há bases bases americanas que podem ser
empregadas em um ataque ao Irã. Se isto ocorrer, significará uma guerra no Cáucaso", disse.
Saakashvili prefere atacar Moscou. "Temos de deixar de ser vassalos e não podemos sucumbir à
anexação", afirmou. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, ele defendeu uma união do
Cáucaso e pediu que a Rússia abandone a região. "Há uma ocupação ilegal ocorrendo para destruir a
democracia. A Rússia tem uma escolha. Ou faz parte de uma transformação ou ela ocorrerá sem vocês."
O presidente da Abkhazia, Sergei Bagapsh, respondeu. "Saakashvili continua com sua política
beligerante. Ele não entendeu que não aceitamos mais fazer parte da Geórgia", disse Bagapsh, que
insinuou a participação georgiana no atentado contra o vice-presidente.
A tensão vai além da Geórgia. Os russos temem o crescimento de grupos insurgentes islâmicos
na região.Segundo o procurador russo, Artem Melnikov, mais de 50 ataques terroristas foram frustrados
desde o começo do ano no Cáucaso, mas outros 246 não foram evitados. Em nove meses, 800 quilos de
explosivos foram apreendidos e 140 bombas desativadas. Em 2010, a guerra contra o terror fez 160
mortos e mais de 200 pessoas foram presas.
PARA LEMBRAR
Em 7 de agosto de 2008, tropas da Geórgia entraram na Ossétia do Sul, região separatista que
funciona como entidade independente desde a queda da União Soviética. Elas não conseguiram tomar
controle da capital, Tskhinvali, a 35 km da fronteira com a Rússia. Na manhã seguinte, forças russas
entraram na Ossétia para expulsar os georgianos, e chegaram a tomar cidades da Geórgia dias depois.
Dada a velocidade da reação, a Rússia estava esperando o ataque e tinha soldados a postos. Os dois
países assinaram um cessar-fogo mediado pela União Europeia, mas militares russos permanecem na
Ossétia e na Abkházia. A independência das duas foi reconhecida pela Rússia após a guerra, e por mais
três países. A tensão permanece alta na região.
===============
Abkházia é um retrato do isolamento
Apenas quatro nações reconhecem a independência do país, que não tem aeroporto internacional
nem emite passaporte
Jamil Chade ENVIADO ESPECIAL SUKHUMI, ABKHÁZIA - O Estado de S.Paulo
SUKHUMI, ABKHÁZIA
A Abkházia não tem código internacional de telefone, aeroporto internacional ou domínio de
internet. Ainda assim, o governo e a população insistem que o país é independente. A sede do Ministério
das Relações Exteriores é o retrato mais claro do isolamento. Situada em um dos muitos prédios
marcados por bombas, não tem um só quadro nas paredes, presentes de países estrangeiros ou material
de promoção do país. Além disso, o único elevador não funciona.
Maxim Gundjia, o chanceler, corre de um lado para o outro. Com 34 anos, sem gravata e filho de
um dos heróis mortos na guerra de 1992, ele sabe que a fragilidade da situação. "A visão de fora é de
que somos um bando de separatistas fanáticos. Não é nada disso. Existimos", disse.
Apesar do esforço, além da Rússia, apenas Venezuela, Nicarágua e Nauru, uma ilhota no
Pacífico, reconhecem a Abkházia. A piada mais comum sobre a independência do país é que Sukhumi, a
capital, terá três voos diários ao exterior: todos para Nauru.
O principal foco de atenção diplomática agora é a América Latina. "Essa é hoje a única região
independente do mundo. Não tem nem laços de dependência com americanos nem com russos", disse
Gundjia. A meta é conseguir o reconhecimento de Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Não por acaso,
Gundjia já até tem um cartão de visitas em espanhol.
"Se conseguirmos esses reconhecimentos, será mais fácil convencer o Brasil." Por enquanto, só
os russos mantêm um consulado na capital, mas dizem que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, já
prometeu enviar um representante para a capital Sukhumi, de 50 mil habitantes.
"A população leva a vida como se estivesse em um país independente", afirmou o chanceler.
Eleições ocorrem normalmente e há até um campeonato nacional de futebol, embora não reconhecido
pela Fifa. No entanto, para viajar para o exterior, é preciso um passaporte russo, já que o documento
emitido pela Abkházia não é reconhecido pela comunidade internacional.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:49 am
por Marino
Rússia aumenta gastos militares para US$ 710 bi
Jamil Chade ENVIADO ESPECIAL SUKHUMI, ABKHÁZIA - O Estado de S.Paulo
Com claras pretensões de voltar a ser considerada como uma superpotência militar, a Rússia se
lançará em seu programa de rearmamento mais ambicioso desde a queda do Muro. O governo anunciou
nesta semana que irá destinar US$ 710 bilhões para a compra de armas, modernização das Forças
Armadas e tecnologia. O Kremlin tem hoje o quinto maior orçamento militar do mundo, com cerca de 4%
dos gastos mundiais. Nem todos concordam. No centro de São Petersburgo, um grupo de mães foi até o
comando do Exército para um protesto contra a ida de seus filhos a regiões conturbadas.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:55 am
por Marino
Regras para uma superpotência frugal
Michael Mandelbaum
A política externa dos EUA está à beira de um considerável aperto de cinto. A escalada nas
despesas com o serviço da crescente dívida nacional, combinada com a alta vertiginosa nos custos da
Seguridade Social e do Medicare, à medida que se aposentam os 78 milhões de nascidos na geração da
explosão demográfica do pós-guerra, deixará menos dinheiro para as iniciativas dos EUA no exterior.
Conforme argumento no meu livro "The Frugal Superpower: America"s Global Leadership in a
Cash-Strapped Era" (A superpotência frugal: a liderança global da América numa era de dinheiro
escasso), o ônus que essas obrigações imporão aos americanos, na forma de impostos mais altos e
menos benefícios, enfraquecerá o apoio público para o papel expansionista internacional que os Estados
Unidos desempenharam desde a Segunda Guerra Mundial.
Isso mudará o mundo, e não para melhor. A política externa dos EUA, com todas as suas
deficiências, sustentou a estabilidade política por todo o mundo. Como, então, deverão os EUA adaptar o
que o país faz no exterior para minimizar o dano causado à segurança global por suas circunstâncias
limitadas? Eis adiante três regras para uma superpotência frugal.
Regra I: Chega de construção de países
Durante as duas primeiras presidências pós-Guerra Fria, os EUA realizaram intervenções
militares na Somália, Haiti, Bósnia, Kosovo, Afeganistão e Iraque. Os motivos para essas intervenções
variaram, mas todas levaram a tentativas americanas de estabelecer governos funcionais - construção
de países - que comprovaram ser prolongados e frustrantes. As instituições relevantes não podem ser
forjadas rapidamente e não podem ser importadas, prontas para usar, a partir do exterior. Por esse
motivo, o empreendimento não caiu nas boas graças do público americano.
A essa dificuldade e impopularidade agora já será preciso acrescentar mais um inconveniente à
construção de países: seu custo. O governo dos EUA não será mais capaz de se dar ao luxo de investir
centenas de bilhões de dólares (o custo só no Iraque poderá chegar a trilhões) tentando oferecer um
governo decente a outras pessoas. Além disso, esses tipos de projetos oferecem uma contribuição muito
menor à segurança e ao bem-estar global e dos EUA na comparação com outras políticas externas
americanas, políticas que os EUA deveriam se empenhar em continuar.
Regra II: Concentre-se nos elefantes
"Não persiga os coelhos", diz um velho ditado, "pois se você perseguir os coelhos, os elefantes
matarão você". Somália, Haiti, Bósnia, Kosovo, Afeganistão e até Iraque se habilitam como coelhos,
distrações daquilo que deveria ser o foco da política externa dos EUA. Os equivalentes funcionais dos
elefantes são Europa, Leste da Ásia e o Oriente Médio. Essas são três das partes mais importantes do
mundo, e em cada uma a presença militar americana desempenha um papel construtivo.
Nas duas primeiras, os EUA renovam a confiança de cada um dos países dessas regiões, de que
não haverá nenhuma mudança repentina na balança de poder que possa ameaçá-los. Na Europa, a
Alemanha pode confiar que os EUA ajudarão a conter uma Rússia agressiva, ao passo que a Rússia
sabe que a Alemanha continuará vinculada e, portanto, limitada pelos EUA. No Leste da Ásia, as forças
navais e aéreas dos EUA proporcionam um controle sobre a China, mas também servem um dos
interesses estratégicos da China, ao impedirem que o Japão conduza uma política militar independente.
No Oriente Médio, os Estados Unidos confrontam o Irã, que busca expandir o seu poder por
qualquer meio que possa, para afastar governos de países fronteiriços em prol de forças ideologicamente
solidárias e, em última instância, a expulsar os americanos da região. Armas nucleares tornariam a
ameaça representada pelo regime iraniano ainda mais grave.
De fato, conter o Irã e simultaneamente contrariar as suas ambições nucleares é a prioridade
isolada mais urgente da superpotência americana carente de recursos de hoje.
Regra III: Aumente o imposto sobre combustíveis
O objetivo do Irã, de dominar o Oriente Médio, ameaça o mundo porque essa região responde
por uma grande parcela do petróleo do qual depende a economia global. Portanto, se o mundo usasse
menos petróleo, o Irã se tornaria menos ameaçador, pois seus dirigentes radicais dependem das receitas
do petróleo para comprar apoio interno e perseguir os seus objetivos em toda a região.
Reduzir as receitas do petróleo usando menos petróleo também enfraqueceria outros
encrenqueiros internacionais, atuais e potenciais, como Hugo Chávez da Venezuela, por exemplo, e
Vladimir Putin, da Rússia. Além disso, parte do dinheiro que o mundo paga pelo petróleo da Arábia
Saudita encontra o seu caminho para os cofres de organizações terroristas.
Nenhuma providência isolada faria mais para tornar o mundo um lugar menos perigoso do que
uma redução considerável no seu consumo de petróleo. E nenhuma providência isolada contribuiria mais
para reduzir o consumo mundial do petróleo do que um aumento acentuado no imposto sobre a gasolina
no país que consome mais dela do que qualquer outro: os Estados Unidos. Se os americanos
precisassem pagar mais pela gasolina, fariam menos uso dela. Com um preço elevado da gasolina,
fontes alternativas de energia como o etanol e formas alternativas de transporte, como os automóveis
movidos a eletricidade, se tornariam comercialmente vantajosos.
Nada disso aconteceria imediatamente. No curto prazo, os americanos precisariam fazer
sacrifícios econômicos modestos na forma de preços de combustíveis mais altos. Esses sacrifícios,
contudo, seriam muito compensadores. Eles ajudariam a assegurar que, mesmo numa época de retração
na política externa americana, o mundo poderia continuar desfrutando os mais importantes benefícios da
política externa expansiva que os EUA já não podem arcar.
Michael Mandelbaum é professor de Política Externa Americana na Escola de Estudos
Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins e autor do The Frugal Superpower: America"s
Global Leadership in a Cash-Strapped Era. (A superpotência frugal: a liderança global da América numa
era de dinheiro escasso). Copyright: Project Syndicate, 2010.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 1:19 pm
por LeandroGCard
É sempre engraçado observar como os anallistas americanos confundem os interesses do mundo com os que imaginam ser o de seu próprio país (e muitas vezes o que imaginam na verdade é contrário aos próprios interesses de longo prazo dos EUA!).


Leandro G. Card

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 5:52 pm
por Sterrius
É sempre engraçado observar como os anallistas americanos confundem os interesses do mundo com os que imaginam ser o de seu próprio país (e muitas vezes o que imaginam na verdade é contrário aos próprios interesses de longo prazo dos EUA!).
Hehe eles são contra a "new World order" mas trabalhavam ativamente a favor da "american world order" :lol: :lol: .

è uma contradição atrás da outra se vc for pensar :P.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 7:58 pm
por Carlos Mathias
Na Europa, a
Alemanha pode confiar que os EUA ajudarão a conter uma Rússia agressiva, ao passo que a Rússia
sabe que a Alemanha continuará vinculada e, portanto, limitada pelos EUA.
E adaptando...
Na América do Sul, os EUA ajudarão a conter uma Venezuela/etc agressiva, ao passo que a Venezuela/etc sabe que o Brasil continuará vinculado e, portanto, limitado pelos EUA.
E a frase pode ser adaptada para qualquer amigo dos EUA.
"Eu te ajudo, desde que eu escolha contra quem, a hora ...".

E os venezuelanos que me perdoem, eu só quis exemplificar.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:33 pm
por Centurião
Se os americanos estivessem interessados em preservar a estabilidade no mundo, deveriam trabalhar com outros países. Mas seria uma relação de igual para igual. Acho que o Brasil tem todo o interesse nisso.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Out 18, 2010 10:36 pm
por suntsé
Eles não possuem nenhum interesse na estabilidade mundial. Se estivesem interessasdos nisso, ja teriamos um mundo muito menos conturbado....

Um exemplo disso é o apoio incondicional a Israel, e a resistência em pressionar o mesmo para que um estado nacional palestino se torne realidade.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Ter Out 19, 2010 6:27 pm
por Sterrius
Tratado dá à Bolívia acesso ao litoral peruano
Acordo encerra anos de atritos políticos entre Evo Morales e Alan García.
Ato amplia convênio de 1992 no qual Peru cedia zona comercial a vizinho.

Bolívia e Peru encerraram na terça-feira (19) anos de atritos políticos entre seus presidentes Evo Morales e Alan García com um acordo que dará aos bolivianos acesso ao oceano Pacífico.

O socialista Morales e o conservador García assinaram o acordo no porto de Ilo, ao sul do Peru, ampliando um convênio de 1992 com o qual o Peru cedia uma zona franca industrial e comercial à Bolívia, país sem acesso ao mar.

"Este encontro é para relançar uma nova amizade, uma nova estratégia de integração da Bolívia com o Peru", disse Morales em discurso após a assinatura do acordo, num palanque à beira-mar.

Esse é o primeiro tratado relevante assinado entre Morales e García, políticos ideologicamente antagônicos, sob cujos governos o comércio bilateral se mantém em níveis baixos.

Com o convênio de 1992, o Peru cedeu à Bolívia uma faixa litorânea a 17 quilômetros de Ilo, entre os departamentos (Estados) de Moquegua e Tacna. O pacto tem vigência de 99 anos, renováveis.

Além disso, o Peru concedeu uma área de 163,5 hectares dentro da Zona Franca Industrial de Ilo, por um prazo de 50 anos renováveis.

Agora, o pacto se ampliou com maiores facilidades portuárias e de livre trânsito na área concedida à Bolívia, onde poderão ser instaladas indústrias e armazéns voltados para a exportação, principalmente de minérios bolivianos.

O novo acordo também renova por 99 anos uma zona franca turística em Ilo, na qual um quebra-mar esportivo e pesqueiro poderá ser construído com capital boliviano. E amplia de 2 quilômetros quadrados para 3,6 quilômetros quadrados a área a ser chamada de "Mar Bolívia".

"Este protocolo complementar nos abre a porta intercontinental, o mar é para o comércio mundial, o mar é para que os produtos dos nossos povos possam circular e ter acesso a esses portos", disse Morales.

No ano passado, Morales qualificou de "genocídio do neoliberalismo" a morte de 34 policiais e indígenas num protesto contra o governo García na Amazônia peruana. Lima reagiu retirando seu embaixador de La Paz durante 45 dias.

Agora, segundo La Paz, a reaproximação entre os presidentes foi facilitada pela recente entrega pelo Peru de dois ex-funcionários públicos bolivianos que haviam fugido para o Peru para escapar de um processo por corrupção.

Peru, Bolívia e Chile se envolveram no século 19 na chamada Guerra do Pacífico, na qual o Chile tomou o acesso boliviano ao litoral e conquistou terras peruanas.

A Bolívia tem pleiteado uma saída soberana ao mar pelo porto chileno de Arica, mas um tratado entre Lima e Santiago estabelece que o Chile deve consultar o Peru se pretender entregar à Bolívia algum território que já tenha sido peruano.
Fonte: G1

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qua Out 20, 2010 10:49 am
por Marino
Guerras de baixa intensidade no continente

Newton Carlos

Jornalista



Bolívia e Colômbia entraram em rota de colisão envolvendo a escolha do representante da América Latina no Conselho de Segurança da ONU no período de 2011 a 2012. Em discurso vigoroso, o presidente Juan Manuel Santos disse que a Colômbia teria, como cacife, “longa e penosa experiência no combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”. Tornou-se “modelo”, segundo Santos, nesse tipo de luta e contaria com méritos suficientes para ocupar o assento que ficará vago com o fim do mandato do México. O presidente da Bolívia, Evo Morales, reagiu dizendo que a Colômbia representa os Estados Unidos e os americanos ficariam com dois votos caso fosse ela a escolhida. Acabou sendo o Brasil.

A reação de Morales à pretensão de Santos não é o único caso de guerra de baixa intensidade entre países da América Latina, sem contar os arroubos de Hugo Chávez, que comprou US$ 4 bilhões de armas russas. O Peru recorreu à Corte Internacional de Justiça disposto a conseguir a devolução de partes de seu território incorporadas ao Chile em razão de vitória militar dos chilenos numa guerra no século 18, de 1879 a 1883. Derrota que ainda hoje provoca amarguras profundas nos peruanos. Os chilenos desembarcaram em praias da capital peruana, na primeira operação anfíbia da história militar. E ainda hoje existem em Lima vestígios da ocupação chilena.

A Bolívia foi aliada do Peru, perdeu Antofagasta e sua saída para o mar. Mas, 125 anos depois, assinou acordo com o Chile considerado histórico. O Chile concordou em dar livre trânsito à Bolívia no Porto de Iquique. Mas as relações entre Chile e Peru permanecem amargas e a Bolívia quer a devolução completa de seus territórios perdidos na guerra com o Chile. Tem havido war games (jogos de guerra) na região de Antofagasta, com participação de forças chilenas ao lado de forças de outros países, como Estados Unidos e Brasil. O Peru, embora sempre convidado, se recusa a participar. Chile e Peru compram armas. O presidente peruano Alan García anunciou investimentos de mais de US$ 500 milhões no Núcleo Básico de Defesa do Peru.

O anúncio foi feito depois que o ministro do Exterior peruano acusou o Chile de fomentar uma corrida armamentista na região. O Chile compra fragatas, submarinos e aviões de combate. Em visita à região o ex-presidente Jimmy Carter, dos Estados Unidos, propôs que os três países negociem um tratado trilateral. A proposta de Carter não foi adiante, mas ele continua insistindo. Há mesmo receio de que se deflagre uma corrida às armas de altos custos num continente açoitado pela pobreza. De certo modo, isso já estaria acontecendo. Chávez, por exemplo, compra armas na Rússia, não só para o aparato militar venezuelano — também para armar milícias que defendam seu projeto bolivariano.

O Peru neoliberal, firme aliado dos Estados Unidos, acusa Chávez de municiar a oposição ao governo peruano, de Alan García. Outro nicho de velhas disputas, envolvendo fronteiras no extremo sul do continente, volta a ser agitado. Ainda hoje, o Canal de Beagle tem linha divisória precária: de um lado, Chile; do outro, Argentina. Os dois países quase foram à guerra em passado recente, em meio a patriotadas conduzidas pelos generais no poder em Santiago e Buenos Aires. O Chile deu apoio logístico aos ingleses na Guerra das Malvinas. As relações entre Argentina e Chile voltam a ficar tensas com a recusa argentina em despachar para Santiago um chileno acusado de ter participado de atentado que matou um parlamentar chileno da extrema direita.

O casal Kirchner, no poder na Argentina, é acusado de substituir a diplomacia pela ideologia e de jogar por água abaixo anos de esforços por normalizar as relações entre os dois países. O governo chileno diz ainda que a rejeição por parte da Argentina é “retrocesso na agenda latino-americana dos direitos humanos”. As águas do Canal de Beagle voltam a agitar-se.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qua Out 20, 2010 11:59 am
por Sterrius
Faz falta um barão do rio branco......