Agora é a vez do Equador...
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Re: Agora é a vez do Equador...
Cara nunca ví um homem tão frouxo como esse tal de Amorim.
Como pode um cara desse ser chanceler, estão confundindo ideologia com negócios.
Só Deus sabe a onde isso vai parar.
[]'s
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Si vis pacem, para bellum.
"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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Re: Agora é a vez do Equador...
Vou repetir aqui pela n-ésima vez:
PAISES NÃO TÊM AMIGOS, TÊM INTERESSES.
O Itamaraty tem que entender que lá não é lugar pra fazer ideologice. Lá é lugar de pragmatismo e ações sempre visando o interesse único e exclusivamente do BRASIL!!
[]'s.
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Re: Agora é a vez do Equador...
Acho que os amigos estão sendo um tanto radicais.
Qual o interesse do Brasil em levar um calote e romper as relações comerciais (infinitamente favoráveis ao Brasil) com o Equador?
O Itamaraty esta sendo inteligente tentando reverter a situação e manter os negócios com o país, ao meu ver.
Qual o interesse do Brasil em levar um calote e romper as relações comerciais (infinitamente favoráveis ao Brasil) com o Equador?
O Itamaraty esta sendo inteligente tentando reverter a situação e manter os negócios com o país, ao meu ver.
Re: Agora é a vez do Equador...
Ééééé, camarada SniperSniper escreveu:Acho que os amigos estão sendo um tanto radicais.
Qual o interesse do Brasil em levar um calote e romper as relações comerciais (infinitamente favoráveis ao Brasil) com o Equador?
O Itamaraty esta sendo inteligente tentando reverter a situação e manter os negócios com o país, ao meu ver.
até um tempo atrás eu pensava assim como você, mas depois daquela palhaçada da ocupação das refinarias da Petrobrás pelo Exército Boliviano mudei radicalmente de ponto de vista a respeito destes países do eixo "bolivariano" e qual deve ser a relação do Brasil com estes países...
O Brasil deve ver esses países como qualquer outro "país cliente", nada mais, nada menos. Nada de "irmão maior" que erroneamente pensa ter obrigação de ajudar os "irmãos menores". Isso é uma bobagem sem tamanho! Isso não existe... chega de devaneios...
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- Sterrius
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Re: Agora é a vez do Equador...
1-> Sniper falou de negocios, não falou de ajuda e doação. E quando se fala de negocios supoe-se que ambos os lados estão ganhando. Um o dinheiro e o outro o produto ou serviço. Não vale a pena pro Brasil jogar todos os negocios que tem nestes paises fora. Desocupar tais paises é rapido, reocupar quando os "Bolivarianos" tiverem ido embora levara 20 anos de novo.Ééééé, camarada Sniper
até um tempo atrás eu pensava assim como você, mas depois daquela palhaçada da ocupação das refinarias da Petrobrás pelo Exército Boliviano mudei radicalmente de ponto de vista a respeito destes países do eixo "bolivariano" e qual deve ser a relação do Brasil com estes países...
O Brasil deve ver esses países como qualquer outro "país cliente", nada mais, nada menos. Nada de "irmão maior" que erroneamente pensa ter obrigação de ajudar os "irmãos menores". Isso é uma bobagem sem tamanho! Isso não existe... chega de devaneios...
2-> Politicas de Estado não mudam do dia para a noite apenas por causa de 1 lider que por enquanto não é garantido se perpetuar no poder.
3-> Celso amorim é um dos principais mas quem cuidava da diplomacia brasileira na AL era outro. Que foi destituido do cargo a alguns meses e colocado outro no lugar. (esqueci os nomes ). Mas infelismente concertar o estrago ja feito nos ultimos 6 anos vai demorar pelo menos outros 6.
4-> A politica agora (nos ultimos meses) ja voltou a ser de tratar os paises da AL como qualquer outro país. Pode-se olhar com simpatia mas se afetar o Brasil o mesmo vem primeiro.
Tem justamente uma reportagem sobre isso na Veja e Istoe desta semana. Eu achei a da Veja a mais completa e que explica melhor porque o tratamento com o Equador foi diferente.
Assim como paises diplomaticamente tem apenas interesses. Não se pode ser imediatista. Deve-se pensar sempre no que sua ação ira causar daqui a 1, 2, 10 anos.
Re: Agora é a vez do Equador...
Pode ser, mas será que eles também pensam assim ao tentar sistematicamente boicotar o Brasil??? A parte de ajuda de que falei é beneficiar estes governos com empréstimos para fornecimento de serviços e produtos brasileiros ou até de serviços de infra-estrutura para no final receber em troca uma ação em um tribunal internacional contestando um emprestimo ou contrato legal. Esse tipo de comercio se justifica???Sterrius escreveu:1-> Sniper falou de negocios, não falou de ajuda e doação. E quando se fala de negocios supoe-se que ambos os lados estão ganhando. Um o dinheiro e o outro o produto ou serviço. Não vale a pena pro Brasil jogar todos os negocios que tem nestes paises fora. Desocupar tais paises é rapido, reocupar quando os "Bolivarianos" tiverem ido embora levara 20 anos de novo.Ééééé, camarada Sniper
até um tempo atrás eu pensava assim como você, mas depois daquela palhaçada da ocupação das refinarias da Petrobrás pelo Exército Boliviano mudei radicalmente de ponto de vista a respeito destes países do eixo "bolivariano" e qual deve ser a relação do Brasil com estes países...
O Brasil deve ver esses países como qualquer outro "país cliente", nada mais, nada menos. Nada de "irmão maior" que erroneamente pensa ter obrigação de ajudar os "irmãos menores". Isso é uma bobagem sem tamanho! Isso não existe... chega de devaneios...
Apesar de não ter dito nada disso, o que me resta concluir é o contrário. Politica de 1 lider mudam e muito um Estado, a história já provou isto. Nós mesmos já cançamos de ver que é assim.2-> Politicas de Estado não mudam do dia para a noite apenas por causa de 1 lider que por enquanto não é garantido se perpetuar no poder.
Sim. Marco Aurélio Garcia, que colocou o Itamaraty de lado nas qustões de A.L. e colocou no lugar suas ideologias do século passado!3-> Celso amorim é um dos principais mas quem cuidava da diplomacia brasileira na AL era outro. Que foi destituido do cargo a alguns meses e colocado outro no lugar. (esqueci os nomes ). Mas infelismente concertar o estrago ja feito nos ultimos 6 anos vai demorar pelo menos outros 6.
Graças a Deus!!!4-> A politica agora (nos ultimos meses) ja voltou a ser de tratar os paises da AL como qualquer outro país. Pode-se olhar com simpatia mas se afetar o Brasil o mesmo vem primeiro.
Li esta reportagem. Realmente muito boa. Mas, se não agirmos firmemente daqui para frente, o precedente que se abrirá nos dará como fruto problemas por muito e muito anos, o precedente de "bate que o gigante é manso". Não é ser imediatista, é ser realista e colocando as coisas em seus devidos lugares. A patota "bolivariana" de ver que o gigante não é manso e bate com força (não estou falando de guerra, ok?!?!) quando preciso.Tem justamente uma reportagem sobre isso na Veja e Istoe desta semana. Eu achei a da Veja a mais completa e que explica melhor porque o tratamento com o Equador foi diferente.
Assim como paises diplomaticamente tem apenas interesses. Não se pode ser imediatista. Deve-se pensar sempre no que sua ação ira causar daqui a 1, 2, 10 anos.
Grande Abraço.
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Re: Agora é a vez do Equador...
Fiz em um segundo, para ilustrar a inversão de papeis...
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Agora é a vez do Equador...
ELIANE CANTANHÊDE
Da liderança à berlinda
BRASÍLIA - Hugo Chávez lançou a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) em 2001, como reação aos EUA e à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que veio a morrer de morte morrida. O grupo foi formalizado em Havana, em 2004, mas não chegou muito longe.
Além de Venezuela e Cuba, só aderiram à Alba Bolívia, país mais pobre da América do Sul, Nicarágua, que ainda sofre efeitos da guerra interna, Honduras, da América Central, e Dominica, um pontinho no Caribe. Digamos que não dá para ameaçar a Calc (Cúpula da América Latina e do Caribe), que reúne 33 países na Bahia, dias 16 e 17.
O que preocupa é o Equador de Rafael Correa, que estapeou Odebrecht, Petrobras e Furnas e ameaça um calote no BNDES, o que deixa de ser contra uma empresa privada e passa a ser contra o governo brasileiro. Lula cancelou uma missão técnica a Quito e depois chamou o embaixador de volta.
Ontem, havia um corre-corre no Itamaraty para avaliar os problemas e oferecer saídas para cada um antes do dia 15, tudo para que Correa não chegue à Bahia uma fera, contaminando o clima geral.
Blocos e regiões convivem com divergências e conflitos. Os próprios Brics têm seus problemas: a Rússia e a mágoa dos ex-satélites soviéticos, a Índia e o Paquistão em torno de Caxemira, a China e Bangladesh e os arroubos do Tibete. Mas o Brasil alardeia sua eterna imagem pacifista e faz questão de uma foto da Calc só de sorrisos, para sinalizar unidade e integração para o mundo e especialmente para o Norte. Correa pode botar tudo isso a perder se atirar pedras contra o Brasil, trouxer para dentro da reunião o apoio que já recebeu da Alba e unir a "esquerda" contra a "potência" local.
Isso deixaria o Brasil cara a cara não com o frágil Equador, mas, sim, com a forte Venezuela e seus aliados, provocando uma mudança radical. Lula quer ser líder, mas pode acabar na berlinda.
Da liderança à berlinda
BRASÍLIA - Hugo Chávez lançou a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) em 2001, como reação aos EUA e à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que veio a morrer de morte morrida. O grupo foi formalizado em Havana, em 2004, mas não chegou muito longe.
Além de Venezuela e Cuba, só aderiram à Alba Bolívia, país mais pobre da América do Sul, Nicarágua, que ainda sofre efeitos da guerra interna, Honduras, da América Central, e Dominica, um pontinho no Caribe. Digamos que não dá para ameaçar a Calc (Cúpula da América Latina e do Caribe), que reúne 33 países na Bahia, dias 16 e 17.
O que preocupa é o Equador de Rafael Correa, que estapeou Odebrecht, Petrobras e Furnas e ameaça um calote no BNDES, o que deixa de ser contra uma empresa privada e passa a ser contra o governo brasileiro. Lula cancelou uma missão técnica a Quito e depois chamou o embaixador de volta.
Ontem, havia um corre-corre no Itamaraty para avaliar os problemas e oferecer saídas para cada um antes do dia 15, tudo para que Correa não chegue à Bahia uma fera, contaminando o clima geral.
Blocos e regiões convivem com divergências e conflitos. Os próprios Brics têm seus problemas: a Rússia e a mágoa dos ex-satélites soviéticos, a Índia e o Paquistão em torno de Caxemira, a China e Bangladesh e os arroubos do Tibete. Mas o Brasil alardeia sua eterna imagem pacifista e faz questão de uma foto da Calc só de sorrisos, para sinalizar unidade e integração para o mundo e especialmente para o Norte. Correa pode botar tudo isso a perder se atirar pedras contra o Brasil, trouxer para dentro da reunião o apoio que já recebeu da Alba e unir a "esquerda" contra a "potência" local.
Isso deixaria o Brasil cara a cara não com o frágil Equador, mas, sim, com a forte Venezuela e seus aliados, provocando uma mudança radical. Lula quer ser líder, mas pode acabar na berlinda.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Agora é a vez do Equador...
Se o Correa estragar a festa o equador que se prepare pq eu nao consigo ver o Lula perdoando facil isso. (por mais ideologia que tenha).
- rafafoz
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Re: Agora é a vez do Equador...
cara eu já nao tenho tanta certeza vindo do Lula não heim tenho minhas dúvidas.. Só acredito vendo mesmoSterrius escreveu:Se o Correa estragar a festa o equador que se prepare pq eu nao consigo ver o Lula perdoando facil isso. (por mais ideologia que tenha).
“melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff)
Re: Agora é a vez do Equador...
Se é pra se escolher um culpado por tudo isso, que seja o Marco Aurélio Garcia.
O Brasil tem sim grande interesse nos vizinhos da América do Sul, que seriam obviamente os primeiros clientes para a nossa indústria. Uma ruptura com bloco bolivariano traria prejuízos a todos e acho que o Amorim já foi incumbido de solucionar isso. Não esqueçamos também que uma saída para o Pacífico pelos portos de Antofagasta e Manta são sonho antigo, apesar de que o do Equador sei lá que serventia teria.
O Brasil tem sim grande interesse nos vizinhos da América do Sul, que seriam obviamente os primeiros clientes para a nossa indústria. Uma ruptura com bloco bolivariano traria prejuízos a todos e acho que o Amorim já foi incumbido de solucionar isso. Não esqueçamos também que uma saída para o Pacífico pelos portos de Antofagasta e Manta são sonho antigo, apesar de que o do Equador sei lá que serventia teria.
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Re: Agora é a vez do Equador...
Não estou certo se a politica de panos quentes é adequada para nós como pretensos lideres da região.
Estes governos populistas tem oposição e certamente não se manterão no poder.
Se o Brasil continuar dando mole e apoiando esta corja de ditadores. Vamos ser confundidos pelo resto do mundo e pela oposição destes paises da America do Sul como um pais, fraco e conivente.
Entendo que isso é um jogo de xadrez e que os passos tem que ser bem pensados.
Mas uma coisa é certa. A história não vai repudiar o Brasil por defender seus interesses de forma clara e objetiva. Mas poderá cobrar um alto preço por aliaças com governos mau intensionados.
Estes governos populistas tem oposição e certamente não se manterão no poder.
Se o Brasil continuar dando mole e apoiando esta corja de ditadores. Vamos ser confundidos pelo resto do mundo e pela oposição destes paises da America do Sul como um pais, fraco e conivente.
Entendo que isso é um jogo de xadrez e que os passos tem que ser bem pensados.
Mas uma coisa é certa. A história não vai repudiar o Brasil por defender seus interesses de forma clara e objetiva. Mas poderá cobrar um alto preço por aliaças com governos mau intensionados.
Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
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Re: Agora é a vez do Equador...
O calote
Luiz Felipe Lampreia
Muita atenção tem sido dada a um possível calote em cadeia de US$ 5 bilhões que o Brasil sofreria dos governos da Venezuela, da Bolívia e do Paraguai, além daquele que já está anunciado pelo Equador. É claro que esta circunstância gravíssima e penosa não ocorreu ainda, tratando-se por ora apenas de uma possibilidade ou, se preferirem, de uma probabilidade. Mas a questão-chave é: como chegamos a este ponto?
Nos anos 1970 e 1980, o Brasil fez alguns empréstimos internacionais que não pode cobrar. Com Moçambique, há 20 anos, acabamos perdoando uma dívida de certa importância, em razão de extrema insolvência desse país, assim como fizeram todos os integrantes do Clube de Paris. Houve o famoso caso da Polônia, antes ainda, em que financiamos um programa de desenvolvimento de minas de carvão que nunca se materializou. Aí, porém, houve um acordo dificilmente negociado que acabou sendo um pagamento ao Brasil. Houve também o caso de Angola, país ao qual emprestamos vultosas somas para financiamento de obras públicas. Aí também negociamos uma regularização dos pagamentos por meio de fornecimentos de petróleo angolano.
No caso da América do Sul, é justificável que tenhamos feito empréstimos para projetos de infra-estrutura em nossos vizinhos. Afinal, eles são parte integrante da política externa brasileira para a região desde os anos 70, quando financiamos a Hidrelétrica de Itaipu. Na década passada, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, surgiu a Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), um processo multissetorial que pretende desenvolver e integrar as áreas de transporte, energia e telecomunicações da América do Sul, em dez anos. Ela foi criada na primeira Cúpula de Presidentes da América do Sul realizada em Brasília em 30 de agosto de 2000. Trata-se de um trabalho que avança e conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Corporação Andina de Fomento (CAF) e dos governos envolvidos. Na realidade, não pode haver integração econômica e comercial na nossa região sem avanços na integração física, com a criação de estradas, portos, hidrovias, hidrelétricas, gasodutos. O Brasil tem evidente interesse em que esta integração seja fomentada, pois a região é nosso palco histórico e nossa primeira vizinhança.
Mas, voltando à questão inicial, como chegamos ao ponto de estarmos ameaçados de um calote generalizado?
O governo brasileiro nos últimos anos colocou tal prioridade na integração econômica sul-americana e na solidariedade regional que aceitou subordinar tudo o mais a esse objetivo. Por isso vem tolerando atitudes negativas, expropriações e outras agressões, com benevolência. A colheita dos resultados desta posição começou em 2006, quando o governo de Evo Morales, instruído pelo venezuelano Hugo Chávez, enviou o Exército para ocupar as instalações da Petrobrás na Bolívia. O governo brasileiro não moveu uma palha, nem antes nem depois, para evitar esse fato lamentável. Com isso se criou um precedente que agora encontra novo episódio no Equador e amanhã pode gerar a reação em cadeia já descrita como uma ameaça de US$ 5 bilhões.
E, agora, o que fazer?
Em primeiro lugar, dentro das normas jurídicas e dos preceitos da boa convivência internacional, é vital contestar vigorosamente a ação do governo equatoriano. É bem sabido que o Brasil não pode e não deve ser truculento com nossos vizinhos. Desde o Barão do Rio Branco nossa política externa se tem pautado pela não-intervenção nos assuntos internos dos outros, pelo respeito ao direito internacional, pela solução pacífica de controvérsias, e tudo isso é sagrado. Mas a renúncia à defesa dos interesses nacionais em nome da integração regional não é um preço aceitável. Nenhum grande país renuncia a seus interesses nacionais. A Alemanha e a França aceitaram em 1958 integrar-se à Comunidade Européia abrindo mão - em favor de instituições supranacionais como a Comissão Européia ou o Tribunal Europeu - de diversas prerrogativas, como a negociação de acordos comerciais com terceiros, a palavra final em importantes questões judiciárias, a regulamentação ambiental, etc... Fizeram-no porque haviam combatido em três grandes guerras e não queriam mais voltar a fazê-lo. Mas, como qualquer pessoa que tenha negociado com os europeus sabe, jamais deixaram de defender tenazmente os seus interesses dentro da União Européia e fora dela, haja vista, por exemplo, a permanência do exacerbado protecionismo agrícola, que tanto nos prejudica e que é a maior prioridade francesa, mesmo contra a posição dos ingleses, dos escandinavos e dos próprios alemães.
Há um prenúncio tímido de reação, com a convocação para consultas do embaixador em Quito. A questão não é trivial, nem se pretende aqui que seja elementar conduzir esta delicada questão com uma receita mágica. São desafios novos que o Brasil enfrenta hoje e, provavelmente, vai enfrentar em maior escala amanhã. É muito importante que haja uma reflexão e um debate, que não se restrinja a quatro paredes em Brasília, sobre como nosso país deve relacionar-se com seus vizinhos, em particular com aqueles que têm hoje governos estridentes e pouco afeitos a respeitar a ordem jurídica interna ou internacional. Em nosso tempo, a política externa já não pode ser conduzida de forma opaca.
A opinião pública brasileira está hoje atenta a estas questões. Por isso mesmo, aguarda com atenção os próximos capítulos.
Luiz Felipe Lampreia, professor de Relações Internacionais
da ESPM, foi ministro das Relações Exteriores (1995-2001)
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 7489,0.php
Luiz Felipe Lampreia
Muita atenção tem sido dada a um possível calote em cadeia de US$ 5 bilhões que o Brasil sofreria dos governos da Venezuela, da Bolívia e do Paraguai, além daquele que já está anunciado pelo Equador. É claro que esta circunstância gravíssima e penosa não ocorreu ainda, tratando-se por ora apenas de uma possibilidade ou, se preferirem, de uma probabilidade. Mas a questão-chave é: como chegamos a este ponto?
Nos anos 1970 e 1980, o Brasil fez alguns empréstimos internacionais que não pode cobrar. Com Moçambique, há 20 anos, acabamos perdoando uma dívida de certa importância, em razão de extrema insolvência desse país, assim como fizeram todos os integrantes do Clube de Paris. Houve o famoso caso da Polônia, antes ainda, em que financiamos um programa de desenvolvimento de minas de carvão que nunca se materializou. Aí, porém, houve um acordo dificilmente negociado que acabou sendo um pagamento ao Brasil. Houve também o caso de Angola, país ao qual emprestamos vultosas somas para financiamento de obras públicas. Aí também negociamos uma regularização dos pagamentos por meio de fornecimentos de petróleo angolano.
No caso da América do Sul, é justificável que tenhamos feito empréstimos para projetos de infra-estrutura em nossos vizinhos. Afinal, eles são parte integrante da política externa brasileira para a região desde os anos 70, quando financiamos a Hidrelétrica de Itaipu. Na década passada, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, surgiu a Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), um processo multissetorial que pretende desenvolver e integrar as áreas de transporte, energia e telecomunicações da América do Sul, em dez anos. Ela foi criada na primeira Cúpula de Presidentes da América do Sul realizada em Brasília em 30 de agosto de 2000. Trata-se de um trabalho que avança e conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Corporação Andina de Fomento (CAF) e dos governos envolvidos. Na realidade, não pode haver integração econômica e comercial na nossa região sem avanços na integração física, com a criação de estradas, portos, hidrovias, hidrelétricas, gasodutos. O Brasil tem evidente interesse em que esta integração seja fomentada, pois a região é nosso palco histórico e nossa primeira vizinhança.
Mas, voltando à questão inicial, como chegamos ao ponto de estarmos ameaçados de um calote generalizado?
O governo brasileiro nos últimos anos colocou tal prioridade na integração econômica sul-americana e na solidariedade regional que aceitou subordinar tudo o mais a esse objetivo. Por isso vem tolerando atitudes negativas, expropriações e outras agressões, com benevolência. A colheita dos resultados desta posição começou em 2006, quando o governo de Evo Morales, instruído pelo venezuelano Hugo Chávez, enviou o Exército para ocupar as instalações da Petrobrás na Bolívia. O governo brasileiro não moveu uma palha, nem antes nem depois, para evitar esse fato lamentável. Com isso se criou um precedente que agora encontra novo episódio no Equador e amanhã pode gerar a reação em cadeia já descrita como uma ameaça de US$ 5 bilhões.
E, agora, o que fazer?
Em primeiro lugar, dentro das normas jurídicas e dos preceitos da boa convivência internacional, é vital contestar vigorosamente a ação do governo equatoriano. É bem sabido que o Brasil não pode e não deve ser truculento com nossos vizinhos. Desde o Barão do Rio Branco nossa política externa se tem pautado pela não-intervenção nos assuntos internos dos outros, pelo respeito ao direito internacional, pela solução pacífica de controvérsias, e tudo isso é sagrado. Mas a renúncia à defesa dos interesses nacionais em nome da integração regional não é um preço aceitável. Nenhum grande país renuncia a seus interesses nacionais. A Alemanha e a França aceitaram em 1958 integrar-se à Comunidade Européia abrindo mão - em favor de instituições supranacionais como a Comissão Européia ou o Tribunal Europeu - de diversas prerrogativas, como a negociação de acordos comerciais com terceiros, a palavra final em importantes questões judiciárias, a regulamentação ambiental, etc... Fizeram-no porque haviam combatido em três grandes guerras e não queriam mais voltar a fazê-lo. Mas, como qualquer pessoa que tenha negociado com os europeus sabe, jamais deixaram de defender tenazmente os seus interesses dentro da União Européia e fora dela, haja vista, por exemplo, a permanência do exacerbado protecionismo agrícola, que tanto nos prejudica e que é a maior prioridade francesa, mesmo contra a posição dos ingleses, dos escandinavos e dos próprios alemães.
Há um prenúncio tímido de reação, com a convocação para consultas do embaixador em Quito. A questão não é trivial, nem se pretende aqui que seja elementar conduzir esta delicada questão com uma receita mágica. São desafios novos que o Brasil enfrenta hoje e, provavelmente, vai enfrentar em maior escala amanhã. É muito importante que haja uma reflexão e um debate, que não se restrinja a quatro paredes em Brasília, sobre como nosso país deve relacionar-se com seus vizinhos, em particular com aqueles que têm hoje governos estridentes e pouco afeitos a respeitar a ordem jurídica interna ou internacional. Em nosso tempo, a política externa já não pode ser conduzida de forma opaca.
A opinião pública brasileira está hoje atenta a estas questões. Por isso mesmo, aguarda com atenção os próximos capítulos.
Luiz Felipe Lampreia, professor de Relações Internacionais
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Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 7489,0.php
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Re: Agora é a vez do Equador...
Ora, não precisa ser Deus pra saber ONDE isso vai parar. Vai parar no bolso. No NOSSO bolso!Oziris escreveu:Cara nunca ví um homem tão frouxo como esse tal de Amorim.
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