EUA x Irã

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: EUA x Irã

#286 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Fev 06, 2009 2:32 pm

O estado Português é o estado da UE que mais gasta com a educação...até agora não vi grandes melhoras. Está bem, o meu pai tem a 4ª classe, eu tenho o 12º ano e a minha irmã ou vai tirar um curso superior ou vai ser militar da classe de Sargentos do Quadro permenente (carreira militar). Mas nem em todas as familias a progressão nos estudos é tão liniar.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: EUA x Irã

#287 Mensagem por FOXTROT » Sex Fev 06, 2009 2:38 pm

O meu pai possui o primário incompleto e eu sou formando do primeiro semestre deste ano, porém a universidade cursei particular, porque na pública entram os filhos de rico que fazem o melhor cursinho pré-vestibular, já os pobres precisam trabalhar e o governo estabeleceu cotas para todo o tipo de cor, ai fica difícil.




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: EUA x Irã

#288 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Fev 06, 2009 3:20 pm

e o governo estabeleceu cotas para todo o tipo de cor, ai fica difícil.
Eu pensei que o pessoal de esquerda adorasse cotas nas universidades, Assembleias, etc... 8-]

Já eu que sou de direita...acredito que o ensino deve ser grátis e acessivel a quem quiser REALMENTE estudar. Vejo o governo a introduzir legislação para forçar os miudos a ficar na escola até completar pelo menos o 9º ano (dentro de em breve vai ser o 12º ano) quando muito não o querem. :roll:

Vão mas é trabalhar...óh!




Editado pela última vez por cabeça de martelo em Sex Fev 06, 2009 3:23 pm, em um total de 1 vez.
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Re: EUA x Irã

#289 Mensagem por Bolovo » Sex Fev 06, 2009 3:20 pm

Engraçado esse lance da educação. Meu pai, todo fudido, sabia nem andar direito, começou a trabalhar logo cedo, casou com minha mãe, e fez um curso superior de Engenharia numa faculdade publica municipal (sim, existe isso, chama-se Unitau). Minha mãe fez superior de Artes numa particular renomada, a PUC, ainda quando namorava meu pai, e era ele quem pagava a mensalidade. Hoje, meu irmão mais velho cursa Matemática e eu Geografia, ambos na chamada "melhor faculdade da America Latina", a USP. Meu irmão mais novo acabou de começar o colegial. Um grande progresso, não? Acho que correndo atrás, como meus pais, que moravam na ROÇA, fizeram, tudo é possível...




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Re: EUA x Irã

#290 Mensagem por Sterrius » Sex Fev 06, 2009 5:57 pm

O Irã entre Ahmadinejad e Khamenei
6/February/2009 · 16:44 · 3 Comentários

Pois então Mohammad Khatami vai disputar novamente as eleições para presidente, no Irã.

O país está em alvoroço, o clima é tenso, e as eleições só acontecerão em junho. Esta semana, o governo lançou seu primeiro satélite em órbita. É um razoável feito de engenharia – o Brasil ainda não conseguiu fazê-lo – mas tem valor mais simbólico do que técnico. Simbólico, principalmente, porque o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, está levando crédito.

O presidente do Irã não toma este tipo de decisão. Decisões de Estado, as grandes, são do aiatolá Ali Khamenei. Se o aiatolá está responsabilizando Ahmadinejad, o motivo é um só: campanha eleitoral.

O Irã não é uma típica ditadura do Oriente Médio, seu governo é bastante complexo. Abbas Milani, professor aqui na Universidade de Stanford, ex-companheiro de cela de muitos políticos importantes iranianos e provavelmente o maior especialista no país que vive no exterior, classifica o governo como uma ‘democracia de apartheid’. Quer dizer: a democracia não é para todos e há muitos excluídos. Mas, dentre aqueles poucos que têm acesso, a disputa por poder é real.

Aqueles na oposição têm um medo: o de que o conselho dos anciãos vete o nome de Khatami. Embora o velho clérigo e político já tenha sido presidente, o aiatolá Khamenei e os seus podem vetá-lo quando quiserem. Só que esta é uma decisão complicada.

Teerã é uma cidade muito mais cosmopolita do que pode parecer de longe. Nas ruas, andam todos com as vestes islâmicas obrigatórias. Mas, em casa, em reuniões de amigos, Teerã é uma cidade onde a população jovem é muito maior do que a mais velha, cheia de poetas, cineastas, músicos, festas agitadas, é intensa como se houvesse uma Paris ou Londres ou Sampa underground, com direito a álcool, drogas e sexo e gana por liberdade.

Esta juventude, quando Khatami era presidente, foi às ruas pedir mais abertura. Ao assumir, Ahmadinejad desceu com mão de ferro sobre eles. Mas o presidente nos EUA era George W. Bush. Agora, tudo mudou.

As relações com os EUA não são fáceis há muito tempo. Mas as relações com a Europa caminham e boa parte do comércio exterior iraniano se dá com Rússia, Alemanha e França. Apesar do alto preço do petróleo durante boa parte de sua presidência, Ahmadinejad é tão inepto que conseguiu quebrar o país. Os índices de desemprego, principalmente entre os jovens, bate recordes históricos.

Se Khamenei decidir vetar a candidatura de Khatami, estará demonstrando o medo que todos os conservadores têm no país: o de que Ahmadinejad perca a eleição. Khatami é muito popular, a esperança de um futuro melhor era intensa em seu governo e agora ele pareceria ter alguém disposto a conversar na Casa Branca. Mas a decisão de impedir sua candidatura teria repercussões imediatas.

A primeira é medo de que Teerã se levante. Já são poucas as pessoas que têm o direito de se candidatar e o Regime decide impedir o ex-presidente mais comprometido com abertura que jamais houve? A segunda conseqüência é que a Europa se feche. Khamenei é muito querido na Comunidade Européia, onde com freqüência é convidado para falar. Sua ong no Irã, dedicada ao diálogo entre as civilizações, é uma das causas favoritas dos europeus. Conviver com o bloqueio comercial dos EUA já é um bocado difícil. Se Alemanha e França fecharem as portas, o Regime será estrangulado economicamente.

Então talvez Khamenei sinta que não tem escolha. E Khatami pode realmente vencer Ahmadinejad.

Se acontecer, a possibilidade de ver o presidente dos EUA e o presidente do Irã juntos numa mesma mesa, cumprimentando-se ao final perante fotógrafos, é concreta em três ou quatro anos. Seria o equivalente ao encontro de Mao e Nixon.

Agora, não há um único portal na internet que não esteja exibindo algum tipo de notícia sobre o Irã. Um clérigo qualquer diz que os EUA não mudaram nada, continuam horríveis. Um diplomata sugere que a hora de conversar é agora. As notícias não querem dizer rigorosamente nada. Ou querem: nenhuma decisão foi tomada e a briga política pelo poder do país está correndo numa agitação extrema. O povo, que numa democracia de apatheid tem muito pouca voz, assiste a tudo tenso e esperançoso.




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Re: EUA x Irã

#291 Mensagem por bruno mt » Sex Fev 06, 2009 8:13 pm

FOXTROT escreveu:O meu pai possui o primário incompleto e eu sou formando do primeiro semestre deste ano, porém a universidade cursei particular, porque na pública entram os filhos de rico que fazem o melhor cursinho pré-vestibular, já os pobres precisam trabalhar e o governo estabeleceu cotas para todo o tipo de cor, ai fica difícil.
Não é bem assim não, minha mãe e seus 3 irmãos fizeram faculdade criados por uma mãe solteira que era professora.

é lógico que quem fez uma escola de boa qualidade tem maiores chances de passar, mas hoje as cidades(pelo menos todas que eu conheço) tem cursinhos gratuitos para estudantes de baixa renda que estudaram em escola publica.

tirando o pequeno detalhe de 50% de cotas.




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Re: EUA x Irã

#292 Mensagem por P44 » Sáb Fev 07, 2009 8:53 am

cabeça de martelo escreveu:
e o governo estabeleceu cotas para todo o tipo de cor, ai fica difícil.
Eu pensei que o pessoal de esquerda adorasse cotas nas universidades, Assembleias, etc... 8-]

Já eu que sou de direita...acredito que o ensino deve ser grátis e acessivel a quem quiser REALMENTE estudar*. Vejo o governo a introduzir legislação para forçar os miudos a ficar na escola até completar pelo menos o 9º ano (dentro de em breve vai ser o 12º ano) quando muito não o querem. :roll:

Vão mas é trabalhar...óh!

trabalhar cansa muito...mais vale ficar em casa a chular os pais até aos 30....

*= isso é uma ideia muito esquerdista, seu comuna...ensino gratuito...??? ah muito eu me vou rir quando TU tiveres que mandar filhos para a escola :twisted: :twisted: :twisted: [003]




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Re: EUA x Irã

#293 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 07, 2009 9:30 am

Olha faço como o meu pai:

- Filho queres tirar um curso em Lisboa, óptimo, vais comprar com o teu dinheiro um carro, depois agarras nele vais à escola e pagas a propina com o teu salário. Ajudas? Está bem, eu pago-te as portagens na auto-estrada.

- Filha queres tirar um curso em Lisboa? Porreiro, vais para a FAP para sustentar o curso.

:twisted:


PS: havia propina no "Estado Novo"?




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Re: EUA x Irã

#294 Mensagem por P44 » Sáb Fev 07, 2009 9:34 am

acho que não, mas quantos é que nos tempos do "saudoso" estado-novo iam para a universidade???

Havia a Escola industrial (quem bem falta faz!) e ia quase toda a gente trabalhar, pois o salazar era tão pobrezinho e gostava tanto de pobrezinhos, que tudo fez para que nunca deixassem de existir...

e estamos 1000% off-topic :twisted:




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Re: EUA x Irã

#295 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 07, 2009 9:59 am

Achas? Não! Afinal o tópico é sobre educação, não é?! :twisted: :oops: :lol:




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Re: EUA x Irã

#296 Mensagem por lelobh » Sáb Fev 07, 2009 12:19 pm

Não é tão ruim assim e muito tem melhorado. Não custa lembrar que nossa constituição acaba de completar 20 anos, adolescente ainda. Depois de anos de ocaso estamos realizando com os sucessivos governos democráticos correções em falhas seculares. Quantas melhorias percebemos em nosso país nos últimos 20 anos? Quem poderia imaginar um judiciário mais ativo? Banqueiros presos? Uma polícia federal atuante? Políticos realmente investigados? Controle público das contas pela internet? Ensino fundamental abrangente? Economia estável? Sistema de saúde universal? E ainda há tantas outras melhorias. Eu mesmo costumo, como bom brasileiro, aprofundar as falhas e minimizar as melhorias, mas a verdade é que como um Estado novo estamos melhorando com surpreendente velocidade. Lembro-me dos tempos em que aprendi nas aulas de geografia, e não tem tanto tempo assim, que nosso IDH informava um desenvolvimento humano médio, hoje entramos para o grupo de países com alto desenvolvimento humano. Antes fomos uma República corrupta e uma ditadura, hoje somos uma República que se reinventa.




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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Re: EUA x Irã

#297 Mensagem por P44 » Dom Fev 08, 2009 3:46 pm

bom, os cowboys podem guardar as pistolas nos coldres, chegou a hora da REALPOLITIK
Vice-presidente promete um "novo tom" na política externa norte-americana
Joe Biden diz que os EUA estão prontos para falar com o Irão
07.02.2009 - 13h13 PÚBLICO, Agências
O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, disse hoje em Munique que os Estados Unidos estão dispostos a falar com o Irão e prometeu “um novo tom” na política externa norte-americana.

“A nossa administração está a reexaminar a política relativamente ao Irão, mas uma coisa é clara: estamos prontos para falar”, disse Joe Biden naquele que era o discurso mais esperado da 45ª Conferência de Segurança de Munique. No entanto, a abertura de Washington continua condicionada à renúncia de Teerão ao seu programa nuclear.

“Estamos prontos a falar com o Irão”, insistiu Biden, “e a dar-lhe uma escolha muito clara: mantenham o rumo actual e conhecerão a pressão e o isolamento; renunciem a prosseguir o vosso programa nuclear ilegal e a apoiar o terrorismo e receberão contrapartidas importantes”, relata a agência AFP.

Numa intervenção apontada como “o primeiro grande discurso de política externa da Casa Branca”, Biden deu uma visão geral das intenções de Washington relativamente a inúmeros dossiers, do Afeganistão às relações com a Rússia, passando por Guantánamo ou pelo aquecimento global.

Mas quis sobretudo passar a mensagem de que os ventos que sopram de Washington mudaram. “Venho à Europa em nome de uma nova administração, uma administração determinada em estabelecer um novo tom não apenas em Washington, mas nas relações como o resto do mundo”, disse.

Multilateralismo e respeito mútuo foram conceitos que sublinhou, procurando estabelecer uma linha de ruptura com o unilateralismo dos anos da Administração Bush.

“Acreditamos que as alianças e as organizações internacionais não diminuem o poder da América [...]. Por isso, vamos envolver-nos. Vamos ouvir. Vamos consultar”.

Para o antigo senador do Delaware, que durante anos foi o responsável pelo comité de Relações Externas do Senado, esse novo tom traduz-se em mais cooperação, mas também numa maior exigência em relação aos parceiros dos Estados Unidos.

“A América vai fazer mais. Isso são as boas notícias. As más notícias é que a América também exigirá mais dos seus parceiros”, afirmou Biden, deixando um apelo claro à Europa relativamente ao encerramento da prisão militar de Guantánamo.

“À medida que procuramos um enquadramento duradouro na nossa luta comum contra o extremismo, procuraremos trabalhar em conjunto com as nações de todo o mundo – e precisaremos da vossa ajuda. Por exemplo, pediremos a outros que assumam a responsabilidade por alguns dos que estão [detidos] em Guantánamo agora que decidimos encerrá-lo”, relata a Reuters.

“A nossa segurança é partilhada. Por isso, sugiro respeitosamente, a nossa responsabilidade para a defender também o é”, sublinhou.

Sobre o Afeganistão, Biden falou na necessidade de uma estratégia global que reúna os aspectos civis e militares, mas destacou o papel do Paquistão: “Na minha humilde opinião, nenhuma estratégia para o Afeganistão pode ter sucesso sem o Paquistão”.

O vice-presidente disse ainda que os Estados Unidos vão continuar a desenvolver um sistema de defesa antimíssil contra a ameaça iraniana, mas avaliando a sua eficácia e o seu custo e em concertação com a NATO e com a Rússia. Joe Biden acrescentou que chegou o momento de relançar as relações com a Rússia após alguns anos de "deriva perigosa".
http://ultimahora.publico.clix.pt/notic ... idCanal=10




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Re: EUA x Irã

#298 Mensagem por P44 » Dom Fev 08, 2009 3:48 pm

cabeça de martelo escreveu:O estado Português é o estado da UE que mais gasta com a educação...até agora não vi grandes melhoras. Está bem, o meu pai tem a 4ª classe, eu tenho o 12º ano e a minha irmã ou vai tirar um curso superior ou vai ser militar da classe de Sargentos do Quadro permenente (carreira militar). Mas nem em todas as familias a progressão nos estudos é tão liniar.

onde ouviste essa? nos "relatorios da OCDE " do pinócrates?????

:arrow: http://www.recursoseb1.com/portal3/inde ... aluno.html
:arrow: http://dn.sapo.pt/2005/09/15/sociedade/ ... _anua.html
:arrow: http://dianafm.com/index.php?option=com ... 2&Itemid=3




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Re: EUA x Irã

#299 Mensagem por P44 » Ter Fev 10, 2009 6:29 pm

para desgosto dos falcões
Dezenas de milhares celebram 30 anos da revolução islâmica iraniana
Irão: Ahmadinejad declara-se pronto a dialogar com os Estados Unidos
10.02.2009 - 09h50 PÚBLICO, com agências
O Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou esta manhã que o regime de Teerão está "pronto" a dialogar com os Estados Unidos “num clima de igualdade e de respeito mútuo”. O sinal de abertura – que se seguiu à oferta de ramo de oliveira feita na véspera pelo Presidente norte-americano, Barack Obama – foi dado durante um discurso perante dezenas de milhares de iranianos a festejarem o 30º aniversário da revolução islâmica.

“A nova Administração americana disse querer uma mudança e encetar o caminho do diálogo, mas a mudança deve ser fundamental e não táctica. O povo iraniano acolhe mudanças verdadeiras”, sublinhou Ahmadinejad, cujas declarações foram transmitidas pela televisão estatal – enquadrado por um mar de apoiantes, muitos empunhando cartazes com as “tradicionais” palavras de ordem dos radicais iranianos de “morte à América” e “morte a Israel”.

Ontem à noite, durante a sua primeira conferência de imprensa na Casa Branca – 20 dias passados desde a tomada de posse – Obama manifestou de novo a vontade de romper com o passado da Administração de George W. Bush e de dar início a uma nova era de diálogo com os países considerados inimigos dos Estados Unidos. Com especial enfoque no Irão, disse que antevia a possibilidade de uma nova abertura diplomática nos meses vindouros.

“Procuraremos vias de abertura que podem ser criadas, para que possamos sentar-nos à mesma mesa, cara a cara; aberturas diplomáticas que nos permitam fazer mover a nossa política [externa] numa nova direcção”, afirmou Obama, expressando uma clara inversão da política de isolamento do Irão prosseguida por Bush. Mas, sublinhou ainda, “é altura de, agora, o Irão enviar sinais que provem que quer agir de forma diferente”.

“Doravante grande potência”

Washington e Teerão mantêm diferendos em diversas questões, como o controverso dossier nuclear iraniano no topo delas. O Irão argumenta que tem apenas objectivos civis, de produção energética, mas as forças Ocidentais – com Bush na frente do pelotão – suspeitam que o programa esteja a servir para o regime de Ahmadinejad disfarçar ambições nucleares militares.

“O mundo não deseja a repetição do período negro do [ex-Presidente norte-americano] Bush. Se há quem esteja a tentar repetir essa experiência através de novos métodos, saibam que o destino que os espera será ainda pior do que o de Bush”, disse Ahmadinejad, mantendo um tom de desafio aos Estados Unidos com o aviso de que “o Irão é doravante uma grande potência”.

Referia-se aqui Ahmadinejad ao que descreveu como os “grandes feitos científicos e tecnológicos” recentes do Irão, em particular no domínio nuclear e em relação ao envio – na semana passada – de um satélite para o espaço.

“Graças a Deus e com a resistência do povo iraniano aos inimigos, a sombra da ameaça ao Irão foi afastada para sempre. Declaro oficialmente que o Irão se tornou numa verdadeira potência”, exortou o chefe de Estado, no dia em que o país celebra os 30 anos de capitulação do último Governo iraniano que gozava de apoio norte-americano. No final daquele mesmo ano, de 1979, um grupo de estudantes radicais tomou de assalto a embaixada dos Estados Unidos em Teerão, mantendo 52 norte-americanos reféns durante 444 dias e Washington cortou as relações diplomáticas com o Irão em 1980.
http://ultimahora.publico.clix.pt/notic ... id=1364614




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Re: EUA x Irã

#300 Mensagem por mau_geografia » Qua Fev 11, 2009 10:25 am

Revolução iraniana mudou mapa político na região, dizem analistas
11/02 - 06:26 - BBC Brasil

A Revolução Islâmica no Irã, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, trouxe profundas mudanças políticas no Oriente Médio que continuam ecoando pela região, segunda a opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil. O movimento islâmico de Khomeini, que tem seus 30 anos completados nesta quarta-feira, colocou um fim à monarquia iraniana, condenando o xá Reza Pahlevi ao exílio.

Mas a revolução islâmica trouxe outras consequências para o país: uma ruptura com o Ocidente e a hostilidade com os vizinhos árabes.

Depois da revolução, o Irã rompeu suas relações com os Estados Unidos e entrou em uma rota de colisão com os governos sunitas da região do Golfo Pérsico. O resultado imediato foi a guerra com o Iraque (1980-1988), governado pelo sunita Saddam Hussein.

Saddam foi financiado por vários governos árabes e por outros países ocidentais, como os EUA. Mas a guerra não trouxe vencedores e terminou com mais de 1 milhão de mortos.

O regime iraniano sobreviveu mesmo após a morte de Khomeini, em 1989. Mais que isso, a Revolução Islâmica trouxe mudanças no mapa político do Oriente Médio.

O analista paquistanês Iftikhar Hussein afirma que o que aconteceu no Irã foi uma das mais importantes revoluções do século 20.

"Foi a revolução que mudou o curso da história do país e alterou o balanço de forças em uma região dominada por sunitas. Os xiitas passaram a ter maior importância no cenário do Oriente Médio", disse Hussein por telefone à BBC Brasil.

Para ele, os países árabes continuam receosos de que a revolução iraniana ainda possa inspirar movimentos islâmicos que coloquem em risco seus próprios regimes.

Segundo Hussein, o Irã está no centro das questões do Oriente Médio e a maior herança da revolução hoje é a divisão dos árabes.

"Mesmo entre os regimes árabes, há divisões sobre como lidar com os iranianos. Temos dois blocos, um liderado pelo Catar e Síria, com boas relações com o Irã, e outro encabeçado pelo Egito e Arábia Saudita, alinhados com o Ocidente e hostis aos iranianos", afirma.

Hussein salienta que, em um cenário em que os EUA lutam para estabilizar o Iraque e o Afeganistão, o Irã tem um "peso político muito grande" que ainda não é compreendido por árabes a americanos.

"O Irã continua hoje forte e ativo na região. Árabes e americanos deveriam investir em mais diplomacia e política com o país", afirma.

Segundo ele, a Revolução Islâmica no Irã retirou do poder um aliado essencial dos americanos (o xá Reza Pahlevi) e, agora, os EUA deveriam retornar às boas relações com o governo iraniano para voltar a contar com sua ajuda na estabilização na região.

"O Irã tem muito a contribuir com o Iraque pós-Saddam, pois a maioria da população iraquiana é xiita. Uma maior aproximação dos árabes e ocidentais com o governo iraniano traria benefícios à região", diz Hussein.

O professor Mehdi Sanaei, do Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Teerã, afirma que a revolução iraniana continua a dar ao país um papel ativo na região.

"Movimentos islâmicos no Oriente Médio se inspiraram no Irã para criar suas agendas políticas, mas não necessariamente uma cópia. O principal foi a ideia de resistência contra uma dominação estrangeira", disse Sanaei à BBC Brasil.

Para ele, os grupos políticos no Iraque, Líbano e territórios palestinos tiveram uma aproximação natural com o Irã por sua "importância no cenário da região e por ser um dos últimos bastiões de resistências aos EUA e Israel".

"Vemos o grupo libanês Hezbollah e o palestino Hamas, que perceberam a falta de ação de governos árabes e suas alianças com os americanos. Isso trouxe o Irã como centro de uma ideia de resistência e de apoio político-financeiro".

Sanaei, no entanto, admite que, embora a revolução continue a afetar o mapa político da região, ela falhou em exportar a totalidade de seus ideais.

"A revolução não chegou para as outras sociedades muçulmanas, mesmo com a simpatia do mundo islâmico pelo aiatolá Khomeini".

Ele afirma que o motivo para isso foi o afastamento do secularismo do início da revolução iraniana e uma maior ênfase à linha mais dura e teocrática.

Isso, segundo Sanaei, não agradou às sociedades sunitas, mais propensas ao secularismo.

No entanto, outros analistas apontam a relação com o Ocidente e o isolamento iraniano como a maior falha da revolução iraniana.

"Embora haja partidos reformistas que defendem uma maior aproximação, o Irã continuou a ter péssimas relações com muitos países ocidentais", declarou à BBC Brasil o analista libanês Ibrahim Moussawi.

Ele afirma que este isolamento fez com que Irã tentasse atingir os interesses dos EUA através do financiamento de grupos antiamericanos em diversos países árabes.

"Os EUA e aliados erraram ao isolar o Irã, mas os iranianos também falharam ao reagir com mais radicalismo", afirma Moussawi.

As ameaças a Israel e as declarações de que o país deveria ser riscado do mapa, feitas pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, teriam piorado a situação.

"O uso desta perigosa retórica só prejudicou a imagem do Irã no resto do mundo. O país deveria mudar sua linguagem e mostrar ao mundo que está interessado em estabilidade", declarou o cientista político Oussama Safa, diretor do Centro Libanês para Estudos Políticos de Beirute.

O programa nuclear iraniano vem sendo o novo foco de disputas entre o país e o Ocidente.

Com mais sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, o Irã desafia a comunidade internacional com a continuidade de seu programa atômico.

Os EUA e aliados acusam o Irã de desenvolver energia nuclear para fins militares, mas o governo iraniano nega e diz que seu programa tem fins pacíficos.

O líder supremo do país, Ali Khamenei, declarou que o Irã não abrirá mão de seu direito à tecnologia nuclear.

O cientista político Oussama Safa, no entanto, diz acreditar que pode haver um diálogo entre o Irã e o governo do novo presidente norte-americano, Barack Obama.

"Depois de anos de uma política conservadora de George W. Bush, o novo governo americano expressou seu desejo de voltar à mesa de negociações com o regime iraniano", diz.

O Irã está em um delicado jogo entre "suas aspirações para se tornar uma potência nuclear e seu desejo de continuar tendo boas relações com seus vizinhos", escreveu o analista Mohammad Shakeel, da Unidade de Inteligência Econômica, em artigo publicado em jornais árabes.

Segundo ele, há um medo entre os iranianos de que o país possa ser atacado pelos Estados Unidos ou seu aliado Israel.

"Mesmo com a linguagem desafiadora, o Irã negociaria nos assuntos mais fundamentais, inclusive com o governo de Barack Obama. Isso porque sua relação com os vizinhos do Golfo pesa muito para os interesses iranianos", enfatizou Shakeel no artigo.

Mas, 30 anos depois, os analistas concordam que a revolução islâmica veio para ficar, apesar das acusações de violações de direitos humanos, perseguições políticas e torturas.

Para eles, uma mudança no Irã viria somente com uma relação mais amistosa com o Ocidente.




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