Melhor seria se ganhassem e tivessem emprego. Hoje em dia o desemprego lá caiu e está em cerca 5%. Mas efeito da crise econômica de 2008 gerou nos anos seguintes uma taxa de desemprego em torno de 10%. Esse receio ficou na memória da população.Marechal-do-ar escreveu:Eles tem déficit na balança comercial mas superávit nas remessas de lucro, em outras palavras, os americanos ganham sem produzir nada, como poderia ser melhor do que isso?knigh7 escreveu:O problema é que os EUA acumulam há décadas um déficit na balança comercial gigantesco. Em 2016 exportaram USD1,47 tilhões e importaram USD 2,205 trilhões.
EUA
Moderador: Conselho de Moderação
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18823
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1989 vezes
- Agradeceram: 2520 vezes
Re: EUA
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61675
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6376 vezes
- Agradeceram: 6729 vezes
- Contato:
Re: EUA
knigh7 escreveu:Eu também penso assim...mmatuso escreveu:Azar é do méxico que não diversificou a economia e vive a reboque dos EUA.
E eu penso parecido: olhando para o Brasil, que segue matando sua indústria e dependendo cada vez mais de commodities, fico pensando o quão sustentável isso pode ser. Minha resposta pessoal à pergunta é barely (volta e meio tenho que recorrer apo Inglês por não conhecer palavra em nosso idioma que sintetize o que quero realmente dizer. "Marginalmente" nem "parcialmente" não chegam bem ao que intento, por exemplo).
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18823
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1989 vezes
- Agradeceram: 2520 vezes
Re: EUA
Túlio escreveu:knigh7 escreveu: Eu também penso assim...
E eu penso parecido: olhando para o Brasil, que segue matando sua indústria e dependendo cada vez mais de commodities, fico pensando o quão sustentável isso pode ser. Minha resposta pessoal à pergunta é barely (volta e meio tenho que recorrer apo Inglês por não conhecer palavra em nosso idioma que sintetize o que quero realmente dizer. "Marginalmente" nem "parcialmente" não chegam bem ao que intento, por exemplo).
E olha que sorte tivemos pelos americanos abandonarem o TTP...
Observe a declaração do Presidente da Associação do Agronegócio:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/mu ... 39928.htmlJosé Augusto de Castro, presidente da AEB:
"Tem que partir do Brasil. Nós é que temos que fazer algo. Os norte-americanos não farão nada para agradar o Brasil, porque não somos prioridade para eles. Hoje fala-se em um acordo comercial com os EUA. Não sabemos se o Trump fará algum acordo comercial. Mas hoje não teríamos condições de fazer acordo em igualdade com eles. Precisaríamos de reformas internas — tributárias, trabalhistas, previdenciárias, etc. — para reduzir custos aqui.
Em 2002, cerca de 25% das nossas exportações eram para os EUA. Perdemos espaço. E precisamos lembrar que eles importam basicamente manufaturados, exatamente o que o Brasil quer. Em commodities somos concorrentes, a não ser no minério. Então, não temos quase nada a oferecer.
Por isso, torcemos para que Trump cancele o TPP (nesta segunda-feira, o presidente americano assinou decreto em que retira o país do acordo), que o Brasil ficou de fora. Assim como torcemos para que o acordo entre EUA e União Europeia não se materialize. Se saírem, as vendas entre estes países não seriam tributadas. Mas as nossas, sim."
As commodities norte-americanas, sem tarifas alfandegárias, iriam entrar em cheio em países do TPP que são grandes consumidores das commodities brasileiras.
Tem um outro artigo interessante sobre o assunto que eu li nessa semana:
http://politica.estadao.com.br/noticias ... 0001639141Avenida de oportunidades
Eliane Cantanhêde
24 Janeiro 2017 | 03h00
Saída dos EUA do TPP é boa para o Brasil, mas protecionismo de Trump é péssimo para o mundo
O mundo, aí incluído o Brasil, está em polvorosa com a posse do indescritível Donald Trump, suas nomeações e primeiras decisões, como tirar os Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP), mas aqui vai uma inconfidência: o virtual fim do TPP pode ser péssimo para os países envolvidos, mas é uma notícia alvissareira para o Brasil, que era carta fora do baralho e pode voltar ao jogo.
Como me disse ontem um importante embaixador, a decisão de Trump “pode parecer mais uma maluquice, mas repercute favoravelmente para nós, porque o Brasil estava pessimamente posicionado e agora ganha uma nova oportunidade nas negociações comerciais”.
Nos anos do PT, marcados por trocas de farpas e até desaforos com Washington (não raro com boas razões...), o Brasil foi sendo excluído do tabuleiro comercial dos EUA e está muito atrasado. Com a canetada de Trump contra o TPP, as cartas estão sendo novamente embaralhadas, abrindo uma boa chance para o Brasil recuperar o tempo perdido.
O governo Lula foi decisivo para enterrar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e, ato contínuo, para impedir que os vizinhos fizessem acordos bilaterais com os EUA que, por exemplo, seriam ótimos para o Uruguai, produtor de carne de qualidade. Em vez de Alca e acordos diretos, Brasília apostou nas negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC). Resultado: o Brasil ficou a ver navios, sem a Alca, sem as opções bilaterais e sem a Rodada Doha da OMC, nunca concluída.
Enquanto o Brasil se pendurava no Mercosul, ia sendo atropelado pela Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México, Peru e Costa Rica) e pelo TPP, entre EUA, México, Canadá, Japão, Brunei, Malásia, Cingapura, Vietnã, Austrália, Nova Zelândia, Peru e Chile. Note-se que o TPP isolou não só Brasil, mas todos os Brics: Rússia, Índia, África do Sul e até a China, que nos anos do PT ultrapassou os EUA como principal parceiro comercial brasileiro. As motivações de Trump para embaralhar essas cartas não são nada nobres, pois piscam xenofobia e antiglobalização, mas o Brasil quer fazer desse limão uma limonada.
Logo ao assumir, o chanceler José Serra deu declarações nada diplomáticas ao Estado sobre as chances de vitória de Trump: “Prefiro não acreditar nessa hipótese...”. Michel Temer não gostou, mas a campanha de Trump dedicou à provocação o mesmo desprezo com que tratou o próprio Brasil e “ninguém lembra mais”. O que o Itamaraty prefere lembrar é que o esvaziamento do TPP fortalece a carne brasileira no Japão e que, quando o Brexit foi aprovado, Serra rapidamente colocou o Brasil à disposição de Londres para conversações bilaterais e, hoje, tenta articular negociações tripartites com EUA e Reino Unido. “Impossível não é”, diz o embaixador.
Nem o governo, PSDB ou PT, ninguém defendia ou imaginava a eleição de Trump, mas, já que ele está lá, é hora de resgatar o “pragmatismo responsável” e desbravar a avenida de oportunidades. O que não parece bom para o TPP pode ser bom para o Brasil. Já quem parece estar no pior dos mundos é o México, que fica no limbo com a saída dos EUA do TPP e pode cair no inferno se Trump também rever o Nafta, entre EUA, Canadá e México. A conclusão do embaixador ouvido pela coluna é irônica e malvada, mas verdadeira: “O México vai ter de se lembrar urgentemente que é latino-americano”.
Assim, o México vai despencar de sua excessiva dependência dos EUA e o Brasil está na posição contrária, de escalar as oportunidades que se abrem com o esvaziamento do TPP, mas, atenção!, se a decisão de Trump apontar para uma escalada protecionista da maior potência, será um retrocesso de grandes proporções. Nenhum país lucra, o Brasil tampouco lucraria.
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61675
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6376 vezes
- Agradeceram: 6729 vezes
- Contato:
Re: EUA
Os Chilenos devem estar com uma tremenda cara de c*. Acabou a moleza com o Big Daddy...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- Penguin
- Sênior
- Mensagens: 18983
- Registrado em: Seg Mai 19, 2003 10:07 pm
- Agradeceu: 5 vezes
- Agradeceram: 374 vezes
Re: EUA
A verdadeira revolução que está prestes a acontecer nos mercados - e que Trump apenas acelerou
O centro de gravidade dos mercados está mudando, destaca a gestora Ashmore - e o grande marco deste movimento ocorreu nos últimos dias com as falas de Xi Jinping e Donald Trump
http://www.infomoney.com.br/mercados/no ... -que-trump
SÃO PAULO - Os últimos dias foram sintomáticos para retratar uma nova tendência mundial, praticamente uma revolução sobre o que será o novo grupo de forças que se desenha para os próximos anos. A consultoria britânica Ashmore voltada para os mercados emergentes destacou esse movimento, apontando que o significado das visões nítidas e contrastantes da política econômica do presidente chinês Xi Jinping e do presidente dos EUA, Donald Trump "marcam o momento em que a China assumiu formalmente o manto da 'América' como o líder mundial em questões econômicas".
Conforme aponta a gestora, esta mudança já estava no radar desde 2008/2009, com a China se preparando há anos com reformas agressivas, mesmo em detrimento de um crescimento mais lento. Por outro lado, apontam, "os Estados Unidos e outras economias desenvolvidas vaguearam inexoravelmente em direção a uma onda de miopia, negligência de reformas, emissões de dívida e, ultimamente, uma guinada para o nacionalismo econômico. E assim nós finalmente chegamos ao inevitável ponto de virada, quando a China formalmente assumiu o manto da América como líder mundial incontestável em questões econômicas".
Os consultores classificam o discurso de posse do presidente dos EUA, Donald Trump, em que afirmou que o "protecionismo levará a uma grande força e prosperidade" de um grau chocante de analfabetismo econômico. Segundo a Ashmore, "sua visão sombria, defensiva e atípica americana de pessimismo e derrotismo foi uma abdicação de fato do papel antigo da América como líder mundial incontestável em questões econômicas. Em contrapartida, a mensagem do presidente Xi Jinping em Davos enunciou uma agenda positiva e ambiciosa de abertura e apoio à globalização com as palavras 'a proteção é como trancar-se em um quarto escuro'".
Além disso, apontam, as posições contrastantes adotadas por Xi e Trump são dotadas de ironia, uma vez que o líder da China Comunista estava defendendo os mercados livres, enquanto o "líder do mundo livre" propõe transformar os negócios de seu país no equivalente a "agricultores franceses protegidos". Contudo, vale lembrar: a China vem liberalizando sua economia há décadas.
Mas quais serão as consequências disso? De acordo com a gestora, a transferência da liderança econômica global vai desafiar seriamente o setor financeiro, que geralmente está desesperado para ser visto como do "lado do poder".
Por enquanto, a economia dos EUA ainda é maior do que a China e os mercados financeiros globais estão muito mais presentes em território americano do que no do gigante asiático." A indústria financeira agora encontra-se na posição desconfortável de ter que justificar a posição usual de otimismo sobre os EUA", aponta a consultoria. Para ela - ao contrário da opinião de boa parte do mercado - o governo Trump terá um impacto negativo na economia e muito mais empresas perderão do que ganharão neste processo.
A Ashmore faz duras críticas ao protecionismo proposto por Trump, apontando-o como uma insensatez suprema e citando exemplos históricos. Na década de 1970, os EUA tentaram em vão proteger uma indústria automobilística que produzia enormes veículos contra as importações de veículos japoneses menores, mais eficientes em termos de consumo de combustível e, em última instância, mais sofisticados. "Em retrospecto, é claro que o Japão não era culpado. Os carros japoneses eram apenas melhores. As importações não foram o problema. Afinal, eles apenas forneceram aos consumidores os produtos que realmente queriam. Proteger as indústrias moribundas pode salvar empregos no curto prazo, mas o protecionismo torna-se ridículo a longo prazo", avaliam, ressaltando que a indústria americana hoje não deve ser mantiva viva por meios artificiais a um custo enorme para o resto da economia.
"Claramente, a China e os EUA estão se colocando em caminhos que irão acelerar a hegemonia econômica da China, enquanto os EUA agora estão minando diretamente seu próprio futuro econômico. O caminho da China é de reforma implacável, enquanto a América aplica estímulo implacável. A China está se abrindo enquanto a América está fechando. Os investidores e o resto do mundo devem tomar conhecimento desses desenvolvimentos contrastantes".
Para a consultoria, a China tem mostrado liderança mesmo diante do anseio populista ao, para a perplexidade de muitos, ter insistido em reformar mesmo à custa de uma desaceleração no crescimento. "Talvez agora caminho da China vai começar a fazer sentido para os detratores. A verdade é que a China reconheceu astutamente que em 2008/2009 houve uma crise da dívida no mundo ocidental e que a resposta política amplamente adotada - mais gasto fiscal e impressão de dinheiro, ao invés de atacar os problemas subjacentes de excesso de dívida e a diminuição da produtividade - acabariam por conduzir a um ambiente mais hostil para as exportações chinesas", afirmam.
Assim, independentemente da hostilidade se dever à diminuição da demanda no Ocidente, à moeda mais fraca devido à flexibilidade monetária ou o protecionismo a La Trump, a percepção crítica da China era de que os EUA iam acabar passando os custos dos erros políticos para os estrangeiros, diz a Ashmore. Esse "insight" levou a China a iniciar sua reforma, mesmo que ela fosse bastante dura.
"Esta é uma oportunidade para os detratores da China para pararem e refletirem de novo: ela estava absolutamente certa em esperar hostilidade do Ocidente e foi prudente em se preparar mais cedo", aponta a Ashmore. A gestora trata um paralelo com o México, "que continuou a se agarrar à noção errada de que os EUA seriam sempre uma força para o bem econômico - e agora está pagando um preço alto por sua ingenuidade. Já a China leu o cenário econômico e está muito melhor preparada.
Centro da gravitação está mudando
Não há dúvida de que a liderança econômica global agora irá gravitar para o Oriente, apontam os consultores. Além de exercer a liderança das principais questões econômicas, a China está bem encaminhada para se tornar um verdadeiro gigante econômico. Com base nas previsões do FMI para as taxas de crescimento do PIB real de médio e médio prazo para os chineses e os EUA de 6% e 2%, respectivamente, a Ashmore estima que a economia da China ultrapassará a economia dos EUA dentro de dez anos (até 2027). Usando o PIB per capita ajustado por PPP e fazendo uma equivalência entre a proporção da população chinesa e a população dos EUA, a economia da China será 4,1 vezes maior do que a economia americana até 2050 e, mesmo sem o ajuste PPP, a economia da China ainda será 2,4 vezes maior do que a dos EUA até 2050.
E a ascensão da China terá implicações muito profundas, diz a gestora. "Uma implicação óbvia é que o mercado de títulos do governo chinês irá substituir o dólar e o mercado do Tesouro dos EUA como principais benchmarks do mundo para câmbio e a renda fixa. Este será um equivalente à rendição da grande libra britânica e da supremacia do Reino Unido para o dólar e o mercado de Treasuries nos anos entre-guerras", avaliam.
Enquanto a ascensão da China à supremacia econômica e financeira será impressionante por mérito próprio, a ascensão da China como país consumidor é que será o grande destaque. A taxa de poupança da China deve diminuir de 49% para um dígito hoje em direção a dígitos único em meados do século. "Isso significa que a China experimentará o maior boom de consumo que o mundo já viu", aponta. Por sua vez, o tão conhecido consumismo americano será bem menos intenso.
Tudo isto importa tanto porque as relações comerciais globais são de natureza estratégica, afirma a consultoria. São necessários anos de confiança para criar relacionamentos comerciais verdadeiramente profundos e duradouros. "Do nível mais alto do poder executivo, os caminhos para estas duas nações foram agora postos à vista para todos verem. A China vai ganhar e está convidando o resto do mundo para caminhar junto", conclui.
O centro de gravidade dos mercados está mudando, destaca a gestora Ashmore - e o grande marco deste movimento ocorreu nos últimos dias com as falas de Xi Jinping e Donald Trump
http://www.infomoney.com.br/mercados/no ... -que-trump
SÃO PAULO - Os últimos dias foram sintomáticos para retratar uma nova tendência mundial, praticamente uma revolução sobre o que será o novo grupo de forças que se desenha para os próximos anos. A consultoria britânica Ashmore voltada para os mercados emergentes destacou esse movimento, apontando que o significado das visões nítidas e contrastantes da política econômica do presidente chinês Xi Jinping e do presidente dos EUA, Donald Trump "marcam o momento em que a China assumiu formalmente o manto da 'América' como o líder mundial em questões econômicas".
Conforme aponta a gestora, esta mudança já estava no radar desde 2008/2009, com a China se preparando há anos com reformas agressivas, mesmo em detrimento de um crescimento mais lento. Por outro lado, apontam, "os Estados Unidos e outras economias desenvolvidas vaguearam inexoravelmente em direção a uma onda de miopia, negligência de reformas, emissões de dívida e, ultimamente, uma guinada para o nacionalismo econômico. E assim nós finalmente chegamos ao inevitável ponto de virada, quando a China formalmente assumiu o manto da América como líder mundial incontestável em questões econômicas".
Os consultores classificam o discurso de posse do presidente dos EUA, Donald Trump, em que afirmou que o "protecionismo levará a uma grande força e prosperidade" de um grau chocante de analfabetismo econômico. Segundo a Ashmore, "sua visão sombria, defensiva e atípica americana de pessimismo e derrotismo foi uma abdicação de fato do papel antigo da América como líder mundial incontestável em questões econômicas. Em contrapartida, a mensagem do presidente Xi Jinping em Davos enunciou uma agenda positiva e ambiciosa de abertura e apoio à globalização com as palavras 'a proteção é como trancar-se em um quarto escuro'".
Além disso, apontam, as posições contrastantes adotadas por Xi e Trump são dotadas de ironia, uma vez que o líder da China Comunista estava defendendo os mercados livres, enquanto o "líder do mundo livre" propõe transformar os negócios de seu país no equivalente a "agricultores franceses protegidos". Contudo, vale lembrar: a China vem liberalizando sua economia há décadas.
Mas quais serão as consequências disso? De acordo com a gestora, a transferência da liderança econômica global vai desafiar seriamente o setor financeiro, que geralmente está desesperado para ser visto como do "lado do poder".
Por enquanto, a economia dos EUA ainda é maior do que a China e os mercados financeiros globais estão muito mais presentes em território americano do que no do gigante asiático." A indústria financeira agora encontra-se na posição desconfortável de ter que justificar a posição usual de otimismo sobre os EUA", aponta a consultoria. Para ela - ao contrário da opinião de boa parte do mercado - o governo Trump terá um impacto negativo na economia e muito mais empresas perderão do que ganharão neste processo.
A Ashmore faz duras críticas ao protecionismo proposto por Trump, apontando-o como uma insensatez suprema e citando exemplos históricos. Na década de 1970, os EUA tentaram em vão proteger uma indústria automobilística que produzia enormes veículos contra as importações de veículos japoneses menores, mais eficientes em termos de consumo de combustível e, em última instância, mais sofisticados. "Em retrospecto, é claro que o Japão não era culpado. Os carros japoneses eram apenas melhores. As importações não foram o problema. Afinal, eles apenas forneceram aos consumidores os produtos que realmente queriam. Proteger as indústrias moribundas pode salvar empregos no curto prazo, mas o protecionismo torna-se ridículo a longo prazo", avaliam, ressaltando que a indústria americana hoje não deve ser mantiva viva por meios artificiais a um custo enorme para o resto da economia.
"Claramente, a China e os EUA estão se colocando em caminhos que irão acelerar a hegemonia econômica da China, enquanto os EUA agora estão minando diretamente seu próprio futuro econômico. O caminho da China é de reforma implacável, enquanto a América aplica estímulo implacável. A China está se abrindo enquanto a América está fechando. Os investidores e o resto do mundo devem tomar conhecimento desses desenvolvimentos contrastantes".
Para a consultoria, a China tem mostrado liderança mesmo diante do anseio populista ao, para a perplexidade de muitos, ter insistido em reformar mesmo à custa de uma desaceleração no crescimento. "Talvez agora caminho da China vai começar a fazer sentido para os detratores. A verdade é que a China reconheceu astutamente que em 2008/2009 houve uma crise da dívida no mundo ocidental e que a resposta política amplamente adotada - mais gasto fiscal e impressão de dinheiro, ao invés de atacar os problemas subjacentes de excesso de dívida e a diminuição da produtividade - acabariam por conduzir a um ambiente mais hostil para as exportações chinesas", afirmam.
Assim, independentemente da hostilidade se dever à diminuição da demanda no Ocidente, à moeda mais fraca devido à flexibilidade monetária ou o protecionismo a La Trump, a percepção crítica da China era de que os EUA iam acabar passando os custos dos erros políticos para os estrangeiros, diz a Ashmore. Esse "insight" levou a China a iniciar sua reforma, mesmo que ela fosse bastante dura.
"Esta é uma oportunidade para os detratores da China para pararem e refletirem de novo: ela estava absolutamente certa em esperar hostilidade do Ocidente e foi prudente em se preparar mais cedo", aponta a Ashmore. A gestora trata um paralelo com o México, "que continuou a se agarrar à noção errada de que os EUA seriam sempre uma força para o bem econômico - e agora está pagando um preço alto por sua ingenuidade. Já a China leu o cenário econômico e está muito melhor preparada.
Centro da gravitação está mudando
Não há dúvida de que a liderança econômica global agora irá gravitar para o Oriente, apontam os consultores. Além de exercer a liderança das principais questões econômicas, a China está bem encaminhada para se tornar um verdadeiro gigante econômico. Com base nas previsões do FMI para as taxas de crescimento do PIB real de médio e médio prazo para os chineses e os EUA de 6% e 2%, respectivamente, a Ashmore estima que a economia da China ultrapassará a economia dos EUA dentro de dez anos (até 2027). Usando o PIB per capita ajustado por PPP e fazendo uma equivalência entre a proporção da população chinesa e a população dos EUA, a economia da China será 4,1 vezes maior do que a economia americana até 2050 e, mesmo sem o ajuste PPP, a economia da China ainda será 2,4 vezes maior do que a dos EUA até 2050.
E a ascensão da China terá implicações muito profundas, diz a gestora. "Uma implicação óbvia é que o mercado de títulos do governo chinês irá substituir o dólar e o mercado do Tesouro dos EUA como principais benchmarks do mundo para câmbio e a renda fixa. Este será um equivalente à rendição da grande libra britânica e da supremacia do Reino Unido para o dólar e o mercado de Treasuries nos anos entre-guerras", avaliam.
Enquanto a ascensão da China à supremacia econômica e financeira será impressionante por mérito próprio, a ascensão da China como país consumidor é que será o grande destaque. A taxa de poupança da China deve diminuir de 49% para um dígito hoje em direção a dígitos único em meados do século. "Isso significa que a China experimentará o maior boom de consumo que o mundo já viu", aponta. Por sua vez, o tão conhecido consumismo americano será bem menos intenso.
Tudo isto importa tanto porque as relações comerciais globais são de natureza estratégica, afirma a consultoria. São necessários anos de confiança para criar relacionamentos comerciais verdadeiramente profundos e duradouros. "Do nível mais alto do poder executivo, os caminhos para estas duas nações foram agora postos à vista para todos verem. A China vai ganhar e está convidando o resto do mundo para caminhar junto", conclui.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61675
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6376 vezes
- Agradeceram: 6729 vezes
- Contato:
Re: EUA
Ou seja, hora de sentar em outro colo. Mas, com as "lideranças" que temos, vamos afundar junto com o Titanic e ainda dando vivas.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18823
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1989 vezes
- Agradeceram: 2520 vezes
Re: EUA
Isso, de fato, vai seria uma questão complicada para os americanos. Se fosse reduzir drasticamente as importações.Marechal-do-ar escreveu:
É um discurso populista também muito comum no Brasil, e "cola" porque as pessoas em geral não olham o quadro geral, olham apenas para o próprio umbigo, na visão dessas pessoas se as empresas não puderam contratar um chinês (ou mexicano) por $100 ou um imigrante ilegal por $500 então parte da população será contratada por $2000 e eles poderão comprar seus iPhone, o problema desse pensamento é que se as empresas fossem obrigadas a pagar $2000 pelo trabalhador o iPhone seria caro demais para um salário de $2000...
- Viktor Reznov
- Sênior
- Mensagens: 6844
- Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
- Agradeceu: 1975 vezes
- Agradeceram: 803 vezes
Re: EUA
Trump já publicou a lista de medidas contra entrada de muçulmanos mas deixou ainda as porteiras abertas pros Sauditas. Hora de mudar o avatar.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- mmatuso
- Sênior
- Mensagens: 3404
- Registrado em: Sáb Nov 05, 2011 7:59 pm
- Agradeceu: 662 vezes
- Agradeceram: 167 vezes
Re: EUA
As vezes penso que é alguma maldição jogada nos latinos pelos anglos saxões, parece que os países latinos sempre estão fadados a viverem de reboque dos outros e não evoluirem nada mesmo quando estão por cima.Túlio escreveu:knigh7 escreveu: Eu também penso assim...
E eu penso parecido: olhando para o Brasil, que segue matando sua indústria e dependendo cada vez mais de commodities, fico pensando o quão sustentável isso pode ser. Minha resposta pessoal à pergunta é barely (volta e meio tenho que recorrer apo Inglês por não conhecer palavra em nosso idioma que sintetize o que quero realmente dizer. "Marginalmente" nem "parcialmente" não chegam bem ao que intento, por exemplo).
Canada esta ali colado nos EUA, apesar da dependência possuem uma economia com um perfil completamente diferente do méxico que se parece mais com o brasil, um "surfista de algumas ondas" e no final das contas sempre terminamos do mesmo jeito
Brasil já não tenho nenhuma esperança, sempre existe essa conversa de que agora vai.
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61675
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6376 vezes
- Agradeceram: 6729 vezes
- Contato:
Re: EUA
Penguin escreveu:
Estou viajando ou "alguém" acabou de receber uma lambuzada de KY em uma certa parte do corpo? Porque a mim parece que agora sim, há sem sombra de dúvida algo ENCABEÇADO para el señor Peña Nieto...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- Penguin
- Sênior
- Mensagens: 18983
- Registrado em: Seg Mai 19, 2003 10:07 pm
- Agradeceu: 5 vezes
- Agradeceram: 374 vezes
Re: EUA
Abriram outra frente...
...............
Vai ter troco
Mundo 27.01.17 17:46
Nikki Haley, designada por Trump como embaixadora dos EUA na ONU, afirmou que vai enquadrar os aliados e reformar a organização.
“Para quem não nos apoiar, vamos anotar o nome para responder de modo adequado”, afirmou a jornalistas, assim que chegou à sede da ONU.
...............
Vai ter troco
Mundo 27.01.17 17:46
Nikki Haley, designada por Trump como embaixadora dos EUA na ONU, afirmou que vai enquadrar os aliados e reformar a organização.
“Para quem não nos apoiar, vamos anotar o nome para responder de modo adequado”, afirmou a jornalistas, assim que chegou à sede da ONU.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
- delmar
- Sênior
- Mensagens: 5262
- Registrado em: Qui Jun 16, 2005 10:24 pm
- Localização: porto alegre
- Agradeceu: 207 vezes
- Agradeceram: 507 vezes
Re: EUA
Uma das regras básicas que foi-me ensinada em administração é que uma empresa não pode depender nunca de um único cliente. O faturamento do maior cliente não deve exceder de 25% a 30% do faturamento total. Também deve evitar a dependência de um único produto. A não obediência a estes princípios pode levar de uma grande euforia inicial a um desastre total em pouco tempo.
Os exemplos são muitos. A Venezuela com o petróleo, o estado do Rio com os roialtis do petróleo, os estaleiros que trabalhavam para a PETROBRAS e agora o México que depende quase totalmente do comércio com os EUA. A diferença entre a alegria e a tragédia está sempre por um fio e é imediata.
O Brasil, penso eu, não vai ser muito afetado, pode até ter algum lucro com o fim dos tratados de livre comércio. Como não fazemos parte de quase nenhum deles sempre há a chance de vender algo mais. Ficaremos mais competitivos.
Os exemplos são muitos. A Venezuela com o petróleo, o estado do Rio com os roialtis do petróleo, os estaleiros que trabalhavam para a PETROBRAS e agora o México que depende quase totalmente do comércio com os EUA. A diferença entre a alegria e a tragédia está sempre por um fio e é imediata.
O Brasil, penso eu, não vai ser muito afetado, pode até ter algum lucro com o fim dos tratados de livre comércio. Como não fazemos parte de quase nenhum deles sempre há a chance de vender algo mais. Ficaremos mais competitivos.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18823
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1989 vezes
- Agradeceram: 2520 vezes
Re: EUA
Eles estão adotando o estilo do chefe...Penguin escreveu:Abriram outra frente...
...............
Vai ter troco
Mundo 27.01.17 17:46
Nikki Haley, designada por Trump como embaixadora dos EUA na ONU, afirmou que vai enquadrar os aliados e reformar a organização.
“Para quem não nos apoiar, vamos anotar o nome para responder de modo adequado”, afirmou a jornalistas, assim que chegou à sede da ONU.
- knigh7
- Sênior
- Mensagens: 18823
- Registrado em: Ter Nov 06, 2007 12:54 am
- Localização: S J do Rio Preto-SP
- Agradeceu: 1989 vezes
- Agradeceram: 2520 vezes
Re: EUA
O Dória é bem diferente do Trump.Grep escreveu:Eu realmente estou torcendo para que o governo dele seja o mais desastroso possível e que os Eua percam cada vez mais poder global.Túlio escreveu:
Pois eu acho que a "esquerda" deveria estar é torcendo por ele: se puser em prática tudo o que parece estar em vias de, o antiamericanismo vai aos céus e, portanto, lucro procêis.
Ah, esqueci, DETESTAM lucro!!!
Além disso um exemplo ruim de um presidente midiático/populista desse tipo poderá desencorajar os BRHUEUHE de eleger um Dória da vida para presidente.
O Trump é como um Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas.
Eu estou impressionado dele insistir para que o México pague o muro...