TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG
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- Marino
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Globo:
Propostas da França, dos EUA e da Suécia dividem o governo brasileiro
Relatório favorável ao Saab não é definitivo, e decisão deve ser política
José Meirelles Passos
O relatório da Comissão Coordenadora do Programa Aeronaves de Combate (Copac), contendo a avaliação dos três modelos de jatos de combate que participam da licitação aberta pelo governo do Brasil, não é incisivo, segundo funcionários federais envolvidos no processo. De acordo com esses funcionários, a preferência demonstrada pelo Gripen NG, da sueca Saab - superando, pela ordem, o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing; e o Rafale, da francesa Dassault - não é unânime nem teria um peso definitivo na escolha.
Há três posições conflitantes dentro do governo. Uma parcela da Força Aérea Brasileira (em especial técnicos da Copac) prefere o Gripen NG, pelo fato de ele ser o modelo mais barato. Já o alto comando da Força Aérea Brasileira (FAB) se inclina para o F/A-18, por confiar mais no sistema de manutenção da Boeing. No entanto, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quer o Rafale porque considera a transferência de tecnologia como fator prioritário - e, nesse sentido, o pacote francês lhe parece melhor.
Na prática, o que há são três maneiras distintas de avaliação, com cada grupo ressaltando o ponto que lhe parece mais conveniente ou adequado. Por isso, tornava-se mais consistente em Brasília ontem a tendência de que a decisão será política, e estará nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro Jobim já havia antecipado isso:
- O que vale é a avaliação final feita pelo presidente da República.
Propostas da França, dos EUA e da Suécia dividem o governo brasileiro
Relatório favorável ao Saab não é definitivo, e decisão deve ser política
José Meirelles Passos
O relatório da Comissão Coordenadora do Programa Aeronaves de Combate (Copac), contendo a avaliação dos três modelos de jatos de combate que participam da licitação aberta pelo governo do Brasil, não é incisivo, segundo funcionários federais envolvidos no processo. De acordo com esses funcionários, a preferência demonstrada pelo Gripen NG, da sueca Saab - superando, pela ordem, o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing; e o Rafale, da francesa Dassault - não é unânime nem teria um peso definitivo na escolha.
Há três posições conflitantes dentro do governo. Uma parcela da Força Aérea Brasileira (em especial técnicos da Copac) prefere o Gripen NG, pelo fato de ele ser o modelo mais barato. Já o alto comando da Força Aérea Brasileira (FAB) se inclina para o F/A-18, por confiar mais no sistema de manutenção da Boeing. No entanto, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quer o Rafale porque considera a transferência de tecnologia como fator prioritário - e, nesse sentido, o pacote francês lhe parece melhor.
Na prática, o que há são três maneiras distintas de avaliação, com cada grupo ressaltando o ponto que lhe parece mais conveniente ou adequado. Por isso, tornava-se mais consistente em Brasília ontem a tendência de que a decisão será política, e estará nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro Jobim já havia antecipado isso:
- O que vale é a avaliação final feita pelo presidente da República.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
chega a ser ridícula a teimosia do sr. Presidente... contrariar a vontade dos que "vão operar", decidir por um caça que nunca, NUNCA vai ser operado como é na França, pq no Brasil o dinheiro é o Real, não o EURO, e querer definir os próximos 30 anos de operação da FAB apenas por não gostar de ser contrariado?? é bem feito pro povo, por escolher um capiau... o que que um sindicalista sabe sobre estratégia militar??? se ele fosse tão inteligente, saberia que os mais sábios são aqueles que mais escutam...
o sr. Presidente pode ter feito muita coisa boa, mas quando quer errar, tem que ser épico tbm né?
eu sei que entre os 3, o Rafale é o melhor caça, mas não é o melhor para o Brasil, pq se fosse pensar assim, que dinheiro não é o problema, a maior estupidez foi não ter participado do F-35, pois esse era um caça que serviria as 3 Forças Armadas do Brasil sem limitação... até o EB poderia operar no futuro...
acredito que, mesmo com todos boatos, o Gripen é a melhor opção por podermos participar da conclusão do projecto, já que a TT é o que mais importa, em 2º o F/A-18 Super Hornet, pois esse sabemos o custo exacto, e, por mais que os anti-americanos chorem, vai passar a mesma tecnologia que o Rafale e não vai custar o mesmo...
o sr. Presidente pode ter feito muita coisa boa, mas quando quer errar, tem que ser épico tbm né?
eu sei que entre os 3, o Rafale é o melhor caça, mas não é o melhor para o Brasil, pq se fosse pensar assim, que dinheiro não é o problema, a maior estupidez foi não ter participado do F-35, pois esse era um caça que serviria as 3 Forças Armadas do Brasil sem limitação... até o EB poderia operar no futuro...
acredito que, mesmo com todos boatos, o Gripen é a melhor opção por podermos participar da conclusão do projecto, já que a TT é o que mais importa, em 2º o F/A-18 Super Hornet, pois esse sabemos o custo exacto, e, por mais que os anti-americanos chorem, vai passar a mesma tecnologia que o Rafale e não vai custar o mesmo...
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- Marino
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
JB:
Uma chance para rever estratégias
Luciana Abade
BRASÍLIA - O relatório técnico do comando da Aeronáutica sobre o projeto FX-2, de renovação da Força Aérea Brasileira (FAB), que apontou o Gripen N/G, da empresa sueca Saab, como melhor caça a ser adquirido pelo Brasil, segundo o jornal Folha de S. Paulo, já movimenta o Congresso Nacional. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) afirmou que chamará o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para fazer uma visita ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante o recesso parlamentar, para que o ministro possa explicar quais os critérios que vão nortear a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em setembro do ano passado, Lula já havia sinalizado o interesse de fechar negócio com a empresa francesa Dassault, fabricante do Rafale. O anúncio do presidente foi feito durante a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy ao Brasil.
– Agora estamos com dúvidas – afirmou Casagrande, autor do requerimento de convocação de Jobim ao Senado no ano passado. – As dúvidas aumentaram porque o relatório vem contra o que o ministro (Jobim) e o presidente Lula haviam sinalizado.
Na opinião do senador, o governo deve avaliar com atenção o relatório da FAB porque a compra dos caças pesará no Orçamento:
– Não sabemos qual o comprometimento que Lula teve com Sarkozy, mas ele deve ter ressaltado que a decisão dependeria também da avaliação técnica.
Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Soberania, deputado Wilson Picler (PDT-PR), o relatório de 30 mil páginas da Aeronáutica é a chance de o presidente Lula reparar “a atitude equivocada” que teve ao anunciar antecipadamente que fecharia a compra com a França.
– Com o relatório nas mãos, o presidente pode mudar de ideia – acredita Picler. – Ele não é obrigado a fechar com a França porque anunciou antes. Somos soberanos e a decisão deve ser pautada pela legítima defesa da soberania brasileira.
O deputado é autor de uma abaixo-assinado que defende a priorização da análise técnica da Aeronáutica sobre os aspectos políticos na escolha dos caças militares. O documento foi entregue aos presidentes da Câmara, Michel Temer (PSDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP), para que os dois possam defendê-lo no Conselho de Segurança Nacional.
A ideia de coletar as assinaturas surgiu depois de uma audiência pública realizada na Câmara para debater a aquisição dos caças.
– Nos bastidores do debate percebi que já havia uma divergência entre a decisão do Lula pelo Rafale e a análise do comando da Aernáutica. O Lula não precisa da aprovação do Parlamento, mas é preciso considerar a vantagem que o caça sueco tem na questão de transferência de tecnologia.
Em nota, a Aeronáutica afirmou terça-feira que apesar do relatório final de análise técnica das aeronaves concorrentes estar concluído, o mesmo não havia sido enviado Ministério da Defesa. A nota ressalta que o relatório “permanece pautado na valorização dos aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, compensação comercial e transferência de tecnologia”. Até o fechamento desta edição, o Ministério da Defesa não havia se manifestado sobre o assunto.
Uma chance para rever estratégias
Luciana Abade
BRASÍLIA - O relatório técnico do comando da Aeronáutica sobre o projeto FX-2, de renovação da Força Aérea Brasileira (FAB), que apontou o Gripen N/G, da empresa sueca Saab, como melhor caça a ser adquirido pelo Brasil, segundo o jornal Folha de S. Paulo, já movimenta o Congresso Nacional. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) afirmou que chamará o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para fazer uma visita ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante o recesso parlamentar, para que o ministro possa explicar quais os critérios que vão nortear a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em setembro do ano passado, Lula já havia sinalizado o interesse de fechar negócio com a empresa francesa Dassault, fabricante do Rafale. O anúncio do presidente foi feito durante a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy ao Brasil.
– Agora estamos com dúvidas – afirmou Casagrande, autor do requerimento de convocação de Jobim ao Senado no ano passado. – As dúvidas aumentaram porque o relatório vem contra o que o ministro (Jobim) e o presidente Lula haviam sinalizado.
Na opinião do senador, o governo deve avaliar com atenção o relatório da FAB porque a compra dos caças pesará no Orçamento:
– Não sabemos qual o comprometimento que Lula teve com Sarkozy, mas ele deve ter ressaltado que a decisão dependeria também da avaliação técnica.
Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Soberania, deputado Wilson Picler (PDT-PR), o relatório de 30 mil páginas da Aeronáutica é a chance de o presidente Lula reparar “a atitude equivocada” que teve ao anunciar antecipadamente que fecharia a compra com a França.
– Com o relatório nas mãos, o presidente pode mudar de ideia – acredita Picler. – Ele não é obrigado a fechar com a França porque anunciou antes. Somos soberanos e a decisão deve ser pautada pela legítima defesa da soberania brasileira.
O deputado é autor de uma abaixo-assinado que defende a priorização da análise técnica da Aeronáutica sobre os aspectos políticos na escolha dos caças militares. O documento foi entregue aos presidentes da Câmara, Michel Temer (PSDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP), para que os dois possam defendê-lo no Conselho de Segurança Nacional.
A ideia de coletar as assinaturas surgiu depois de uma audiência pública realizada na Câmara para debater a aquisição dos caças.
– Nos bastidores do debate percebi que já havia uma divergência entre a decisão do Lula pelo Rafale e a análise do comando da Aernáutica. O Lula não precisa da aprovação do Parlamento, mas é preciso considerar a vantagem que o caça sueco tem na questão de transferência de tecnologia.
Em nota, a Aeronáutica afirmou terça-feira que apesar do relatório final de análise técnica das aeronaves concorrentes estar concluído, o mesmo não havia sido enviado Ministério da Defesa. A nota ressalta que o relatório “permanece pautado na valorização dos aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, compensação comercial e transferência de tecnologia”. Até o fechamento desta edição, o Ministério da Defesa não havia se manifestado sobre o assunto.
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Duas hipóteses sobre o preço do Rafale
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... do-rafale/
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... do-rafale/
Em Observação
Minha hipótese para esse vazamento de informações sobre as preferências da Aeuronáutica na licitação FX:
1. Desde o início a escolha recaiu sobre o Rafale. As razões são óbvias. A França é potência militar, o acordo vai se espalhar por outras áreas da Defesa, o avião é bom e testado, há plena garantia de transferência de tecnologia.
2. A Dassult depende fundamental desse contrato para sua sobrevivência, o que poderia garantir ao Brasil enorme poder de barganha nas negociações.
3. Ao antecipar a preferência do Brasil pelo Rafale, no entanto, Lula acabou enfraquecendo a posição brasileira nas negociações em torno de preço. Os franceses se valeram disso para endurecer.
4. Meses atrás, suecos e americanos passaram a jogar pesado na questão preço, mas os franceses se acomodaram, sentindo-se garantidos pela incontinência de Lula.
5. O relatório da Aeronáutica pode ter sido utilizado, então, como elemento estratégico para virar o jogo e derrubar os preços franceses.
Baseio-me nos seguintes fatos:
1. A Eliane Cantanhede tem como fonte o próprio Nelson Jobim – que desde o início defendia a solução francesa.
2. Não cabe à Aeronáutica discutir preços. O relatório deveria se ater (e provavelmente se ateve) aos aspectos técnicos. A pessoa que vazou para a Folha o relatório, com a improvável menção ao preço do equipamento, visou passar um recado para os franceses.
3. Para não cravar 100% nessa hipótese, considere-se o poder de lobby da sueca Grippen junto a alguns brigadeiros – hoje na reserva, mas com bom trânsito na imprensa. E não se deve menosprezar a ação do notório deputado Raul Jungmann.
6. Seja qual for a hipótese correta, Lula errou ao antecipar a preferência pela França.
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
É muito "simples", aumente o orçamento da FAB e compre o Rafale, acaba toda esta discussão..................se eu fosse eles compraria uns 48 Rafales e depois pra substituir os F-5EM e os AMX fabricaria os Grippens NG por aqui, ja estaria de ótimo tamanho ou não???????
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Porra, até que enfim alguem mais lembrou disso.Gandalf escreveu:vejam que interessante
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora ... 768863.xml
“O vazamento do relatório da Aeronáutica – com a avaliação ainda parcial das propostas para o projeto FX-2, de renovação da frota da FAB – irritou Lula e provocou mal-estar no governo. Auxiliares do presidente disseram que o documento já foi modificado e não faz um ranking das melhores propostas, mas apenas avalia tecnicamente itens como transferência de tecnologia e aspectos comerciais e logísticos. Nota da Aeronáutica informou ontem que o relatório ainda não foi encaminhado ao Ministério da Defesa.”
A análise não traz preferido, não traz indicação de nenhum tipo pela "escolha da FAB".
É uma analise fria do ponto de vista de comparação.
A notícia pode ser plantada para pressionar os Franceses? Pode sim, lógico.
Pode ser fruto do vaso sanitário de algum gabinete do MD? Tambem pode
Pode ser algum tiro da reporter lindona da FSP no escuro a partir de algum "tititi" que ela ouviu por aí? Pode tambem.
Mas relatório apontando preferido? Escolha? Atualmente não existe.
Existiu no final do ano um relatório que desagradou ao MD e esse mandou de volta pedindo que a FAB refizesse sem apontar preferidos, e esse sim poderia apontar o Gripen. Mas de lá pra ca amigos, algumas coisas já haviam mudado.
Um abraço a todos.
AD ASTRA PER ASPERA
- Marino
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Nacional
Desgaste já põe processo em risco
Roberto Godoy
A escolha do primeiro lote de novos caças de tecnologia avançada para a aviação militar brasileira está sob risco. Se a definição não sair agora, pode não sair nunca mais. A demora no cumprimento das etapas finais e a condução hesitante do governo estão expondo o processo a um desgaste que pode comprometer o trabalho técnico já realizado. De qualquer forma, o jato francês, o Rafale, segue acumulando sinais de favorito na hora incerta da decisão - que será tomada pelo presidente Lula, considerados itens estratégicos abrangentes, de importância para o País em várias áreas que não apenas a Força Aérea. O relatório técnico está concluído, mas, como enfatizou o Comando da Aeronáutica, em nota de esclarecimento, ainda não foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Oficiais superiores comentavam ontem, em Brasília, que a versão em circulação é um texto de setembro, que não considera as propostas melhoradas dos três concorrentes ao contrato, entregues em outubro. O problema é mesmo político. O F-18 americano, o Gripen NG sueco e o Rafale, guardadas suas peculiaridades, podem cumprir a missão militar definida pela FAB. A análise precisa obedecer aos sete pontos fundamentais do programa - a questão comercial, os aspectos técnicos, o conjunto operacional, o pacote logístico, os benefícios industriais, as compensações comerciais e a transferência de tecnologias diversas - entre os quais não se prevê espaço para um ranking. O fato, porém, é que a aviação precisa de uma nova aeronave de múltiplo emprego, moderna e que permita realizar adequadamente operações aéreas de defesa e dissuasão. Essa demanda é maior que a agenda de interesses a que está subordinada.
Análise feita por Roberto Godoy, jornalista
Desgaste já põe processo em risco
Roberto Godoy
A escolha do primeiro lote de novos caças de tecnologia avançada para a aviação militar brasileira está sob risco. Se a definição não sair agora, pode não sair nunca mais. A demora no cumprimento das etapas finais e a condução hesitante do governo estão expondo o processo a um desgaste que pode comprometer o trabalho técnico já realizado. De qualquer forma, o jato francês, o Rafale, segue acumulando sinais de favorito na hora incerta da decisão - que será tomada pelo presidente Lula, considerados itens estratégicos abrangentes, de importância para o País em várias áreas que não apenas a Força Aérea. O relatório técnico está concluído, mas, como enfatizou o Comando da Aeronáutica, em nota de esclarecimento, ainda não foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Oficiais superiores comentavam ontem, em Brasília, que a versão em circulação é um texto de setembro, que não considera as propostas melhoradas dos três concorrentes ao contrato, entregues em outubro. O problema é mesmo político. O F-18 americano, o Gripen NG sueco e o Rafale, guardadas suas peculiaridades, podem cumprir a missão militar definida pela FAB. A análise precisa obedecer aos sete pontos fundamentais do programa - a questão comercial, os aspectos técnicos, o conjunto operacional, o pacote logístico, os benefícios industriais, as compensações comerciais e a transferência de tecnologias diversas - entre os quais não se prevê espaço para um ranking. O fato, porém, é que a aviação precisa de uma nova aeronave de múltiplo emprego, moderna e que permita realizar adequadamente operações aéreas de defesa e dissuasão. Essa demanda é maior que a agenda de interesses a que está subordinada.
Análise feita por Roberto Godoy, jornalista
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
O poder de lobby sueco eu diria que é reforçado por britãnicos.Paisano escreveu:Duas hipóteses sobre o preço do Rafale
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... do-rafale/
Em Observação
Minha hipótese para esse vazamento de informações sobre as preferências da Aeuronáutica na licitação FX:
1. Desde o início a escolha recaiu sobre o Rafale. As razões são óbvias. A França é potência militar, o acordo vai se espalhar por outras áreas da Defesa, o avião é bom e testado, há plena garantia de transferência de tecnologia.
2. A Dassult depende fundamental desse contrato para sua sobrevivência, o que poderia garantir ao Brasil enorme poder de barganha nas negociações.
3. Ao antecipar a preferência do Brasil pelo Rafale, no entanto, Lula acabou enfraquecendo a posição brasileira nas negociações em torno de preço. Os franceses se valeram disso para endurecer.
4. Meses atrás, suecos e americanos passaram a jogar pesado na questão preço, mas os franceses se acomodaram, sentindo-se garantidos pela incontinência de Lula.
5. O relatório da Aeronáutica pode ter sido utilizado, então, como elemento estratégico para virar o jogo e derrubar os preços franceses.
Baseio-me nos seguintes fatos:
1. A Eliane Cantanhede tem como fonte o próprio Nelson Jobim – que desde o início defendia a solução francesa.
2. Não cabe à Aeronáutica discutir preços. O relatório deveria se ater (e provavelmente se ateve) aos aspectos técnicos. A pessoa que vazou para a Folha o relatório, com a improvável menção ao preço do equipamento, visou passar um recado para os franceses.
3. Para não cravar 100% nessa hipótese, considere-se o poder de lobby da sueca Grippen junto a alguns brigadeiros – hoje na reserva, mas com bom trânsito na imprensa. E não se deve menosprezar a ação do notório deputado Raul Jungmann.
6. Seja qual for a hipótese correta, Lula errou ao antecipar a preferência pela França.
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
repetido
Editado pela última vez por AlbertoRJ em Qua Jan 06, 2010 10:21 am, em um total de 1 vez.
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Editorial
As turbulências do presidente
A incontinência verbal do presidente Lula - que fala duas vezes antes de pensar nos efeitos de suas palavras - acaba de criar um problema político para o seu governo e um potencial problema diplomático para o Brasil. Numa atitude inconcebível para qualquer governante que se paute, como é devido, pelo princípio da precaução ao se manifestar sobre decisões de Estado a respeito da defesa nacional, Lula não esperou o parecer da Aeronáutica sobre as alternativas para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira, com a compra de 36 caças de última geração. Ele não apenas declarou a sua preferência pelo Rafale, da francesa Dassault, em detrimento do Gripen NG, da sueca Saab, e do F-18, da Boeing americana, como assinou com o presidente Nicolas Sarkozy, em visita ao País no 7 de Setembro do ano passado, uma nota conjunta sobre a abertura de tratativas com a empresa fabricante para a consumação de um negócio da ordem de R$ 10 bilhões.
Lula, portanto, comprometeu o Brasil com a França, a partir de uma escolha pessoal cujos motivos se prestam a toda sorte de indagações. Faltou combinar com os militares. Ontem, a Folha de S.Paulo revelou que, em relatório técnico com mais de 30 mil páginas de dados, ratificado pelo Alto Comando da Força, a Aeronáutica apontou o Gripen como o avião mais vantajoso, seguido do F-18. O Rafale foi considerado a opção menos interessante. O fator preço foi crucial: o caça da Saab custa a metade do modelo francês. Quando esteve no Brasil, Sarkozy prometeu reduzir o valor do aparelho, como se fosse o CEO da Dassault e não o presidente da França - uma diferença essencial que Lula aparentemente achou que não precisava levar em conta. Agora a FAB o contrariou de duas maneiras. Primeiro, com as conclusões em si. Segundo, ao ordenar as suas preferências. Instado pelo presidente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, levara aos militares o pedido absurdo para que não fizessem um ranking dos aviões.
Por definição, chefes de governo têm a última palavra em matérias dessa natureza - pelas óbvias implicações políticas internas e externas de cada uma das opções em jogo. Mas quando as Forças Armadas do país em questão apresentam um parecer taxativo, só excepcionalmente o governante deixa de adotá-lo. Faz sentido. Ao chefe de Estado cabe definir a política de defesa nacional. Aos militares cabe escolher os instrumentos para executá-la. Lula, no entanto, quis impor a sua vontade em relação aos meios a serem adotados por uma delas. E o pior é que, antes mesmo de subir a rampa do Planalto pela primeira vez, ele tomou a si o processo de modernização da FAB, o chamado projeto FX-2, pressionando o ainda presidente Fernando Henrique a adiá-lo sob a alegação de que estava em final de mandato. Agora, ou Lula se rende à análise profissional, que virtualmente o desmoralizou, ou empurra o assunto para as calendas: este, afinal, é o derradeiro ano de seu segundo período.
A primeira hipótese é improvável - não menos do que a de obrigar a Aeronáutica a aceitar o Rafale. Bater o martelo em favor do Gripen deixaria Lula perder a face diante de um país cujo presidente - ele sim, trabalhando pelo interesse nacional - se comporta como o grande paparicador de Lula nos foros internacionais - como ocorreu na conferência do clima em Copenhague. De todo modo, a ideia de que a aquisição do Rafale é indispensável à parceria estratégica entre o Brasil e a França não se sustenta. Essa parceria já foi estabelecida no caso da fantástica compra de submarinos - inclusive o que seria o casco de um submarino nuclear - com tecnologia francesa. Deixar o assunto em banho-maria pode ser, para Lula, a escolha menos onerosa, embora signifique deixar o País, sabe-se lá por quanto tempo, à mercê de uma frota obsoleta de combate aéreo. Decerto ele fará o mesmo em relação a outro problema relacionado aos militares, no qual também meteu os pés pelas mãos.
Trata-se do decreto que cria o Programa Nacional de Direitos Humanos - e que ele admitiu ter assinado sem ler. Contrariando um acordo arduamente negociado entre a Defesa, as Três Forças e o Ministério da Justiça, endossado por Lula, o texto abre caminho para a revisão da Lei de Anistia, a partir das ações de uma Comissão da Verdade que já está sendo equiparada a uma "CPI da ditadura". Este é o presidente cujos adoradores não sabem nem querem saber como se conduz.
As turbulências do presidente
A incontinência verbal do presidente Lula - que fala duas vezes antes de pensar nos efeitos de suas palavras - acaba de criar um problema político para o seu governo e um potencial problema diplomático para o Brasil. Numa atitude inconcebível para qualquer governante que se paute, como é devido, pelo princípio da precaução ao se manifestar sobre decisões de Estado a respeito da defesa nacional, Lula não esperou o parecer da Aeronáutica sobre as alternativas para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira, com a compra de 36 caças de última geração. Ele não apenas declarou a sua preferência pelo Rafale, da francesa Dassault, em detrimento do Gripen NG, da sueca Saab, e do F-18, da Boeing americana, como assinou com o presidente Nicolas Sarkozy, em visita ao País no 7 de Setembro do ano passado, uma nota conjunta sobre a abertura de tratativas com a empresa fabricante para a consumação de um negócio da ordem de R$ 10 bilhões.
Lula, portanto, comprometeu o Brasil com a França, a partir de uma escolha pessoal cujos motivos se prestam a toda sorte de indagações. Faltou combinar com os militares. Ontem, a Folha de S.Paulo revelou que, em relatório técnico com mais de 30 mil páginas de dados, ratificado pelo Alto Comando da Força, a Aeronáutica apontou o Gripen como o avião mais vantajoso, seguido do F-18. O Rafale foi considerado a opção menos interessante. O fator preço foi crucial: o caça da Saab custa a metade do modelo francês. Quando esteve no Brasil, Sarkozy prometeu reduzir o valor do aparelho, como se fosse o CEO da Dassault e não o presidente da França - uma diferença essencial que Lula aparentemente achou que não precisava levar em conta. Agora a FAB o contrariou de duas maneiras. Primeiro, com as conclusões em si. Segundo, ao ordenar as suas preferências. Instado pelo presidente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, levara aos militares o pedido absurdo para que não fizessem um ranking dos aviões.
Por definição, chefes de governo têm a última palavra em matérias dessa natureza - pelas óbvias implicações políticas internas e externas de cada uma das opções em jogo. Mas quando as Forças Armadas do país em questão apresentam um parecer taxativo, só excepcionalmente o governante deixa de adotá-lo. Faz sentido. Ao chefe de Estado cabe definir a política de defesa nacional. Aos militares cabe escolher os instrumentos para executá-la. Lula, no entanto, quis impor a sua vontade em relação aos meios a serem adotados por uma delas. E o pior é que, antes mesmo de subir a rampa do Planalto pela primeira vez, ele tomou a si o processo de modernização da FAB, o chamado projeto FX-2, pressionando o ainda presidente Fernando Henrique a adiá-lo sob a alegação de que estava em final de mandato. Agora, ou Lula se rende à análise profissional, que virtualmente o desmoralizou, ou empurra o assunto para as calendas: este, afinal, é o derradeiro ano de seu segundo período.
A primeira hipótese é improvável - não menos do que a de obrigar a Aeronáutica a aceitar o Rafale. Bater o martelo em favor do Gripen deixaria Lula perder a face diante de um país cujo presidente - ele sim, trabalhando pelo interesse nacional - se comporta como o grande paparicador de Lula nos foros internacionais - como ocorreu na conferência do clima em Copenhague. De todo modo, a ideia de que a aquisição do Rafale é indispensável à parceria estratégica entre o Brasil e a França não se sustenta. Essa parceria já foi estabelecida no caso da fantástica compra de submarinos - inclusive o que seria o casco de um submarino nuclear - com tecnologia francesa. Deixar o assunto em banho-maria pode ser, para Lula, a escolha menos onerosa, embora signifique deixar o País, sabe-se lá por quanto tempo, à mercê de uma frota obsoleta de combate aéreo. Decerto ele fará o mesmo em relação a outro problema relacionado aos militares, no qual também meteu os pés pelas mãos.
Trata-se do decreto que cria o Programa Nacional de Direitos Humanos - e que ele admitiu ter assinado sem ler. Contrariando um acordo arduamente negociado entre a Defesa, as Três Forças e o Ministério da Justiça, endossado por Lula, o texto abre caminho para a revisão da Lei de Anistia, a partir das ações de uma Comissão da Verdade que já está sendo equiparada a uma "CPI da ditadura". Este é o presidente cujos adoradores não sabem nem querem saber como se conduz.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Marino escreveu:Nacional
Desgaste já põe processo em risco
Roberto Godoy
A escolha do primeiro lote de novos caças de tecnologia avançada para a aviação militar brasileira está sob risco. Se a definição não sair agora, pode não sair nunca mais. A demora no cumprimento das etapas finais e a condução hesitante do governo estão expondo o processo a um desgaste que pode comprometer o trabalho técnico já realizado. De qualquer forma, o jato francês, o Rafale, segue acumulando sinais de favorito na hora incerta da decisão - que será tomada pelo presidente Lula, considerados itens estratégicos abrangentes, de importância para o País em várias áreas que não apenas a Força Aérea. O relatório técnico está concluído, mas, como enfatizou o Comando da Aeronáutica, em nota de esclarecimento, ainda não foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Oficiais superiores comentavam ontem, em Brasília, que a versão em circulação é um texto de setembro, que não considera as propostas melhoradas dos três concorrentes ao contrato, entregues em outubro. O problema é mesmo político. O F-18 americano, o Gripen NG sueco e o Rafale, guardadas suas peculiaridades, podem cumprir a missão militar definida pela FAB. A análise precisa obedecer aos sete pontos fundamentais do programa - a questão comercial, os aspectos técnicos, o conjunto operacional, o pacote logístico, os benefícios industriais, as compensações comerciais e a transferência de tecnologias diversas - entre os quais não se prevê espaço para um ranking. O fato, porém, é que a aviação precisa de uma nova aeronave de múltiplo emprego, moderna e que permita realizar adequadamente operações aéreas de defesa e dissuasão. Essa demanda é maior que a agenda de interesses a que está subordinada.
Análise feita por Roberto Godoy, jornalista
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
FSP:
Editoriais
Os pés pelas mãos
Opção da FAB por modelo sueco é mais um episódio que expõe as gafes e as precipitações do governo Lula na compra de caças
Trapalhada é um termo neutro, pois não pressupõe má-fé, para qualificar a atuação do governo Lula na escolha do caça que o Brasil pretende adquirir. Esse intrigante roteiro, pontuado por gafes e precipitações, ganha um novo capítulo com a revelação, feita por esta Folha, de que avaliação técnica da Aeronáutica dá preferência ao sueco Gripen.
O francês Rafale, a favor do qual o Planalto chegou a publicar nota oficial em setembro, ficou em terceiro e último lugar, precedido pelo F-18 americano, no extensivo relatório elaborado pela FAB. Os três modelos de avião de combate foram pré-selecionados pelo Brasil, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está formalmente habilitado a optar por qualquer um deles.
Essa discricionariedade, porém, deveria escorar-se em sólidos argumentos técnicos e pôr-se a serviço de estratégias de negociação que otimizassem a relação entre custo e benefício da operação -a aquisição de 36 caças pelo Brasil, por cerca de R$ 10 bilhões, é uma compra de grande porte por padrões internacionais. Não foi essa a rotina adotada pelo governo brasileiro.
Anunciar a preferência por um dos três modelos quando a concorrência internacional ainda está em curso, além de um desrespeito aos outros competidores, é uma péssima maneira de tentar baixar o preço -ou ampliar benefícios, como o grau de transferência tecnológica - do equipamento a ser adquirido. Antecipar-se à avaliação técnica dos militares soa como menoscabo pela corporação que, de resto, vai operar as aeronaves durante 30 anos.
Após décadas de penúria orçamentária -por conta do baixo crescimento econômico e do excessivo peso de despesas com pessoal inativo-, o Brasil pode enfim impulsionar o projeto de reequipar as Forças Armadas. Os 36 caças novos, que começarão a substituir parte dos 107 existentes, aumentarão a mobilidade e o poder dissuasório dos militares em sua missão de patrulhar um país continental.
Nesse programa, que também prevê investimentos em navios e submarinos, convencionais e a propulsão nuclear, há quem defenda, dentro e fora do governo, que Brasília constitua parceria preferencial com Paris. Talvez o Brasil tenha acesso a mais conhecimentos, lucros e tecnologia se fizer essa opção. Talvez, entretanto, fique perigosamente refém dos humores dos governantes franceses de turno.
O debate nesses termos é legítimo, e há bons argumentos dos dois lados. Mas qualquer decisão nesse campo não pode prescindir de uma rigorosa avaliação técnica, que leve em conta todos os aspectos do negócio.
Editoriais
Os pés pelas mãos
Opção da FAB por modelo sueco é mais um episódio que expõe as gafes e as precipitações do governo Lula na compra de caças
Trapalhada é um termo neutro, pois não pressupõe má-fé, para qualificar a atuação do governo Lula na escolha do caça que o Brasil pretende adquirir. Esse intrigante roteiro, pontuado por gafes e precipitações, ganha um novo capítulo com a revelação, feita por esta Folha, de que avaliação técnica da Aeronáutica dá preferência ao sueco Gripen.
O francês Rafale, a favor do qual o Planalto chegou a publicar nota oficial em setembro, ficou em terceiro e último lugar, precedido pelo F-18 americano, no extensivo relatório elaborado pela FAB. Os três modelos de avião de combate foram pré-selecionados pelo Brasil, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está formalmente habilitado a optar por qualquer um deles.
Essa discricionariedade, porém, deveria escorar-se em sólidos argumentos técnicos e pôr-se a serviço de estratégias de negociação que otimizassem a relação entre custo e benefício da operação -a aquisição de 36 caças pelo Brasil, por cerca de R$ 10 bilhões, é uma compra de grande porte por padrões internacionais. Não foi essa a rotina adotada pelo governo brasileiro.
Anunciar a preferência por um dos três modelos quando a concorrência internacional ainda está em curso, além de um desrespeito aos outros competidores, é uma péssima maneira de tentar baixar o preço -ou ampliar benefícios, como o grau de transferência tecnológica - do equipamento a ser adquirido. Antecipar-se à avaliação técnica dos militares soa como menoscabo pela corporação que, de resto, vai operar as aeronaves durante 30 anos.
Após décadas de penúria orçamentária -por conta do baixo crescimento econômico e do excessivo peso de despesas com pessoal inativo-, o Brasil pode enfim impulsionar o projeto de reequipar as Forças Armadas. Os 36 caças novos, que começarão a substituir parte dos 107 existentes, aumentarão a mobilidade e o poder dissuasório dos militares em sua missão de patrulhar um país continental.
Nesse programa, que também prevê investimentos em navios e submarinos, convencionais e a propulsão nuclear, há quem defenda, dentro e fora do governo, que Brasília constitua parceria preferencial com Paris. Talvez o Brasil tenha acesso a mais conhecimentos, lucros e tecnologia se fizer essa opção. Talvez, entretanto, fique perigosamente refém dos humores dos governantes franceses de turno.
O debate nesses termos é legítimo, e há bons argumentos dos dois lados. Mas qualquer decisão nesse campo não pode prescindir de uma rigorosa avaliação técnica, que leve em conta todos os aspectos do negócio.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Eliane Cantanhede, a continuação:
==============
Brasil
Jobim se irrita com vazamento e decreta silêncio
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, por meio de sua assessoria, que mantém o que ele declarou em entrevista à Folha em dezembro sobre a renovação dos caças da Aeronáutica, no sentido de que "a FAB não fará ranking de proposta, analisará os critérios individualmente, e o presidente é quem fará juízo de valor sobre a relevância de cada um".
A manifestação foi feita por e-mail, usando o verbo assim, no futuro, para ratificar a versão oficial de que o relatório da Aeronáutica, concluído no dia 18 de dezembro, não foi entregue ao ministro até agora.
Em nota divulgada ontem, a Aeronáutica confirma que encerrou o relatório e ainda não o enviou à Defesa. Ressalta que o documento é "pautado na valorização dos aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, de compensação comercial (offset) e transferência de tecnologia".
A seus assessores Jobim disse que se sentiu "pressionado" com a divulgação, na Folha de ontem, do resultado do relatório técnico da Aeronáutica sobre o programa F-X2 -no qual o francês Rafale, preferido da área política, ficou atrás do sueco Gripen e do americano F-18. Essa informação, sobre a ordem de preferência, não foi questionada pela nota da FAB.
Jobim determinou ontem tanto à Defesa como ao Comando da Aeronáutica que não houvesse declarações nem detalhes para a imprensa que possam aumentar a natural tensão para definir o vitorioso final. A decisão, formalmente, compete ao presidente Lula.
Na Aeronáutica, conforme a Folha apurou, o comandante Juniti Saito lamentou que a divulgação das conclusões da FAB tenha ocorrido menos de uma semana após o vazamento da informação de que os comandantes das Forças Armadas haviam cogitado pedir demissão por causa do novo Plano Nacional de Direitos Humanos.
O temor de Saito é que uma coisa contamine a outra, o que, a seu ver, seria não apenas inconveniente como injusto. O relatório da FAB, com cerca de 30 mil páginas, já tinha sido concluído pela comissão responsável e aprovado pelo Alto Comando da Força Aérea no dia 18. Antes, portanto, da divulgação do plano de direitos humanos, três dias depois, e da tensão na área militar.
Jobim e Saito conversaram anteontem à noite, na Base Aérea, e qualquer definição só ocorrerá a partir de segunda, quando Lula e Jobim voltam das férias. O anúncio do vencedor ficará a cargo da Defesa.
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Brasil
Jobim se irrita com vazamento e decreta silêncio
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, por meio de sua assessoria, que mantém o que ele declarou em entrevista à Folha em dezembro sobre a renovação dos caças da Aeronáutica, no sentido de que "a FAB não fará ranking de proposta, analisará os critérios individualmente, e o presidente é quem fará juízo de valor sobre a relevância de cada um".
A manifestação foi feita por e-mail, usando o verbo assim, no futuro, para ratificar a versão oficial de que o relatório da Aeronáutica, concluído no dia 18 de dezembro, não foi entregue ao ministro até agora.
Em nota divulgada ontem, a Aeronáutica confirma que encerrou o relatório e ainda não o enviou à Defesa. Ressalta que o documento é "pautado na valorização dos aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, de compensação comercial (offset) e transferência de tecnologia".
A seus assessores Jobim disse que se sentiu "pressionado" com a divulgação, na Folha de ontem, do resultado do relatório técnico da Aeronáutica sobre o programa F-X2 -no qual o francês Rafale, preferido da área política, ficou atrás do sueco Gripen e do americano F-18. Essa informação, sobre a ordem de preferência, não foi questionada pela nota da FAB.
Jobim determinou ontem tanto à Defesa como ao Comando da Aeronáutica que não houvesse declarações nem detalhes para a imprensa que possam aumentar a natural tensão para definir o vitorioso final. A decisão, formalmente, compete ao presidente Lula.
Na Aeronáutica, conforme a Folha apurou, o comandante Juniti Saito lamentou que a divulgação das conclusões da FAB tenha ocorrido menos de uma semana após o vazamento da informação de que os comandantes das Forças Armadas haviam cogitado pedir demissão por causa do novo Plano Nacional de Direitos Humanos.
O temor de Saito é que uma coisa contamine a outra, o que, a seu ver, seria não apenas inconveniente como injusto. O relatório da FAB, com cerca de 30 mil páginas, já tinha sido concluído pela comissão responsável e aprovado pelo Alto Comando da Força Aérea no dia 18. Antes, portanto, da divulgação do plano de direitos humanos, três dias depois, e da tensão na área militar.
Jobim e Saito conversaram anteontem à noite, na Base Aérea, e qualquer definição só ocorrerá a partir de segunda, quando Lula e Jobim voltam das férias. O anúncio do vencedor ficará a cargo da Defesa.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Da FSP :
Brasil
Mais aberto, projeto escolhido é o que oferece mais risco
Possibilidade de usar fornecedores diversos pode dificultar cumprimento de prazos de entrega do pacote do Gripen NG
Diferenciais do avião sueco foram a inclusão do plano de montagem conjunta com a Embraer no preço final do pacote e valor mais barato
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escolha técnica da FAB pelo pacote do Gripen NG mostra que os militares priorizaram o avião mais barato e com projeto mais aberto do ponto de vista tecnológico e industrial, mas também o mais arriscado em termos de prazos para a entrega do produto final.
Saab, Boeing e Dassault entregaram três concepções diferentes em suas ofertas. O Gripen NG é uma versão de demonstração do desenvolvimento de um avião que já conta com duas gerações anteriores, mas não existe além do protótipo. Rafale é um produto pronto, embora a versão ofertada fosse aberta a alguns aprimoramentos conjuntos. Já o F/A-18 E/F, amplamente utilizado, é uma estrutura fechada.
Qualquer escolha é defensável. O debate acabou sendo qualificado com as audiências públicas e a exposição do tema pela imprensa. Ninguém mais fala em "transferência de tecnologia total".
Todos os aviões usam, em maior ou menor escala, peças de fabricantes diversos. O que torna o Rafale um avião caro é o fato de que sua produção é verticalizada principalmente entre fornecedores do seu consórcio francês. Com isso, há perda de ganho de escala: em vez de buscar a melhor peça pelo menor preço, a simbiose fabricante-fornecedor cria produtos únicos e mais caros.
O Gripen NG é o avesso disso, tendo buscado preservar com o fabricante sueco o conhecimento da integração de peças e a possibilidade de usar outros fornecedores caso algum deles caia sob um embargo político. Foi o comprometimento de entrega deste "know-how" que lhe deu pontos.
Além disso, usa produtos com escala, como o motor americano, que o deixa mais barato. Por ser monomotor, tem custo naturalmente mais baixo de operação e manutenção.
Por outro lado, essa filosofia encerra riscos. Há a questão da tecnologia embarcada. Quando visitou a fábrica do Gripen no ano passado, a Folha perguntou se não haveria dúvidas quanto a eventuais embargos pelo fato de o motor e o cérebro eletrônico do avião serem americanos. Ouviu um genérico "nós podemos substituir por outros fornecedores".
Pode até ser, mas qualquer mudança de peças fundamentais do avião ao longo dos anos representa um risco grande em termos de custos e prazos. Esse foi o principal ponto de venda dos franceses: podemos ser mais caros, sim, mas não haverá sobressaltos nas entregas.
Outro problema para o Gripen NG é ainda ser um protótipo. A Saab tem a seu favor o fato de ter feito a evolução da geração A/B do avião para a C/D dentro do prazo e do orçamento de 1 bilhão. Contra, o fato de que o NG tem mudanças muito mais profundas.
A Boeing, que só intensificou sua campanha de venda e de pressão diplomática nos últimos três meses, fez uma tentadora redução de preço e de oferta de tecnologias em compensação do fato de o F-18 ser um produto pronto.
Outro diferencial dos suecos foi a inclusão do plano de montagem conjunta com a Embraer no preço final do pacote -antes, era um opcional caro. A fabricante brasileira, segundo a Folha apurou, viu mais vantagens competitivas em associar-se à Saab, já que não competem em aviação civil como Boeing (jatos comerciais) e Dassault (aviação executiva).
Do ponto de vista militar, os três se qualificaram para servir à missão prevista: interceptação supersônica, combate ar-ar com capacidade além do campo visual e ataque a solo.
IGOR GIELOW
Brasil
Mais aberto, projeto escolhido é o que oferece mais risco
Possibilidade de usar fornecedores diversos pode dificultar cumprimento de prazos de entrega do pacote do Gripen NG
Diferenciais do avião sueco foram a inclusão do plano de montagem conjunta com a Embraer no preço final do pacote e valor mais barato
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escolha técnica da FAB pelo pacote do Gripen NG mostra que os militares priorizaram o avião mais barato e com projeto mais aberto do ponto de vista tecnológico e industrial, mas também o mais arriscado em termos de prazos para a entrega do produto final.
Saab, Boeing e Dassault entregaram três concepções diferentes em suas ofertas. O Gripen NG é uma versão de demonstração do desenvolvimento de um avião que já conta com duas gerações anteriores, mas não existe além do protótipo. Rafale é um produto pronto, embora a versão ofertada fosse aberta a alguns aprimoramentos conjuntos. Já o F/A-18 E/F, amplamente utilizado, é uma estrutura fechada.
Qualquer escolha é defensável. O debate acabou sendo qualificado com as audiências públicas e a exposição do tema pela imprensa. Ninguém mais fala em "transferência de tecnologia total".
Todos os aviões usam, em maior ou menor escala, peças de fabricantes diversos. O que torna o Rafale um avião caro é o fato de que sua produção é verticalizada principalmente entre fornecedores do seu consórcio francês. Com isso, há perda de ganho de escala: em vez de buscar a melhor peça pelo menor preço, a simbiose fabricante-fornecedor cria produtos únicos e mais caros.
O Gripen NG é o avesso disso, tendo buscado preservar com o fabricante sueco o conhecimento da integração de peças e a possibilidade de usar outros fornecedores caso algum deles caia sob um embargo político. Foi o comprometimento de entrega deste "know-how" que lhe deu pontos.
Além disso, usa produtos com escala, como o motor americano, que o deixa mais barato. Por ser monomotor, tem custo naturalmente mais baixo de operação e manutenção.
Por outro lado, essa filosofia encerra riscos. Há a questão da tecnologia embarcada. Quando visitou a fábrica do Gripen no ano passado, a Folha perguntou se não haveria dúvidas quanto a eventuais embargos pelo fato de o motor e o cérebro eletrônico do avião serem americanos. Ouviu um genérico "nós podemos substituir por outros fornecedores".
Pode até ser, mas qualquer mudança de peças fundamentais do avião ao longo dos anos representa um risco grande em termos de custos e prazos. Esse foi o principal ponto de venda dos franceses: podemos ser mais caros, sim, mas não haverá sobressaltos nas entregas.
Outro problema para o Gripen NG é ainda ser um protótipo. A Saab tem a seu favor o fato de ter feito a evolução da geração A/B do avião para a C/D dentro do prazo e do orçamento de 1 bilhão. Contra, o fato de que o NG tem mudanças muito mais profundas.
A Boeing, que só intensificou sua campanha de venda e de pressão diplomática nos últimos três meses, fez uma tentadora redução de preço e de oferta de tecnologias em compensação do fato de o F-18 ser um produto pronto.
Outro diferencial dos suecos foi a inclusão do plano de montagem conjunta com a Embraer no preço final do pacote -antes, era um opcional caro. A fabricante brasileira, segundo a Folha apurou, viu mais vantagens competitivas em associar-se à Saab, já que não competem em aviação civil como Boeing (jatos comerciais) e Dassault (aviação executiva).
Do ponto de vista militar, os três se qualificaram para servir à missão prevista: interceptação supersônica, combate ar-ar com capacidade além do campo visual e ataque a solo.
IGOR GIELOW
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: [Edit] F-X-2 agora é OFICIAL, confira a partir da Pg 310!
Correio Brasiliense:
Luiz Carlos Azedo Brasília-DF
Afinou
O ministro da Aeronáutica, Juniti Saito, garantiu ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que a Força Aérea Brasileira não pretende manifestar preferências em relação aos aviões de caça que vai adquirir. A escolha final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem saia justa, porque o relatório técnico do Programa FX-2 não fará comparações entre os aviões SAAB Gripen NG (sueco), Boeing F/A18 E/F Super Hornet (norte-americano) e Dassault Rafale (francês).
Luiz Carlos Azedo Brasília-DF
Afinou
O ministro da Aeronáutica, Juniti Saito, garantiu ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que a Força Aérea Brasileira não pretende manifestar preferências em relação aos aviões de caça que vai adquirir. A escolha final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem saia justa, porque o relatório técnico do Programa FX-2 não fará comparações entre os aviões SAAB Gripen NG (sueco), Boeing F/A18 E/F Super Hornet (norte-americano) e Dassault Rafale (francês).
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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