Caro Roberto, não é porque o RBE2 ou RBE2 AA é melhor que todos os radares de caças brasileiros que temos que comprá-lo, ou de outra forma, não é porque eu tive Fusca a vida inteira que tenho que comprar um Fiat Palio, que é melhor do que o primeiro. Sinto muito, péssimo argumento. O que está em jogo é o radar do Rafale comparado com os radares dos concorrentes oferecidos ao Brasil, só isso, e neste quesito eu o tenho como o pior de todos, na verdade é muito inferior aos demais, assim o vejo. Ponto!
Você é doutor em Física, logo deve saber o significado de se aumentar o número de módulos ativos em um radar. Se não é da área (o que não é nada demais), posso lhe garantir que os módulos extras é para aumentar a resolução do radar e não para aumentar o alcance necessariamente.
Vamos mais uma vez... AESA é uma tecnologia empregada na construção de radar, não tem ligação com o alcance em si, alcance é o objeto de discussão (pela n-ésima vez, "n" enorme). O problema do alcance para os radares disponíveis para o Rafale é o tamanho da antena, só isso, se for possível ter uma antena maior, problema resolvido, se não, sem chances, porque não basta aumentar a potência na antena, tecnicamente isso tem nome: casar as impedâncias. Basta procurar (na Internet mesmo) informações sobre isso, é bem simples o tempo, bem acessível.
Faz tempo que eu venho batendo na mesma tecla: os franceses fizeram uma aposta, e esta aposta está vinculada ao SPECTRA, uso de sensores passivos, por isso não se importou com um radar com antena maior e de grande alcance. Na concepção dos franceses um radar com alcance 100-120 km seria mais do que suficiente para um engajamento na arena ar-ar. Isto é perfeito, pelo menos no papel, mas desde que todos os demais sensores funcionem perfeitamente.
Neste caso, alguns pontos precisam ser questionados por parte dos interessados no Rafale:
- Comprar o Rafale é comprar uma nova concepção para combates aéreos, muda tudo. Logo é necessário saber do possível comprador se ele apostas suas fichas neste novo modelo, ou se ele prefere continuar com o modelo atual (onde o alcance do radar é importante).
- O comprador (ou interessado) precisa estar convencido que o sistema passivo do Rafale funciona plenamente, conforme alega o vendedor.
- O comprador (interessado) precisa saber se terá condições de implementar as novas doutrinas que se fazem necessárias com uma concepção nova introduzida pelo Rafale. As estratégias mudam, as doutrinas mudam. Tudo isso envolve custos adicionais, mas se compensar, por que não?
- O interessado tem que ter certeza absoluta que as novas estratégias e doutrinas oriundas desta nova concepção para o caça apresenta um ganho substancial se comparada com o "tradicional". Se compensar, ótimo, se não compensar, um abraço.
Minha opinião: o Rafale não vende porque é uma grande incógnita, se houvesse certeza que o caça faz tudo o que é prometido e os custos se justificassem, tudo bem, venderia. Mas como não vende a lição é clara, os potenciais compradores ainda não estão convencidos que a proposta francesa faz uma grande diferença em relação ao que os demais fabricantes vêm fazendo atualmente.
Claro que o Rafale é muito superior a tudo que temos, nem se compara, mas nem por isso devemos comprá-lo. Dinheiro do contribuinte não é capim, merece respeito, e isso se aplica a todo e qualquer caça pra FAB. Se existe disponibilidade orçamentária e até com "folga", que se faça bom uso do mesmo. E mais, se tenho dinheiro para comprar uma Mercedes e mantê-la, então não tenho que comprar um Palio só porque tive Fusca a vida inteira.
Abraços,
Orestes
Arrebentou cara!
E é esse o ponto... com tanta aeronave superior porque comprar uma "inferior"?
Ele possui e opera em uma filosofia diferente?
Ok... então queremos ter essa filosofia para nós?
Isso faz parte do planejamento estratégico da FAB?
É assim que eles queremos combater a partir de agora?
A FAB nunca teve até a chegada do R-99 e agora como F-5EM um radar 'operacional'... será que já possui experiência e maturidade para dizer que esse é o caminho?
Quantos exercícios operacionais a FAB já fez com uma aeronave impregando esses métodos de combate?
Ao tomar essa descisão sabemos que teremos um radar inferior... e honestamente é isso que me incomoda (levando-se em conta que existem tantas outras opções no mercado)
Vamos ao cenários:
O F-22/F-35/PAK-FA utilizarem sensores passivos... ok tudo bem... afinal de contas eles são Stealth! Ou seja, o seu oponente vai ficar com o radar ligado procurando você e será morto antes que ele saiba o que está acontecendo.
No caso do Rafale... uma aeronave com RCS "normal" cheia de misseis e tanques de combustível operando no modo passivo contra uma aeronave com radar de melhor alcance e com misseis de maior alcance... Não é possível que não vejamos quem é que vai virar poeira primeiro?
Esse é o problema! RCS alto e sensores passivos não casam.
Aí vem aquele papo de que o RCS do Rafale é baixo... pode ser baixo para o APG-149 do F-5 antes da modernização, mas para um SU-30Mk(X) ou mesmo uma aeronave equipada com o '2032' ou um F-16 Chileno não é não... Isso levando-se em consideração que o Rafale vai para o combate armado
Bom... no fim das contas eu não mando em nada e não sei de nada, mas acho triste se seguirmos esse caminho sabendo que a estrada já está 'comprometida'
[]s
CB_Lima