LeandroGCard escreveu:Mas falando sério, o que seria de se esperar de uma empresa que quer viver de atender aos requerimentos esdrúxulos dos nossos militares, que estão sempre ou décadas atrasados ou na contramão do que já está sendo desenvolvido para o mercado mundial?
Leandro G. Card
Meu caro Leandro, se me permite opinar sobre este assunto em específico, sou de opinião de que tal questão está fundamentada em dois fatores básicos: 1. ser militar no Brasil ainda é sinônimo de emprego público para uma grande massa de gente, e, 2. em função disso, a missão básica das ffaa's embora claramente definida no texto constitucional, acaba sendo historicamente letra morta, seja porque os militares passaram/passam muito tempo mais preocupados com o "inimigo interno", com a integração nacional e atividades subjetivas a sua missão - ordenadas pelos interesses do poder civil - do que propriamente com operacionalidade.
E como não temos, e não aceitamos, oficialmente, definir e/ou identificar possíveis ameaças concretas a nossa segurança, fica muito difícil estabelecer critérios claros e objetivos, assim como um planejamento crível e honesto, para o estabelecimento de uma verdadeira capacidade militar nacional. Acabamos sempre naquela lógica ruim e mesquinha do... "já que só tem tu, então vai tu mesmo."
Ajustado a esta mentalidade tacanha, nossos militares em termos práticos não tem qualquer sentido ou noção de modernidade real em termos de combate, ou da guerra e suas demandas multi-flexíveis. Estamos muito longe de qualquer contexto operacional militar de relevo que possa nos amparar uma mínima experiência no campo de batalha que nos ajude a compor um quadro de requisitos para equipamentos e/ou organização de nossas OM's. Exemplo disso está aí já alguns anos com a proposta da mecanização da infantaria somente agora, quando há anos luz a maioria dos países desenvolvidos já fez isso. E ninguém por aqui questiona este fato ou encontra nele problema algum. Simplesmente isto é tido como algo natural de nosso contexto, e fim.
Já me alongando um pouco, mas para terminar, me permito dizer, no caso de outro exemplo, a questão do VBMT-LR que, passando por vários indicativos de designação, somente veio à luz por uma questão de oportunidade, e menos do intencionalidade e planejamento do EB. Este conceito de veículo só está sendo pensado no EB hoje por causa da possibilidade de missões em lugares mais quentes sob mandato da ONU, e está sendo viabilizada somente em função de um empréstimo do Guará I pela Avibrás para teste no Haiti, que geraram o conhecimento de uma série de requisitos para este tipo de veículo. Não fosse isso, o tal do VBMT-LR, que nada mais é que a versão 4x4 da família Guarani, não seria vista tão cedo por aqui, tendo em vista as dificuldades que se podem observar no desenvolvimento daquele programa. E assim vamos.
Não quero parecer pessimista, mas temos que concordar que nossa BID sempre vivei à míngua e alhures aos projetos nacionais de desenvolvimento e que defesa no Brasil nunca foi e ainda vai continuar sendo um assunto incômodo, quando não um imbróglio chato e desinteressante, para a imensa maioria do populacho e, principalmente, para o pessoal que assina o cheque.
Não temos muitas alternativas reais para desenvolver a BID, que não seja vivendo com o pires na mão no mercado interno e, esperando por um milagre vindo do mercado externo.
Bem, no mais, viva-se com isso.
abs.