soultrain escreveu:Do desenvolvimento completamente desenvolvido eu já sei. Eu quero é que ponha o fonte onde diz que A Embraer tocará sequer numa célula.
Ainda não sei se percebeu mas a proposta sueca todas as células são fabricadas na Suecia, vocês fazem a montagem do kit e algumas partes acessórias, lembra das Bandeirinhas?
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soultrain escreveu:Mas desenvolvimento do quê homem? O Gripen NG está desenvolvido, o demonstrador já voa com todos os sistemas prontos do NG.
O que a Embraer vai desenvolver? O trem de aterragem mais a ligação da asa à célula?
O importante de um caça moderno não é isso, são os sistemas e isso está tudo pronto. Vocês podem integrar o que quiserem, como nos outros dois, desde que paguem, como a Africa do Sul que ainda não tem BVR.
Á então não é o IRST, é o laser rangefinder? Já é diferente, mas actualmente que eu saiba já não é mais SAAB, é Sagem, isso foi nos primeiros, vê como a informação é distorcida, um "simples" laser já era o sistema todo. Mas fique descansado que todos têm componentes de todos os envolvidos, agora quais os sistemas importantes para a FAB?
Para nós, a FAP, foi importante o motor e o radar, para a FAB pode ser outra coisa qualquer, mas de certeza que não é fabricar asas.
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Soultrain,
Vou responder a esses seus posts, com sua permissão, remetendo à questão das banderinhas nas figuras que você colocou em outro post.
Lá, na figura do Gripen NG, várias das bandeirinhas que, no desenho do Gripen C, aparece como de outra origem, são trocadas por bandeirinhas nacionais (Caso do trem de pouso e outros componentes) ou então do Brasil+Suécia (caso do software embarcado - system computers).
Vamos fazer uma análise isenta de paixões da imagem e das bandeirinhas apresentadas.
Em primeiro lugar, temos o motor. Todos sabemos que ele é americano. Isso é ponto pacífico. Representa algum problema para o Brasil? Em minha opinião, não. A menos que queiramos vender o caça para a a Venezuela, o Irã ou o raio que os parta e os EUA estejam "de mal" com esse país... O que me interessa é o motor poder ser mantido no Brasil. Não sei se vc tem conhecimento, mas a FAB não conseguia fazer a manutenção das avançadíssimas turbinas SNECMA ATAR 9C no Brasil, com sua tecnologia dos anos 50/60, pois os franceses não permitiam. Mas isso talvez não seja nem mesmo culpa dos franceses e sim da FAB que, na época, talvez não tenha conseguido fechar um contrato prevendo e exigindo isso. No caso dos F-5E, os motores eram/são mantidos no Brasil.
Depois, temos logo abaixo, o item Weapons and Mission Equipment. Temos bandeiras da União Européia (Meteor e outras armas), Israel (Derby? Lizzard, Litening, Reccelite, Opher e outras, sendo alguns desses sistemas/armas já de uso atual na FAB), África do Sul (A-Darter e outras armas e sistemas, como o de áudio dinâmico) e a do Brasil (MAA-1, MAA-2, o futuro BVR nacional, bombas diversas, MAR-1 e outras coisas). Então, neste ponto, temos um amplo leque de armas/equipamentos, sendo que a maioria já está integrada ou em fase de integração no Gripen, e esses custos já estão cobertos, não saindo, portanto, do orçamento da FAB. Os armamentos nacionais, claro, terão que ser integrados no Brasil, com os custos sendo cobertos por nós. Mas isso aconteceria em qualquer dos três concorrentes. A questão aqui é saber quem vai realmente nos ajudar a integrar essas armas ou, pelo menos, não atrapalhar. Acho que concordamos que, neste caso, a maior parte da não-colaboração ou má-vontade tem mais probabilidade de vir dos EUA.
Depois temos rodas e sistema de frenagem. Pelo o que lembro, os pneus são Dunlop e o sistema de frenagem também é inglês. Não creio que esses itens representem qualquer problema para o Brasil, como riscos de embargo ou de não-tranferência de tecnologia. Claro que isso vale para todos os concorrentes.
Temos depois o canhão alemão Mauser BK27, de 27mm e com 120 projetéis. Uma arma excelente, que também equipa aeronaves como o Tornado. Não vejo qualquer problema na escolha dessa arma, a não ser o fato de o Brasil ainda não usa o calibre. Usamos o 20mm (F-5E) e o 30mm (Mirage e A-1). Mas, tudo bem, nada que a Companhia Brasileira de cartuchos não possa resolver, se o caça for o escolhido.
Depois, temos a fuselagem. Neste item, os trabalhos se dividem entre Suécia, Brasil e África do Sul que, como disse, desde o contrato dos Gripen C/D, fabrica partes da fuselagem para todos os Gripen produzidos. Aqui, embora muitos considerem que não há nada a aprender, acredito que sempre há. Mas, para ter certeza disso, precisaríamos perguntar a um dos cerca de 20 engenheiros da Akaer que encontram-se na Saab. Eles têm experiência em construção de partes da fuselagem de várias aeronaves da Embraer em material composto. E eles já estão lá, trabalhando, independente do resultado da competição. Nenhum outro concorrente fez isso, apesar de eu concordar que todos os concorrentes têm partes em material composto cujas técnicas de produção poderiam repassar a empresas brasileiras. Mas, até onde sei, os únicos que fizeram isso antes mesmo de ganharem a competição foram os suecos.
O PROBE para REVO também é de fabricação européia e não representa nenhum entrave sua venda para o Brasil.
Sistema de navegação é o próximo item com bandeirinha brasileira. Aqui, realmente não sei o representaria essa bandeira. Será que a FAB tem em mente algum sistema de navegação nacional, como alguma plataforma de navegação Laser-Gyro? O CTA estava trabalhando em projetos assim, mas não posso afirmar com certeza.
System Computers é um item com bandeiras da Suécia e do Brasil, juntas. Pode representar a transferência de códigos-fonte da aeronave, da integração dos vários sistemas com armas e outros equipamentos de interesse da FAB, não sei.
Flight Control System aparece como sendo de domínio sueco. E é. O computador em si (hardware) é americano, mas o software dele é sueco e já foi modificado várias vezes. Não é um item que, a meu ver seja problemático. Sistema de reconhecimento aparece bandeira brasileira. Bem, sei que tem empresa no Brasil que desenvolveu um sistema de reconhecimento para o AMX (Gespi, pelo o que lembro). Talvez essa ou outra empresa nacional seja o receptáculo de algum sistema de reconhecimento que viria a ser construído sob licená ou em cooperação com o Brasil. O mesmo se aplica, creio, aos Displays (AEL). O radar, sabemos, é sueco com componentes da Selenia. Essa empresa já colabora com o Brasil, no caso do Radar do A-1M (AMX). Seria até o caso de estender a cooperação, quem sabe? Datalink é um item que aparece com as bandeiras do Brasil e da Suécia. Aqui, qualquer que seja o caça escolhido, terá que usar o LinkBR como datalink. Mais uma vez, a experiência sueca nessa área é inconteste e positiva sua colaboração nessa área.
Outra bandeira brasileira representa o sistema elétrico. Não vejo problema nessa área. A própria Embraer pode fazer isso.
Depois, temos Comunicação. O equipamento de escolha da FAB, em todas as suas aeronaves de emprego tático, é a linha de software radios da Rohde & Schwarz, alemã. Então, mais uma vez, qualquer que seja o escolhido, terá que usar esse sistema. O sistema de escape é da Martin Baker, como de todos os caças e treinadores da FAB. E os demais concorrentes também usam equipamentos similares em origem. O sistema de combustível era de origem francesa nas versões anteriores do Gripen. Não lembro se trocaram de fornecedor, no caso do NG. Acho que não. Sistema hidráulico e de ar-condicionado são casos em que também não vejo qualquer problema em usar sistemas europeus, nem em manter os mesmos atualmente em produção para o Gripen C/D.
Importante destacar que um dos itens criticos de qualquer caça é o sistema de guerra eletrônica. No caso do Gripen e do NG, ele é totalmente sueco.
Então, não ha impedimento em que sejam repassadas informações para adaptá-lo a qualquer ameaça específica que a FAB queira contrapor.
Deixei por último dois itens que ainda não decifrei o motivo das bandeiras brasileiras: o IFF e o IRST. Sei que, no Brasil, existem empresas capazes de desenvolver ou participar do desenvolvimento de tais sistemas. Mas acho que seria o caso de adotar um sistema pronto. Principalmente no caso do IRST. No IFF, a bandeira brasileira pode representar o fato de que o software seria desenvolvido/adaptado no Brasil. Realmente não sei.
Fiz essa ligeira análise para constatar que não vejo nenhum problema nessa questão de fornecedores de equipamentos para o Gripen NG. Todo os softwares envolvidos são de domínio e propriedade suecos. Incluindo o radar e o sistema de EW.
Por último, a proposta sueca prevê sim, que todos os Gripen encomendados sejam montados no Brasil, com partes fabricadas na Suécia, no Brasil e na África do Sul, no que se refere à célula, e com a integração dos diversos componentes no Brasil. A integração de armas e sistemas, bem como os testes de vôo, etc, seriam todos feitos no Brasil.
A questão toda, Soultrain, é que, independente de qual o modelo escolhido, todos podem cumprir os itens que a FAB pede, no que se refere à transferência de tecnologia. Pode até ser que a diferença em termos de volume de trabalho seja apenas um pouco maior no Gripen NG em relação aos demais concorrentes. Mas é fato que isso, por si só, nas palavras do vice-presidente da Embraer para o mercado de Defesa, é o suficiente para tornar a proposta sueca a mais atraente para a empresa para a qual trabalha. A Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) já declarou algo semelhante. Se for verdade que boa parte da FAB prefere o Gripen NG e que isso estava explícito no relatório, o governo brasileiro terá mesmo que rebolar para justificar a escolha do Rafale.
E não estou dizendo que isso não vá acontecer e nem que a FAB não irá acatar. Aliás, até acho que a FAB tem que acatar. Afinal, o de se esperar é que, se colocaram os três caças na short list, deram o recado para o governo de que qualquer um deles atende às suas necessidades. Se acham que não terão como manter o Rafale em vôo, caso seja o escolhido, deveriam tê-lo alijado da short-list, como fizeram com Su35 e Typhoon, por exemplo.
O que eu quero, na verdade, é que, daqui há alguns dias, saibamos qual é o desgraçado do caça que irá equipar a FAB e, talvez, a MB, nos próximos 30 ou 40 anos. Aí, a gente passaria a discutir o impacto e as repercussões da escolha no sistema de defesa brasileiro, qual a doutrina operacional que será a adotada, etc...