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Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 10:48 am
por eligioep
Bacchi,
já vi fotos e ouvi algo sobre o URUVEL ou Urutu com torre do Cascavel.
Afinal, o que deu errado? Era uma encomenda para um usuário específico ou apenas um projeto que não deu certo?

Abraços!

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 10:53 am
por Túlio
Se não me engano o Exército do Gabão tem...

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 11:31 am
por Paulo Bastos
O chamado URUVEL, ou HYDRA-COBRA, possui a denominação correta de URUTU VREC.

Existiram dois modelos, ambas equipadas com a torre ET-90 do Cascavel:

1º. A versão "normal", a EE-11 M5 S1 VREC DDA 6V53, cujo exército da Tunísia adquiriu 9 exemplares, junto com 9 EE-11 M5 S2 VTTR DDA 6V53, sendo alguns equipados com lâmina tipo bulldozzer;

2º. A versão mais moderna, era baseada na versão jordaniana, equipada com o motor Detroit Diesel Automático 6V53 e com os redutores planetários na roda.

Segue algumas fotos recentes (março de 2011) desses bixões na Tunisia:
http://milinme.files.wordpress.com/2011/04/tuaur-214.jpg
http://milinme.files.wordpress.com/2011/04/tuaur-2151.jpg
http://milinme.files.wordpress.com/2011/04/tuaur-211.jpg

Photo Credits: L. Chemla



Abraços,
Paulo Bastos

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 12:50 pm
por Reginaldo Bacchi
Túlio escreveu:E o tale de SHRAPNELL, afinal, o que era?
Vamos começar por definir o que era o shrapnel: consta que foi inventado (o mais certo seria dizer: aperfeiçoado)pelo tenente ingles Shrapnel no começo do século XIX.

Tratava-se de um “cacho” de esferas metálicas, com uma carga de detonação ativada por uma mecha que se acendia no disparo do canhão.

O comprimento da mecha era função da distancia da tropa inimiga. Dando tudo certo (acredito que à vezes dava) a carga iria explodir em frente ou em cima do alvo.

Isto se sofisticou até a 1ª Guerra Mundial em que era a principal munição da artilharia contra pessoal, e já se usava espoleta mecanica.

Todavia a munição HE (AE=Alto Explosivo), pela sua maior flexibilidade de uso (anti pessoal, anti edifício e anti veículos não blindados) acabou suplantando a shrapnel .

Eu encontrei menção de munição shrapnel para os canhões britânicos na 2ª GM, mas não encontrei nenhuma referencia para os canhões estadunidenses e alemães.

Muito bem, um dos nossos diretores em conversa com oficiais iraquianos durante a guerra com o Iran reinventou a shrapnel!!!

Os iraquianos diziam que os iranianos impulsionados pelo fervor religioso inculcado pelos religiosos que dominavam o país faziam ataques em hordas compactas, que eram difíceis de conter!

Levado por este clima de pavor um dos nossos diretores bolou a shrapnel anti horda!!!

Seria uma shrapnel com uma espoleta radar na sua ponta.

Sendo detectada uma horda que avançava contra as posições iraquianas os canhões disparariam contra elas.

A espoleta ao chegar perto, detetaria os soldados e detonaria dizimando a tropa.

Os coitados dos engenheiros trabalharam no assunto, projetaram a granada e chegaram ao ponto de introduzir a espoleta radar.

Ficaram discutindo este assunto durante muito tempo, até que eu com o saco cheio de toda esta besteira, entrei em contato com a Phillips que era uma das fabricantes de espoleta radar e perguntei qual era o ângulo de discriminação da espoleta.

Me foi respondido que era de 17 graus para todos os lados.

Isto matou o programa, pois tinha se chegado a conclusão que seria preciso algo em torno de ½ grau para não haver influencia do soloe fazer a detonação prematura!!!

É bom lembrar que a espoleta radar foi inventada para uso anti aéreo, ou seja seria disparado quase verticalmente - a única coisa que poderia influenciar seria o avião.

Uma piada: quando contei aos projetistas a história do tenente Shrapnel um dos engenheiros que era descendente de alemães começou a dizer que isto era uma propaganda anglo saxônica e que quem tinha inventado o shrapnel tinha sido um técnico alemão.

Ele insistiu tanto nisso que acabou ficando com o apelido de: Von Shrapnel!!!

Bacchi

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 1:05 pm
por Reginaldo Bacchi
eligioep escreveu: Bacchi, já vi fotos e ouvi algo sobre o URUVEL ou Urutu com torre do Cascavel.
Afinal, o que deu errado? Era uma encomenda para um usuário específico ou apenas um projeto que não deu certo?
Abraços!
Como o Paulo escreveu, alguns foram vendidos.

Todavia vamos contar a história deste produto.

Já existia na cabeça do José Luiz Whitaker Ribeiro, o dono da ENGESA. Ele era contra a idéia do Cascavel (por mais incrivel que pareça), pois achava que o veiculo de reconhecimento deveria ser anfíbio, e mais, dizia que deveria ser derivado do Urutu.

O EB não aceitou esta ideia, e o assunto morreu.

Ele foi ressuscitado no fim dos anos 80, quando o corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos lançou o programa do LAV.

O programa pedia uma família de veículos centrados em um VBTP, do qual deveriam sair as outras versões com o mínimo de modificações.

A ENGESA foi contatada pela firma estadunidense Bell (sim – a fabricante dos helicópteros) para oferecer o Urutu num programa de parceria.

Foi então que foi criado o Uruvel, que recebeu da Bell a designação de : Hydracobra.

A ENGESA/Bell entraram na concorrência que acabou sendo ganha pela MOWAG.

O Interessante é que nunca foi adotado LAV com canhão de 90 ou 105 mm.

Bacchi

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 1:12 pm
por joao fernando
Agora...o Urutu com a torre do cascavel, prestava? No mano a mano, era melhor que o Cascavel, ou era uma bela bosta???

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 1:15 pm
por JL
Bacchi, por favor escreva um livro contando todas estas histórias. Um livro de memórias e "causos", vai ter vários leitores eu serei um deles.

Re: tanques e blindados

Enviado: Qua Ago 03, 2011 1:41 pm
por Paulo Bastos
JL escreveu:Bacchi, por favor escreva um livro contando todas estas histórias. Um livro de memórias e "causos", vai ter vários leitores eu serei um deles.
Incondicionalmente apoiado!!!! [009]

Re: tanques e blindados

Enviado: Sáb Ago 06, 2011 9:50 pm
por gogogas
Familia TAM >>>>
Imagem
http://4.bp.blogspot.com/-8aHG5ki5Nfc/TXj17HbNr0I/AAAAAAAAEX0/yV5MWWSwCN4/s1600/TAM%2BVCTP.jpg
Imagem
O meu preferido :
Imagem
Sem dúvida nenhuma os argentinos estão de parabéns ,apesar da idade do TAM ,eles continuaram com seus projetos ,além disso criaram varios modelos no mesmo chassis ,principalmente o TAM VCTP, que da um pal em nossos M-113 !
Além do orgulhos deles ,mostram que são capazes de continuar com seus projetos ,lembram do Osório !!!Um verdadeiro fracasso que não continuou graças aos nossos politicos !

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 2:19 am
por Túlio
Paulo Bastos escreveu:
JL escreveu:Bacchi, por favor escreva um livro contando todas estas histórias. Um livro de memórias e "causos", vai ter vários leitores eu serei um deles.
Incondicionalmente apoiado!!!! [009]
No grupo. Só falar onde comprar. :wink: 8-]

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 3:16 am
por Carlos Lima
Túlio escreveu:
Paulo Bastos escreveu: Incondicionalmente apoiado!!!! [009]
No grupo. Só falar onde comprar. :wink: 8-]
x10000000000000000! :)

[]s
CB_Lima

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 12:10 pm
por coringa1
Reginaldo Bacchi escreveu:
Túlio escreveu:E o tale de SHRAPNELL, afinal, o que era?
Vamos começar por definir o que era o shrapnel: consta que foi inventado (o mais certo seria dizer: aperfeiçoado)pelo tenente ingles Shrapnel no começo do século XIX.

Tratava-se de um “cacho” de esferas metálicas, com uma carga de detonação ativada por uma mecha que se acendia no disparo do canhão.

O comprimento da mecha era função da distancia da tropa inimiga. Dando tudo certo (acredito que à vezes dava) a carga iria explodir em frente ou em cima do alvo.

Isto se sofisticou até a 1ª Guerra Mundial em que era a principal munição da artilharia contra pessoal, e já se usava espoleta mecanica.

Todavia a munição HE (AE=Alto Explosivo), pela sua maior flexibilidade de uso (anti pessoal, anti edifício e anti veículos não blindados) acabou suplantando a shrapnel .

Eu encontrei menção de munição shrapnel para os canhões britânicos na 2ª GM, mas não encontrei nenhuma referencia para os canhões estadunidenses e alemães.

Muito bem, um dos nossos diretores em conversa com oficiais iraquianos durante a guerra com o Iran reinventou a shrapnel!!!

Os iraquianos diziam que os iranianos impulsionados pelo fervor religioso inculcado pelos religiosos que dominavam o país faziam ataques em hordas compactas, que eram difíceis de conter!

Levado por este clima de pavor um dos nossos diretores bolou a shrapnel anti horda!!!

Seria uma shrapnel com uma espoleta radar na sua ponta.

Sendo detectada uma horda que avançava contra as posições iraquianas os canhões disparariam contra elas.

A espoleta ao chegar perto, detetaria os soldados e detonaria dizimando a tropa.

Os coitados dos engenheiros trabalharam no assunto, projetaram a granada e chegaram ao ponto de introduzir a espoleta radar.

Ficaram discutindo este assunto durante muito tempo, até que eu com o saco cheio de toda esta besteira, entrei em contato com a Phillips que era uma das fabricantes de espoleta radar e perguntei qual era o ângulo de discriminação da espoleta.

Me foi respondido que era de 17 graus para todos os lados.

Isto matou o programa, pois tinha se chegado a conclusão que seria preciso algo em torno de ½ grau para não haver influencia do soloe fazer a detonação prematura!!!

É bom lembrar que a espoleta radar foi inventada para uso anti aéreo, ou seja seria disparado quase verticalmente - a única coisa que poderia influenciar seria o avião.

Uma piada: quando contei aos projetistas a história do tenente Shrapnel um dos engenheiros que era descendente de alemães começou a dizer que isto era uma propaganda anglo saxônica e que quem tinha inventado o shrapnel tinha sido um técnico alemão.

Ele insistiu tanto nisso que acabou ficando com o apelido de: Von Shrapnel!!!

Bacchi
Senhores, seria o SHRAPNELL algo parecido com isso?

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 12:40 pm
por Reginaldo Bacchi
coringa1 escreveu:
Senhores, seria o SHRAPNELL algo parecido com isso?
Coringa, a munição 3P da Bofors é tremendamente sofisticada, e eu não consegui descobrir exatamente como ela funciona.

Parece que é uma mistura de laser com espoleta de radar, e que é programavel conforme o caso.

A granada em si, na minha opinião, é shrapnel.

Bacchi

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 1:26 pm
por MILEO
Túlio escreveu:
Paulo Bastos escreveu: Incondicionalmente apoiado!!!! [009]
No grupo. Só falar onde comprar. :wink: 8-]

Em qual livraria vai ser o lançamento? Hein?
Ja to na fila.

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Ago 07, 2011 4:02 pm
por Túlio
Reginaldo Bacchi escreveu:
eligioep escreveu: Bacchi, já vi fotos e ouvi algo sobre o URUVEL ou Urutu com torre do Cascavel.
Afinal, o que deu errado? Era uma encomenda para um usuário específico ou apenas um projeto que não deu certo?
Abraços!
Como o Paulo escreveu, alguns foram vendidos.

Todavia vamos contar a história deste produto.

Já existia na cabeça do José Luiz Whitaker Ribeiro, o dono da ENGESA. Ele era contra a idéia do Cascavel (por mais incrivel que pareça), pois achava que o veiculo de reconhecimento deveria ser anfíbio, e mais, dizia que deveria ser derivado do Urutu.

O EB não aceitou esta ideia, e o assunto morreu.

Ele foi ressuscitado no fim dos anos 80, quando o corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos lançou o programa do LAV.

O programa pedia uma família de veículos centrados em um VBTP, do qual deveriam sair as outras versões com o mínimo de modificações.

A ENGESA foi contatada pela firma estadunidense Bell (sim – a fabricante dos helicópteros) para oferecer o Urutu num programa de parceria.

Foi então que foi criado o Uruvel, que recebeu da Bell a designação de : Hydracobra.

A ENGESA/Bell entraram na concorrência que acabou sendo ganha pela MOWAG.

O Interessante é que nunca foi adotado LAV com canhão de 90 ou 105 mm.

Bacchi

Um complemento interessante é que foi o Mowag PIRANHA! Esse mesmo, cuja evolução resultou no moderno veículo recentemente adquirido pelo CFN para uso no Haiti. É por detalhes assim que se avalia a perda que foi para o Brasil o fim da Engesa: hoje Urutu e Cascavel poderiam estar em sua III geração mas ao invés disso tivemos de contratar uma empresa Italiana para começar tudo de novo. Eu até ia falar nas fragatas e SSKs mas vou deixar quieto...