Santiago escreveu:
Algumas observações:
- Os valores dos SH da RAAF incluem armamentos, CLS por 10 anos e outras coisas que não são publicadas no DSCA.
- TdT e off sets não são publicadas no DSCA.
- Nos somos aliados da França? Aqui está a raiz da discórdia em torno do F-X2. Alguns crêem que existe uma aliança estratégica real, profunda e que isso justifica favorecer a aquisição de equipamentos na França. Outros (incluindo yo) não pensam exatamente assim. Acho que já estamos pagando muito bem pelos Subs. Acho que temos uma ótima relação com a França. Assim como temos com a Espanha, com Portugal, com a Alemanha, com a Suécia, com a UE com a Índia, com os EUA, com a Rússia, com a China, com a Ucrania, etc.
[]s
Me apoiei nos próprios comunicados, quais sejam:
http://www.dsca.mil/PressReleases/36-b/ ... _07-13.pdf
US$ 3.1 bi (aeronaves e suporte)
http://www.dsca.mil/PressReleases/36-b/ ... _08-24.pdf
US$ 617 mi (pacote incompleto de armamentos e alguns equipamentos adicionais)
http://www.dsca.mil/PressReleases/36-b/ ... _08-80.pdf
US$ 1.5 bi (spares e suporte adicional)
TdT é um tipo de offset (de muito melhor qualidade e com muito mais benefícios do que compra de carne de frango, por exemplo, mas precificada como parte dos offsets, aliás é disso que surge o offset prometido de 175% da Saab, TdT). Faz parte da "liturgia" dos comunicados da DSCA informar sobre a existência de acordos de offsets associados aos possíveis contratos, embora não haja nenhum detalhamento. Note que nas notificações dos SH australianos está escrito: "There are no known offset agreements proposed in connection with this potential sale."
Só para comparação:
http://www.dsca.mil/PressReleases/36-b/ ... _09-35.pdf
Notificação de proposta ao Brasil: "Offsets agreements associated with this proposed sale are expected; however, specific agreements are undetermined and will be defined during negotiations between the purchaser and contractor."
No caso australiano (compra direta) o valor total foi de US$ 4.6 bi, sem armas e sem contar a parte que não são armas da segunda notificação. O que dá US$ 192 mi por cada. Certamente, pelo menos 200 mi da segunda notificação não se refere aos armamentos. Assim chegamos nos US$ 200 mi ou um pouco mais.
Compras de armas controladas (inclui todos mísseis e armas inteligentes) são notificadas pela DSCA quando a compra é via FMS. As compras diretas dos fabricantes são notificadas pelo Departamento de Estado, nesse site:
http://pmddtc.state.gov/reports/intro_congnotify.html
Nesse site foram notificados, por exemplo, a compra de PODs Litening e o contrato da MLU dos F/A-18 Hornets da Austrália.
Acredito que o pacote de armas para os SH tenha sido restrito devido ao fato da Austrália já possuir estoque considerável de armamentos para seus legacy Hornets modernizados, incluindo AMRAAM, JDAM.Comprou apenas o que não possuia ainda, AIM-9X e JSOW. É importante ressaltar que eles contrataram um abrangente pacote de suporte e sobressalentes, como fazem as forças mais avançadas e organizadas.
Quanto a aliança com a França, apesar de oportuna aos dois lados, é certamente passível de desconfianças e não necessariamente se concretizará integralmente da forma como deseja qualquer uma das duas partes. Mas importante lembrar que, quando da elaboração da END, o Jobim e o Mangabeira fizeram um verdadeiro world tour. Foram mais vezes aos EUA do que à Rússia, por exemplo. Não fecharam, a priori, as portas para ninguém. Inicialmente se esperava uma maior receptividade por parte dos Russos. Aquela hist´ria de BRICs, não alinhados e tal. Mas, para surpresa dos mesmos, houve resistência dos russos e forte eco de suas idéias na França. Os EUA aparentemente supuseram que se tratava de chilique de quintal revoltado, que não daria em nada, e não deram inicialmente "muita moral" para os dois mochileiros. O que houve foi uma tentativa de diversificação de fornecedores, pois havia fortíssima concentração nas mãos dos EUA. As FA finalmente tomaram coragem e "perderam o cabaço" na compra dos Iglas dos parafusos que giram ao contrário e não são medidos em polegadas (sacanagem!
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). Mais recentemente comprou-se os Hind e vislumbra-se a compra de sistemas anti-aéreos para o EB. Nos últimos anos firmamos parceirias de desenvolvimento e modernização com Suécos (R-99), Israelenses (F-5M, A-1M, Bandeirante M) e sulafricanos (mísseis), compramos mísseis israelenses, compramos meios navais do Reino Unido, compramos equipamentos italianos (Grifo e SCP01) incluido TdT, compramos transportes médios e sistema se patrulha e combate ASW e ASuW dos espanhóis, desenvolvimento do ST com equipamentos americanos e israelenses, incluindo TdT para a AEL, compramos MBTs e as Grajaú da Alemanha (não é uma grande compra, eles não ficaram nada satisfeitos de perder o cliente de subs...), nos aproximamos de Índia e China, compramos helicópteros, subs e estamos em via de comprar caças dos franceses e claro, como não poderia ser diferente, ainda compramos muito dos americanos, Black Hawks, Sea Hawks, SIVAM (compra de peso e extremamente estratégica), torpedos pesados, sistema de combate dos IKL 209 e meios navais (navios, sonares, etc). Enfim, ao meu ver, o que está acontecendo é uma diversificação, uma quebra da quase esclusividade americana (e do 52º estado!
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) de anos atrás, desde o pós-guerra. É claro que os franceses foram escolhidos como parceiros preferenciais nessa nova etapa, estão levando as jóias da coroa (subs e caças), que "brilham" mais, mas de maneira alguma está se estabelescendo um monopólio francês em substituição ao monopólio americano. Pelo contrário, nunca o Brasil diversificou tanto suas compras militares. Acredito que, apesar de erros puntuais, estamos no caminho certo nesse aspecto.