sobre falas verdadeira que tal o depimento de vassili zaitseve sobre o duelo com o sniper aleao!!! omaior duelo de atiradores de elite pra alguns...
vale apena ver e ver com a historia contada por ele e diferente do filme circulo de fogo.....

O próprio Vasily Zaitsev fala a respeito do duelo:
"A chegada do atirador nazista trouxe-nos uma nova tarefa: tínhamos de encontrá-lo, estudar os seus hábitos e métodos e esperar pacientemente o momento justo para um, somente um, tiro certeiro. Nos nossos abrigos, à noite, tínhamos discussões furiosas sobre o próximo duelo. Todo atirador apresentava as suas especulações e conjecturas extraídas da observação de cada dia das posições de vanguarda do inimigo. Discutíamos toda espécie de propostas e de apostas. Mas a arte do franco-atirador se distingue pelo fato de que, seja qual for a experiência que muita gente tenha, o resultado da luta é decidido por um dos atiradores. Ele enfrenta o inimigo face a face e de cada vez tem de criar, de inventar, de operar diferente. Não pode haver esquema para o atirador; um esquema seria suicídio.
Ainda assim, onde estava o atirador de Berlim - perguntávamos uns aos outros. Eu conhecia o estilo dos atiradores nazistas pelo seu fogo e pela sua camuflagem e podia, sem dificuldade, distinguir os experimentados dos novatos, os covardes dos tenazes e resolutos. Mas o caráter do chefe da escola era ainda um mistério para mim. As nossas observações cotidianas nada nos diziam de definitivo. Era difícil decidir em que setor operava. Presumivelmente alterava a sua posição com freqüência e me procurava tão cuidadosamente quanto eu a ele. Então alguma coisa aconteceu. O meu amigo Morozov foi morto e Sheykin ferido por um fuzil com mira telescópica. Morozov e Sheikin eram atiradores experientes; muitas vezes saíram vitoriosos das mais difíceis escaramuças com o inimigo. Agora não havia mais dúvida. Tinham dado com o super-atirador nazista que que procurava. Pela madrugada saí com *Kulikov para as mesmas posições que os nossos camaradas haviam ocupado na véspera.
(*Segundo informações Nikolay Kulikov, conheceu o major König na Alemanha durante a época do tratado de não-agressão. Acompanhando Vassili, Kulikov usou-se de binóculos para scannear as linhas inimigas quando estas travavam nas ruas batalhas e desferiam ataques contra as tropas soviéticas, sempre escondendo-se em prédios ou outras edificações.)
Inspecionando as posições de vanguarda do inimigo, que havíamos passado muitos dias estudando e conhecíamos bem, nada encontrei de novo. O dia estava chegando ao seu termo. Então, acima de uma trincheira alemã surgiu inesperadamente um capacete, movimentando-se vagarosamente ao longo dela. Deveria eu atirar ? Não! Era um ardil; o capacete movimentava-se de modo irregular e presumivelmente estava sendo levado por alguém que ajudava o atirador, enquanto ele esperava que eu atirasse. - Onde estará escondido ? Perguntou Kulikov, quando deixamos a emboscada sob a proteção da escuridão. Pela paciência que o inimigo demonstrava durante o dia conjecturei que o atirador de Berlim estava aqui. Era necessário vigilância especial...
Passou-se um segundo dia. De quem seriam os nervos mais resistentes ? Quem venceria ? Nikolay Kulikov, um verdadeiro camarada, também estava fascinado pelo duelo. Não tinha dúvida de que o inimigo ali estava diante de nós e eu estava ansioso pra que vencêssemos. No terceiro dia, o comissário político Danilov, também foi conosco para a emboscada. O dia rompeu como sempre: a luz ia aumentando de minuto a minuto e as posições inimigas iam sendo distinguidas com cada vez mais clareza. Travou-se batalha perto de nós, obuses silvavam acima de nós, mas, colados às miras telescópicas, mantivemos o olhar dirigido para o que acontecia à nossa frente. Lá está ele! Eu o indicarei para vocês! - disse, de repente, o comissário Danilov ficou excitado.
Ele mal se elevou, literalmente por um segundo, mas sem cuidado, acima do parapeito, e isso bastou para que o alemão o atingisse e o ferisse. Esta espécie de disparo, naturalmente, só podia provir de um sniper experiente. Durante muito tempo examinei as posições inimigas, mas não pude descobrir o seu esconderijo. Pela velocidade com que disparara cheguei à conclusão de que o atirador estava em algum ponto diretamente à nossa frente. Continuei a observar. À esquerda havia um carro fora de ação e à direita uma fortificação solitária. Onde estava ele ? No carro ? Não, um sniper veterano não tomaria posição ali. Na fortificação, talvez ? Também não - a portinhola estava fechada. Entre o carro e a fortificação, numa faixa de terreno plano, havia uma chapa de ferro e uma pilha de tijolos quebrados. Estavam ali havia muito tempo e já nos acostumáramos a vê-las. Coloquei-me na posição do inimigo e pensei - que lugar melhor para um atirador ? Bastava apenas fazer um cavalete sob a chapa de ferro e chegar a ela durante a noite. Sim, ele estava certamente ali, sob a chapa de ferro, na terra-de-ninguém. Resolvi certificar-me. Pus uma luva na ponta de um pedaço de pau e a elevei. O nazista caiu nessa. Abaixei cuidadosamente o pedaço de
pau na mesma posição e examinei o orifício aberto pela bala. Ela atingira diretamente pela frente; isto significava que o nazista estava debaixo da chapa de ferro.
- Lá está o nosso atirador! - disse Kulikov, com a sua voz calma, do seu esconderijo perto do meu. Veio então o problema de atrair, ainda que fosse pelo menos parte da sua cabeça, para a minha mira. Era inútil tentar fazê-lo logo. Precisávamos de mais tempo. Mas eu pudera estudar o temperamento do alemão. Ele não abandonaria a boa posição que havia encontrado. Devíamos, portanto, mudar de posição.
Trabalhamos durante a noite. Ficamos em posição pela madrugada. Os alemães atiravam contra os ancoradouros do Volga. A luz chegou com rapidez e ao raiar o dia a batalha cresceu de intensidade. Mas nem o troar dos canhões nem a explosão de bombas e obuses, nada nos poderia distrair do trabalho que tínhamos à mão. O sol se elevou no céu. Kulikov deu um tiro às cegas: tínhamos de despertar a curiosidade do atirador. Havíamos decidido passar a manhã à espera, pois poderíamos ser localizados pelo reflexo do sol nas nossas miras telescópicas. Após o almoço os nossos fuzis estavam na sombra e o sol brilhava diretamente sobre a posição do alemão. Na ponta da chapa de ferro alguma coisa brilhava: um pedaço qualquer de vidro ou uma mira telescópica ? Cuidadosamente, Kulikov começou, como somente podem fazê-lo os mais experimentados, a levantar o seu capacete. O alemão disparou. Por uma fração de segundo Kulikov se levantou e gritou. O alemão acreditou que finalmente apanhara o atirador soviético que vinha caçando havia quatro dias e levantou a cabeça de debaixo da chapa de ferro. Era com isso que eu contava. Fiz uma pontaria cuidadosa. A cabeça do alemão caiu para trás e a mira telescópica do seu fuzil K-98 ficou sem movimento, brilhando ao sol, até que a noite caiu..."

