Leandro, até concordo com os seus argumentos, que do ponto de vista prático, deduzem a nossa realidade passada e atual. Infelizmente, o problema que vejo, e como tu bem comentastes, não é a MB em si, e a sua falta de expertise em termos de aviação naval de asas fixa, por desconhecimento do exercício prático de dois aspectos do poder naval, quer sejam, o controle de área marítima e a projeção de poder naval, trabalho primário e específico das FT nucleadas em Nae's. Mas a própria falta de noção do país em ter ffaa's e saber o que quer e para que quer suas ffaa's. Nunca tivemos isso no Brasil, e ainda não teremos por longo tempo. Quanto a isso, são lições da história que teremos de aprender a duras penas, visto o que se passa com o Nae SP e sua vestuta aviação embarcada.
Entretanto, tal realidade, penso assim, não deve nos impedir de tentar modificar esta condição, imposta pela ignorância da sociedade/governo, por via de tentativa e erro, que é como se consegue as coisas em qualquer lugar do mundo, mesmo no endinheirado USA e suas portentosas ffaa's.
Se ficarmos parados, ou pior, aceitarmos como fato inconteste que nunca chegaremos a ter ffaa's do tamanho da importância do Brasil, então meu amigo, acho melhor fechar as portas e como diria o poeta "vamos alugar o Brasil". Parece meio que cômico e caricato minha posição, por tudo que já vimos e conversamos aqui estes anos todos de DB, mas se resolvermos parar e "deixar a vida nos levar" o que será então do futuro não das ffaa's, mas do próprio país, largado ao desleixo de nossa classe política e ao azedume popular alienado?
Aí fica a pergunta de sempre: que país queremos deixar para as próximas gerações? A resposta vale para todos os campos de vida nacional. Eu fosse pensar que as coisas, por serem como são no Brasil, seriam sempre para bem mais tarde, em data num futuro tão sempre mais distante do que próximo de nós, já tinha largado mão de vir aqui há muito tempo, e pior, tinha largado o magistério há mais tempo ainda.
Então o que fica, na verdade, é que precisamos acreditar que algo de bom pode não só acontecer, mas antes, ser feito, e a partir de nós mesmos, já que sabemos que quem por direito não tem a mínima intenção de modificar o status quo.
Penso que a MB está fazendo o seu papel, como sempre. E tanto que o PRONAE está aí sendo tocado a miúde, quase na surdina, mas está. Não está(condição) como gostaríamos? Com certeza. Mas está(ação), e isso é o que vejo como sendo o mais importante. Ele está(ação), e não apenas é(vir a ser) mais um programa. E se a MB não acreditasse nisso, por maiores que sejam os nossos problemas, e eles são muitos, sabes disso, ficaríamos a ver navios antes mesmo do final desta década, por pura e simples insolvência da esquadra, via a natural e histórica, e porque não dizer, cultural negligência e leniência do poder público e da sociedade brasileira. E também da própria MB, acostuma a soluções de continuidade.
O projeto das CV-3 são a grande prova de que a MB está tentando, como pode, modificar este cenário secular que nos caracteriza no campo militar. Pior seria, se nem isso fizesse, e se acomodasse as soluções de sempre, como bem ao gosto de nossas classes dirigentes.
Mas um dia nós teremos que fazer algo diferente. Se quisermos mesmo um futuro, ainda que muito distante, diferente. E porque não tentar agora, ao invés de deixar para depois?
abs.