Agora tenho um tempinho antes do café da manhã, então vamos lá:
knigh7 escreveu:Leandro,
Na sua opinião, quantas escoltas seriam necessárias para a proteção do nosso comércio marítimo, levando em conta as indisponibilidades por manutenção?
Não gosto muito de ficar elucubrando quantos navios a MB precisaria ou deixaria de precisar, isso é função dos políticos e dos almirantes que em princípio tem muito mais informações do que eu para decidir isso. Na verdade minha opinião é de que o programa de escoltas deveria ser um programa continuado, e o número total de plataformas operacionais a cada momento teria pouca influência na decisão sobre as novas encomendas (os parâmetros para isso seriam a manutenção da capacidade de projeto/construção e o avanço tecnológico). A decisão do momento de baixa dos navios mais antigos é que definiria quantos estariam em operação, se quiséssemos mais navios atrasaríamos as baixas, se quiséssemos menos as adiantaríamos.
Mas, fazendo um exercício sem compromisso eu diria que precisaríamos de escoltas de longo curso para montar pelo menos dois comboios, um de ida e outro de volta. O elemento central destes comboios não seriam as fragatas de 6.000 ton e sim um NMP com uma ala aérea de no mínimo 8 helis de bom tamanho (de preferência mais), equipados para AEW, piquete radar, luta AS e luta ASup. Algo similar à função dos “contratorpedeiros” da classe Hyuga japoneses. A proteção deste NPM estaria a cargo de duas fragatas, que ficariam sempre próximas a ele, e mais duas ficariam no entorno do comboio para proteção principalmente contra ataques de mísseis lançados por submarinos como o sub-Harpoon e o SM-39, usando para isso mísseis de alcance curto/médio como o Crotale e o Barak. Estas fragatas também teriam que possuir uma capacidade razoável (mas apenas razoável) de defesa AAe de área com mísseis de alcance superior a 100km, basicamente para manter afastadas as aeronaves de observação do inimigo.
No caso de operações em áreas susceptíveis a ataques aéreos (seja de aviação naval ou de aviões baseados em terra) seria necessário acrescentar à escolta pelo menos um contratorpedeiro com grande capacidade AAe, algo na classe de um Type-45, uma F-100 ou uma Horizon, além de um PA que menciono com mais detalhes abaixo. E cada eventual PA necessitaria de mais duas fragatas e um contratorpedeiro para sua própria escolta.
Somando tudo (considerando 1 PA e 2 NMP's) isso daria 10 fragatas de emprego geral, e pelo menos três contratorpedeiros AAe. O restante da força de escoltas poderia ser composto pelas 8-12 corvetas que já mencionei antes. Isso seria o mínimo, sem contar com o segundo PA, os navios de transporte/apoio aos FNV's e nem com os navios de reserva.
Acho que nem para isso um porta-aviões seria necessário a nós.
Considerando um adversário da América do Sul (sim, porque senão for, a gente estaria falando de uma superpotência militar-a sejformada por uma coalisão ou 1 país, e aí, toda essa teoria teria de ser revista) o adversário teria de agir nos "gargalos" da Passagem de Drake, caso o conflito fosse com a Argentina ou Chile, ou próximo ao Canal do Panamá caso seja um país no norte da AS.
Certamente eles atacariam apenas navios brasileiros. Seria difícil eles se arriscarem em locais onde passam navios de tantas localidades, se preocupando em observar navios de outras nacionalidades que passaram por aqui.
Não teria problema que os nossos navios passassem a evitar um desses 2 locais nas rotas. Aliás, eu acho meio difícil a gente deslocar toda uma FT para isso. Na prática a gente iria mesmo era evitar uma dessas 2 rotas.
O dia em que a gente tiver umas 15 escoltas sem necessitar de substituição próxima, e mais algumas encomendadas, eu volto a pensar na petinência de um P.A. para nós.
abraços
Eventuais PA’s brasileiros seriam de pouca utilidade para enfrentar nossos vizinhos da AL (com exceção talvez do Chile), e menos ainda os EUA ou a OTAN. Mas não é só isso que existe no mundo. Nossos PA’s teriam como função principal prover proteção às nossas rotas marítimas que passassem por áreas ao alcance de aviação hostil baseada em terra ou em outros PA's. Imagine por exemplo navios nossos sendo hostilizados pela Indonésia ao se dirigirem ao Timor Leste, ou pela África do Sul ao tentarem alcançar Angola ou Moçambique (eu sei que hoje a África do Sul é nossa amiguinha, mas o mundo é redondo e gira e este é só um exemplo).
Outro cenário possível seria a China mandando navios para o Atlântico Sul em uma demonstração de força visando a eventual exploração de campos petrolíferos no que eles considerarem águas internacionais (poderiam para isso usar a Argentina como base de apoio, do jeito que vai a coisa eu não me surpreenderia se em alguns anos a Argentina for um títere de Pequim).
E ainda podemos ter que participar de alguma força internacional de paz em algum lugar, e eu preferia ver nosso PA dando apoio às forças da coalizão do que depender do PA de outros para dar apoio a nós.
Ou seja, uma marinha completa, capaz de cumprir quaisquer missões necessárias para os interesses do país no mundo (e não apenas as regionais, marinhas verdadeiras são forças de alcance global) poderia sim fazer muito bom uso de PA’s. Mas concordo com você que estes PA’s devem ser adquiridos como terceira prioridade (a primeira são os sub’s e a segunda os escoltas e NMP’s).
Um grande abraço,
Leandro G. Card