![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
Revanchismo sem fim
Moderador: Conselho de Moderação
Re: Revanchismo sem fim
Construir presídios não da voto... ![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
Aonde estão as Ogivas Nucleares do Brasil???
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: Revanchismo sem fim
ESP:
O plano para pôr a Ágora no poder
Marco Antonio Rocha
A Constituição brasileira estabelece no seu artigo 2º: "São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário." Isso está escrito também, quase com as mesmas palavras, nas Constituições dos países civilizados. Mas o PT - lembremos - não assinou a Constituição de 1988. Queria uma outra Constituição. Por isso o Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) assinado pelo presidente Lula, sob inspiração do partido, não só reforma a Constituição, como cria um superpoder: o Poder da Ágora, ou seja, das "comissões de representantes da sociedade civil", sobrepostas ao Legislativo, ao Executivo e ao Judiciário, que nada poderão decidir sem a anuência das tais comissões.
A maioria da imprensa errou o foco. Pensou que o problema, no PNDH-3, era o das atribuições da Comissão da Verdade e da eventual mudança na Lei da Anistia. Por isso Lula achou que, mudando palavras, a "trolha passa", como se diz nas redações. Pior, pensou-se que era uma briga de vaidades - Vanucchi x Jobim - ou de interesses - CNA x MST. A oposição, como de hábito, não disse nada.
Mas está claro que a tarefa de "mudar tudo isso que aí está" foi delegada à sucessora de Lula. Este, no início dos seus mandatos, optou por um recuo tático: refugiou-se na política econômica recomendada pelo Consenso de Washington, a conselho do seu ministro Palocci e, depois, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Mas não tem nada não. A diretriz ficou engatilhada para momento mais propício, que aparece à medida que Lula e seu governo ascendem ao ápice da popularidade, da força política e da possibilidade de elegerem Dilma - com a perspectiva, ainda, do retorno de Lula.
Como aconteceu com o PSDB no primeiro mandato de FHC - que pensou que se eternizaria no poder -, Lula, o PT e o grupo que comanda o partido planejam para as próximas décadas. O próprio Lula já não tem tempo, neste mandato, de executar o grande projeto de mudança. Estará empenhado na tarefa prioritária de eleger sua candidata, exatamente para que a outra tarefa, a de mudar tudo o que aí está, possa ser cumprida.
Para facilitar, era necessário um arcabouço político-jurídico-institucional que favorecesse romper com as estruturas conservadoras. Lula viu no início dos seus mandatos que a coisa era muito difícil, pois todo o quadro institucional era, e ainda é, pequeno-burguês, e fora reforçado pelo PSDB com sua estratégia de apenas aperfeiçoar a governança.
A grande ruptura está delineada pelo Decreto do PNDH-3. Não é uma proposta de mudanças para serem debatidas pela Nação. É um decreto, que tem força de lei, mesmo que várias disposições requeiram a aprovação de leis. Mas qualquer juiz de direito pode invocar o decreto para embasar suas decisões, a título de princípio estabelecido.
Não se trata, também, da defesa e do enforcement dos direitos humanos já consagrados, como determinavam os PNDH-1 e o PNDH-2. Estes estão ultrapassados. Agora, é preciso avançar: "incentivar e garantir a autonomia dos movimentos populares, ultrapassando os interesses institucionais partidários e religiosos (...) e reafirmando a opção fundamental (sic), que é nosso compromisso com os oprimidos", como rezava a Carta de Olinda, cujos termos Lula teve de moderar na sua Carta ao Povo Brasileiro, para ganhar votos.
O PNDH-3 realmente avança. É uma plataforma de política proativa . Cria novos direitos humanos. Vai "muito além dos direitos humanos" tradicionalmente contemplados, como manchetou O Globo, talvez o primeiro jornal a perceber a real dimensão do decreto. Além de criar esses novos direitos, o propósito é o de impor o seu reconhecimento e a forma objetiva de tutelá-los aos juízes, aos órgãos legislativos, às várias esferas da administração pública, aos governos que sucederem ao de Lula e à imprensa.
Deputados, senadores, vereadores, etc., pessoas incumbidas pela Constituição de fazerem as leis, não são confiáveis nem considerados, no decreto, como representantes da sociedade civil. Então, há que se cooptar "comissões" desses representantes, credenciados por sindicatos e entidades de todo tipo, para "adotar iniciativas legislativas diretas", por meio de "plebiscitos, referendos, leis de iniciativa popular e veto popular", ou seja, para fazer leis em lugar do Congresso Nacional e dos corpos legislativos.
Os juízes não têm discernimento para compreender e proteger os "direitos dos oprimidos". Assim, os proprietários de imóveis, urbanos ou rurais, continuariam podendo entrar com pedidos de reintegração de posse, no caso de invasões, mas o juiz só poderá decidir depois de ouvida uma "comissão" de representantes da sociedade civil, mais atenta, ao que se supõe, aos princípios da justiça social do que aos do Direito.
Já que as leis devem favorecer os "oprimidos" e a Justiça deve trabalhar para e pelos "oprimidos", é preciso um jornalismo que também vele por eles, instituindo-se "critérios de acompanhamento editorial a fim de criar um ranking (sic) de veículos de comunicação comprometidos com os direitos humanos assim como dos que cometem violações".
A noção de quem são os oprimidos é um tanto vaga, mas o PT, o Lula, a Dilma e as "organizações da sociedade civil" por eles designadas se encarregarão de nos elucidar a esse respeito, e também de nos dizer quais os legisladores, os juízes e os jornalistas que se situam no melhor ranking (sic) de respeito pelos "oprimidos", aptos a velar pelos direitos humanos desses brasileiros especificamente. Assim se cumprirá a "Diretriz nº 1 do PNDH-3: Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa". Ou seja, da democracia do povo, em lugar da democracia das elites, pois, afinal, é de um plano para pôr a Ágora no poder que estamos tratando.
*Marco Antonio Rocha é jornalista. E-mail: marcoantonio.rocha@grupoestado.com.br
O plano para pôr a Ágora no poder
Marco Antonio Rocha
A Constituição brasileira estabelece no seu artigo 2º: "São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário." Isso está escrito também, quase com as mesmas palavras, nas Constituições dos países civilizados. Mas o PT - lembremos - não assinou a Constituição de 1988. Queria uma outra Constituição. Por isso o Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) assinado pelo presidente Lula, sob inspiração do partido, não só reforma a Constituição, como cria um superpoder: o Poder da Ágora, ou seja, das "comissões de representantes da sociedade civil", sobrepostas ao Legislativo, ao Executivo e ao Judiciário, que nada poderão decidir sem a anuência das tais comissões.
A maioria da imprensa errou o foco. Pensou que o problema, no PNDH-3, era o das atribuições da Comissão da Verdade e da eventual mudança na Lei da Anistia. Por isso Lula achou que, mudando palavras, a "trolha passa", como se diz nas redações. Pior, pensou-se que era uma briga de vaidades - Vanucchi x Jobim - ou de interesses - CNA x MST. A oposição, como de hábito, não disse nada.
Mas está claro que a tarefa de "mudar tudo isso que aí está" foi delegada à sucessora de Lula. Este, no início dos seus mandatos, optou por um recuo tático: refugiou-se na política econômica recomendada pelo Consenso de Washington, a conselho do seu ministro Palocci e, depois, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Mas não tem nada não. A diretriz ficou engatilhada para momento mais propício, que aparece à medida que Lula e seu governo ascendem ao ápice da popularidade, da força política e da possibilidade de elegerem Dilma - com a perspectiva, ainda, do retorno de Lula.
Como aconteceu com o PSDB no primeiro mandato de FHC - que pensou que se eternizaria no poder -, Lula, o PT e o grupo que comanda o partido planejam para as próximas décadas. O próprio Lula já não tem tempo, neste mandato, de executar o grande projeto de mudança. Estará empenhado na tarefa prioritária de eleger sua candidata, exatamente para que a outra tarefa, a de mudar tudo o que aí está, possa ser cumprida.
Para facilitar, era necessário um arcabouço político-jurídico-institucional que favorecesse romper com as estruturas conservadoras. Lula viu no início dos seus mandatos que a coisa era muito difícil, pois todo o quadro institucional era, e ainda é, pequeno-burguês, e fora reforçado pelo PSDB com sua estratégia de apenas aperfeiçoar a governança.
A grande ruptura está delineada pelo Decreto do PNDH-3. Não é uma proposta de mudanças para serem debatidas pela Nação. É um decreto, que tem força de lei, mesmo que várias disposições requeiram a aprovação de leis. Mas qualquer juiz de direito pode invocar o decreto para embasar suas decisões, a título de princípio estabelecido.
Não se trata, também, da defesa e do enforcement dos direitos humanos já consagrados, como determinavam os PNDH-1 e o PNDH-2. Estes estão ultrapassados. Agora, é preciso avançar: "incentivar e garantir a autonomia dos movimentos populares, ultrapassando os interesses institucionais partidários e religiosos (...) e reafirmando a opção fundamental (sic), que é nosso compromisso com os oprimidos", como rezava a Carta de Olinda, cujos termos Lula teve de moderar na sua Carta ao Povo Brasileiro, para ganhar votos.
O PNDH-3 realmente avança. É uma plataforma de política proativa . Cria novos direitos humanos. Vai "muito além dos direitos humanos" tradicionalmente contemplados, como manchetou O Globo, talvez o primeiro jornal a perceber a real dimensão do decreto. Além de criar esses novos direitos, o propósito é o de impor o seu reconhecimento e a forma objetiva de tutelá-los aos juízes, aos órgãos legislativos, às várias esferas da administração pública, aos governos que sucederem ao de Lula e à imprensa.
Deputados, senadores, vereadores, etc., pessoas incumbidas pela Constituição de fazerem as leis, não são confiáveis nem considerados, no decreto, como representantes da sociedade civil. Então, há que se cooptar "comissões" desses representantes, credenciados por sindicatos e entidades de todo tipo, para "adotar iniciativas legislativas diretas", por meio de "plebiscitos, referendos, leis de iniciativa popular e veto popular", ou seja, para fazer leis em lugar do Congresso Nacional e dos corpos legislativos.
Os juízes não têm discernimento para compreender e proteger os "direitos dos oprimidos". Assim, os proprietários de imóveis, urbanos ou rurais, continuariam podendo entrar com pedidos de reintegração de posse, no caso de invasões, mas o juiz só poderá decidir depois de ouvida uma "comissão" de representantes da sociedade civil, mais atenta, ao que se supõe, aos princípios da justiça social do que aos do Direito.
Já que as leis devem favorecer os "oprimidos" e a Justiça deve trabalhar para e pelos "oprimidos", é preciso um jornalismo que também vele por eles, instituindo-se "critérios de acompanhamento editorial a fim de criar um ranking (sic) de veículos de comunicação comprometidos com os direitos humanos assim como dos que cometem violações".
A noção de quem são os oprimidos é um tanto vaga, mas o PT, o Lula, a Dilma e as "organizações da sociedade civil" por eles designadas se encarregarão de nos elucidar a esse respeito, e também de nos dizer quais os legisladores, os juízes e os jornalistas que se situam no melhor ranking (sic) de respeito pelos "oprimidos", aptos a velar pelos direitos humanos desses brasileiros especificamente. Assim se cumprirá a "Diretriz nº 1 do PNDH-3: Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa". Ou seja, da democracia do povo, em lugar da democracia das elites, pois, afinal, é de um plano para pôr a Ágora no poder que estamos tratando.
*Marco Antonio Rocha é jornalista. E-mail: marcoantonio.rocha@grupoestado.com.br
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: Revanchismo sem fim
Ficaremos a mercê da ''população'', ou da elite?
Não sei o que é pior...
No fim, a elite compra a ''população'', e tudo fica como esta, uma bagunça...
Não sei o que é pior...
No fim, a elite compra a ''população'', e tudo fica como esta, uma bagunça...
Aonde estão as Ogivas Nucleares do Brasil???
- rodrigo
- Sênior
- Mensagens: 12891
- Registrado em: Dom Ago 22, 2004 8:16 pm
- Agradeceu: 221 vezes
- Agradeceram: 424 vezes
Re: Revanchismo sem fim
E a moeda se chama bolsa família.No fim, a elite compra a ''população'', e tudo fica como esta, uma bagunça...
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: Revanchismo sem fim
STF: decreto é incompatível com a Constituição
Gilmar Mendes e juízes federais criticam mudança na concessão de liminares em conflitos de propriedade
Simone Candida e Flávio Tabak
As polêmicas em torno das medidas propostas pelo Programa Nacional de Direitos Humanos chegaram ao Poder Judiciário. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou ontem que o programa tem propostas polêmicas que podem ser incompatíveis com a Constituição. Entre elas, a que exigiria, no caso de conflitos de propriedade, mediação prévia antes da concessão de liminares de reintegração de posse.
- Há várias propostas extremamente relevantes, mas há outras propostas que geram polêmica. É difícil compatibilizar esta proposta, por exemplo, com a Constituição, embora nós estejamos, em relação a conflitos agrários, que é a questão básica, tomando todas as cautelas. Eu mesmo estou participando de um mutirão, de um grande esforço no Pará, juntamente com o Incra, para que haja o cumprimento das decisões e que também haja as desapropriações - afirmou Gilmar.
O ministro disse que é preciso cuidado com a questão das liminares, principalmente quando se trata de conflitos coletivos:
- Em muitos casos, quando temos conflitos coletivos, temos que ter todas as cautelas. Agora, condicionar a liminar a uma audiência pública, que pode ser, em alguns casos, abusiva... Mas esses pontos vão ser devidamente encaminhados quando houver um projeto no Congresso. Isso poderá ser debatido, se de fato houver um projeto.
Gilmar, no entanto, fez questão de ressaltar que há espaço para discussão de propostas:
- Às vezes, há um certo voluntarismo. Mas acredito que o debate é bastante salutar, e nós temos muitas carências na área de direitos humanos.
"Decreto tira do juiz chance de restabelecer a ordem"
A Associação dos Juízes Federais de Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes) divulgou uma nota crítica à mediação como medida preliminar à concessão de liminares. Se a proposta virar lei, os juízes serão obrigados a fazer uma audiência com os envolvidos, antes de decidir por uma liminar em casos de conflito em propriedades rurais e urbanas.
Para o presidente da Ajuferjes, o juiz Fabrício Fernandes de Castro, a proposta significa uma invasão no poder geral de cautela dos juízes:
- O decreto é um entrave à decisão, tira do juiz o poder de restabelecer imediatamente a ordem. Está previsto na Constituição que nenhuma lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário. Se em algum momento a lei perde sua força, deixamos de estar num estado democrático de direito. Vira estado de exceção.
Castro lembra que a nova lei poderia atrasar os processos de reintegração de posse, porque seriam necessários mais despachos. Enquanto isso, segundo o juiz, os proprietários ficariam mais tempo com seus direitos suspensos:
- Um exemplo claro é o caso do MST. O juiz perderia o poder de restabelecer a ordem em caso de fazendas invadidas.
Na nota, o juiz também afirma que a medida é um retrocesso "nas garantias dos cidadãos na defesa de seus direitos, ao tempo em que interfere indevidamente na independência do Poder Judiciário e no Estado Democrático de Direito".
====================================================
Abert critica texto da Conferência de Cultura
Para entidade, documento-base do encontro ameaça democracia e direitos humanos
BRASÍLIA. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) considerou uma ameaça à liberdade de expressão a previsão de controle dos meios de comunicação que consta do texto-base da 2ª Conferência Nacional de Cultura. O documento da conferência afirma que o suposto monopólio dos meios de comunicação representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos.
- Tenho sempre receio quando se trata dessa questão. No Brasil, passamos longe de ter monopólio e oligopólio, o que até a Constituição proíbe. É uma falácia dizer que há. São pouco mais de nove mil rádios e TVs, que estão nas mãos de milhares de proprietários. Há, na legislação, regramentos que limitam o número de veículos nas mãos de uma mesma pessoa - disse o assessor jurídico da Abert, Rodolfo Moura Machado.
O dirigente da associação disse desconhecer uma legislação tão rigorosa quanto a brasileira:
- Não conheço nenhum país que tenha tamanha diversidade na distribuição de emissoras.
O texto da Conferência de Cultura diz que, no Brasil, televisão e rádio são os equipamentos de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados. Machado concorda.
- É verdade que, no Brasil, rádio e TV tenham um papel mais importante que em outros países, o que é ruim até. Infelizmente, se lê pouco, e o ideal seria buscar informações nessas outras fontes.
Num plenário lotado de militantes, ex-perseguidos políticos e parlamentares, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara debateu ontem o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Os meios de comunicação foram alvo das críticas e apontados como parte do "setor conservador" que se opôs às ações previstas no plano. Ex-presidente da comissão, o deputado Pedro Wilson (PT-GO) defendeu a criação do Conselho Nacional de Comunicação e criticou o programa "Big Brother Brasil".
Gilmar Mendes e juízes federais criticam mudança na concessão de liminares em conflitos de propriedade
Simone Candida e Flávio Tabak
As polêmicas em torno das medidas propostas pelo Programa Nacional de Direitos Humanos chegaram ao Poder Judiciário. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou ontem que o programa tem propostas polêmicas que podem ser incompatíveis com a Constituição. Entre elas, a que exigiria, no caso de conflitos de propriedade, mediação prévia antes da concessão de liminares de reintegração de posse.
- Há várias propostas extremamente relevantes, mas há outras propostas que geram polêmica. É difícil compatibilizar esta proposta, por exemplo, com a Constituição, embora nós estejamos, em relação a conflitos agrários, que é a questão básica, tomando todas as cautelas. Eu mesmo estou participando de um mutirão, de um grande esforço no Pará, juntamente com o Incra, para que haja o cumprimento das decisões e que também haja as desapropriações - afirmou Gilmar.
O ministro disse que é preciso cuidado com a questão das liminares, principalmente quando se trata de conflitos coletivos:
- Em muitos casos, quando temos conflitos coletivos, temos que ter todas as cautelas. Agora, condicionar a liminar a uma audiência pública, que pode ser, em alguns casos, abusiva... Mas esses pontos vão ser devidamente encaminhados quando houver um projeto no Congresso. Isso poderá ser debatido, se de fato houver um projeto.
Gilmar, no entanto, fez questão de ressaltar que há espaço para discussão de propostas:
- Às vezes, há um certo voluntarismo. Mas acredito que o debate é bastante salutar, e nós temos muitas carências na área de direitos humanos.
"Decreto tira do juiz chance de restabelecer a ordem"
A Associação dos Juízes Federais de Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes) divulgou uma nota crítica à mediação como medida preliminar à concessão de liminares. Se a proposta virar lei, os juízes serão obrigados a fazer uma audiência com os envolvidos, antes de decidir por uma liminar em casos de conflito em propriedades rurais e urbanas.
Para o presidente da Ajuferjes, o juiz Fabrício Fernandes de Castro, a proposta significa uma invasão no poder geral de cautela dos juízes:
- O decreto é um entrave à decisão, tira do juiz o poder de restabelecer imediatamente a ordem. Está previsto na Constituição que nenhuma lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário. Se em algum momento a lei perde sua força, deixamos de estar num estado democrático de direito. Vira estado de exceção.
Castro lembra que a nova lei poderia atrasar os processos de reintegração de posse, porque seriam necessários mais despachos. Enquanto isso, segundo o juiz, os proprietários ficariam mais tempo com seus direitos suspensos:
- Um exemplo claro é o caso do MST. O juiz perderia o poder de restabelecer a ordem em caso de fazendas invadidas.
Na nota, o juiz também afirma que a medida é um retrocesso "nas garantias dos cidadãos na defesa de seus direitos, ao tempo em que interfere indevidamente na independência do Poder Judiciário e no Estado Democrático de Direito".
====================================================
Abert critica texto da Conferência de Cultura
Para entidade, documento-base do encontro ameaça democracia e direitos humanos
BRASÍLIA. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) considerou uma ameaça à liberdade de expressão a previsão de controle dos meios de comunicação que consta do texto-base da 2ª Conferência Nacional de Cultura. O documento da conferência afirma que o suposto monopólio dos meios de comunicação representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos.
- Tenho sempre receio quando se trata dessa questão. No Brasil, passamos longe de ter monopólio e oligopólio, o que até a Constituição proíbe. É uma falácia dizer que há. São pouco mais de nove mil rádios e TVs, que estão nas mãos de milhares de proprietários. Há, na legislação, regramentos que limitam o número de veículos nas mãos de uma mesma pessoa - disse o assessor jurídico da Abert, Rodolfo Moura Machado.
O dirigente da associação disse desconhecer uma legislação tão rigorosa quanto a brasileira:
- Não conheço nenhum país que tenha tamanha diversidade na distribuição de emissoras.
O texto da Conferência de Cultura diz que, no Brasil, televisão e rádio são os equipamentos de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados. Machado concorda.
- É verdade que, no Brasil, rádio e TV tenham um papel mais importante que em outros países, o que é ruim até. Infelizmente, se lê pouco, e o ideal seria buscar informações nessas outras fontes.
Num plenário lotado de militantes, ex-perseguidos políticos e parlamentares, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara debateu ontem o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Os meios de comunicação foram alvo das críticas e apontados como parte do "setor conservador" que se opôs às ações previstas no plano. Ex-presidente da comissão, o deputado Pedro Wilson (PT-GO) defendeu a criação do Conselho Nacional de Comunicação e criticou o programa "Big Brother Brasil".
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Heróis ou vilões?
RODRIGO CONSTANTINO
Os comunistas sempre foram mestres na arte de reescrever a história, como George Orwell bem retratou em "1984". Atualmente, o revanchismo em relação aos militares representa uma nova empreitada nesse sentido. Alguns membros mais radicais do governo Lula tentam criar a imagem de que foram vítimas inocentes na época da ditadura, resgatando um clima de confronto com claros objetivos eleitoreiros. Falam em criar uma "Comissão da Verdade" para apurar os fatos, mas não desejam trazer à luz todos os fatos, e sim apenas um lado, ocultando as ações praticadas pelos guerrilheiros de esquerda. Trata-se da estratégia de "duplipensar" orwelliano, onde verdade quer dizer, na prática, mentira.
O que temem? Que todos os documentos sejam abertos então! As máscaras daqueles que hoje posam como vítimas que lutavam pela democracia rapidamente cairiam no chão. Que democracia era essa, se esses guerrilheiros faziam parte de grupos revolucionários comunistas? A "democracia" de União Soviética, Coreia do Norte e Cuba? Na verdade, a meta deles era implantar no Brasil uma "ditadura do proletariado", que trouxe ao mundo apenas miséria, terror e escravidão. Vide Cuba, que até hoje enfrenta a mais longa ditadura do continente, sob os aplausos - não custa lembrar - desses mesmos radicais que agora tentam posar de bastiões da democracia. É essa a "democracia" que queremos?
Qualquer ditadura deve ser condenada. Entretanto, resgatar o contexto da década de 1960 pode ser útil ao menos para não deixar que os inimigos da liberdade monopolizem as virtudes. O mundo vivia na Guerra Fria, com os soviéticos tentando exportar seu regime opressor aos demais países. Onde tiveram sucesso, foi o caos. No Brasil, grupos como o Agrupamento Revolucionário de São Paulo, inspirado em Carlos Marighela, seguiam o roteiro escrito em Moscou. Vários crimes foram praticados por aqueles que julgam que seus fins justificam quaisquer meios, intensificando o clima de insegurança. Luiz Carlos Prestes, ligado ao Partido Comunista, defendeu a dissolução do Congresso. Roberto Campos chegou a lamentar que as únicas e miseráveis opções ao país eram "anos de chumbo" ou "rios de sangue".
Nada disso inocenta os crimes praticados pela ditadura militar. O que não quer dizer que, automaticamente, transforma em heróis aqueles que lutavam pela pauta comunista redigida pela KGB. Que muitos desses comunistas jamais tenham reconhecido publicamente seu passado sujo e, ao contrário, ainda ostentem orgulho por essa trajetória, já é uma vergonha. Pior ainda é o fato de alguns oportunistas usarem seu passado de luta comunista para receber anistias milionárias, uma verdadeira "bolsa-ditadura" criada pelo governo. Mas o mais revoltante é mesmo essa tentativa absurda de se reescrever a história do país. Isso ofende todos aqueles que realmente desejavam uma democracia liberal no país, assim como nosso mais precioso bem: a verdade.
Se o desejo é realmente a busca da verdade, que todos os documentos históricos sejam abertos ao público. Os fatos precisam ser esclarecidos. Mas de todos os lados. Atrocidades cometidas por militares merecem vir à tona por respeito às vítimas inocentes. Só que as barbaridades praticadas pelos comunistas também devem ser expostas. Eles mataram dezenas de inocentes. Não podemos continuar tratando como heróis os verdadeiros vilões, que sonhavam em transformar o Brasil numa enorme Cuba. Tivessem eles conseguido, seu regozijo seria o pranto de toda a nação. Infelizmente, alguns deles ainda não desistiram.
RODRIGO CONSTANTINO é economista.
RODRIGO CONSTANTINO
Os comunistas sempre foram mestres na arte de reescrever a história, como George Orwell bem retratou em "1984". Atualmente, o revanchismo em relação aos militares representa uma nova empreitada nesse sentido. Alguns membros mais radicais do governo Lula tentam criar a imagem de que foram vítimas inocentes na época da ditadura, resgatando um clima de confronto com claros objetivos eleitoreiros. Falam em criar uma "Comissão da Verdade" para apurar os fatos, mas não desejam trazer à luz todos os fatos, e sim apenas um lado, ocultando as ações praticadas pelos guerrilheiros de esquerda. Trata-se da estratégia de "duplipensar" orwelliano, onde verdade quer dizer, na prática, mentira.
O que temem? Que todos os documentos sejam abertos então! As máscaras daqueles que hoje posam como vítimas que lutavam pela democracia rapidamente cairiam no chão. Que democracia era essa, se esses guerrilheiros faziam parte de grupos revolucionários comunistas? A "democracia" de União Soviética, Coreia do Norte e Cuba? Na verdade, a meta deles era implantar no Brasil uma "ditadura do proletariado", que trouxe ao mundo apenas miséria, terror e escravidão. Vide Cuba, que até hoje enfrenta a mais longa ditadura do continente, sob os aplausos - não custa lembrar - desses mesmos radicais que agora tentam posar de bastiões da democracia. É essa a "democracia" que queremos?
Qualquer ditadura deve ser condenada. Entretanto, resgatar o contexto da década de 1960 pode ser útil ao menos para não deixar que os inimigos da liberdade monopolizem as virtudes. O mundo vivia na Guerra Fria, com os soviéticos tentando exportar seu regime opressor aos demais países. Onde tiveram sucesso, foi o caos. No Brasil, grupos como o Agrupamento Revolucionário de São Paulo, inspirado em Carlos Marighela, seguiam o roteiro escrito em Moscou. Vários crimes foram praticados por aqueles que julgam que seus fins justificam quaisquer meios, intensificando o clima de insegurança. Luiz Carlos Prestes, ligado ao Partido Comunista, defendeu a dissolução do Congresso. Roberto Campos chegou a lamentar que as únicas e miseráveis opções ao país eram "anos de chumbo" ou "rios de sangue".
Nada disso inocenta os crimes praticados pela ditadura militar. O que não quer dizer que, automaticamente, transforma em heróis aqueles que lutavam pela pauta comunista redigida pela KGB. Que muitos desses comunistas jamais tenham reconhecido publicamente seu passado sujo e, ao contrário, ainda ostentem orgulho por essa trajetória, já é uma vergonha. Pior ainda é o fato de alguns oportunistas usarem seu passado de luta comunista para receber anistias milionárias, uma verdadeira "bolsa-ditadura" criada pelo governo. Mas o mais revoltante é mesmo essa tentativa absurda de se reescrever a história do país. Isso ofende todos aqueles que realmente desejavam uma democracia liberal no país, assim como nosso mais precioso bem: a verdade.
Se o desejo é realmente a busca da verdade, que todos os documentos históricos sejam abertos ao público. Os fatos precisam ser esclarecidos. Mas de todos os lados. Atrocidades cometidas por militares merecem vir à tona por respeito às vítimas inocentes. Só que as barbaridades praticadas pelos comunistas também devem ser expostas. Eles mataram dezenas de inocentes. Não podemos continuar tratando como heróis os verdadeiros vilões, que sonhavam em transformar o Brasil numa enorme Cuba. Tivessem eles conseguido, seu regozijo seria o pranto de toda a nação. Infelizmente, alguns deles ainda não desistiram.
RODRIGO CONSTANTINO é economista.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Plano demole soberania e democracia
Luiz Eduardo Rocha Paiva
Algumas proposições do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) são graves ameaças à nossa soberania e à integridade territorial, afirmação que merece apreciação mais detalhada para ser entendida.
O PNDH preconiza o "reconhecimento do status constitucional de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já existentes ainda não ratificados"; considera os indígenas nacionais pertencentes a povos indígenas, como se os brasileiros não fossem um único povo; e defende: o desenvolvimento deve "garantir a livre determinação dos povos, o reconhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais". Não está em discussão a necessária proteção ao indígena e a seus direitos inquestionáveis como cidadão brasileiro, mas deve-se ter atenção às armadilhas semânticas destacadas neste parágrafo.
Um dos instrumentos internacionais aprovados na ONU, com o voto do Brasil, é a Declaração de Direitos dos Povos Indígenas, que lhes concede em suas terras, entre outros, o direito a autogoverno, autodeterminação da condição política, ter instituições políticas e sistemas jurídicos próprios, pertencer a uma "nação indígena" e vetar operações militares e medidas administrativas da União.
Portanto, o PNDH propõe ratificar na Constituição federal que os índios no Brasil pertençam a povos indígenas distintos do povo brasileiro, constituam outras nações com organização política própria e, em suas terras, exerçam os direitos supracitados e a soberania sobre recursos e riquezas existentes, mesmo com prejuízo dos demais brasileiros. Assim, ficariam automaticamente revogadas as ressalvas estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal em sua decisão sobre a demarcação da terra indígena Raposa-Serra do Sol, pelas quais o tribunal entendeu preservar nossa soberania e integridade territorial, e estariam concretizados os fundamentos para o reconhecimento internacional de dezenas de potenciais Estados-nação dentro de nossas fronteiras, no futuro. É a atomização do Brasil.
Os defensores da posição adotada pelo governo reportam-se ao artigo 46 da Declaração, onde consta que ela não será usada contra a soberania das nações. Ora, basta ler os direitos nela concedidos, que caracterizam uma renúncia voluntária à soberania por um país, para ver que o artigo é irrelevante. Por outro lado, o artigo 42 reza que "as Nações Unidas, seus órgãos, incluindo o Fórum Permanente para as Questões Indígenas e os organismos especializados (...), assim como os Estados, promoverão o respeito e a plena aplicação das disposições e velarão pela eficácia da presente Declaração". Um dos órgãos das Nações Unidas é o Conselho de Segurança, que determina as intervenções internacionais, nesse caso, ao amparo do artigo 42.
No tocante à ameaça à democracia, o PNDH fez cair a máscara da esquerda radical do governo. Na campanha eleitoral para a Presidência da República em 2002, ficou patente a guinada para o centro do PT e do seu então candidato, consubstanciada na Carta ao Povo Brasileiro. Após três derrotas sucessivas, entenderam que o discurso e a proposta de um regime socialista radical - modelo ultrapassado e desagregador - eram rechaçados pela Nação, amante da liberdade e da paz e avessa ao totalitarismo e à intolerância. Seria uma sincera autocrítica ou uma tática protelatória para acumular forças, esperando o momento propício para desvendar o véu? Era uma dúvida que pairava no ar.
O PT abriga diferentes linhas de pensamento da esquerda, mas sua identidade original é, sem dúvida, a corrente radical. Ela ocupa amplo espaço em instâncias decisórias do governo e vem aparelhando órgãos e ocupando cargos importantes nos Ministérios e secretarias da área social, de relações exteriores, da justiça, de direitos humanos, de comunicação e outras, devendo-se destacar a estratégica Casa Civil.
O lançamento do PNDH desvendou o propósito desse setor do governo de implantar um regime totalitário no Brasil, bem como sua força. O plano materializa a estratégia de tomada do poder pela revogação, de fato, da Constituição federal e procura travestir de legalidade instrumentos ilegítimos de pressão e controle da sociedade, como tem sido mostrado detalhadamente na mídia. As reações das instituições, da imprensa, de setores democráticos do próprio governo e a repercussão na sociedade implicam a tomada de uma decisão pelo presidente da República, havendo apenas três alternativas, salvo melhor juízo.
Anular o decreto do PNDH e reduzir substancialmente o poder da esquerda radical no governo. Justifica-se, pois é imperdoável que ela tenha traído a confiança do presidente, mais uma vez, ao fazê-lo assinar um documento sem alertá-lo sobre seu conteúdo polêmico. Calaria quem considera a postura adotada em 2002, na campanha eleitoral, uma tática dissimuladora e oportunista. Seria a decisão de um estadista, cuja sabedoria apreende as aspirações e os valores fundamentais da Nação que dirige.
Determinar a revisão parcial do PNDH, buscando contemporizar e deixar a solução do conflito para quando a conjuntura indicar que tem poder para neutralizar reações do lado que vier a ser contrariado. Decisão de um chefe político de perfil tradicional, que prioriza, muitas vezes, a manutenção do poder e os interesses político-partidários, mesmo com risco para a coesão, a paz e a harmonia social.
Manter o plano como está ou com modificações que não inviabilizem seu propósito original de preparar o terreno para a tomada do poder. Reforçaria a opinião dos que consideram um engodo a mencionada guinada para o centro e veem o presidente como adepto de um regime totalitário, ainda que sua imposição gere um conflito interno, com sérias consequências para a Nação.
O PNDH é uma bomba-relógio ao estilo dos grupos radicais, de quaisquer matizes, e seu conteúdo tem explosivo para demolir a soberania nacional e a democracia.
Luiz Eduardo Rocha Paiva, general da reserva, é professor emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
Luiz Eduardo Rocha Paiva
Algumas proposições do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) são graves ameaças à nossa soberania e à integridade territorial, afirmação que merece apreciação mais detalhada para ser entendida.
O PNDH preconiza o "reconhecimento do status constitucional de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já existentes ainda não ratificados"; considera os indígenas nacionais pertencentes a povos indígenas, como se os brasileiros não fossem um único povo; e defende: o desenvolvimento deve "garantir a livre determinação dos povos, o reconhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais". Não está em discussão a necessária proteção ao indígena e a seus direitos inquestionáveis como cidadão brasileiro, mas deve-se ter atenção às armadilhas semânticas destacadas neste parágrafo.
Um dos instrumentos internacionais aprovados na ONU, com o voto do Brasil, é a Declaração de Direitos dos Povos Indígenas, que lhes concede em suas terras, entre outros, o direito a autogoverno, autodeterminação da condição política, ter instituições políticas e sistemas jurídicos próprios, pertencer a uma "nação indígena" e vetar operações militares e medidas administrativas da União.
Portanto, o PNDH propõe ratificar na Constituição federal que os índios no Brasil pertençam a povos indígenas distintos do povo brasileiro, constituam outras nações com organização política própria e, em suas terras, exerçam os direitos supracitados e a soberania sobre recursos e riquezas existentes, mesmo com prejuízo dos demais brasileiros. Assim, ficariam automaticamente revogadas as ressalvas estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal em sua decisão sobre a demarcação da terra indígena Raposa-Serra do Sol, pelas quais o tribunal entendeu preservar nossa soberania e integridade territorial, e estariam concretizados os fundamentos para o reconhecimento internacional de dezenas de potenciais Estados-nação dentro de nossas fronteiras, no futuro. É a atomização do Brasil.
Os defensores da posição adotada pelo governo reportam-se ao artigo 46 da Declaração, onde consta que ela não será usada contra a soberania das nações. Ora, basta ler os direitos nela concedidos, que caracterizam uma renúncia voluntária à soberania por um país, para ver que o artigo é irrelevante. Por outro lado, o artigo 42 reza que "as Nações Unidas, seus órgãos, incluindo o Fórum Permanente para as Questões Indígenas e os organismos especializados (...), assim como os Estados, promoverão o respeito e a plena aplicação das disposições e velarão pela eficácia da presente Declaração". Um dos órgãos das Nações Unidas é o Conselho de Segurança, que determina as intervenções internacionais, nesse caso, ao amparo do artigo 42.
No tocante à ameaça à democracia, o PNDH fez cair a máscara da esquerda radical do governo. Na campanha eleitoral para a Presidência da República em 2002, ficou patente a guinada para o centro do PT e do seu então candidato, consubstanciada na Carta ao Povo Brasileiro. Após três derrotas sucessivas, entenderam que o discurso e a proposta de um regime socialista radical - modelo ultrapassado e desagregador - eram rechaçados pela Nação, amante da liberdade e da paz e avessa ao totalitarismo e à intolerância. Seria uma sincera autocrítica ou uma tática protelatória para acumular forças, esperando o momento propício para desvendar o véu? Era uma dúvida que pairava no ar.
O PT abriga diferentes linhas de pensamento da esquerda, mas sua identidade original é, sem dúvida, a corrente radical. Ela ocupa amplo espaço em instâncias decisórias do governo e vem aparelhando órgãos e ocupando cargos importantes nos Ministérios e secretarias da área social, de relações exteriores, da justiça, de direitos humanos, de comunicação e outras, devendo-se destacar a estratégica Casa Civil.
O lançamento do PNDH desvendou o propósito desse setor do governo de implantar um regime totalitário no Brasil, bem como sua força. O plano materializa a estratégia de tomada do poder pela revogação, de fato, da Constituição federal e procura travestir de legalidade instrumentos ilegítimos de pressão e controle da sociedade, como tem sido mostrado detalhadamente na mídia. As reações das instituições, da imprensa, de setores democráticos do próprio governo e a repercussão na sociedade implicam a tomada de uma decisão pelo presidente da República, havendo apenas três alternativas, salvo melhor juízo.
Anular o decreto do PNDH e reduzir substancialmente o poder da esquerda radical no governo. Justifica-se, pois é imperdoável que ela tenha traído a confiança do presidente, mais uma vez, ao fazê-lo assinar um documento sem alertá-lo sobre seu conteúdo polêmico. Calaria quem considera a postura adotada em 2002, na campanha eleitoral, uma tática dissimuladora e oportunista. Seria a decisão de um estadista, cuja sabedoria apreende as aspirações e os valores fundamentais da Nação que dirige.
Determinar a revisão parcial do PNDH, buscando contemporizar e deixar a solução do conflito para quando a conjuntura indicar que tem poder para neutralizar reações do lado que vier a ser contrariado. Decisão de um chefe político de perfil tradicional, que prioriza, muitas vezes, a manutenção do poder e os interesses político-partidários, mesmo com risco para a coesão, a paz e a harmonia social.
Manter o plano como está ou com modificações que não inviabilizem seu propósito original de preparar o terreno para a tomada do poder. Reforçaria a opinião dos que consideram um engodo a mencionada guinada para o centro e veem o presidente como adepto de um regime totalitário, ainda que sua imposição gere um conflito interno, com sérias consequências para a Nação.
O PNDH é uma bomba-relógio ao estilo dos grupos radicais, de quaisquer matizes, e seu conteúdo tem explosivo para demolir a soberania nacional e a democracia.
Luiz Eduardo Rocha Paiva, general da reserva, é professor emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Viktor Reznov
- Sênior
- Mensagens: 6869
- Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
- Agradeceu: 1997 vezes
- Agradeceram: 814 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Que manifestação patéticamente pífia essa vinda do Gilmar Mendes, mas também não poderia esperar nada de substancial vindo desse homossexual enrustido.
Senhores, façamos boca-a-boca para elegermos o Serra em 2010, que dos males é o menor. O PSDB ao menos não se mostra disposto a demolir a democracia brasileira e instaurar aqui uma ditadura comunista. Temos de mobilizar todos os esforços necessários para impedir a eleição da Dilma, pois esta representaria o fim da democracia no Brasil, pois das duas alternativas ocorrerá uma:
Ou o plano deles segue adiante e nos transforma numa Cuba.
Ou os militares resolvem, como em 1964, acabar com essa anarquia toda e colocar ordem no país.
E nenhum dessas opções é desejável.
Senhores, façamos boca-a-boca para elegermos o Serra em 2010, que dos males é o menor. O PSDB ao menos não se mostra disposto a demolir a democracia brasileira e instaurar aqui uma ditadura comunista. Temos de mobilizar todos os esforços necessários para impedir a eleição da Dilma, pois esta representaria o fim da democracia no Brasil, pois das duas alternativas ocorrerá uma:
Ou o plano deles segue adiante e nos transforma numa Cuba.
Ou os militares resolvem, como em 1964, acabar com essa anarquia toda e colocar ordem no país.
E nenhum dessas opções é desejável.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
-
- Sênior
- Mensagens: 3804
- Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
- Localização: Goiânia-GO
- Agradeceu: 241 vezes
- Agradeceram: 84 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Quanta raiva no coração, Cross!!!! Primo do Dieneces!!!!
Abraço e relaxa, que a Dilma vem com tudo em 2010. E esquece esses temores. Nós somos e seremos sempre uma democracia. Se em 08 anos não houve ataques ao regime democrático, como a Dilma, que só chegará ao poder pela via democrática, representaria o fim da mesma?
Abraço e take it easy!
![Twisted Evil :twisted:](./images/smilies/icon_twisted.gif)
![Mr. Green :mrgreen:](./images/smilies/icon_mrgreen.gif)
Abraço e relaxa, que a Dilma vem com tudo em 2010. E esquece esses temores. Nós somos e seremos sempre uma democracia. Se em 08 anos não houve ataques ao regime democrático, como a Dilma, que só chegará ao poder pela via democrática, representaria o fim da mesma?
Abraço e take it easy!
- Edu Lopes
- Sênior
- Mensagens: 4549
- Registrado em: Qui Abr 26, 2007 2:18 pm
- Localização: Brasil / Rio de Janeiro / RJ
Re: Revanchismo sem fim
O fantasma da vingança espreita a eleição
José Nêumanne
A polêmica provocada pelo decreto criador do 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH) mostra que ainda não acabou a cesura que remonta às origens do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre a natureza da democracia pretendida por seus militantes. Será a clássica democracia burguesa de controles e contrapesos exigidos pelos Pais Fundadores da Revolução Americana de 1783, com a adoção de três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) autônomos e soberanos, fórmula do francês Montesquieu? Ou a direta, a ser exercida por consultas permanentes à cidadania por plebiscitos e referendos e por conselhos compostos por delegados (neste debate se tem lembrado que soviet significa conselho em russo)? A diferença entre as duas é que a primeira é obviamente imperfeita e a segunda, impossível de ser praticada, tal como define seu significado semântico, conforme disse o cientista político Leôncio Martins Rodrigues em entrevista a este jornal, domingo.
A dúvida traz outra à baila: será a eleição dos mandatários do Executivo e dos representantes do cidadão no Legislativo o momento crucial do exercício do poder pelo povo, como determina a Constituição (no caso do Brasil, mais do que isso, pois nossa democracia é exclusivamente eleitoral), ou apenas um pretexto para galgar o poder e de lá submeter a Nação às próprias convicções? A resposta a essa pergunta é fundamental neste momento em que o País se prepara para viver a sexta escolha direta do chefe do Poder Executivo desde o fim da vigência do acordo negociado na cúpula para a extinção do regime autoritário e sua substituição por um Estado Democrático de Direito, nos moldes definidos na velha democracia burguesa. Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto impulsionado por duas votações que manifestaram a inequívoca vontade da maioria do eleitorado de vê-lo no poder. Seu talento inato para se comunicar com o cidadão comum o tornou o mais popular governante do Brasil desde Tomé de Souza e com parcas chances de vir a ser superado nisso, a julgar pelos quadros atuantes na política e na gestão pública.
Lula fez-se conhecer como dirigente sindical desatrelado do peleguismo no controle da organização dos trabalhadores pelo PTB de Getúlio Vargas e do anarcocomunismo que dirigia o sindicalismo antes das greves do ABC, nos anos 70. Incorporou-se à tradição conciliadora que moldou o estilo de importantes homens públicos brasileiros: dom Pedro II, Bernardo de Vasconcelos, Getúlio Vargas e Tancredo Neves. A primeira conciliação, mercê de seu talento para o ecumenismo, deu-se já na fundação do PT. Antes, dizia-se que a esquerda brasileira só se unia na cadeia. Sob sua égide se reuniram egressos de grupos guerrilheiros de posições inconciliáveis com líderes sindicais apartidários (caso dele próprio) e a esquerda católica, dividida entre políticos "progressistas" da democracia cristã e militantes da Teologia da Libertação, em comunidades eclesiais de base e pastorais.
O tão decantado carisma de Lula e sua habilidade de milagroso domador dos gatos desse incrível saco foram insuficientes para levá-lo ao poder e à glória de agora nas três tentativas que fez antes de chegar à Presidência - a primeira contra Collor e outras duas contra Fernando Henrique Cardoso. O milagre da ascensão ao topo do poder só foi possível com a segunda conciliação, fruto de seu oportunismo e iniciada com o abandono do programa socialista, que unia apenas os três grupos originais do PT, e a adoção de um discurso de austeridade fiscal e combate à inflação da era pós-Palocci. O desgaste dos laços que atavam o saco de gatos, amarrado pelos pretensos social-democratas sob Fernando Henrique, permitiu a Lulinha Paz e Amor promover a segunda e ainda mais bem-sucedida conciliação com a escória da velha política brasileira, que os petistas de antanho chamavam de "isso que está aí". A reverência que o atual presidente fez ao ex Sarney, ao evitar a degola dele na presidência do Senado, teve natureza simbólica, pois a certeza do clã maranhense de que o candidato tucano à sucessão de Fernando Henrique, José Serra, tivera papel decisivo na perseguição à herdeira do chefão, Roseana, no episódio da descoberta de dinheiro vivo em seu comitê eleitoral, foi determinante para a desistência da candidatura por ela. E a senha oportuna para a velha plutocracia mudar de palanque, como agora para beijar a mão da guerrilheira aposentada Dilma Rousseff.
É claro que a fisiologia descarada só se curva hoje à Utopia derrotada na guerra suja, mas vitoriosa no confronto ideológico, seja com a direita que desabou com a ditadura, seja com os liberais da pusilânime aliança PSDB-DEM, porque não quer largar o osso do poder. Nisso, aliás, imita o mais poderoso, Lula, que quer eleger a chefe da Casa Civil na convicção (talvez ilusória) de que será conviva de honra nos banquetes da fortuna e da glória depois da posse de quem lhe suceder.
Há, contudo, entre o criador e a criatura mais diferenças do que pode supor sua débil filosofia. Uma delas é que, por menos que saiba disso, o matreiro Lula ajudou a derrubar o autoritarismo de cima do palanque do Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo, tornando-se, com todas as honras, herói desta democracia que está aí, por mais imperfeita que ela possa ser. E a guerrilheira desalmada e desarmada participou de um processo de enfrentamento militar que só prolongou a longa noite dos porões. E, depois, penetrou no centro das decisões no vácuo do chefe. Isso induz democratas assustados a imaginar que o 3º PNDH seja um projeto de vingança a ser realizado em seu eventual, embora provável, futuro governo. Enquanto ela não esclarecer isso com todas as letras, este fantasma que reabre feridas já cicatrizadas faz tempo continuará a nos espreitar.
José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 8460,0.php
José Nêumanne
A polêmica provocada pelo decreto criador do 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH) mostra que ainda não acabou a cesura que remonta às origens do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre a natureza da democracia pretendida por seus militantes. Será a clássica democracia burguesa de controles e contrapesos exigidos pelos Pais Fundadores da Revolução Americana de 1783, com a adoção de três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) autônomos e soberanos, fórmula do francês Montesquieu? Ou a direta, a ser exercida por consultas permanentes à cidadania por plebiscitos e referendos e por conselhos compostos por delegados (neste debate se tem lembrado que soviet significa conselho em russo)? A diferença entre as duas é que a primeira é obviamente imperfeita e a segunda, impossível de ser praticada, tal como define seu significado semântico, conforme disse o cientista político Leôncio Martins Rodrigues em entrevista a este jornal, domingo.
A dúvida traz outra à baila: será a eleição dos mandatários do Executivo e dos representantes do cidadão no Legislativo o momento crucial do exercício do poder pelo povo, como determina a Constituição (no caso do Brasil, mais do que isso, pois nossa democracia é exclusivamente eleitoral), ou apenas um pretexto para galgar o poder e de lá submeter a Nação às próprias convicções? A resposta a essa pergunta é fundamental neste momento em que o País se prepara para viver a sexta escolha direta do chefe do Poder Executivo desde o fim da vigência do acordo negociado na cúpula para a extinção do regime autoritário e sua substituição por um Estado Democrático de Direito, nos moldes definidos na velha democracia burguesa. Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto impulsionado por duas votações que manifestaram a inequívoca vontade da maioria do eleitorado de vê-lo no poder. Seu talento inato para se comunicar com o cidadão comum o tornou o mais popular governante do Brasil desde Tomé de Souza e com parcas chances de vir a ser superado nisso, a julgar pelos quadros atuantes na política e na gestão pública.
Lula fez-se conhecer como dirigente sindical desatrelado do peleguismo no controle da organização dos trabalhadores pelo PTB de Getúlio Vargas e do anarcocomunismo que dirigia o sindicalismo antes das greves do ABC, nos anos 70. Incorporou-se à tradição conciliadora que moldou o estilo de importantes homens públicos brasileiros: dom Pedro II, Bernardo de Vasconcelos, Getúlio Vargas e Tancredo Neves. A primeira conciliação, mercê de seu talento para o ecumenismo, deu-se já na fundação do PT. Antes, dizia-se que a esquerda brasileira só se unia na cadeia. Sob sua égide se reuniram egressos de grupos guerrilheiros de posições inconciliáveis com líderes sindicais apartidários (caso dele próprio) e a esquerda católica, dividida entre políticos "progressistas" da democracia cristã e militantes da Teologia da Libertação, em comunidades eclesiais de base e pastorais.
O tão decantado carisma de Lula e sua habilidade de milagroso domador dos gatos desse incrível saco foram insuficientes para levá-lo ao poder e à glória de agora nas três tentativas que fez antes de chegar à Presidência - a primeira contra Collor e outras duas contra Fernando Henrique Cardoso. O milagre da ascensão ao topo do poder só foi possível com a segunda conciliação, fruto de seu oportunismo e iniciada com o abandono do programa socialista, que unia apenas os três grupos originais do PT, e a adoção de um discurso de austeridade fiscal e combate à inflação da era pós-Palocci. O desgaste dos laços que atavam o saco de gatos, amarrado pelos pretensos social-democratas sob Fernando Henrique, permitiu a Lulinha Paz e Amor promover a segunda e ainda mais bem-sucedida conciliação com a escória da velha política brasileira, que os petistas de antanho chamavam de "isso que está aí". A reverência que o atual presidente fez ao ex Sarney, ao evitar a degola dele na presidência do Senado, teve natureza simbólica, pois a certeza do clã maranhense de que o candidato tucano à sucessão de Fernando Henrique, José Serra, tivera papel decisivo na perseguição à herdeira do chefão, Roseana, no episódio da descoberta de dinheiro vivo em seu comitê eleitoral, foi determinante para a desistência da candidatura por ela. E a senha oportuna para a velha plutocracia mudar de palanque, como agora para beijar a mão da guerrilheira aposentada Dilma Rousseff.
É claro que a fisiologia descarada só se curva hoje à Utopia derrotada na guerra suja, mas vitoriosa no confronto ideológico, seja com a direita que desabou com a ditadura, seja com os liberais da pusilânime aliança PSDB-DEM, porque não quer largar o osso do poder. Nisso, aliás, imita o mais poderoso, Lula, que quer eleger a chefe da Casa Civil na convicção (talvez ilusória) de que será conviva de honra nos banquetes da fortuna e da glória depois da posse de quem lhe suceder.
Há, contudo, entre o criador e a criatura mais diferenças do que pode supor sua débil filosofia. Uma delas é que, por menos que saiba disso, o matreiro Lula ajudou a derrubar o autoritarismo de cima do palanque do Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo, tornando-se, com todas as honras, herói desta democracia que está aí, por mais imperfeita que ela possa ser. E a guerrilheira desalmada e desarmada participou de um processo de enfrentamento militar que só prolongou a longa noite dos porões. E, depois, penetrou no centro das decisões no vácuo do chefe. Isso induz democratas assustados a imaginar que o 3º PNDH seja um projeto de vingança a ser realizado em seu eventual, embora provável, futuro governo. Enquanto ela não esclarecer isso com todas as letras, este fantasma que reabre feridas já cicatrizadas faz tempo continuará a nos espreitar.
José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 8460,0.php
![Imagem](http://imgvid.com/data/media/1/JA_007.gif)
![Imagem](http://imgvid.com/data/media/1/JA_009.gif)
- saullo
- Sênior
- Mensagens: 2939
- Registrado em: Qui Jun 21, 2007 6:09 pm
- Agradeceu: 586 vezes
- Agradeceram: 193 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Cuidado, Hitler e Chaves eram só sorrisos e chegaram pela via democrática, e olha que ambos ainda sorriam, coisa que essa senhora nunca fez, talvez este ano comece a mover seus lábios para cima. Ela é perigosa...Rodrigoiano escreveu:Quanta raiva no coração, Cross!!!! Primo do Dieneces!!!!![]()
![]()
Abraço e relaxa, que a Dilma vem com tudo em 2010. E esquece esses temores. Nós somos e seremos sempre uma democracia. Se em 08 anos não houve ataques ao regime democrático, como a Dilma, que só chegará ao poder pela via democrática, representaria o fim da mesma?
Abraço e take it easy!
Nem Serra, nem Marina, nem Dilma, só peço a Deus que nos reserve o menos ruim para trabalhar pelo Brasil e não por ideologias, que são baboseiras criadas pelos homens.
Abraços
-
- Sênior
- Mensagens: 3804
- Registrado em: Qua Dez 03, 2008 12:34 am
- Localização: Goiânia-GO
- Agradeceu: 241 vezes
- Agradeceram: 84 vezes
- marcelo l.
- Sênior
- Mensagens: 6097
- Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
- Agradeceu: 138 vezes
- Agradeceram: 66 vezes
Re: Revanchismo sem fim
O problema é que mais de 90% desse plano estavam nos antigos projetos...fica a questão por que não votaram...esse é o problema do Brasil não é revachismo, mas a maioria tem medo de mostrar que é maioria, por isso sempre se resolve as coisas de forma violenta no Brasil...
O melhor é bater voto e ganhar agora e enterrar...principalmente os pontos mais polêmicos...o problema que tem muita gente da contrária que não é, e muita gente a favor que até apoia desde que fique apenas no discurso, la nave va.
O melhor é bater voto e ganhar agora e enterrar...principalmente os pontos mais polêmicos...o problema que tem muita gente da contrária que não é, e muita gente a favor que até apoia desde que fique apenas no discurso, la nave va.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
- Viktor Reznov
- Sênior
- Mensagens: 6869
- Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
- Agradeceu: 1997 vezes
- Agradeceram: 814 vezes
Re: Revanchismo sem fim
Pode apostar que um dia o Fulgencio Batista empregou o mesmo desdem à guerrilha de Castro provavelmente dizendo que eles não passavam de um problema temporário. Não se subestima o potencial subversivo dos comunistas e a apatia do povo brasileiro diante de situações que ameaçam seus direitos.Rodrigoiano escreveu:Quanta raiva no coração, Cross!!!! Primo do Dieneces!!!!![]()
![]()
Abraço e relaxa, que a Dilma vem com tudo em 2010. E esquece esses temores. Nós somos e seremos sempre uma democracia. Se em 08 anos não houve ataques ao regime democrático, como a Dilma, que só chegará ao poder pela via democrática, representaria o fim da mesma?
Abraço e take it easy!
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- mandalacabla
- Intermediário
- Mensagens: 157
- Registrado em: Seg Nov 30, 2009 12:35 pm
Re: Revanchismo sem fim
Se o PSDB for esperto, Lula deu de bandeija um palanque para eles, vamos ver o que o PSDB vai fazer com a bola agora.
Aula de massinha.
![Imagem](http://www.ecolereal.com.br/imagens/img_prod_massinha.gif)
![Imagem](http://www.ecolereal.com.br/imagens/img_prod_massinha.gif)