Re: A Batalha de Roraima. Omissão das FA's brasileiras
Enviado: Sáb Mai 10, 2008 8:02 pm
Olhem para onde vão os helis novos, na declaração final da entrevista:
Caro Tiger,Tigershark escreveu:Hoje li no "O Globo" que o Governo estaria pedindo explicações ao Min.Jobim pelas declarações de um General que teria autorizado um protesto de arrozeiros dentro de uma unidade militar,chegando a fazer discurso a favor destes.Se isso é verdade a coisa está realmente pior do que pensamos...
Tigershark escreveu:Hoje li no "O Globo" que o Governo estaria pedindo explicações ao Min.Jobim pelas declarações de um General que teria autorizado um protesto de arrozeiros dentro de uma unidade militar,chegando a fazer discurso a favor destes.Se isso é verdade a coisa está realmente pior do que pensamos...
X 2,Rodrigo!rodrigo escreveu:Em matéria de soberania, eu quero saber a opinião do Exército, e não da Polícia Federal.
Indíos avisam: não aceitam conviver com os arrozeiros
Nem mesmo uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) favorável à permanência dos não-índios na terra indígena fará com que os índios, que defendem a saída dos brancos, aceitem continuar convivendo com aqueles que chamam de "invasores". Foi o que garantiram líderes da comunidade Jawari, que montaram um bloqueio na rodovia RR-319 para impedir que os produtores de arroz levem material de uso em lavoura para suas fazendas que ficam na Reserva Raposa Serra do Sol.
– A terra é nossa e foi invadida por esses homens. Quando nascemos, ninguém conhecia esses arrozeiros aqui – afirmou Perciliano Januário. – Nós ficamos revoltados porque eles ficam enriquecendo e impedindo nossa pesca e nossa caça. Ninguém vai arredar o pé, porque nós não aceitamos eles ficarem aqui na nossa terra, que é o cemitério de nossos antepassados.
Bombas e tiros
Mostrando fotos, o tuxaua (chefe) Francisco Constantino Júnior relata que, em novembro de 2004, após a construção de mais malocas, a comunidade teria sido atacada com bombas e tiros, segundo ele, a mando dos arrozeiros da região.
– Os arrozeiros não gostam da gente, por isso, não aceitamos eles aqui. Agora mesmo nossos parentes foram baleados no Surumu – lembrou Constantino, referindo-se ao atentado sofrido nesta semana por índios que ocupavam a fazenda do líder dos arrozeiros Paulo César Quartiero.
Manipulação
Os índios também definem como "mentiras" as acusações dos arrozeiros de que eles seriam manipulados por padres e organizações não-governamentais estrangeiras para defenderem a demarcação da Raposa/Serra do Sol em área contínua.
– Padre não tem nada a ver com isso, e estrangeiros são eles (arrozeiros) – rebateu Januário, apoiado em seguida pelo professor indígena Jaime Araújo:
– Nós também somos inteligentes e sabemos decidir sozinhos o que queremos.
Questionados, os indígenas se dizem satisfeitos com a postura adotada pelo presidente da República em relação ao conflito.
– Ele assinou e reconheceu nossa terra. Gostamos até aqui e não queremos que o tribunal altere nossa homologação – ressaltou o tuxaua Constantino. (ABr)
Roraima em pé de guerra
Padre italiano é acusado de ensinar tática de guerrilha a índios de Roraima e ficar com ouro e diamante extraídos nas reservas
Mino Pedrosa e Ricardo Stuckert - (Aldeia Boa Vista RR)
No extremo norte do País, próximo à fronteira com a Guiana, há uma área rica em minérios, ouro e diamante, onde índios macuxis estão em pé de guerra contra os fazendeiros da região. Sob o comando do cacique Jacir e do padre italiano Giorgio Dall Ben, que vive no Brasil desde a década de 60, os índios têm invadido propriedades rurais. Durante anos, padre Giorgio formou dupla com outro cacique macuxi, Terêncio Luiz da Silva, da aldeia Ubaru, que dava as cartas no nordeste de Roraima. Bem afinados, os dois chegaram a ser recebidos juntos pelo papa João Paulo II. Mas há dois anos eles romperam. Enquanto o padre, com o apoio da Igreja Católica e da Fundação Nacional do Índio (Funai), insiste na defesa de uma demarcação contínua das reservas indígenas de Raposa e Serra do Sol, seu ex-aliado prega a criação de ilhas de preservação, proposta enfaticamente apoiada por fazendeiros, garimpeiros e pelo governo de Roraima. A dissolução dessa parceria acabou resultando em denúncias de utilização dos indígenas como massa de manobra numa guerra de interesses envolvendo o desvio de minério brasileiro pela Igreja Católica e o ensino de táticas de guerrilha aos índios. Em entrevista a ISTOÉ, o cacique Terêncio Luiz acusa padre Giorgio de ser o pivô dessa estratégia agressiva da Igreja. “Ele anda armado e usa os índios na exploração de ouro e no garimpo de diamante. Antes isso era feito com máquinas, e hoje o trabalho é todo manual, feito pelos índios”, conta Terêncio. O cacique afirma que o padre troca mantimentos e roupas com os índios por diamantes e ouro. “Enquanto estivemos juntos, sempre vi o padre pegando ouro e diamantes. Não sei o que ele fazia com aquilo, para onde mandava. Só sei que ficava com ele.”
Disfarçado de mulher – Padre Giorgio tornou-se uma figura lendária em Roraima. Transformou a aldeia Maturuca em um verdadeiro bunker, onde só permite o acesso da Funai, de missionários e de representantes de Organizações Não-Governamentais, especialmente as estrangeiras. Protegido pelos índios que o seguem, há anos não é mais visto pelos fazendeiros da região, que o teriam jurado de morte. Há cerca de um ano, em uma de suas últimas aparições, foi reconhecido saindo rapidamente de um posto de gasolina na capital do Estado, Boa Vista, pelo vereador Jordão Mota Bezerra, do município de Uiramutã. No Interior, contam que Giorgio chega a disfarçar-se de mulher quando precisa passar por alguma das cidades da área de conflito. Nas vezes em que se sente ameaçado em território brasileiro, atravessa a fronteira e se esconde na Guiana. O fazendeiro Wilson Alves Bezerra endossa as denúncias do cacique contra padre Giorgio: “Além de ensinar táticas de guerrilha, ele faz com que os índios garimpem ouro e diamante, que, depois, são enviados para a Itália.” Wilson, que tocava as dez maiores fazendas do Estado, das quais três eram de sua propriedade, foi anfitrião de Giorgio durante seis meses, em 1975. Depois, viu seu hóspede, com o apoio da Igreja, de ONGs e até da Funai, comandar os índios nas invasões contra nove das fazendas que administrava. Na última propriedade que lhe restou, Wilson continua extraindo diamantes e conta, para se defender de invasões, com a ajuda de outros índios que não seguem a cartilha do padre. “Se eu perder essa última fazenda e topar com o padre, eu acabo com ele”, ameaça Wilson.
ISTOÉ tentou encontrar o misterioso padre Giorgio Dall Ben, mas não conseguiu localizá-lo. No sábado 15, a reportagem da revista foi procurá-lo na aldeia Maturuca, mas foi barrada pelos índios, que exigiram uma autorização da Funai para o desembarque. Antes de ir para a aldeia, os repórteres de ISTOÉ foram à casa que serve de sede da Funai em Boa Vista, mas não encontraram sequer um funcionário para dar a autorização. Dez dias antes, a casa havia sido invadida por índios contrários à posição da Funai e da Igreja Católica na demarcação das terras indígenas. Nessa guerra pela demarcação que divide brancos e índios, o padre Giorgio está no olho do furacão. Com sua defesa de uma ampla e contínua reserva que englobe as principais e cobiçadíssimas jazidas minerais do Estado, conseguiu arregimentar um verdadeiro exército de índios estimado pelos adversários em dois mil soldados. Na esteira das operações militares que expulsaram os garimpeiros da região, essa tropa invadiu fazendas e aumentou na marra o tamanho da área controlada pelos índios.
O projeto original do governo federal previa a demarcação contínua com o argumento de que os índios são nômades. Com essa postura, agrada aos organismos internacionais, às Organizações Não-Governamentais e à Igreja Católica, que lutam pela preservação do hábitat natural dos índios. Em Roraima, porém, a resistência à execução desse projeto é muito grande. Hoje, as reservas indígenas tomam cerca de 43,12% do Estado, a maior parte na região noroeste, fronteira com a Venezuela e divisa com o Estado do Amazonas. Se a demarcação da área a nordeste for contínua, os índios tomarão mais 18% de Roraima.