Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'
Enviado: Qui Fev 11, 2010 10:23 am
Crise energética causa desgaste ao governo paraguaio
Com produção de sobra, país sofre cortes no abastecimento de luz por não possuir estrutura
suficiente de transmissão
Como na Venezuela de Hugo Chávez, dificuldades municiam a oposição e se tornam problema
político para o presidente Lugo
THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
A exemplo da Venezuela do presidente Hugo Chávez, o Paraguai também enfrenta uma crise
energética, que vem gerando transtornos à população e críticas ao presidente esquerdista Fernando
Lugo.
Apesar de dispor de duas das maiores hidrelétricas do mundo -as binacionais Itaipu (com o
Brasil) e Yacyretá (com a Argentina)-, o país tem sido afetado por cortes e piques de luz diários neste
verão, em que temperaturas beiram 40C, levando a recordes de consumo.
O próprio governo reconhece que a culpa não é do clima, mas da falta de infraestrutura de
transmissão e distribuição da energia das hidrelétricas até os centros de consumo. Ou seja, o país tem
energia de sobra, mas não tem como transmiti-la.
"A demanda energética do país em horas de pico é 7% maior do que podemos transmitir, daí
essa crise enorme", disse à Folha Germán Fatecha, presidente da Ande, a estatal de energia que em
janeiro declarou emergência energética no país -medida que deve ser ratificada hoje pelo Congresso.
Para Fatecha, a "solução-chave" para a crise passa pela aprovação, pelo Congresso brasileiro,
do acordo sobre a energia de Itaipu fechado em julho passado entre Lugo e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
Pelo acordo, o Paraguai ganhará, de graça, uma linha de 500 kV para levar energia de Itaipu até
Assunção. Também receberá US$ 240 milhões a mais por ano como compensação pela cessão de
energia da usina ao Brasil -pelo tratado de Itaipu, o país só pode vender sua fatia excedente ao Brasil.
Classificado como "histórico" por Lula, e vendido por Lugo como principal feito de sua gestão, o
acordo foi aprovado pelo Legislativo paraguaio, mas continua no Congresso brasileiro desde novembro.
O aumento da compensação só valerá com aval legislativo.
Enquanto isso, paraguaios -sobretudo na Grande Assunção, onde está 40% da população do
país- sofrem com cortes de luz que se estendem por até cinco horas e danificam aparelhos domésticos,
conforme relatou à Folha o presidente da Asucop (Associação de Usuários e Consumidores do
Paraguai), Juan Vera.
Vera atribui o problema a gestões passadas, mas "principalmente" a Lugo. "O governo não fez
nada a respeito", diz.
As críticas ecoam no mundo empresarial -a UIP (União Industrial Paraguaia) afirma que os cortes
já paralisam fábricas e cobra soluções imediatas. Jornais apontam inação oficial e a oposição aproveita
para atacar o presidente -que ontem determinou economia de energia por órgãos públicos e até nas
luzes do palácio de governo.
A crise chega em meio a uma maior guinada à esquerda da gestão Lugo -exemplo recente foi a
troca no comando de Itaipu de um ex-senador do Partido Liberal (centro-direita) por um assessor próximo
com passagens por movimentos sociais e pelo PT brasileiro.
Com produção de sobra, país sofre cortes no abastecimento de luz por não possuir estrutura
suficiente de transmissão
Como na Venezuela de Hugo Chávez, dificuldades municiam a oposição e se tornam problema
político para o presidente Lugo
THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
A exemplo da Venezuela do presidente Hugo Chávez, o Paraguai também enfrenta uma crise
energética, que vem gerando transtornos à população e críticas ao presidente esquerdista Fernando
Lugo.
Apesar de dispor de duas das maiores hidrelétricas do mundo -as binacionais Itaipu (com o
Brasil) e Yacyretá (com a Argentina)-, o país tem sido afetado por cortes e piques de luz diários neste
verão, em que temperaturas beiram 40C, levando a recordes de consumo.
O próprio governo reconhece que a culpa não é do clima, mas da falta de infraestrutura de
transmissão e distribuição da energia das hidrelétricas até os centros de consumo. Ou seja, o país tem
energia de sobra, mas não tem como transmiti-la.
"A demanda energética do país em horas de pico é 7% maior do que podemos transmitir, daí
essa crise enorme", disse à Folha Germán Fatecha, presidente da Ande, a estatal de energia que em
janeiro declarou emergência energética no país -medida que deve ser ratificada hoje pelo Congresso.
Para Fatecha, a "solução-chave" para a crise passa pela aprovação, pelo Congresso brasileiro,
do acordo sobre a energia de Itaipu fechado em julho passado entre Lugo e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
Pelo acordo, o Paraguai ganhará, de graça, uma linha de 500 kV para levar energia de Itaipu até
Assunção. Também receberá US$ 240 milhões a mais por ano como compensação pela cessão de
energia da usina ao Brasil -pelo tratado de Itaipu, o país só pode vender sua fatia excedente ao Brasil.
Classificado como "histórico" por Lula, e vendido por Lugo como principal feito de sua gestão, o
acordo foi aprovado pelo Legislativo paraguaio, mas continua no Congresso brasileiro desde novembro.
O aumento da compensação só valerá com aval legislativo.
Enquanto isso, paraguaios -sobretudo na Grande Assunção, onde está 40% da população do
país- sofrem com cortes de luz que se estendem por até cinco horas e danificam aparelhos domésticos,
conforme relatou à Folha o presidente da Asucop (Associação de Usuários e Consumidores do
Paraguai), Juan Vera.
Vera atribui o problema a gestões passadas, mas "principalmente" a Lugo. "O governo não fez
nada a respeito", diz.
As críticas ecoam no mundo empresarial -a UIP (União Industrial Paraguaia) afirma que os cortes
já paralisam fábricas e cobra soluções imediatas. Jornais apontam inação oficial e a oposição aproveita
para atacar o presidente -que ontem determinou economia de energia por órgãos públicos e até nas
luzes do palácio de governo.
A crise chega em meio a uma maior guinada à esquerda da gestão Lugo -exemplo recente foi a
troca no comando de Itaipu de um ex-senador do Partido Liberal (centro-direita) por um assessor próximo
com passagens por movimentos sociais e pelo PT brasileiro.