Porta-Aviões

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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FCarvalho
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Re: Porta-Aviões

#2176 Mensagem por FCarvalho » Sex Jan 18, 2013 7:37 pm

Vinicius Pimenta escreveu:
Paisano escreveu:Mentes e corações... :wink:
Os corações já têm. Faltam as mentes.
Pão e Circo, meus amigos. Pão e Circo.

abs.




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tykuna
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Re: Porta-Aviões

#2177 Mensagem por tykuna » Sáb Jan 19, 2013 12:13 pm

FCarvalho escreveu:
tykuna escreveu:FCarvalho,
O assistencialismo das Forças Armadas é investimento. Na amazônia então, é vital. O apoio da população se conquista ou se compra. Eles estão indo pela primeira opção, mas se apertar, vão pela segunda sem medo. Vide araguaia.
[]´s
Tykuna, apenas uma correção. O assistencialismo não é das forças armadas, mas do governo. Elas apenas servem de subsídio para sua implementação. E é um investimento perigoso e danoso para a própria força terrestre, e antes de mais nada, uma atitude hipócrita, mas conveniente, da política assistencialista governamental. Traduzindo em miúdos, é um eterno tapar o sol com a peneira, para que sempre possa haver uma próxima vez...

Não condeno a assistência em si, que de fato sempre fez e faz parte do histórico de nossas ffaa's, vide nossa ainda paupérrima realidade social. Mas o fato é que de uns tempos para cá, o que se sempre se constituiu em missão secundária e complementar para as ffaa's, está virando, vis a vis, na prática, sua razão principal de ser. Seja para o bem ou para o mal.

O que queremos ter quando crescer? O Exército da Salvação ou o Exército de Caxias?

abs.
Bom dia carvalho,

Na amazônica, o assistencialismo das forças armadas começou muito antes dos Fernandos e Vermelhos chegarem ao governo. Isso foi definido lá atrás. Faz parte de algo muito maior, que seria a guerra de resistência, onde o apoio dos locais é vital. Em nenhuma outra região do país você verá tamanho suporte das forças armadas. O Guerra pode confirmar melhor, mas no CIGS esse assistencialismo era ensinado como um dos pilares para um grande conflito na região.
Meu pai chegou na amazônia em 78, mesmo ano que fez o Cigs, desde daquela época o assistencialismo já ocorria. Pós curso, ele virou instrutor da parte de comunicações, e o ensinamento era o mesmo.

O que eu acredito é que para amazonia, a postura do governo favoreceu a estratégia das forças armadas. Já no resto do país, não sei lhe dizer se é interessante.

[]´s




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Re: Porta-Aviões

#2178 Mensagem por tykuna » Sáb Jan 19, 2013 12:13 pm

.




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lobo_guara
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Re: Porta-Aviões

#2179 Mensagem por lobo_guara » Sáb Jan 19, 2013 4:30 pm

Bem vamos por partes:

1º) Entendo perfeitamente a missão primário do EB, pois por alguns anos tive o privilégio de fazer parte desta instituição como Oficial R2, e bem se não temos os melhores meios ou os mais modernos, hoje (até diferente da minha época) entendo que os meios disponíveis estão próximos ao adequado no contexto regional e histórico em que o Brasil esta inserido, ou será que alguém pensa que 200 mil homens armados e equipados seja apenas "mãos bichadas", ou quem sabe os cerca de 1000 veículos blindados a disposição do EB sirvam apenas para paradas de 7 de setembro (a despeito de eventuais problemas operacionais e logísticos comuns em qualquer tipo de instituição militar deste porte em qualquer parte do mundo!).

2º) A despeito do longo martírio de lágrimas comum nestes fóruns, ha de se reconhecer e para quem conhece o EB é impossível afirmar o contrário, há muito avanço em diversas áreas e façamos justiça o governo atual melhorou muito o tratamento dado as nossas FFAA. Ou vejamos: Quem lembra do parque de viaturas do EB nos anos 90 e comparar com o que se tem hoje com as diversas aquisições feitas de viaturas como Jipes da Agrale e os novos caminhões que estão chegando há de reconhecer que em termos de mecanização nunca estivemos melhores; Também seria importante destacar programas como a da nova família de Blindados sobre rodas que em breve estará começando a ser entregue para as OM Brasil a fora! Ou ainda os 250 Blindados Leopard 1A5 que finalmente o EB conseguiu adquirir (ou as pessoas não sabem que a escolha do Leopard pelo EB não é de hoje e que somente operou dois tipos de Blindados diferentes em função de ordem superior do então Comandante em Chefe Sr. FHC que desejava agradar aos seus amigos Americanos). E ainda não vamos falar dos programas de modernização do helicópteros do EB da aquisição de 16 Super Cougar, do programa ASTROS 2020, do programa para o novo fuzil para o EB, da eminência de um novo sistema de defesa anti-aéreo, etc., pois para alguns isso tudo é pouco ou pura obra da imaginação!

3º) O aumento do número de operações Reais e Efetivas voltadas a defesa de nossas fronteiras também deve ser fruto de nossa imaginação e as três ou quatro edições da operação Ágata para alguns deva parecer como um pique-nique ou política assistencialista, esquecendo-se talvez que vivemos em paz com nossos vizinhos a cerca de 100 anos e que não queremos, e não devemos nos metermos nas guerras e conflitos mundo a fora até por principio constitucional! O que nos leva a limitarmos a nos mantermos preparados para a defesa dos nossos interesses e da defesa do país através do treinamento contínuo!

4º) O fato de pela primeira vez o Brasil estar no comando de uma missão de paz da ONU deve ser fato corriqueiro para alguns, mas para o EB constituiu um dos principais desafios da sua história moderna, e salvo estejamos vivendo um delírio coletivo, nos parece que os nossos "mãos bichadas" não sairão-se mal e a experiência construída aqui dentro esta servido de exemplo até para os infalíveis norte-americanos. A propósito as ações de auxílio desenvolvidas no HAITI também podem ser assistencialistas?

5º) A realização de ações de assistência a população sempre foi desenvolvida pelo EB (e não somente na Amazônia), pois faz parte da doutrina de emprego da força desde sempre (e isso não foi inventado pelo EB, pois os americanos já lançavam mão deste expediente no Vietnã buscando ganhar a confiança da população local, aliás isso é essencial para qualquer exército que deseje alcançar exito nas suas ações internas ou internas).

6º) Portanto nem o EB nem as demais FFAA brasileiras realizam ações assistencialistas para o governo, o que fazem é garantir a segurança da população quer em localidades remotas nas áreas de fronteiras o que constitui ação subsidiária a sua missão primária de defesa! E eventualmente treinam a execução destas ações em áreas carentes de forma a aproveitar seus recursos os quais em épocas de paz e num contexto de país em desenvolvimento seria um absurdo agir de outra forma. Além disso o emprego do EB e de sua infra-estrutura em momentos de crise tais como catástrofes em função de eventos climáticos, greve de policiais, epidemias, colapso dos sistemas de saúde, entre outros constitui missão de defesa da população e da sociedade partes integrantes e fundamentais da Nação e portanto não podem ser confundidas com puro assistencialismo, mas sim uma questão de orgulho e satisfação para estas instituições no fato de poder auxiliar o nosso povo e desta forma também estar defendendo a Nação!

7º) Quanto as politicas assistenciais do governo e que lamentavelmente são vistas de forma negativa por alguns (talvez até por desconhecer a realidade do país), inegavelmente tem obtido exito no sentido de resgatar a dignidade de parcelas substanciais do nosso povo incorporando-os no mercado consumidor e retirando-lhes da miséria absoluta! Não fosse isso verdade, as nações unidas e outras entidades mundo afora não estariam buscando no Brasil formulas para o combate a pobreza extrema e a fome no mundo.

8º) Peço desculpas aos demais foristas, pois deveríamos estar abordando questões relacionadas a Porta-Aviões neste espaço, contudo há sempre uma ligação entre os temas, e vejam que um navio deste tipo tem um potencial e tanto para a realizações de ações subsidiárias, pois poderia transportar e alojar um hospital de campanha inteiro a exemplo do que faz a Itália no seu novíssimo PA que auxiliou o HAITI durante o terremoto inclusive com equipes médicas brasileiras a bordo!

9º) Ponto final!




Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem tomar qualquer outra coisa por fazer, senão a guerra e a sua organização e disciplina, pois que é essa a única arte que compete a quem comanda. (Machiavelli)
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Re: Porta-Aviões

#2180 Mensagem por Marino » Sáb Jan 19, 2013 5:24 pm

Quem fala em assistencialismo das FA nao conhece o Brasil.
Nunca esteve no interior da Amazônia, no interior e nao em Manaus, nunca esteve no sertão profundo, nunca esteve nas áreas de pobreza extrema, enfatizo o extrema, deste país.
Eu fui imediato de um navio de assistência hospitalar na Amazônia, e estive onde ninguém aqui esteve, vi o que ninguém aqui viu.
Vi brasileiros abandonados a própria sorte, vi nao cidadãos, vi os verdadeiros excluídos, os realmente pobres e famintos.
As FA deveriam se omitir?
A resposta eu tenho na minha cabeça.
Que cada um ache a sua.




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Re: Porta-Aviões

#2181 Mensagem por Boss » Sáb Jan 19, 2013 5:28 pm

Belos posts, Srs. 8-]




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Re: Porta-Aviões

#2182 Mensagem por Gerson Victorio » Sáb Jan 19, 2013 10:57 pm

Boss escreveu:Belos posts, Srs. 8-]
2x

ainda há esperença!!!




de volta a Campo Grande - MS.
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Re: Porta-Aviões

#2183 Mensagem por cassiosemasas » Dom Jan 20, 2013 1:44 am

Gerson Victorio escreveu:
Boss escreveu:Belos posts, Srs. 8-]
2x

ainda há esperença!!!
3x

chupem, detratores cegos.




...
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Re: Porta-Aviões

#2184 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Jan 20, 2013 5:45 pm

Acho que ninguém é contra as ACISOs, especialmente na Amazônia. O que parece que não entenderam foi a diferença sutil entre fazer e se orgulhar deste tipo de missão com entendê-las como função primordial.

Ver o quão fundamentais são as FFAA na Amazônia é justamente o ponto errado. As FFAA precisam apoiar tais ações, e não ser o único braço do Estado nessas regiões, como são. Ações subsidiarias são fundamentais sim. O perigo é quando elas são vistas com tanta ou mais importância que as primárias.

O problema é olhar as FFAA como carregadoras de piano da nação. E, não, Marino, as FFAA não têm que se omitir. Sim, o trabalho é motivo de orgulho. Mas ao pensar que as FFAA têm alguma responsabilidade maior para com a nação do que os braços civis do Estado, no estilo "já que eles não fazem, faço eu", não se vislumbra a resolução do problema e sim a perpetuação das mazelas.

Não sei se ficou mais claro agora.




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Re: Porta-Aviões

#2185 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Jan 20, 2013 5:53 pm

cassiosemasas escreveu:
Gerson Victorio escreveu: 2x

ainda há esperença!!!
3x

chupem, detratores cegos.
Este tipo de vocabulário é incompatível com este espaço. O respeito à opinião alheia é pilar fundamental para um ambiente de alto nível. Não serão toleradas novas manifestações neste tom.




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Re: Porta-Aviões

#2186 Mensagem por Boss » Dom Jan 20, 2013 7:28 pm

Vinicius Pimenta escreveu:Acho que ninguém é contra as ACISOs, especialmente na Amazônia. O que parece que não entenderam foi a diferença sutil entre fazer e se orgulhar deste tipo de missão com entendê-las como função primordial.

Ver o quão fundamentais são as FFAA na Amazônia é justamente o ponto errado. As FFAA precisam apoiar tais ações, e não ser o único braço do Estado nessas regiões, como são. Ações subsidiarias são fundamentais sim. O perigo é quando elas são vistas com tanta ou mais importância que as primárias.

O problema é olhar as FFAA como carregadoras de piano da nação. E, não, Marino, as FFAA não têm que se omitir. Sim, o trabalho é motivo de orgulho. Mas ao pensar que as FFAA têm alguma responsabilidade maior para com a nação do que os braços civis do Estado, no estilo "já que eles não fazem, faço eu", não se vislumbra a resolução do problema e sim a perpetuação das mazelas.

Não sei se ficou mais claro agora.

Mas quem entende como função primordial ?




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Re: Porta-Aviões

#2187 Mensagem por Marino » Dom Jan 20, 2013 7:42 pm

Nenhum militar considera este tipo de ação como a principal.
Nenhum, ou as FA poderiam ser fechadas.
Mas a absoluta ausência das instituições que deveriam assumir suas responsabilidades faz com que as forças nao se omitam, faz com que não deixem que brasileiros sejam abandonados, que sintam que alguém se importa com eles, que são brasileiros que merecem ser apoiados como qualquer outro.
Há muito, quando eu recebi minha primeira punição aqui no DB, por responder a um forista que escreveu que deveríamos entregar a Amazônia, eu contei uma das experiências por que passei, lembra Vinícius?
Eu era imediato de um NASH e um dos médicos me chamou e disse: imediato, quando voltarmos da comissão este bebê estará morto.
Eu fiquei louco e perguntei: o que temos de fazer? Levar para Manaus, realizar uma EVAM, o quê?
A resposta foi: imediato, olhe a receita que eu passei - comer carne, verduras, tomar leite.
Então eu entendi.
A criança parecia saída de Biafra, pele e osso.
A mãe, por nao ter leite, dava uma mistura de água e farinha para o bebê.
Os pais aqui conseguem avaliar isso?
Eu passava todos os dias por situações similares.
Chegava de viagem com depressão imensa, por ver irmãos brasileiros submetidos a este tipo de situação.
E as FA, vendo isso, devem se omitir?
Nao fazer NADA?
Para que servimos então, se nao para defender os brasileiros?
Sabemos que nao é nossa missão, que nao temos recursos, meios, material, para socorrermos o Brasil, mas faremos o que estiver a nosso alcance.
É pouco, mas é muito para aqueles que nao tem nada, que são abandonados pelos poderes constituídos.




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Re: Porta-Aviões

#2188 Mensagem por FCarvalho » Dom Jan 20, 2013 8:18 pm

Boss, 'oficialmente', ninguém(poder público) entende, e sequer jamais afirmaria de público, que ACISOS/MMI ou GLO's e, outras missões ditas de caráter social, sejam primárias das ffaa's. E nem o poderiam fazê-lo. A própria CF o desmente e tal coisa seria até motivo de escárnio, ou mesmo de processo legal, num extremo.

Contudo, estes últimos anos, a prática tem dito o contrário, quando vemos cada vez mais forças militares, que em tese teriam de ter seu emprego e preparo, priorizados na/para defesa do país, sendo empregadas e aquinhoadas mais e mais, para estas ditas missões secundárias ao longo das últimas décadas. Veja-se a disponibilidade de novos materiais para operações GLO e sua contraparte de combate para a infantaira do EB.

Nota-se a olhos vistos o esforço do Estado nos últimos anos, em especial, em obriga-se e obrigar a procura de meios e funções civis (duplo uso) para todos os programas de modernização das ffaa's, inclusive mesmo aqueles que não teriam aplicabilidade para atividades civis. E no caso destes últimos, quando não há argumentação plausível e nem convincente que possa angariar o investimento frente a mídia e sociedade, postergar-se, nega-se, objeta-se, fraciona-se...

Enfim, é só observar as atitudes e o o tratamento diferenciado dados ao PAED e aos programas das ffaa's que cabem em um PAC da vida.

No mais, como já disse o Vinicius, e reforço, ninguém aqui é contrário as missões secundárias. E nem poderíamos sê-lo. O que no entanto não é admissível, é que elas, por omissão ou deturpação da gestão governamental acabem se tornando um referencial ou imperativo indispensável para nós pensarmos - e planejarmos - as funções e premissas do que são e para que servem as ffaa's.

As ffaa's podem existir sem maiores problemas sem as missões secundárias impostas a si. Mais isto já não é valido para as primárias. Por outro lado, o Estado não tem o direito e nem pode abrir mão de uma e de outra. Mas pensemos, a quem cabe a primariedade da responsabilidade e a primazia da ação social e previdenciária? À parte civil do governo ou as ffaa's?

Repito novamente. O que queremos no futuro? Um Exercito da Salvação ou o Exército de Caxias? Só temos uma escolha a fazer.

abs.




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Re: Porta-Aviões

#2189 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Jan 20, 2013 11:03 pm

Boss escreveu:
Vinicius Pimenta escreveu:Acho que ninguém é contra as ACISOs, especialmente na Amazônia. O que parece que não entenderam foi a diferença sutil entre fazer e se orgulhar deste tipo de missão com entendê-las como função primordial.

Ver o quão fundamentais são as FFAA na Amazônia é justamente o ponto errado. As FFAA precisam apoiar tais ações, e não ser o único braço do Estado nessas regiões, como são. Ações subsidiarias são fundamentais sim. O perigo é quando elas são vistas com tanta ou mais importância que as primárias.

O problema é olhar as FFAA como carregadoras de piano da nação. E, não, Marino, as FFAA não têm que se omitir. Sim, o trabalho é motivo de orgulho. Mas ao pensar que as FFAA têm alguma responsabilidade maior para com a nação do que os braços civis do Estado, no estilo "já que eles não fazem, faço eu", não se vislumbra a resolução do problema e sim a perpetuação das mazelas.

Não sei se ficou mais claro agora.

Mas quem entende como função primordial ?
De quatro parágrafos você tira uma pergunta referente a algo que não está escrito?




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Re: Porta-Aviões

#2190 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Jan 20, 2013 11:38 pm

Marino escreveu:Nenhum militar considera este tipo de ação como a principal.
Nenhum, ou as FA poderiam ser fechadas.
Ótimo, mas ninguém escreveu isso.
Mas a absoluta ausência das instituições que deveriam assumir suas responsabilidades faz com que as forças nao se omitam, faz com que não deixem que brasileiros sejam abandonados, que sintam que alguém se importa com eles, que são brasileiros que merecem ser apoiados como qualquer outro.
Há muito, quando eu recebi minha primeira punição aqui no DB, por responder a um forista que escreveu que deveríamos entregar a Amazônia, eu contei uma das experiências por que passei, lembra Vinícius?
Eu era imediato de um NASH e um dos médicos me chamou e disse: imediato, quando voltarmos da comissão este bebê estará morto.
Eu fiquei louco e perguntei: o que temos de fazer? Levar para Manaus, realizar uma EVAM, o quê?
A resposta foi: imediato, olhe a receita que eu passei - comer carne, verduras, tomar leite.
Então eu entendi.
A criança parecia saída de Biafra, pele e osso.
A mãe, por nao ter leite, dava uma mistura de água e farinha para o bebê.
Os pais aqui conseguem avaliar isso?
Eu passava todos os dias por situações similares.
Chegava de viagem com depressão imensa, por ver irmãos brasileiros submetidos a este tipo de situação.
E as FA, vendo isso, devem se omitir?
Nao fazer NADA?
Para que servimos então, se nao para defender os brasileiros?
Sabemos que nao é nossa missão, que nao temos recursos, meios, material, para socorrermos o Brasil, mas faremos o que estiver a nosso alcance.
É pouco, mas é muito para aqueles que nao tem nada, que são abandonados pelos poderes constituídos.
Meu amigo, isso é lindo. De verdade. É um baita orgulho o quanto nossos militares não se omitem ao fazer um trabalho que não é deles.

O problema não está aí. O problema não é a não omissão.

O problema está na lógica:
Para que servimos então, se nao para defender os brasileiros?
Sabemos que nao é nossa missão, que nao temos recursos, meios, material, para socorrermos o Brasil, mas faremos o que estiver a nosso alcance.
É pouco, mas é muito para aqueles que nao tem nada, que são abandonados pelos poderes constituídos.
"As FFAA não têm 'recursos, meios, material' e fazem um trabalho em prol dos 'abandonados pelos poderes constituídos'."

É uma visão romântica, uma mentalidade que não deveria mais caber a uma nação como a nossa.

Para que servem? Para defender os brasileiros, a nação brasileira contra ameaças externas. Para garantir os poderes constituídos. Para projetar poder do Brasil onde se fizer necessário. Para APOIAR o Estado brasileiro no que se fizer necessário.

APOIAR, não assumir as funções de um Estado ausente.

O que fazer então, Vinicius? Devemos nos omitir? Não. Devemos parar de fazer as ACISOs? Não.

O problema é aceitar a situação com naturalidade.

O problema é a gente saber que não temos "recursos, meios, material", que a população está "abandonada pelos poderes constituídos" e achar que isso deve continuar assim. Ou achar que, já que ninguém faz, são as FFAA as carregadoras de piano que, mal podendo dar conta da missão principal, assumem essas tarefas.

O início dessa conversa começou com a análise do slogan do Exército: "Braço forte, mão amiga". Veja a ênfase. 50% do slogan é sobre a missão secundária. Segundo a definição básica: "Um slogan ou frase de efeito é uma frase de fácil memorização que resume as características de um produto, serviço ou até mesmo pessoa. Ela é usada em contexto político, religioso ou comercial como uma expressão repetitiva de uma ideia ou propósito."

E aí você percebe que as FFAA brasileiras, exatamente por serem as únicas instituições que chegam em todos os lugares, acabam vivendo uma certa crise de identidade. Elas acabam assumindo para si uma responsabilidade que não é delas, porque a sociedade é incapaz de cobrar que os verdadeiros responsáveis façam seu trabalho.

Forças Armadas não são feitas para assumirem responsabilidades de governos civis.

Ao dizer que metade da sua atribuição é ser "mão amiga", o Exército assume pra si uma responsabilidade que não é dele.

Não estou CULPANDO as FFAA de nada. Estou apenas colocando que elas fazem parte de um contexto que está errado, não percebem e até se vêem na obrigação de ampliar esforços em áreas secundárias para de certa forma demonstrar ao país o quanto elas são necessárias. Mas não é dizendo que é mão amiga que o Exército vai se mostrar necessário.

Essa lógica se reflete na aquisição de material. É MUITO mais fácil adquirir um equipamento se este puder ser utilizado em uma missão secundária. Exemplos não faltam.

É o que estou querendo dizer.




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