RÚSSIA
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Fyodor Lukyanov é editor-chefe da revista Rússia nos assuntos globais.
Os analistas têm observado que os países centro-asiáticos não estão seriamente combater a crescente acumulação de problemas que afligem a região, e os acontecimentos recentes são motivo para uma perspectiva sombria. Na verdade, os problemas acumulados na região ameaçam transbordar, abrindo uma nova fase na região.
Na semana passada, um tiroteio na fronteira do Usbequistão e do Quirguistão resultou em mortes de ambos os lados. Ele começou como um simples argumento com os trabalhadores que estavam consertando um troço de estrada em território disputado. A causa do incidente é menos importante do que pronto os guardas de fronteira dos dois países vizinhos foram para abrir fogo sobre o outro. No Tajiquistão, uma operação anti-terrorista na área Pamir realizada pelas autoridades na sequência do assassinato de um segurança do Estado forças geral, Abdullo Nazarov, se transformou em um sério compromisso com dezenas de mortos.
Tais eventos são sem precedentes. Mas as mudanças iminentes no Afeganistão e na luta pelo poder incipiente estão fazendo tais eventos em países vizinhos olhar ainda mais sinistro.
cont em
http://eng.globalaffairs.ru/redcol/Who- ... Asia-15621
Os analistas têm observado que os países centro-asiáticos não estão seriamente combater a crescente acumulação de problemas que afligem a região, e os acontecimentos recentes são motivo para uma perspectiva sombria. Na verdade, os problemas acumulados na região ameaçam transbordar, abrindo uma nova fase na região.
Na semana passada, um tiroteio na fronteira do Usbequistão e do Quirguistão resultou em mortes de ambos os lados. Ele começou como um simples argumento com os trabalhadores que estavam consertando um troço de estrada em território disputado. A causa do incidente é menos importante do que pronto os guardas de fronteira dos dois países vizinhos foram para abrir fogo sobre o outro. No Tajiquistão, uma operação anti-terrorista na área Pamir realizada pelas autoridades na sequência do assassinato de um segurança do Estado forças geral, Abdullo Nazarov, se transformou em um sério compromisso com dezenas de mortos.
Tais eventos são sem precedentes. Mas as mudanças iminentes no Afeganistão e na luta pelo poder incipiente estão fazendo tais eventos em países vizinhos olhar ainda mais sinistro.
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"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Rússia pretende instalar bases militares em Cuba e no Vietnã
MOSCOU - O governo da Rússia pretende montar bases militares em Cuba e no Vietnã, dois aliados da época da Guerra Fria. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 27, pelo vice-marechal Viktor Chirkov. Para analistas, a nova estratégia militar deve aumentar a tensão entre Moscou e Washington, já esgarçada pela crise na Síria.
"Estamos trabalhando para montar bases navais fora da Rússia", disse o militar à agência Ria-Novosti. "Pretendemos construí-las em Cuba, Vietnã e nas Ilhas Seychelles."
O presidente russo, Vladimir Putin, pretende aumentar no ano que vem em 19% os gastos militares russos. O investimento total em defesa do país deve somar US$ 1,35 trilhão.
Em 2008, o general americano Norton Schawartz alertou a Rússia contra uma base de reabastecimento em Cuba. Em 1962, a Crise dos Mísseis quase levou os dois países a um confronto nuclear.
Estadao
MOSCOU - O governo da Rússia pretende montar bases militares em Cuba e no Vietnã, dois aliados da época da Guerra Fria. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 27, pelo vice-marechal Viktor Chirkov. Para analistas, a nova estratégia militar deve aumentar a tensão entre Moscou e Washington, já esgarçada pela crise na Síria.
"Estamos trabalhando para montar bases navais fora da Rússia", disse o militar à agência Ria-Novosti. "Pretendemos construí-las em Cuba, Vietnã e nas Ilhas Seychelles."
O presidente russo, Vladimir Putin, pretende aumentar no ano que vem em 19% os gastos militares russos. O investimento total em defesa do país deve somar US$ 1,35 trilhão.
Em 2008, o general americano Norton Schawartz alertou a Rússia contra uma base de reabastecimento em Cuba. Em 1962, a Crise dos Mísseis quase levou os dois países a um confronto nuclear.
Estadao
- Andre Correa
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Entre pretender e fazer há um longo caminho... ![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
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Audaces Fortuna Iuvat
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Foi desmentido a noticia ja. Apesar que o vietnam já confirmou que aceitaria na boa.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
É claro. Uma base russa seria a proteção do Vietnam contra a China. Para Rússia significaria por o pé no sudeste asiático para temores da China e EUA. A Rússia está voltando a ser forte. Não duvido mais de nada. E todo ano o orçamento de defesa cresce. Pelo menos, na região da Ásia até Europa oriental, pode fazer barulho e bater de frente política e militarmente com qualquer um.
- Sterrius
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Apesar que esse aumento anual em orçamento de defesa pode por tudo a perder pra Russia!
Se ela gastar d+ ao inves de melhorar pode ver uma piora do orçamento devido ao encolhimento da economia ou de seu crescimento.
Se ela gastar d+ ao inves de melhorar pode ver uma piora do orçamento devido ao encolhimento da economia ou de seu crescimento.
- suntsé
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Eu espero que este movimento por parte deles seja calculado e que eles não deem com os burros na água. Não falo isso por orgasmos em relação a Rússia. Falo porque é um país muito importante no contexto da segurança internacional. Não nos interessa uma Rússia falia e a beira de guerras civis e institucionalmente fraca, isso poderia gerar situações preocupantes.Sterrius escreveu:Apesar que esse aumento anual em orçamento de defesa pode por tudo a perder pra Russia!
Se ela gastar d+ ao inves de melhorar pode ver uma piora do orçamento devido ao encolhimento da economia ou de seu crescimento.
imaginem uma potencia com milhares de armas nucleares e biológicas em ruína... Já imanaram? eu não quero nem pensar nisso!
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Dívida pública russa é muito pequena quando comparada aos dos países do ocidente que tem dividas de mais de 70%, a russa não chega a 5%, portanto ainda tem muita margem para endividamento. Muitos setores russos críticam esse aumento constante do orçamento militar, mas Putin ignora, isso porque sabe que se a Rússia não investir rápido e renovar seu arsenal convencional se tornará uma potencia de segunda classe ou até pior.Sterrius escreveu:Apesar que esse aumento anual em orçamento de defesa pode por tudo a perder pra Russia!
Se ela gastar d+ ao inves de melhorar pode ver uma piora do orçamento devido ao encolhimento da economia ou de seu crescimento.
- Sterrius
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
A Questão Hades que a Russia nao tem como competir com os EUA e China. Isso é fato. Ao menos quando falamos de armamento convencional.
Eles precisariam aumentar muito sua população e produtividade pra isso.
Eles precisariam aumentar muito sua população e produtividade pra isso.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Em quantidade é claro que não podem e a menos que ocorra algo supreendente não poderão nesse século. Agora não podem ficar parado e se distanciar tecnologicamente. Pelo menos a terceira (em termos de poder ainda são a 2º, mas já certo que vão perder para a China) maior força militar convencional eles podem ser futuramente. O que não dá é para o país ficar parado e ter futuramente uma força militar semelhante a espanhola ou na pior das hipoteses (catastrofe total) ter uma semelhante a brasileira.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
A pessoas de Washington,Londres,Riad,Abu Dabi,Qatar que adorariam que isso acontecesse alias tiveram orgasmos na década de 90 do século passado o arquiteto do plano tem nome Zbigniew Brzezinski.suntsé escreveu:Eu espero que este movimento por parte deles seja calculado e que eles não deem com os burros na água. Não falo isso por orgasmos em relação a Rússia. Falo porque é um país muito importante no contexto da segurança internacional. Não nos interessa uma Rússia falia e a beira de guerras civis e institucionalmente fraca, isso poderia gerar situações preocupantes.Sterrius escreveu:Apesar que esse aumento anual em orçamento de defesa pode por tudo a perder pra Russia!
Se ela gastar d+ ao inves de melhorar pode ver uma piora do orçamento devido ao encolhimento da economia ou de seu crescimento.
imaginem uma potencia com milhares de armas nucleares e biológicas em ruína... Já imanaram? eu não quero nem pensar nisso!
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Uma política externa de compensação
30/07/2012
Evguêni Ivanov, comentarista político
Diante das dificuldades internas, Kremlin aposta em ações internacionais para garantir o apoio do povo.
Apenas um ano atrás, as pessoas de fora da comunidade de especialistas da Rússia nunca tinham ouvido falar de Mikhail Dmitriev, presidente do Centro para Pesquisa Estratégica, um grupo de reflexão sobre questões econômicas e sociais. Hoje, Dmitriev, 51, é um dos formadores de opinião mais reconhecidos e respeitados do país.
A ascensão de Dmitriev começou depois de março deste ano, quando seu centro publicou um relatório intitulado “Crise política na Rússia e possíveis mecanismos de seu desenvolvimento”.
Baseado na análise de pesquisas públicas e informações de discussões em grupo, Dmitriev e seu coautor Serguêi Belanóvski defenderam que a Rússia estava no meio de uma forte crise política caracterizada, entre outras coisas, por uma acentuada queda da confiança pública na liderança política do país.
Muitos analistas, críticos da metodologia do centro – sobretudo pelo uso de dados resultantes de discussões em grupo – tentaram invalidar o documento como uma tentativa de autopromoção à base de alarmismo político.
Entretanto, os protestos em massa que eclodiram após as eleições para Duma de Estado em dezembro de 2011, seguidos pelas eleições presidenciais em março deste ano, foram amplamente encarados como uma justificativa do ponto de vista de Dmitriev.
De repente, Dmitriev se viu no centro das atenções. Além de ser convidado constante de programas de TV sobre política, seus artigos são frequentemente publicados na imprensa russa e internacional.
O mais recente relatório divulgado em maio deu um passo além, alegando que a crise política na Rússia tornou-se irreversível, e que, independentemente de possíveis cenários futuros, o retorno ao status pré-crise não é mais possível.
Dmitriev e seus colegas argumentaram que o incremento pós-eleitoral nos índices de aprovação do presidente Vladímir Pútin e seu primeiro-ministro Dmítri Medvedev representaram nada mais do que um ligeiro aumento transitório e que um declínio futuro seria inevitável – previsão recentemente comprovada nas pesquisas de opinião pública.
O relatório do centro é um documento de leitura obrigatória para todos os interessados em política interna da Rússia. A análise também oferece alguns insights interessantes sobre as possíveis direções da política exterior russa.
Os dados apresentados mostram que a grande maioria dos russos – independente de idade, localização geográfica e nível educacional – acreditam que o país está cercado por inimigos que querem tomar controle do território e dos recursos da Rússia à força.
Entre esses “adversários”, os Estados Unidos são considerados a maior ameaça estratégica. Não é nenhuma surpresa o fato dos respondentes apoiarem maciçamente uma política externa assertiva e a necessidade de um exército forte. Eles aprovam, inclusive, o aumento dos gastos militares, ainda que isso limite o financiamento do Estado para saúde, educação e aposentadorias.
Curiosamente, a ameaça externa à soberania da Rússia foi um dos temas mais invocados por Vladímir Pútin durante seu campanha presidencial no início do ano. Na época, muitos observadores argumentaram que os sentimentos antiamericanos articulados por Pútin representavam uma abordagem tática com intuito de angariar votos de “patriotas”.
Uma vez de volta ao Kremlin, Pútin poderia retornar a uma política externa mais pragmática, característica dos seus dois primeiros mandatos como presidente.
As constatações do relatório, contudo, sugerem o contrário. Longe de ser uma tendência passageira, a política externa baseada na exploração de ameaças estrangeiras e na retórica antiocidental pode tornar-se a peça central de toda a agende política do regime, um “âncora” que iria impedir maior queda no apoio político.
A lógica é simples. Quanto mais desiludidos com as políticas internas do regime se tornarem os cidadãos comuns, mais tentado ficaria o Kremlin a compensar essa decepção com a condução de uma política externa forte.
A posição da Rússia na Síria pode representar a manifestação mais óbvia dessa abordagem. Na semana passada, pela terceira vez nos últimos nove meses, a Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria – proposta pelo Reino Unido e apoiada pelos países ocidentais – pedindo uma intervenção internacional para conter a escalada da violência no país.
Existem inúmeras explicações para o apoio da Rússia ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Alguns analistas lembram que a Síria é um consumidor fiel de equipamento militar russo e também abriga a base naval de Tartus, a última base militar da Rússia fora da ex-União Soviética. Outros apontam a aversão ideológica da Rússia às “intervenções humanitárias”, que Moscou vê como um pretexto velado para derrubar regimes não favoráveis ao Ocidente.
E também há aqueles alegam que a Rússia quer simplesmente se “vingar” do Ocidente pela resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia no ano passado – uma resolução que a Rússia decidiu não vetar e depois assistiu impotentemente aos Estados Unidos e seus aliados a usarem como desculpa para derrubar o regime do coronel Muammar Gaddafi.
É claro que isso tudo está em jogo. Ainda assim, o comportamento de Moscou pode ser conduzido por uma análise mais simples e pragmática: em tempos em que a cooperação com o Ocidente parece tudo menos possível, o melhor que a Rússia pode fazer é consistentemente confrontar o outro lado do mundo. Considerando a situação interna, seria tolice do Kremlin não explorar algo que ainda compartilha com seu público: a imagem do inimigo batendo à porta do país.
Evguêni Ivanov é comentarista político em Massachusetts e redator do blog The Ivanov Report.
http://gazetarussa.com.br/articles/2012 ... 15009.html
30/07/2012
Evguêni Ivanov, comentarista político
Diante das dificuldades internas, Kremlin aposta em ações internacionais para garantir o apoio do povo.
Apenas um ano atrás, as pessoas de fora da comunidade de especialistas da Rússia nunca tinham ouvido falar de Mikhail Dmitriev, presidente do Centro para Pesquisa Estratégica, um grupo de reflexão sobre questões econômicas e sociais. Hoje, Dmitriev, 51, é um dos formadores de opinião mais reconhecidos e respeitados do país.
A ascensão de Dmitriev começou depois de março deste ano, quando seu centro publicou um relatório intitulado “Crise política na Rússia e possíveis mecanismos de seu desenvolvimento”.
Baseado na análise de pesquisas públicas e informações de discussões em grupo, Dmitriev e seu coautor Serguêi Belanóvski defenderam que a Rússia estava no meio de uma forte crise política caracterizada, entre outras coisas, por uma acentuada queda da confiança pública na liderança política do país.
Muitos analistas, críticos da metodologia do centro – sobretudo pelo uso de dados resultantes de discussões em grupo – tentaram invalidar o documento como uma tentativa de autopromoção à base de alarmismo político.
Entretanto, os protestos em massa que eclodiram após as eleições para Duma de Estado em dezembro de 2011, seguidos pelas eleições presidenciais em março deste ano, foram amplamente encarados como uma justificativa do ponto de vista de Dmitriev.
De repente, Dmitriev se viu no centro das atenções. Além de ser convidado constante de programas de TV sobre política, seus artigos são frequentemente publicados na imprensa russa e internacional.
O mais recente relatório divulgado em maio deu um passo além, alegando que a crise política na Rússia tornou-se irreversível, e que, independentemente de possíveis cenários futuros, o retorno ao status pré-crise não é mais possível.
Dmitriev e seus colegas argumentaram que o incremento pós-eleitoral nos índices de aprovação do presidente Vladímir Pútin e seu primeiro-ministro Dmítri Medvedev representaram nada mais do que um ligeiro aumento transitório e que um declínio futuro seria inevitável – previsão recentemente comprovada nas pesquisas de opinião pública.
O relatório do centro é um documento de leitura obrigatória para todos os interessados em política interna da Rússia. A análise também oferece alguns insights interessantes sobre as possíveis direções da política exterior russa.
Os dados apresentados mostram que a grande maioria dos russos – independente de idade, localização geográfica e nível educacional – acreditam que o país está cercado por inimigos que querem tomar controle do território e dos recursos da Rússia à força.
Entre esses “adversários”, os Estados Unidos são considerados a maior ameaça estratégica. Não é nenhuma surpresa o fato dos respondentes apoiarem maciçamente uma política externa assertiva e a necessidade de um exército forte. Eles aprovam, inclusive, o aumento dos gastos militares, ainda que isso limite o financiamento do Estado para saúde, educação e aposentadorias.
Curiosamente, a ameaça externa à soberania da Rússia foi um dos temas mais invocados por Vladímir Pútin durante seu campanha presidencial no início do ano. Na época, muitos observadores argumentaram que os sentimentos antiamericanos articulados por Pútin representavam uma abordagem tática com intuito de angariar votos de “patriotas”.
Uma vez de volta ao Kremlin, Pútin poderia retornar a uma política externa mais pragmática, característica dos seus dois primeiros mandatos como presidente.
As constatações do relatório, contudo, sugerem o contrário. Longe de ser uma tendência passageira, a política externa baseada na exploração de ameaças estrangeiras e na retórica antiocidental pode tornar-se a peça central de toda a agende política do regime, um “âncora” que iria impedir maior queda no apoio político.
A lógica é simples. Quanto mais desiludidos com as políticas internas do regime se tornarem os cidadãos comuns, mais tentado ficaria o Kremlin a compensar essa decepção com a condução de uma política externa forte.
A posição da Rússia na Síria pode representar a manifestação mais óbvia dessa abordagem. Na semana passada, pela terceira vez nos últimos nove meses, a Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria – proposta pelo Reino Unido e apoiada pelos países ocidentais – pedindo uma intervenção internacional para conter a escalada da violência no país.
Existem inúmeras explicações para o apoio da Rússia ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Alguns analistas lembram que a Síria é um consumidor fiel de equipamento militar russo e também abriga a base naval de Tartus, a última base militar da Rússia fora da ex-União Soviética. Outros apontam a aversão ideológica da Rússia às “intervenções humanitárias”, que Moscou vê como um pretexto velado para derrubar regimes não favoráveis ao Ocidente.
E também há aqueles alegam que a Rússia quer simplesmente se “vingar” do Ocidente pela resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia no ano passado – uma resolução que a Rússia decidiu não vetar e depois assistiu impotentemente aos Estados Unidos e seus aliados a usarem como desculpa para derrubar o regime do coronel Muammar Gaddafi.
É claro que isso tudo está em jogo. Ainda assim, o comportamento de Moscou pode ser conduzido por uma análise mais simples e pragmática: em tempos em que a cooperação com o Ocidente parece tudo menos possível, o melhor que a Rússia pode fazer é consistentemente confrontar o outro lado do mundo. Considerando a situação interna, seria tolice do Kremlin não explorar algo que ainda compartilha com seu público: a imagem do inimigo batendo à porta do país.
Evguêni Ivanov é comentarista político em Massachusetts e redator do blog The Ivanov Report.
http://gazetarussa.com.br/articles/2012 ... 15009.html
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Dmitri Medvedev dá entrevista ao Times.
Dmitri Medvedev, que se encontra atualmente em Londres, respondeu a perguntas dos jornalistas do jornal britânico Times. O chefe de governo Dmitri Medvedev contou que, durante a recepção no palácio de Buckingham, conversou demoradamente com David Cameron sobre diferentes temas da atualidade.
O primeiro-ministro asseverou aos jornalistas que Moscou e Londres foram e continuam a ser parceiros históricos.
"Nós simplesmente estamos condenados à cooperação nas mais diferentes direções. A situação no mercado financeiro global, na economia da zona do euro preocupa a nós todos. Graças a Deus nem a Rússia nem a Britânia estão na zona do euro. Mas, por outro lado, temos colossal volume de comércio. E a Britânia é membro da União Europeia e partindo destas considerações nós estamos em contato permanente."
A Rússia está em contato permanente com a Britânia também na questão da regularização da situação na Síria, apesar de divergirem as posições dos países sobre esta questão, ainda que não fortemente, como parece de fora – salientou Dmitri Medvedev:
"A situação é muito grave e muito complexa, mas eu considero que o plano de Kofi Annan não se esgotou, porque é político e de paz. Nós partimos de que, para a Síria, seria um roteiro ruim a guerra civil. Agora morreu uma enorme quantidade de pessoas, como isto habitualmente acontece em tais conflitos. Mas culpadas são ambas as partes, que em certo momento não quiseram ouvir uma à outra e sentar-se à mesa de negociações."
Os jornalistas britânicos interessaram-se pelas relações da Rússia e EUA, sobretudo porque a melhoria nas relações ocorreu durante a presidência de Dmitri Medvedev:
"A melhoria já trouxe muitas coisas úteis. Nós realizamos muitas consultas sobre questões internacionais. E este foi o primeiro governo americano que ajudou a Rússia a entrar na OMC."
No que se refere às posições da Rússia e EUA em relação ao DAM, Dmitir Medvedev está certo de que inicialmente é necessário definir-se contra quem deverá ser orientado esse sistema:
“Existe uma certa figura retórica: contra quem é criado o correspondente escudo anti-mísseis? Se contra países que realizam programas nucleares não sancionados e criam novos mísseis, então nós compreendemos isto. Mas então expliquem, porque o escudo correspondente e os anti-mísseis correspondentes podem atingir objetivos na Rússia? E se isto é contra nós, então isto rompe a paridade nuclear, que, atualmente existe entre a Rússia e os Estados Unidos da América, paridade que é a chave para a garantia da segurança em todos os últimos anos pós-guerra. E não conseguimos obter resposta a esta questão. Acho que a OTAN deveria analisar o que necessita do enfoque adaptado da criação do DAM de quatro estágios correspondente. Isto em primeiro lugar. E em segundo. Qual será o papel da Rússia nisto."
Os correspondentes perguntaram também sobre a corrupção na Rússia, que freia o desenvolvimento da economia e do país em geral e sobre a aprovação de novas emendas na legislação russa, relativas à lei dos comícios, e sobre organizações não governamentais. Nós últimos meses em nosso campo legislativo não ocorreu nada e o país não avança para o totalitarismo, salientou Dmitri Medvedev.
"Lembrou a lei sobre as organizações não governamentais. Mas realmente o projeto de lei que foi aprovado pela Duma de Estado, em seu conteúdo absoluto, corresponde a uma série de leis estrangeiras, inclusive a uma conhecida lei americana. E por si só a construção de agentes estrangeiros não significa que isto é uma acusação. De modo algum. Isto simplesmente é constatação de que esta ou outra organização não-governamental recebe dinheiro do exterior. Nenhum estado fica indiferente a isto. Quando chega dinheiro do exterior para a atividade política, isto desperta questões em todos os Estados."
A última pergunta dos jornalistas britânicos referiu-se ao futuro do primeiro-ministro. Em particular se ele pretende alguma vez concorrer à presidência. Dmitri Medvedev respondeu que ele não é um político velho e não exclui nada.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_07_30/dm ... ntrevista/
Dmitri Medvedev, que se encontra atualmente em Londres, respondeu a perguntas dos jornalistas do jornal britânico Times. O chefe de governo Dmitri Medvedev contou que, durante a recepção no palácio de Buckingham, conversou demoradamente com David Cameron sobre diferentes temas da atualidade.
O primeiro-ministro asseverou aos jornalistas que Moscou e Londres foram e continuam a ser parceiros históricos.
"Nós simplesmente estamos condenados à cooperação nas mais diferentes direções. A situação no mercado financeiro global, na economia da zona do euro preocupa a nós todos. Graças a Deus nem a Rússia nem a Britânia estão na zona do euro. Mas, por outro lado, temos colossal volume de comércio. E a Britânia é membro da União Europeia e partindo destas considerações nós estamos em contato permanente."
A Rússia está em contato permanente com a Britânia também na questão da regularização da situação na Síria, apesar de divergirem as posições dos países sobre esta questão, ainda que não fortemente, como parece de fora – salientou Dmitri Medvedev:
"A situação é muito grave e muito complexa, mas eu considero que o plano de Kofi Annan não se esgotou, porque é político e de paz. Nós partimos de que, para a Síria, seria um roteiro ruim a guerra civil. Agora morreu uma enorme quantidade de pessoas, como isto habitualmente acontece em tais conflitos. Mas culpadas são ambas as partes, que em certo momento não quiseram ouvir uma à outra e sentar-se à mesa de negociações."
Os jornalistas britânicos interessaram-se pelas relações da Rússia e EUA, sobretudo porque a melhoria nas relações ocorreu durante a presidência de Dmitri Medvedev:
"A melhoria já trouxe muitas coisas úteis. Nós realizamos muitas consultas sobre questões internacionais. E este foi o primeiro governo americano que ajudou a Rússia a entrar na OMC."
No que se refere às posições da Rússia e EUA em relação ao DAM, Dmitir Medvedev está certo de que inicialmente é necessário definir-se contra quem deverá ser orientado esse sistema:
“Existe uma certa figura retórica: contra quem é criado o correspondente escudo anti-mísseis? Se contra países que realizam programas nucleares não sancionados e criam novos mísseis, então nós compreendemos isto. Mas então expliquem, porque o escudo correspondente e os anti-mísseis correspondentes podem atingir objetivos na Rússia? E se isto é contra nós, então isto rompe a paridade nuclear, que, atualmente existe entre a Rússia e os Estados Unidos da América, paridade que é a chave para a garantia da segurança em todos os últimos anos pós-guerra. E não conseguimos obter resposta a esta questão. Acho que a OTAN deveria analisar o que necessita do enfoque adaptado da criação do DAM de quatro estágios correspondente. Isto em primeiro lugar. E em segundo. Qual será o papel da Rússia nisto."
Os correspondentes perguntaram também sobre a corrupção na Rússia, que freia o desenvolvimento da economia e do país em geral e sobre a aprovação de novas emendas na legislação russa, relativas à lei dos comícios, e sobre organizações não governamentais. Nós últimos meses em nosso campo legislativo não ocorreu nada e o país não avança para o totalitarismo, salientou Dmitri Medvedev.
"Lembrou a lei sobre as organizações não governamentais. Mas realmente o projeto de lei que foi aprovado pela Duma de Estado, em seu conteúdo absoluto, corresponde a uma série de leis estrangeiras, inclusive a uma conhecida lei americana. E por si só a construção de agentes estrangeiros não significa que isto é uma acusação. De modo algum. Isto simplesmente é constatação de que esta ou outra organização não-governamental recebe dinheiro do exterior. Nenhum estado fica indiferente a isto. Quando chega dinheiro do exterior para a atividade política, isto desperta questões em todos os Estados."
A última pergunta dos jornalistas britânicos referiu-se ao futuro do primeiro-ministro. Em particular se ele pretende alguma vez concorrer à presidência. Dmitri Medvedev respondeu que ele não é um político velho e não exclui nada.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_07_30/dm ... ntrevista/