http://www.defesanet.com.br/01_lz/fx2/01_ja.htmPróximo da decisão o Projeto F-X2 deflagra Guerra de palavras
Robert Hewson
Jane's Air-Launched Weapons Editor
Londres
A decisão do governo brasileiro de indicar a France como o seu fornecedor preferencial para o caça dentro do Programa F-X2 tem causado reações diversas.
A Embraer nesta semana foi forçada a emitir uma declaração contradizendo o seu VP Executivo para a Área de Defesa, que sinalizava que a oferta do sueco Gripe como a que oferecia total transferência de tecnologia e controle industrial ao Brasil.
Os três competidores do Projeto F-X2 submeteram as suas propostas “Best and Final Offers” (BAFOs) ao Ministério da Defesa do Brasil (Nota em realidade à FAB através da Gerência do Projeto F-X2 - GPF-X2), em 02 de Outubro. A data para a entrega foi adiada por duas semanas quando o processo de seleção do Projeto F-X2 foi tumultuado pela declaração do Presidente Lula da Silva, em Setembro, que a França tinha vencido a competição.
Uma decisão formal sobre o vencedor do projeto F-X2 pode ocorrer no dia 23 de Outubro quando o Brasil celebra o Dia do Aviador.
Em entrevista ao jornal de negócios Valor Econômico , em 28 Setembro, Orlando José Ferreira Neto, VP Executivo da área de defesa da Embraer, afirmou que ele pensava que a proposta do Gripen oferecia o melhor retorno ao Brasil.
"Avaliamos as três propostas, a pedido da FAB e vimos que a oferta da empresa sueca Saab é a que vai assegurar ao Brasil o conhecimento e a agregação de tecnologia dentro da premissa 'on the job doing', ou seja, aprender fazendo", disse o vice-presidente-executivo para o mercado de defesa da empresa, Orlando José Ferreira Neto.
O executivo parte do princípio de que o Gripen NG, versão mais avançada do Gripen C/D, e que ainda não foi fabricado, é o único que oferece oportunidade para o Brasil começar o desenvolvimento de um caça do zero. "Não estamos interessados em fabricar peças. Buscamos o domínio de conhecimento que ainda não temos e que nos será útil no desenvolvimento de futuras aeronaves."
O comentário de José Ferreira Neto está no mesmo tom do que falou à Jane's durante uma visita às instalações da Embraer, em São José dos Campos, em Abril passado. Na oportunidade Neto observou que ambos competidores o Dassault Rafale e o Boeing Super Hornet eram na prática produtos acabados e que requereriam pouco ou nenhum desenvolvimento de engenharia no futuro.
Ele também observou as preocupações com a política de transferência de tecnologia adotada pelos Estados Unidos, afirmando: "transferência de Tecnologia é um grande problema pois pela lei cada peça requer uma decisão “sim” ou “não” pelo Congresso em caso a caso. Para uma Força Aérea que deseja ser independente isto pode ser um impeditivo."
Sobre o Gripen, Neto afirmou à Jane's : "O Gripen NG é um produto e desenvolvimento totalmente novo. Não há ainda o avião NG e requererá um significativo trabalho de engenharia e qualificado em levar o DEMO ao NG. Então a força da oferta do Gripen é a transferência de tecnologia. Lógico que todo o desenvolvimento tem o seu risco, mas o melhor treinamento não está na sala de aula mas executando o trabalho."
Após a entrevista de Neto ao Valor a Embraer foi forçada e emitir uma declaração no outro dia afirmando: " A Embraer esclarece que não participa diretamente do processo de seleção do novo caça F-X2 para a Força Aérea Brasileira e, diferentemente do publicado, não tem preferência por nenhuma das propostas encaminhadas”.
A proposta do sueco Gripen no Projeto F-X2 tem o apoio do governo da Inglaterra, baseado no retorno industrial para este país que o Gripen provê. Uma encomenda inicial de um lote de 36 Gripens para o Brasil teria £ 200 milhões de Libras (USD 319 milhões) of equipamentos produzidos na Inglaterra e uma encomenda de até 100 aviões, em um período de 15 anos, geraria um retorno de até £ 1 Bilhão de Libras. Por esta razão a SAAB conta com o apoio desde o primeiro momento do governo inglês na proposta do Projeto F-X2..
A questão do controle sobre a tecnologia permanece um caso central no Brasil. A Dassault tem afirmado que sua proposta é a única de um só país. De fato a Dassault está em uma desconfortável posição de depender em fornecedores suecos para muitos dos seus sistemas chaves de combate incluindo o datalink do míssil BVR MICA e o telêmetro do sensores óticos do sistema OSF do RAFALE.
Pelo visto aquela declaração do José F. Neto ao jornal Valor Econômico não foi a única. Falando nisso, será que ele sabe do que fala?
Abraços,Lógico que todo o desenvolvimento tem o seu risco, mas o melhor treinamento não está na sala de aula mas executando o trabalho.
Wesley