Bom, já que estamos aqui sem fazer nada...vamos lendo uma cronicazinha...
A disputa está no ar
Carlos Eduardo Novaes
Tão acirrada e empolgante quanto foi a luta pela Olimpíada de 2016 está sendo a disputa entre França, Suécia e Estados Unidos para ver quem vende seus aviões ao Brasil.
Quem te viu e quem te vê! Houve um tempo não muito distante em que as Forças Armadas tupiniquins pareciam ter um contrato de exclusividade com os americanos.
Os Estados Unidos nos vendiam navios de terceira mão – meu pai, submarinista, me contava – sem nenhuma garantia de que flutuariam ao nível do mar. Hoje, os representantes das três potências paparicam Lula como as delegações das cidades-candidatas reverenciavam os membros do COI.
O presidente da França telefona quase todo dia para saber se já pode mandar a fatura dos caças. Isto porque quando Sarkozy veio ao Brasil – puxar o saco pessoalmente – Lula teve um de seus arroubos e anunciou que compraria os aviões da França. O ministro Amorim precisou avisá-lo de que a coisa não funcionava assim; que ele não estava comprando queijos e vinhos para sua despensa em São Bernardo e que era preciso conhecer as propostas dos outros postulantes. Sarkozy, no entanto, vem insistindo mais do que o Lula com a dona Dilma: – Já lhe disse que mandei os franceses do COI votar no Rio de Janeiro? – Já, Sarkozy. Já...– reage Lula com enfado.
– Já lhe disse que vou apoiar uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU? Ao saber que Lula depois de Copenhague daria um pulo em Estocolmo, Sarkozy se sentiu ameaçado e quis hospedar-se no mesmo hotel, se possível na mesma suíte presidencial: – Vai à Suécia, presidente? Não me diga que vai tratar da venda dos aviões! Os aviões suecos não valem nada, às vezes apagam no ar. Os suecos vão querer enrolá-lo. São negociantes frios e vão dizer que podem oferecer o melhor. Não acredite! Não feche nada com eles sem me consultar! Cubro qualquer oferta! Na casa de apostas clandestina do Leblon, a França é tão favorita quanto foi o Rio de Janeiro. O resultado da disputa somente será conhecido no fim do mês, e desde já proponho que o governo reproduza no Rio o evento do COI na Dinamarca, adaptando-o, é claro, aos propósitos aeronáuticos. As delegações tomariam seus lugares no Riocentro e assistiriam aos clips dos aviões em arriscadas manobras (com música brasileira ao fundo).
Para sensibilizar nosso comitê, a França lembraria suas ligações com Santos Dumont, os Estados Unidos tratariam de ignorar os irmãos Wright (que eles exaltam como os inventores do avião) e a Suécia traria uma foto de Pelé na Copa de 1958 e a rainha Silvia para fazer um discurso em português. Depois de um interminável suspense – com Tony Ramos e Camila Pitanga de apresentadores – o ministro da Defesa abriria o envelope e anunciaria o vencedor: – Suécia! A delegação nórdica reagiu com sua frieza habitual (discretos aplausos, todos sentados) e o presidente Lula subiu ao palco para encerrar a cerimônia. Ao retirar-se, o ministro, surpreso com o resultado, perguntou ao presidente por que a escolha recaiu sobre a Saab da Suécia.
– Lembra que depois de Copenhague estive em Estocolmo? Aproveitei e negociei com os suecos.
Na compra dos aviões, além da tecnologia, eles vão nos dar um
Prêmio Nobel. É só o que falta para o Brasil.
Em:
http://www.defesanet.com.br/01_lz/fx2/0 ... out09b.htm
Um fraternal abraço,