Daí me mudei para Osório. Sentia falta da vida de casado (

!!!DOIDO!!!

) e procurava por uma nova patroa para mandar em mim e me tomar todo o meu dinheiro. Daí, farra pra cá e pra lá, acabei me tornando frequentador de um bar/cancha de bocha "nos interior", numa localidade chamada Capão da Areia, que pertencia a umas mulheres, uma delas a mais velha (D. Carlota), outra com uns vinte e poucos (Sirlei) e uma bem novinha, coisa de uns 10 anos, a Simara. Ambas eram filhas da D. Carlota. Fiquei amigo da mulherada e, como sempre tive jeito com crianças, a Simara me adorava. A rigor, todas gostavam muito de mim.
A Sirlei era linda mas casada com um amigo meu, logo, não-alvo. A Simara era criança, só para brincar e dar risada, logo, não-alvo. A D. Carlota era bem mais velha que eu e aparentava mais ainda, logo, não-alvo. Assim, frequentava por gostar da amizade delas e, não nego, por interesse e aqui volto à véia máxima:
MULHER BONITA, MESMO CASADA, SEMPRE TEM AMIGA/PARENTE BONITA E DISPONÍVEL!
No caso em tela, eram ambas, amiga e parente...
Então tá, ficava no bar (nunca aprendi a jogar bocha direito) tomando cerveja e de charla com elas e outros frequentadores. E o tempo foi passando. Um certo dia a Sirlei me falou que tinha uma prima que iria me apresentar (eu, meio na CERVA, tinha perguntado, pagando de carente, na caradura e na frente do seu marido se ela não conhecia nenhuma prenda bonita que nem ela para me apresentar, o marido só falou "tira o olho que tem dono" e riu). Acabei de me entortar, peguei o carro, fui pra casa e me esqueci, tanto que voltei na noite seguinte e nem perguntei.
Daí, poucos dias após, era um domingo bem ensolarado e iam fazer uma churrascada lá, para variar um dos primeiros a ser avisado fui eu. Cheguei cedo e fui direto para a parte dos fundos, onde ficava a churrasqueira e eu era cupincha dos assadores, que recém estavam arrumando tudo para depois tacar fogo. Ficamos ali, dando risada, dizendo josta e metendo canha na goela. Num dado momento, os caras já acendendo o fogo, enjoei dali e fui para a parte do bar, tomar cerveja e prosear com a mulherada. A D. Carlota e a Simara tinham ido comprar umas tralhas pra salada - mulher nenhuma sabe que salada é tão importante em churrasco quanto guampa em pingo manso. Entrei meio de sopetão e só estava a Sirlei, o marido tinha levado as outras duas de carro ao mercado. Ela estava sozinha
do lado de dentro do balcão, do lado de fora tinha gente...
Era uma garota linda de doer, cabelo castanho curto, olhos esverdeados, corpinho esculpido e mostrando tudo o que dava pra mostrar, afinal, elas SEMPRE fazem isso no verão. Calculei que tivesse uns 20/21 anos. Altura certinha para a minha. A Sirlei apresentou: "Túlio, esta é a Roberta." Eu estava completamente despreparado para isso de encontrar uma gataça daquele quilate ali, de bobeira. E eu ainda por cima já a meio caminho de uma bebedeira daquelas. De qualquer forma, apertei a mão, três beijinhos - um pra casar, como se diz aqui - e dê-le prosa. Me disse pra chamar só de Beta. Não foi difícil saber que ela tinha namorado e quem ele era. O cara era feio que nem hemorróida e nem carro tinha. Umas duas horas de charla e necas de ela sair dali, estava na cara que estava gostando da prosa, sei ser bem divertido quando quero. Chegaram as outras que tinham ido fazer compra e nós nos afastamos do balcão para prosear sem ninguém bisbilhotando. Já era quase meio-dia e eu estava num óleo daqueles. Nessas horas se fica audacioso e falei: "Beta, avises teu EX-namorado que ele já era, agora estou na área." Ela nem discutiu, apenas pediu uma semana para ajeitar as coisas (mulher tem essa mania de dar/pedir prazo) e me mantive inamovível, com a obstinação inerente ao bom pinguço: "necas, nem um dia. Estou meio torto agora, vou pra casa tirar um cochilo e quero te ver aqui às quatro da tarde sem falta. Se não estiveres aqui, para mim já era, podes ficar com o cara que eu arrumo outra." Ô grossura, mas daí extraímos outra excelente máxima:
MULHER BONITA ESTÁ ACOSTUMADA A SER PAPARICADA O TEMPO TODO, QUEM COMEÇA DEGAVARZITO NO MÁS E DE REPENTE METE AS FERRADURAS TEM GRANDE CHANCE DE SE DAR BEM.
No fim nem almocei. Fui embora e caí na cama de roupa e tudo, na maior pinga. Quando acordei, lembro que estava escurecendo. Tinha esquecido completamente de tudo, apenas lembrava de modo vago que nem tinha churrasqueado. No que estava saindo do banho chega o Júlio, marido da Sirlei. Perguntou da razão de eu ter pago e nem ter almoçado & quetales, blablabla. Ao ir embora, disse a ele que eu logo estaria no bar, ao que ele respondeu "é bom ir mesmo ou vais te arrepender muito". Deu risada e caiu fora. Não entendi nem dei bola. Comi um sanduíche para tapear a fome (não havia comido nada o dia todo), escovei os dentes e botei a mesma roupa que tinha usado no churras e com a qual tinha inclusive dormido. Não precisa terno e gravata para ir a um boteco no interior.
Cheguei lá ainda meio abobado da ressaca, numa azia daquelas e decidido a tomar só refrigerante bem gelado para "refrescar o radiador". Tinha gente nas mesas mas nem dei bola, fui direto ao balcão e pedi uma Pepsi. A Sirlei me disse, meio baixo, que a Beta nem tinha saído após o churras, ficou lá me esperando muito além das quatro e tinha finalmente ido embora fazia menos de meia hora. Indaguei meio envergonhado - por fim lembrando que tinha marcado encontro com a guria - se ela estava muito braba comigo, recebendo como resposta que sim, ela nunca havia levado um cano desses. Ainda me censurou levemente porque havia tido um trabalhão fazendo a cabeça da guria pra largar de vez o "cara de hemorróida", me esperar e ficar comigo, de onde (e do que veio a seguir) podemos extrair outra máxima:
TODA MULHER É UMA ALCOVITEIRA NO ÍNTIMO, ADORA FAZER MEIO DE CAMPO ENTRE DUAS PESSOAS DE QUEM ELA GOSTA.
Perguntou então se eu havia jantado. Ante a negativa, falou que estavam jantando lá dentro. Eu era acostumado a jantar com eles volta e meia, já era quase parte da família, daí fui entrando, ainda chateado com a kgada que fizera e bolando um jeito de tentar limpar minha barra com a Beta. A Simara, que já tinha jantado, ficou cuidando do balcão e a Sirlei entrou comigo. À mesa, D. Carlota, o Júlio e uma garota loira de olhos azuis, bonita pra caramba. A charla entre eles parou, com a D. Carlota me mandando sentar e a Sirlei apresentando "Túlio, esta é a minha prima que te falei, a Márcia". Cumprimentei, sentei e fui jantar. Havia notado que, logo ao me ver, ela olhou de cima a baixo, avaliando. Mulheres SEMPRE fazem isso. Durante o jantar, um carreteiro daqueles de estourar o bucho do vivente de tão bueno, a gente ali proseando e ela só observando. ME observando. A avaliação prosseguia, notei. Nem lembrava mais da Beta, tratava de ser tão inteligente e espirituoso quanto possível, para agradar à loira e "passar no exame". Ela falava pouco mas sempre coisa que preste e tinha um sorriso iridescente. Ah, e usava óculos: nunca resisti a garotas de óculos, acho muito tri de lindo. Após o jantar, a Sirlei se ergueu para recolher e lavar a louça. A Márcia disse para deixar por conta dela. A tática era óbvia e manjadíssima: a um só tempo me deixava avaliar o corpaço - POWS, tudo no lugar, embora meio baixinha mas é outra coisa de que gosto, quem não curte se sentir grandão perto de uma gata? - e sua disposição e habilidade doméstica, significando "eu sou pra casar". Outra máxima:
SEMPRE QUE UMA MULHER SOLTEIRA COMEÇA A PAGAR DE DONA DE CASA É SINAL QUE TEM ALGUÉM ARRISCANDO A LIBERDADE.
O trouxa da vez era EU!
Bueno, para encurtar, começamos a namorar e no ano seguinte lá fui eu pra escravidão doméstica outra vez, todo felizão. Meu segundo maldito casamento. Ela tinha 26 e trabalhava (ainda trabalha) na Prefeitura, na Secretaria da Saúde. Durou oito anos, até 2009. Alguns colegas daqui a viram - foto - no Orkut, durante um arranca-rabo que ela arrumou comigo numa comu que eu frequentava chamada "Ex que nada, é falecido(a)" ou algo assim. É que, pouco após me separar dela, comecei a namorar uma ex-amiga da desgranhuda chamada Rosane, a qual, sem eu saber, começou a mandar SMS zoando ela. Emp*teceu e, tendo eu trocado todos os meus números de telefone e a bloqueado em tudo na net - quem quer falecida bisbilhotando a vida da gente? - aproveitou de eu frequentar poucas comus, me achou justamente na que eu mais ia e desceu o sarrafo sem dó nem piedade. E eu sem entender nada. Foi o último contato que tivemos e ela continuava praticamente tão bonita e gostosa quanto a noite em que a conheci...
Tá, mas e a Beta? Bueno, ontem fui a um churrasco no Capão da Areia, fazia anos que eu não ia mais lá. E acabei dando de cara com ela. O pai do Júlio estava lá e no meio da charla me lembrei de perguntar pela Roberta. Falou que estava casada e morava duas casas adiante. Também, sabedor do que quase rolara entre a gente, me disse a idade que ela tinha em 2000: 15 anos! Brabo de acreditar mas é verdade, eu havia conversado por horas com ela e nem lhe perguntara a idade, confiando na aparência (não cometo mais esse tipo de erro). Quinzinho! Hoje, portanto, pelos 27. Mora ao lado da casa da filha do meu anfitrião de ontem, amigo e colega, AP Grassi. Não resisti à curiosidade (e claro que havia alguma intenção de minha parte) e pedi a ele que inventasse um pretexto para ir à casa da filha, só para eu ver se conseguia dar uma espiada. E consegui. Acho que ela nem me viu e ainda bem:
MEU, QUE BAGULHO!!!
TÁ GORDA QUE É UMA PORCA E FEIA COMO A MISÉRIA!!!
Foi isso que me estragou o dia ontem, nem o mais belo poema ou a piada mais engraçada do Ginger véio o teria melhorado, não esperava tale decadência de alguém que conheci tão linda...
