audios das reunioes do Delgado Protogenes com a cúpula da PF
fonte veja
http://veja.abril.com.br/idade/exclusiv ... nagem.html
Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
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Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Editado pela última vez por PQD em Sáb Nov 15, 2008 11:04 pm, em um total de 1 vez.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
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Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Arapongas estressados
O clima na Abin depois do escândalo de vazamento de informações sobre a ação da PF é dos piores. Agentes se dizem sem proteção
Ricardo Brito
Da equipe do Correio
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, decidiu tentar esfriar os ânimos dos servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na última quinta-feira. Félix falou durante meia hora para um auditório de cerca de 300 arapongas para tentar explicar as medidas que o GSI tomaria diante da busca e apreensão de documentos e computadores na Abin para investigar os vazamentos ocorridos na Operação Satiagraha, feita pela Polícia Federal. Lá pelas tantas, o general anunciou o que ele considerava uma boa nova: já se sabe o nome do agente da Abin que vazou a transcrição do diálogo da conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
No entanto, o general, segundo dois agentes que estavam na reunião, não revelou quem era o autor do vazamento. A fala, para lá de contraproducente, deixou os agentes num clima de perplexidade. “Agora todos são suspeitos”, afirmou um agente da Abin ao Correio. Um termômetro para saber o prestígio do ministro do GSI é quando ele aparece no auditório. A tradição entre os arapongas é todos se levantarem na entrada e na saída dele. Anteontem, menos da metade fez o gesto.
A Abin está acéfala há 75 dias, desde que seu diretor-geral, Paulo Lacerda, e seus principais auxiliares foram afastados quando veio à tona o grampo contra o presidente do STF. Na semana passada, a prorrogação por 60 dias do afastamento de Lacerda foi vista como uma leniência do governo em resolver a questão. “Eles não têm interesse em resolver”, declarou outro destacado líder da categoria.
Incriminação
Uma outra questão que respingou nos agentes foi a falta de sustentação da agência. Reservadamente, os agentes que participaram da Satiagraha a mando dos seus superiores criticam a ausência de apoio. Os 80 arapongas que já depuseram não foram acompanhados por advogados, o que levou a casos de auto-incriminação. Além disso, a revelação pela a imprensa da identidade de mais de 10 arapongas, segundo integrantes da agência, pode reforçar uma punição contra eles — e não apenas contra a cúpula, como pretende a Corregedoria da PF em São Paulo. “Agora, os agentes estão receosos de cumprir ordens e serem punidos depois”, disse um servidor da Abin.
Aliás, na capital paulista, epicentro da Satiagraha, os arapongas quase se insurgiram. “Essa é a maior crise da última década e ruiu todo um sistema de inteligência que estava sendo construído nos últimos oito anos”, afirma um servidor com mais de 20 anos de casa.
Por conta das revelações da Satiagraha e especialmente depois da busca e apreensão na Abin, há ainda o temor de que isso afete a cooperação com os demais países. Segundo agentes que trabalham com cooperação internacional, a retenção de documentos e computadores da agência, que contêm dados de serviços secretos de outros países, já causa uma desconfiança entre nações. “Qual serviço vai passar informações para nós?”, questiona um agente, explicitando a tensão na agência.
CRISE INSTITUCIONAL
Suspeito de grampo é da Abin
Sindicalista ligado à agência é investigado por escuta a presidente do STF
Jailton de Carvalho
Investigações da Comissão de Sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam o presidente da Associação dos Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe, como um dos principais suspeitos de participar da operação que resultou na produção e divulgação de trechos de uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O ministro-chefe do GSI, general Jorge Félix, tratou do assunto com dirigentes da Abin, na quinta-feira. Sindicalista há longo tempo, Kluwe lidera uma campanha interna para tirar o delegado Paulo Lacerda em caráter definitivo do comando da Abin.
Lacerda foi afastado do cargo em caráter temporário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de setembro, quando a revista "Veja" divulgou reportagem sobre suposto grampo. Gilmar Mendes cobrou providências imediatas de Lula e, no meio da crise, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sugeriu o afastamento de Lacerda. Agora, o caso começa a tomar novos contornos.
- A fonte da "Veja" foi ele (Kluwe) - disse o general no encontro de quinta-feira, segundo relato de uma fonte do governo.
Em nota divulgada no início da noite de ontem, o GSI nega que o general tenha apontado suspeitos de escutas telefônicas. A Comissão do GSI foi aberta em 5 de setembro com o objetivo de investigar o envolvimento de servidores da Abin no grampo dos telefones de Gilmar ou de Demóstenes. Desde então, a comissão vem chamando para depor servidores da Abin que trabalharam na Operação Satiagraha, investigação da Polícia Federal sobre o banqueiro Daniel Dantas que contou com o apoio de aproximadamente 80 analistas de inteligência. Kluwe também foi interrogado.
Kluwe: "Provar é impossível. Não fiz"
Ouvido na quinta-feira à noite pelo GLOBO, o presidente da Asbin se esquivou das acusações.
- Suspeitam que eu sou o autor do grampo e do vazamento. Mas o ônus da prova cabe a quem acusa. Eu acredito em prova. Provar é impossível. Não fiz o grampo - disse Kluwe.
A comissão suspeita ainda de mais três pessoas na trama do suposto grampo, pessoas que estão em guerra contra a cúpula da Abin, especialmente o delegado Paulo Lacerda, ex-diretor da Polícia Federal. O delegado foi bem acolhido quando chegou à Abin. Com alto prestígio político, conseguiu aumentos substanciais de salários para os agentes. Mas, desagradou a alguns setores quando decidiu criar a Corregedoria Geral da Abin. Desde então, a corregedoria já abriu várias sindicâncias, duas delas contra Kluwe.
O sindicalista é acusado de abandono de emprego e de exercício ilegal de advocacia - não pode advogar enquanto trabalha em órgão público. Ele estaria faltando excessivamente ao trabalho. Kluwe também, mesmo sendo funcionário público, advogou em vários casos. Num deles, defendeu estudantes que pleiteavam entrar em universidades antes da conclusão do segundo grau. Em outro, atuou numa questão contra a Caixa Econômica Federal (CEF). Para a Abin, são condutas irregulares que podem resultar até na demissão do sindicalista.
Kluwe confirma que atuou como advogado, mas nega que tenha cometido qualquer irregularidade.
- Até a promulgação da lei 11.776/2008, era possível advogar, exceto contra a Fazenda Nacional - disse Kluwe.
Para integrantes da cúpula da Abin, o sindicalista faz parte de um grupo que inviabilizou a permanência do ex-diretor da agência Márcio Buzanelli no cargo e, agora, estaria em guerra aberta contra Lacerda e contra o general Jorge Félix. Outras pessoas investigadas pela corregedoria fariam parte deste grupo.
Em declarações ao longo da semana, Kluwe disse que o afastamento temporário de Lacerda se tornou insustentável. Para ele, Lula deveria decidir logo sobre a saída de Lacerda e, com isso, pôr fim ao vácuo de poder que teria se criado na Abin.
Kluwe tem criticado também a participação de agentes da instituição na Satiagraha, operação comandada inicialmente pelo delegado Protógenes Queiroz. A operação começou no período em que Lacerda ainda estava no comando da PF. Para o sindicalista, a operação deixou a Abin vulnerável a ataques externos e a situações vexatórias, como a apreensão de documentos sigilosos.
- Eles estavam acostumados a derrubar diretores da Abin e agora querem derrubar o doutor Paulo Lacerda - disse um assessor da diretoria.
A Comissão de Sindicância do GSI ainda não concluiu as investigações e, pelo menos por enquanto, o GSI não pretende tratar abertamente do tema. Em nota oficial do GSI, o general Jorge Félix "informa que não procede a notícia de que teria conhecimento sobre autor(es) de eventuais escutas telefônicas".
A conversa de Gilmar Mendes teria sido gravada em 15 de julho, uma semana depois do lançamento da Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do investidor Naji Nahas.
CRISE INSTITUCIONAL
Ações conjuntas de espionagem seriam comuns
Delegado contou aos chefes que PF e Abin espionaram gabinete do STF
Em gravação, Protógenes confirma ação e suspeita de vazamento a favor de Dantas
José Casado
Iniciativas conjuntas da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em ações de espionagem - ou de "inteligência", como ele prefere chamar - têm sido rotina na vida do delegado federal Protógenes Queiroz nos últimos dez anos. Ele contou isso aos seus chefes em reunião quatro meses atrás, na tarde de uma quinta-feira (14) de agosto, em São Paulo.
Nesse encontro, do qual sobreviveu um registro de três horas de gravação até agora inédito, fez-se uma revisão dos erros cometidos no inquérito que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas. A Polícia Federal evitou repassar cópia integral da gravação até para o Ministério Público. Sob pressão da Presidência da República, na época, divulgou apenas um trecho, correspondente a 5% do total, onde o delegado pede para sair do inquérito por razões pessoais.
Na reunião, o delegado Protógenes Queiroz informou aos seus chefes sobre um "trabalho de inteligência", aparentemente em andamento naquele dia, no qual um dos alvos era o Supremo Tribunal Federal. Ou seja, que houve uma ação de espionagem em relação a um gabinete específico "no STF".
"Tinha outro habeas sendo gestado no gabinete do STF"
Contou, também, que recebera ordens do juiz Fausto De Sanctis para não informar nada, nem mesmo aos seus superiores na polícia, porque "era temerário" e havia risco "de não execução das prisões" - entre elas a do banqueiro Dantas, do ex-prefeito paulistano Celso Pitta e do empresário Naji Nahas.
- O doutor Fausto (De Sanctis, juiz federal responsável pelo caso) me repassou essa decisão, de que era temerário repassar (à cúpula policial) a decisão judicial (sobre prisões temporárias de suspeitos), haja vista que naquele momento nós sabíamos que tinha um outro "HC" (habeas corpus) que estava sendo preparado, sendo gestado, no gabinete do STF e em escritório de advocacia. Isso (veio) do trabalho de inteligência que nós fizemos.
Na conversa com seus chefes, o delegado deixa claro que o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, ex-dirigente da Polícia Federal e ex- chefe de Protógenes Queiroz, teve participação direta e ativa na condução do inquérito até a etapa final, a fase de prisões de suspeitos. No dia das prisões, por exemplo, Lacerda trabalhou na sede paulista da Polícia Federal. Ele orientou o delegado até em detalhes como não comparecer ao prédio da polícia na véspera das prisões, para evitar suspeitas e eventual vazamento de informações.
Um dos chefes de Protógenes Queiroz não escondia a surpresa. E indagou a respeito de uma informação divulgada pela revista "Veja" sobre a parceria de espionagem entre a Polícia Federal e a Abin:
- Tinha agentes da Abin trabalhando conosco? - quis saber o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado. Troncon, atualmente, é o segundo na hierarquia da PF.
- Não! - responde Protógenes Queiroz. - Os agentes da Abin trocaram informações conosco. Isso eu faço há dez anos dentro da Divisão de Inteligência (da PF). A requisição de agentes da Abin, para coletar dados, informações, é normal.
- Teve requisição de agentes da Abin para trabalhar (no inquérito sobre Daniel Dantas)? - insistiu Troncon.
- Não. A requisição não é expressa. A requisição é informal.
- Como assim? Eu não entendi.
- Para confirmação de endereço. Confirmação de endereço de "a" e "b", coisas que a gente não tinha tempo de fazer. Pedíamos a confirmação e eles nos informavam. Apenas isso.
- (Agentes da Abin) trabalharam no caso específico?
- Na análise específica, não - retrucou o delegado Queiroz, acrescentando: - Agora, possivelmente, nós pretendemos instrumentalizar (sic), haja vista que existe o chefe, o secretário do presidente da República (Gilberto Carvalho), e isso já é uma questão de Estado. Isso vai ser instrumentalizado (sic) com a colaboração ou não, para a Abin tomar providências... (e ver) se houve ou não ameaça efetiva ao gabinete do presidente da República.
O clima na Abin depois do escândalo de vazamento de informações sobre a ação da PF é dos piores. Agentes se dizem sem proteção
Ricardo Brito
Da equipe do Correio
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, decidiu tentar esfriar os ânimos dos servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na última quinta-feira. Félix falou durante meia hora para um auditório de cerca de 300 arapongas para tentar explicar as medidas que o GSI tomaria diante da busca e apreensão de documentos e computadores na Abin para investigar os vazamentos ocorridos na Operação Satiagraha, feita pela Polícia Federal. Lá pelas tantas, o general anunciou o que ele considerava uma boa nova: já se sabe o nome do agente da Abin que vazou a transcrição do diálogo da conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
No entanto, o general, segundo dois agentes que estavam na reunião, não revelou quem era o autor do vazamento. A fala, para lá de contraproducente, deixou os agentes num clima de perplexidade. “Agora todos são suspeitos”, afirmou um agente da Abin ao Correio. Um termômetro para saber o prestígio do ministro do GSI é quando ele aparece no auditório. A tradição entre os arapongas é todos se levantarem na entrada e na saída dele. Anteontem, menos da metade fez o gesto.
A Abin está acéfala há 75 dias, desde que seu diretor-geral, Paulo Lacerda, e seus principais auxiliares foram afastados quando veio à tona o grampo contra o presidente do STF. Na semana passada, a prorrogação por 60 dias do afastamento de Lacerda foi vista como uma leniência do governo em resolver a questão. “Eles não têm interesse em resolver”, declarou outro destacado líder da categoria.
Incriminação
Uma outra questão que respingou nos agentes foi a falta de sustentação da agência. Reservadamente, os agentes que participaram da Satiagraha a mando dos seus superiores criticam a ausência de apoio. Os 80 arapongas que já depuseram não foram acompanhados por advogados, o que levou a casos de auto-incriminação. Além disso, a revelação pela a imprensa da identidade de mais de 10 arapongas, segundo integrantes da agência, pode reforçar uma punição contra eles — e não apenas contra a cúpula, como pretende a Corregedoria da PF em São Paulo. “Agora, os agentes estão receosos de cumprir ordens e serem punidos depois”, disse um servidor da Abin.
Aliás, na capital paulista, epicentro da Satiagraha, os arapongas quase se insurgiram. “Essa é a maior crise da última década e ruiu todo um sistema de inteligência que estava sendo construído nos últimos oito anos”, afirma um servidor com mais de 20 anos de casa.
Por conta das revelações da Satiagraha e especialmente depois da busca e apreensão na Abin, há ainda o temor de que isso afete a cooperação com os demais países. Segundo agentes que trabalham com cooperação internacional, a retenção de documentos e computadores da agência, que contêm dados de serviços secretos de outros países, já causa uma desconfiança entre nações. “Qual serviço vai passar informações para nós?”, questiona um agente, explicitando a tensão na agência.
CRISE INSTITUCIONAL
Suspeito de grampo é da Abin
Sindicalista ligado à agência é investigado por escuta a presidente do STF
Jailton de Carvalho
Investigações da Comissão de Sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam o presidente da Associação dos Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe, como um dos principais suspeitos de participar da operação que resultou na produção e divulgação de trechos de uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O ministro-chefe do GSI, general Jorge Félix, tratou do assunto com dirigentes da Abin, na quinta-feira. Sindicalista há longo tempo, Kluwe lidera uma campanha interna para tirar o delegado Paulo Lacerda em caráter definitivo do comando da Abin.
Lacerda foi afastado do cargo em caráter temporário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de setembro, quando a revista "Veja" divulgou reportagem sobre suposto grampo. Gilmar Mendes cobrou providências imediatas de Lula e, no meio da crise, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sugeriu o afastamento de Lacerda. Agora, o caso começa a tomar novos contornos.
- A fonte da "Veja" foi ele (Kluwe) - disse o general no encontro de quinta-feira, segundo relato de uma fonte do governo.
Em nota divulgada no início da noite de ontem, o GSI nega que o general tenha apontado suspeitos de escutas telefônicas. A Comissão do GSI foi aberta em 5 de setembro com o objetivo de investigar o envolvimento de servidores da Abin no grampo dos telefones de Gilmar ou de Demóstenes. Desde então, a comissão vem chamando para depor servidores da Abin que trabalharam na Operação Satiagraha, investigação da Polícia Federal sobre o banqueiro Daniel Dantas que contou com o apoio de aproximadamente 80 analistas de inteligência. Kluwe também foi interrogado.
Kluwe: "Provar é impossível. Não fiz"
Ouvido na quinta-feira à noite pelo GLOBO, o presidente da Asbin se esquivou das acusações.
- Suspeitam que eu sou o autor do grampo e do vazamento. Mas o ônus da prova cabe a quem acusa. Eu acredito em prova. Provar é impossível. Não fiz o grampo - disse Kluwe.
A comissão suspeita ainda de mais três pessoas na trama do suposto grampo, pessoas que estão em guerra contra a cúpula da Abin, especialmente o delegado Paulo Lacerda, ex-diretor da Polícia Federal. O delegado foi bem acolhido quando chegou à Abin. Com alto prestígio político, conseguiu aumentos substanciais de salários para os agentes. Mas, desagradou a alguns setores quando decidiu criar a Corregedoria Geral da Abin. Desde então, a corregedoria já abriu várias sindicâncias, duas delas contra Kluwe.
O sindicalista é acusado de abandono de emprego e de exercício ilegal de advocacia - não pode advogar enquanto trabalha em órgão público. Ele estaria faltando excessivamente ao trabalho. Kluwe também, mesmo sendo funcionário público, advogou em vários casos. Num deles, defendeu estudantes que pleiteavam entrar em universidades antes da conclusão do segundo grau. Em outro, atuou numa questão contra a Caixa Econômica Federal (CEF). Para a Abin, são condutas irregulares que podem resultar até na demissão do sindicalista.
Kluwe confirma que atuou como advogado, mas nega que tenha cometido qualquer irregularidade.
- Até a promulgação da lei 11.776/2008, era possível advogar, exceto contra a Fazenda Nacional - disse Kluwe.
Para integrantes da cúpula da Abin, o sindicalista faz parte de um grupo que inviabilizou a permanência do ex-diretor da agência Márcio Buzanelli no cargo e, agora, estaria em guerra aberta contra Lacerda e contra o general Jorge Félix. Outras pessoas investigadas pela corregedoria fariam parte deste grupo.
Em declarações ao longo da semana, Kluwe disse que o afastamento temporário de Lacerda se tornou insustentável. Para ele, Lula deveria decidir logo sobre a saída de Lacerda e, com isso, pôr fim ao vácuo de poder que teria se criado na Abin.
Kluwe tem criticado também a participação de agentes da instituição na Satiagraha, operação comandada inicialmente pelo delegado Protógenes Queiroz. A operação começou no período em que Lacerda ainda estava no comando da PF. Para o sindicalista, a operação deixou a Abin vulnerável a ataques externos e a situações vexatórias, como a apreensão de documentos sigilosos.
- Eles estavam acostumados a derrubar diretores da Abin e agora querem derrubar o doutor Paulo Lacerda - disse um assessor da diretoria.
A Comissão de Sindicância do GSI ainda não concluiu as investigações e, pelo menos por enquanto, o GSI não pretende tratar abertamente do tema. Em nota oficial do GSI, o general Jorge Félix "informa que não procede a notícia de que teria conhecimento sobre autor(es) de eventuais escutas telefônicas".
A conversa de Gilmar Mendes teria sido gravada em 15 de julho, uma semana depois do lançamento da Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do investidor Naji Nahas.
CRISE INSTITUCIONAL
Ações conjuntas de espionagem seriam comuns
Delegado contou aos chefes que PF e Abin espionaram gabinete do STF
Em gravação, Protógenes confirma ação e suspeita de vazamento a favor de Dantas
José Casado
Iniciativas conjuntas da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em ações de espionagem - ou de "inteligência", como ele prefere chamar - têm sido rotina na vida do delegado federal Protógenes Queiroz nos últimos dez anos. Ele contou isso aos seus chefes em reunião quatro meses atrás, na tarde de uma quinta-feira (14) de agosto, em São Paulo.
Nesse encontro, do qual sobreviveu um registro de três horas de gravação até agora inédito, fez-se uma revisão dos erros cometidos no inquérito que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas. A Polícia Federal evitou repassar cópia integral da gravação até para o Ministério Público. Sob pressão da Presidência da República, na época, divulgou apenas um trecho, correspondente a 5% do total, onde o delegado pede para sair do inquérito por razões pessoais.
Na reunião, o delegado Protógenes Queiroz informou aos seus chefes sobre um "trabalho de inteligência", aparentemente em andamento naquele dia, no qual um dos alvos era o Supremo Tribunal Federal. Ou seja, que houve uma ação de espionagem em relação a um gabinete específico "no STF".
"Tinha outro habeas sendo gestado no gabinete do STF"
Contou, também, que recebera ordens do juiz Fausto De Sanctis para não informar nada, nem mesmo aos seus superiores na polícia, porque "era temerário" e havia risco "de não execução das prisões" - entre elas a do banqueiro Dantas, do ex-prefeito paulistano Celso Pitta e do empresário Naji Nahas.
- O doutor Fausto (De Sanctis, juiz federal responsável pelo caso) me repassou essa decisão, de que era temerário repassar (à cúpula policial) a decisão judicial (sobre prisões temporárias de suspeitos), haja vista que naquele momento nós sabíamos que tinha um outro "HC" (habeas corpus) que estava sendo preparado, sendo gestado, no gabinete do STF e em escritório de advocacia. Isso (veio) do trabalho de inteligência que nós fizemos.
Na conversa com seus chefes, o delegado deixa claro que o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, ex-dirigente da Polícia Federal e ex- chefe de Protógenes Queiroz, teve participação direta e ativa na condução do inquérito até a etapa final, a fase de prisões de suspeitos. No dia das prisões, por exemplo, Lacerda trabalhou na sede paulista da Polícia Federal. Ele orientou o delegado até em detalhes como não comparecer ao prédio da polícia na véspera das prisões, para evitar suspeitas e eventual vazamento de informações.
Um dos chefes de Protógenes Queiroz não escondia a surpresa. E indagou a respeito de uma informação divulgada pela revista "Veja" sobre a parceria de espionagem entre a Polícia Federal e a Abin:
- Tinha agentes da Abin trabalhando conosco? - quis saber o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado. Troncon, atualmente, é o segundo na hierarquia da PF.
- Não! - responde Protógenes Queiroz. - Os agentes da Abin trocaram informações conosco. Isso eu faço há dez anos dentro da Divisão de Inteligência (da PF). A requisição de agentes da Abin, para coletar dados, informações, é normal.
- Teve requisição de agentes da Abin para trabalhar (no inquérito sobre Daniel Dantas)? - insistiu Troncon.
- Não. A requisição não é expressa. A requisição é informal.
- Como assim? Eu não entendi.
- Para confirmação de endereço. Confirmação de endereço de "a" e "b", coisas que a gente não tinha tempo de fazer. Pedíamos a confirmação e eles nos informavam. Apenas isso.
- (Agentes da Abin) trabalharam no caso específico?
- Na análise específica, não - retrucou o delegado Queiroz, acrescentando: - Agora, possivelmente, nós pretendemos instrumentalizar (sic), haja vista que existe o chefe, o secretário do presidente da República (Gilberto Carvalho), e isso já é uma questão de Estado. Isso vai ser instrumentalizado (sic) com a colaboração ou não, para a Abin tomar providências... (e ver) se houve ou não ameaça efetiva ao gabinete do presidente da República.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Todo mundo trabalhando ativamente pra derrubar o Protógenes Queiroz e a operação Satiagraha, mas tem muito neguinho de rabo preso nesse país............
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Veja, Época, IstoÉ, tá todo mundo com o c* trancado.......BomRetiro escreveu:Penso que o nome do tópico deveria mudar para GOVERNO ao invés de VEJA.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Delegados: crime organizado está infiltrado na PF
Em congresso, eles apelam por união e criticam Tarso e Corrêa
SÃO PAULO. Delegados da PF que participam de um congresso da categoria em São Paulo avaliaram ontem que o crime organizado se infiltrou na PF para desequilibrar a instituição. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o delegado-geral, Luiz Fernando Correia, tinham confirmado presença, mas não compareceram. Foram criticados no encontro.
Um dos delegados da Operação Satiagraha, Carlos Eduardo Pellegrini, denunciou que ocorre uma reação à melhor estruturação da instituição nos últimos anos. Já o presidente do Sindicato dos Delegados da PF em São Paulo, Amaury Portugal, apelou pela união dentro da corporação.
- O crime organizado se infiltra em todos os lugares. A PF é um dos alvos dessa infiltração - disse
O presidente do sindicato pediu mais união aos delegados, mas não perdoou as ausências de Tarso e Correia. Perguntado se o motivo foi falta de consideração e medo de exposição, ele respondeu:
- As duas coisas. Um evento onde tratamos até da interferência do crime organizado na polícia não poderia ser desprezado. E acho que queriam evitar a exposição, mas eles deveriam estar aqui, defendendo a causa deles. Mesmo diante das questões embaraçosas, é possível responder de forma verdadeira.
Propinas chegariam a R$18 milhões
Documentos apreendidos na Operação Satiagraha indicam a existência de um esquema que movimentava R$18 milhões apenas em propinas para políticos, juízes e jornalistas. A revelação foi feita pelo delegado Carlos Eduardo Pelegrini Magro, um dos responsáveis pelo inquérito que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, durante reunião de três horas com a cúpula da Polícia Federal, no dia 14 de julho. Os registros desse encontro começaram a ser publicados pelo GLOBO no último sábado.
Pelegrini diz ter apreendido, na operação, bilhetes e informações digitalizadas detalhando o esquema de propina. E classificou o grupo que orbita em torno de Dantas de "muito forte".
- Nosso alvo é extremamente estrategista. Ao pegar o laptop (na casa dele, na hora da apreensão) estavam os manuscritos: na PF vai a pessoa tal, falar com tal. No Judiciário vai a pessoa tal. No jornalista, a gente contrata o Mangabeira para chegar nos meios de comunicação. Estava todo o organograma dele lá.
O superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra, na conversa, pediu cautela ao se fazer acusações sobre distribuição de propina:
- As organizações hoje se caracterizam por tentar entrar nos órgãos públicos. Temos que ter sobriedade nesses julgamentos.
O diretor de combate ao crime organizado, Roberto Troncon Filho, foi claro ao expor a irritação com o silêncio do delegado Protógenes Queiroz, responsável pela execução da operação, sobre os detalhes da investigação. Para ele, as desconfianças dentro da PF criaram um "clima virulento".
- Você, Queiroz, tem uma mania de perseguição, uma paranóia, que contagia todo mundo. Essa virose da desconfiança, não vejo com bom desfecho. Me senti bastante chateado - disse Troncon.
- Eu, de forma cautelosa, não fui muito feliz ao me dirigir ao Troncon. Eu disse: o conteúdo da investigação, prefiro não te repassar, para te resguardar. De janeiro para cá, houve fatos que me deixaram apreensivo. Fatos que não eram paranóia - reagiu Protógenes. (Maiá Menezes)
Luiz Garcia
Fogueira na PF
Nos últimos anos, a Polícia Federal construiu para si mesma uma imagem de eficiência que aparentemente a colocava a anos-luz de distância de todas ou quase todas as polícias estaduais. E o dado mais positivo dessa imagem era o perfil de muitos dos peixes que caíam em sua rede: gente poderosa, homens de alta posição e muito dinheiro.
Foi assim há cinco anos, quando a Operação Anaconda levou para a cadeia um juiz federal e outras figuras supostamente - ou historicamente - intocáveis. No ano passado, os federais prenderam os chefões do jogo do bicho no Rio, numa operação em que caíram na rede também dois desembargadores, um juiz e um procurador. Não faltam outras investigações com resultados semelhantes.
A Operação Satiagraha, este ano, parecia do mesmo tope. Foram apanhados o banqueiro Daniel Dantas e outros endinheirados. Mas em pouco tempo tudo começou a dar errado para os policiais. Os primeiros sinais de crise foram indícios, logo confirmados, de uso - aparentemente inédito e certamente irregular - de agentes da Agência Brasileira de Inteligência, repartição direitamente subordinada ao Palácio do Planalto, na gravação de telefonemas do grupo visado pela Satiagraha.
Para muita gente no Planalto, essa irregularidade era sinal assustador de que grupos na Polícia Federal faziam o que bem entendiam para conseguir resultados - quase sempre divulgados com uma dose pouco profissional e bastante perigosa de exibicionismo.
Posta em xeque, a PF começou a fazer água, revelando uma crise interna que fervia há algum tempo. E que na verdade era muito mais disputa de poder do que, como muita gente pensava, simples divergências sobre métodos de investigação.
Hoje, a PF não tem a confiança do governo e parece ter perdido a boa imagem na opinião pública. O delegado que montou a Satiagraha, Protógenes Queiroz, responde a inquérito por supostas falhas na operação - uma investigação aprovada por parte de seus colegas e condenada por outros.
Numa briga independente de tudo isso, agentes federais estão em pé de guerra contra um projeto do governo, já tramitando no Congresso, que transfere do juiz para o promotor público a supervisão e o controle das investigações policiais. Um manifesto assinado por mais de cem delegados afirma não ser correto que "investigações policiais sejam dirigidas pela parte que acusa, em prejuízo da defesa". Podem ter razão, mas nada impede que essa tomada de posição venha ser munição para os críticos da PF em Brasília.
O que parece evidente em tudo isso é que a Polícia Federal vive dias de cão, em parte devido a divergências e opções respeitáveis - e em parte devido a uma crepitante fogueira de vaidades que pode transformar em cinzas uma merecida reputação de eficiência.
Quem está de fora tem motivos óbvios para deduzir que nenhum grupo deve ser dono exclusivo da razão. E também para temer que a conseqüência mais notável da crise seja muito tempo de vida mansa para os daniéis dantas da praça.
Em congresso, eles apelam por união e criticam Tarso e Corrêa
SÃO PAULO. Delegados da PF que participam de um congresso da categoria em São Paulo avaliaram ontem que o crime organizado se infiltrou na PF para desequilibrar a instituição. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o delegado-geral, Luiz Fernando Correia, tinham confirmado presença, mas não compareceram. Foram criticados no encontro.
Um dos delegados da Operação Satiagraha, Carlos Eduardo Pellegrini, denunciou que ocorre uma reação à melhor estruturação da instituição nos últimos anos. Já o presidente do Sindicato dos Delegados da PF em São Paulo, Amaury Portugal, apelou pela união dentro da corporação.
- O crime organizado se infiltra em todos os lugares. A PF é um dos alvos dessa infiltração - disse
O presidente do sindicato pediu mais união aos delegados, mas não perdoou as ausências de Tarso e Correia. Perguntado se o motivo foi falta de consideração e medo de exposição, ele respondeu:
- As duas coisas. Um evento onde tratamos até da interferência do crime organizado na polícia não poderia ser desprezado. E acho que queriam evitar a exposição, mas eles deveriam estar aqui, defendendo a causa deles. Mesmo diante das questões embaraçosas, é possível responder de forma verdadeira.
Propinas chegariam a R$18 milhões
Documentos apreendidos na Operação Satiagraha indicam a existência de um esquema que movimentava R$18 milhões apenas em propinas para políticos, juízes e jornalistas. A revelação foi feita pelo delegado Carlos Eduardo Pelegrini Magro, um dos responsáveis pelo inquérito que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, durante reunião de três horas com a cúpula da Polícia Federal, no dia 14 de julho. Os registros desse encontro começaram a ser publicados pelo GLOBO no último sábado.
Pelegrini diz ter apreendido, na operação, bilhetes e informações digitalizadas detalhando o esquema de propina. E classificou o grupo que orbita em torno de Dantas de "muito forte".
- Nosso alvo é extremamente estrategista. Ao pegar o laptop (na casa dele, na hora da apreensão) estavam os manuscritos: na PF vai a pessoa tal, falar com tal. No Judiciário vai a pessoa tal. No jornalista, a gente contrata o Mangabeira para chegar nos meios de comunicação. Estava todo o organograma dele lá.
O superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra, na conversa, pediu cautela ao se fazer acusações sobre distribuição de propina:
- As organizações hoje se caracterizam por tentar entrar nos órgãos públicos. Temos que ter sobriedade nesses julgamentos.
O diretor de combate ao crime organizado, Roberto Troncon Filho, foi claro ao expor a irritação com o silêncio do delegado Protógenes Queiroz, responsável pela execução da operação, sobre os detalhes da investigação. Para ele, as desconfianças dentro da PF criaram um "clima virulento".
- Você, Queiroz, tem uma mania de perseguição, uma paranóia, que contagia todo mundo. Essa virose da desconfiança, não vejo com bom desfecho. Me senti bastante chateado - disse Troncon.
- Eu, de forma cautelosa, não fui muito feliz ao me dirigir ao Troncon. Eu disse: o conteúdo da investigação, prefiro não te repassar, para te resguardar. De janeiro para cá, houve fatos que me deixaram apreensivo. Fatos que não eram paranóia - reagiu Protógenes. (Maiá Menezes)
Luiz Garcia
Fogueira na PF
Nos últimos anos, a Polícia Federal construiu para si mesma uma imagem de eficiência que aparentemente a colocava a anos-luz de distância de todas ou quase todas as polícias estaduais. E o dado mais positivo dessa imagem era o perfil de muitos dos peixes que caíam em sua rede: gente poderosa, homens de alta posição e muito dinheiro.
Foi assim há cinco anos, quando a Operação Anaconda levou para a cadeia um juiz federal e outras figuras supostamente - ou historicamente - intocáveis. No ano passado, os federais prenderam os chefões do jogo do bicho no Rio, numa operação em que caíram na rede também dois desembargadores, um juiz e um procurador. Não faltam outras investigações com resultados semelhantes.
A Operação Satiagraha, este ano, parecia do mesmo tope. Foram apanhados o banqueiro Daniel Dantas e outros endinheirados. Mas em pouco tempo tudo começou a dar errado para os policiais. Os primeiros sinais de crise foram indícios, logo confirmados, de uso - aparentemente inédito e certamente irregular - de agentes da Agência Brasileira de Inteligência, repartição direitamente subordinada ao Palácio do Planalto, na gravação de telefonemas do grupo visado pela Satiagraha.
Para muita gente no Planalto, essa irregularidade era sinal assustador de que grupos na Polícia Federal faziam o que bem entendiam para conseguir resultados - quase sempre divulgados com uma dose pouco profissional e bastante perigosa de exibicionismo.
Posta em xeque, a PF começou a fazer água, revelando uma crise interna que fervia há algum tempo. E que na verdade era muito mais disputa de poder do que, como muita gente pensava, simples divergências sobre métodos de investigação.
Hoje, a PF não tem a confiança do governo e parece ter perdido a boa imagem na opinião pública. O delegado que montou a Satiagraha, Protógenes Queiroz, responde a inquérito por supostas falhas na operação - uma investigação aprovada por parte de seus colegas e condenada por outros.
Numa briga independente de tudo isso, agentes federais estão em pé de guerra contra um projeto do governo, já tramitando no Congresso, que transfere do juiz para o promotor público a supervisão e o controle das investigações policiais. Um manifesto assinado por mais de cem delegados afirma não ser correto que "investigações policiais sejam dirigidas pela parte que acusa, em prejuízo da defesa". Podem ter razão, mas nada impede que essa tomada de posição venha ser munição para os críticos da PF em Brasília.
O que parece evidente em tudo isso é que a Polícia Federal vive dias de cão, em parte devido a divergências e opções respeitáveis - e em parte devido a uma crepitante fogueira de vaidades que pode transformar em cinzas uma merecida reputação de eficiência.
Quem está de fora tem motivos óbvios para deduzir que nenhum grupo deve ser dono exclusivo da razão. E também para temer que a conseqüência mais notável da crise seja muito tempo de vida mansa para os daniéis dantas da praça.
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
- Paisano
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Re: Veja e seu insólito comportamento contra ABIN e PF
Basta de intermediários*
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/
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Certas coisas, só no Brasil. Foi afastado o delegado que apurou as falcatruas de Daniel Dantas, investigando lavagem de dinheiro e remessas ilegais para o exterior. Aconteceu mais com Protógenes Queirós: teve sua casa invadida por colegas da Polícia Federal, investigado e humilhado que vem sendo.
O mesmo acontece com o juiz federal que determinou a prisão temporária e depois preventiva do banqueiro e megaespeculador. Responde a processo de suspeição no Tribunal Regional Federal de São Paulo e é objeto de investigação no Conselho Nacional de Justiça. Fausto de Sanctis passou de juiz a réu por também haver cumprido a lei e o seu dever.
Enquanto isso, Daniel Dantas esfrega as mãos de satisfação, imune a quaisquer sanções e abrigado à sombra dos tribunais. Nesses dias em que se fala na substituição do ministro da Justiça, Tarso Genro, melhor seria lançar de uma vez o nome do banqueiro para ocupar o cargo: "Basta de intermediários! Daniel Dantas para ministro da Justiça!"
*Carlos Chagas