Brasileiro, me diga com toda sinceridade. Vc acha mesmo que vale a pena viver num regime igual ao de Cuba?Brasileiro escreveu:Olha, e tem bastante gente que credita a bancarrota do nosso sitema de ensino dos anos 80 pra cá justamente à falta de chicotada...
Não que eu seja a favor
abraços]
Cuba, cubanos e o Embargo americano
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Contracultura.
Ana Carolina Boccardo Alves - CARTAS DE HAVANA - 15.07.11.
Mesmo em Cuba, onde manifestações oficiais contra o regime são reprimidas, surgiram obras de contracultura extremamente interessantes.
Elas são divulgadas às escuras, passando de pen drive em pen drive músicas e vídeos que poderiam ser considerados "subversivos e imperialistas".
No entanto não passam de manifestações de uma insatisfação crescente do povo cubano.
A que mais me chamou a atenção, pelo cuidado e inteligência sarcástica, foram os "Nicanores".
Fruto da obra do escritor Eduardo del Llano, os contos foram adaptados para curtas de 15 minutos, protagonizados pelo famoso ator cubano Luís Alberto García.
São situações cômicas com um profundo senso político, onde o personagem Nicanor, embora tenha sempre o mesmo nome, não é a mesma pessoa em cada episódio.
Um dos meus preferidos é o que mostra dois agentes do governo cubano que, batendo à porta de Nicanor, explicam que estão ali para instalar 2 microfones na sua casa "para que eles possam monitorar abertamente quando ele fala mal do governo, afinal, não é transparência o que vocês pedem?"
Ainda nessa linha, a trilha sonora dos curtas foi feita pelo cantor de trovas Frank Delgado de quem, confesso, sou fã.
Autor de uma extensa obra, suas letras são de uma criatividade extrema e reproduzem com fidelidade o cotidiano cubano.
Dentre as que mais gosto está "Carta de um menino cubano a Harry Potter", em que o menino afirma que sua mãe é melhor maga que Potter, já que ela tem que produzir "alquimia" com 3 ingredientes para que a família possa comer.
Outra letra muito forte é a "Ilha Puta", em que a frase "eu vivo em uma ilha puta, de dupla moral e dupla moeda" resume tudo.
Recentemente, virou febre por aqui uma paródia do "Muppet Show" legendada com a mais recente determinação do governo de eliminar gratuidades, ou seja, cortar os subsídios e produtos da livreta cubana, ao mesmo tempo em que os salários continuam, há anos, intocados.
Esse pequeno vídeo, sem autoria conhecida, está sendo comentado em todas as rodas de discussão e a frase "Maná, maná" (nem sei se é assim que se escreve) virou piada pronta.
Não comentei, por serem mais conhecidos, blogs como o de Yoani Sanchéz e o "Havana Times", que fazem seu papel de noticiar o que a imprensa oficial não noticia.
Resolvi falar dos trabalhos acima por terem uma linha de humor que aprecio muito, por serem pouco divulgados e quase não se saber deles fora de Cuba.
No entanto, alguns poucos já estão no Youtube e vale a pena procurar. O que comprova que em Cuba, como em qualquer país do mundo, "se hay gobierno, soy contra".
Mesmo que, oficialmente, se tenha que ser a favor.
Ana Carolina Boccardo Alves - CARTAS DE HAVANA - 15.07.11.
Mesmo em Cuba, onde manifestações oficiais contra o regime são reprimidas, surgiram obras de contracultura extremamente interessantes.
Elas são divulgadas às escuras, passando de pen drive em pen drive músicas e vídeos que poderiam ser considerados "subversivos e imperialistas".
No entanto não passam de manifestações de uma insatisfação crescente do povo cubano.
A que mais me chamou a atenção, pelo cuidado e inteligência sarcástica, foram os "Nicanores".
Fruto da obra do escritor Eduardo del Llano, os contos foram adaptados para curtas de 15 minutos, protagonizados pelo famoso ator cubano Luís Alberto García.
São situações cômicas com um profundo senso político, onde o personagem Nicanor, embora tenha sempre o mesmo nome, não é a mesma pessoa em cada episódio.
Um dos meus preferidos é o que mostra dois agentes do governo cubano que, batendo à porta de Nicanor, explicam que estão ali para instalar 2 microfones na sua casa "para que eles possam monitorar abertamente quando ele fala mal do governo, afinal, não é transparência o que vocês pedem?"
Ainda nessa linha, a trilha sonora dos curtas foi feita pelo cantor de trovas Frank Delgado de quem, confesso, sou fã.
Autor de uma extensa obra, suas letras são de uma criatividade extrema e reproduzem com fidelidade o cotidiano cubano.
Dentre as que mais gosto está "Carta de um menino cubano a Harry Potter", em que o menino afirma que sua mãe é melhor maga que Potter, já que ela tem que produzir "alquimia" com 3 ingredientes para que a família possa comer.
Outra letra muito forte é a "Ilha Puta", em que a frase "eu vivo em uma ilha puta, de dupla moral e dupla moeda" resume tudo.
Recentemente, virou febre por aqui uma paródia do "Muppet Show" legendada com a mais recente determinação do governo de eliminar gratuidades, ou seja, cortar os subsídios e produtos da livreta cubana, ao mesmo tempo em que os salários continuam, há anos, intocados.
Esse pequeno vídeo, sem autoria conhecida, está sendo comentado em todas as rodas de discussão e a frase "Maná, maná" (nem sei se é assim que se escreve) virou piada pronta.
Não comentei, por serem mais conhecidos, blogs como o de Yoani Sanchéz e o "Havana Times", que fazem seu papel de noticiar o que a imprensa oficial não noticia.
Resolvi falar dos trabalhos acima por terem uma linha de humor que aprecio muito, por serem pouco divulgados e quase não se saber deles fora de Cuba.
No entanto, alguns poucos já estão no Youtube e vale a pena procurar. O que comprova que em Cuba, como em qualquer país do mundo, "se hay gobierno, soy contra".
Mesmo que, oficialmente, se tenha que ser a favor.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
A única versão dos fatos.
Ana Carolina Boccardo Alves - 29.7.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Assistir diariamente a televisão cubana faz com que você entenda bem a única versão dos fatos que o governo conta. Como jornalista, tenho o discernimento que não existe imparcialidade na Imprensa em nenhum lugar do mundo, e que qualquer texto que você leia ou telejornal que assista será sempre uma versão dos fatos.
No entanto a diferença é que, em países democráticos, existem várias versões sobre o mesmo fato. Sempre se pode buscar em outro jornal, site ou até mesmo blog detalhes que interessam naquela notícia, retalhos que ficaram faltando para que você forme o seu juízo de valor. Afinal, é isso que o bom leitor faz: cria a sua opinião com base no que leu.
Aqui, o problema é exatamente esse: não há outra versão que ler. Nunca ninguém discorda, nem acrescenta um fato novo. Não é difícil de entender já que a TV, jornais e sites são todos governamentais. Todos reproduzem o mesmo discurso, às vezes inclusive literalmente. Não é raro ver o Granma, principal jornal daqui, copiar textualmente o discurso lido na noite anterior na televisão.
A versão que cotidianamente recebemos é sempre pró-governo. A população cubana nunca vai ver qualquer crítica ao sistema, mesmo de leve. Só para se ter uma idéia, o programa mais famoso de debates da TV cubana, o "Mesa Redonda", nunca debate nada. São sempre convidados que ficam concordando entre si e concordando mais ainda com o governo. A pior parte para mim, no entanto, nem é essa. É sempre quando falam sobre os outros países.
Todas as vezes que o bloco do noticiário internacional começa, me sento para ver as barbaridades. O mundo todo está um caos, a crise mundial, o desemprego, a greve, os capitalistas selvagens que só pensam em dinheiro. Não estou nem falando dos EUA, que por motivos óbvios são os mais atacados, mas sim do restante do mundo.
Aí entra a segunda parte: e Cuba, como está? Ah, Cuba está uma maravilha, sem problemas, o socialismo é a solução, aqui todas as pessoas vivem felizes. Outro dia, por exemplo, falando sobre imigração, quase me fizeram acreditar que aqui as pessoas entram e saem livremente e que os demais países do mundo são "racistas e xenófobos".
Mas uma coisa me deixa feliz: cada vez mais os cubanos conversam, contestam, tiram suas conclusões. Criam a sua versão, a que é baseada na realidade cotidiana. E são esses "repórteres" que levam as histórias adiante. E que cumprem o papel que, infelizmente, a Imprensa não pode cumprir.
Ana Carolina Boccardo Alves - 29.7.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Assistir diariamente a televisão cubana faz com que você entenda bem a única versão dos fatos que o governo conta. Como jornalista, tenho o discernimento que não existe imparcialidade na Imprensa em nenhum lugar do mundo, e que qualquer texto que você leia ou telejornal que assista será sempre uma versão dos fatos.
No entanto a diferença é que, em países democráticos, existem várias versões sobre o mesmo fato. Sempre se pode buscar em outro jornal, site ou até mesmo blog detalhes que interessam naquela notícia, retalhos que ficaram faltando para que você forme o seu juízo de valor. Afinal, é isso que o bom leitor faz: cria a sua opinião com base no que leu.
Aqui, o problema é exatamente esse: não há outra versão que ler. Nunca ninguém discorda, nem acrescenta um fato novo. Não é difícil de entender já que a TV, jornais e sites são todos governamentais. Todos reproduzem o mesmo discurso, às vezes inclusive literalmente. Não é raro ver o Granma, principal jornal daqui, copiar textualmente o discurso lido na noite anterior na televisão.
A versão que cotidianamente recebemos é sempre pró-governo. A população cubana nunca vai ver qualquer crítica ao sistema, mesmo de leve. Só para se ter uma idéia, o programa mais famoso de debates da TV cubana, o "Mesa Redonda", nunca debate nada. São sempre convidados que ficam concordando entre si e concordando mais ainda com o governo. A pior parte para mim, no entanto, nem é essa. É sempre quando falam sobre os outros países.
Todas as vezes que o bloco do noticiário internacional começa, me sento para ver as barbaridades. O mundo todo está um caos, a crise mundial, o desemprego, a greve, os capitalistas selvagens que só pensam em dinheiro. Não estou nem falando dos EUA, que por motivos óbvios são os mais atacados, mas sim do restante do mundo.
Aí entra a segunda parte: e Cuba, como está? Ah, Cuba está uma maravilha, sem problemas, o socialismo é a solução, aqui todas as pessoas vivem felizes. Outro dia, por exemplo, falando sobre imigração, quase me fizeram acreditar que aqui as pessoas entram e saem livremente e que os demais países do mundo são "racistas e xenófobos".
Mas uma coisa me deixa feliz: cada vez mais os cubanos conversam, contestam, tiram suas conclusões. Criam a sua versão, a que é baseada na realidade cotidiana. E são esses "repórteres" que levam as histórias adiante. E que cumprem o papel que, infelizmente, a Imprensa não pode cumprir.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Seria interessante ler uma carta de Havana sobre a vida nocturna.
As mulheres realmente costumam ser abordadas por gente a pedir coisas a quem tiver cara de turista.
Os homens mesmo que acompanhados também são abordados em plena rua ...
Hoje, como em 1950...
Quando o regime entrar em colapso, Cuba não tem industrias, não tem investigadores, não tem empresas, não tem bancos, não tem nada.
Sobreviverá como sobrevivia antes da revolução.
Voltará a ser um paraíso de sexo e jogo. É o caminho mais rápido. Quando voltarem os empresários cubanos que estão na América, eles são especialistas nesse tipo de negócios.
La revolución deu isso aos cubanos: Meio século de estagnação, que podia ter sido aproveitado para tirar o país da miséria.
As mulheres realmente costumam ser abordadas por gente a pedir coisas a quem tiver cara de turista.
Os homens mesmo que acompanhados também são abordados em plena rua ...
Hoje, como em 1950...
Quando o regime entrar em colapso, Cuba não tem industrias, não tem investigadores, não tem empresas, não tem bancos, não tem nada.
Sobreviverá como sobrevivia antes da revolução.
Voltará a ser um paraíso de sexo e jogo. É o caminho mais rápido. Quando voltarem os empresários cubanos que estão na América, eles são especialistas nesse tipo de negócios.
La revolución deu isso aos cubanos: Meio século de estagnação, que podia ter sido aproveitado para tirar o país da miséria.
Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Cuba libera propriedade privada
EM SESSÃO CONDUZIDA PELO PRESIDENTE RAÚL CASTRO, PARLAMENTARES CUBANOS APROVARAM UM PACOTE DE REFORMAS ECONÔMICAS QUE CRIA UM LIMITADO MERCADO NA ILHA, ENTRE AS MEDIDAS ACATADAS ESTÁ O DIREITO À COMPRA DE IMÓVEIS
01 de Agosto de 2011 às 19:21
O Parlamento de Cuba aprovou nesta segunda-feira 1º um pacote de medidas de reformas econômicas que deve trazer mudanças importantes ao modelo comunista vigente no país. Entre as medidas acatadas pelos parlamentares está a comercialização de moradias, o que significa que os cubanos vão poder, pela primeira vez em 50 anos, comprar propriedades. Na prática, isso representa a volta gradual da propriedade privada à ilha.
A reforma foi aprovada pela Assembleia Nacional do Poder Popular, em uma das suas duas sessões anuais para discutir os rumos da economia do país, um encontro que poderá extrair algumas das reformas que o governo prometeu nos esforços para reviver a estagnada economia com uma dose de empreendimentos privados. Raúl Castro, que vem defendendo reformas que possibilitem a criação de um mercado livre limitado desde que recebeu o poder das mãos do irmão, Fidel, em 2008.
Diretrizes gerais para as reformas já foram aprovadas pelo Partido Comunista em abril, mas desde então houve relativamente pouca ação. O partido não é um corpo legislativo, por isso cabe ao Parlamento fazer o lançamento formal das reformas. O presidente cubano Raúl Castro afirmou recentemente que as reformas seguirão um ritmo próprio, sem serem adiantadas ou atrasadas.
O jornal estatal Granma disse que a sessão na Assembleia Nacional irá "analisar o progresso da economia no primeiro semestre de 2011 e o desenvolvimento do plano para atualizar o modelo econômico do país". Embora o governo tenha permitido que empresas sejam abertas em cerca de 200 atividades profissionais, Raúl enfatizou que o país não abandonou o socialismo e não existem sinais de que alguma grande empresa ou indústria estatal será privatizada em breve.
http://www.brasil247.com.br/pt/247/mund ... rivada.htm
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
A FÉ na saúde cubana.
Ana Carolina Boccardo Alves - 5.8.2011 - Cartas de Havana.
Pensei muito antes de escrever essa carta, mas por fim decidi fazê-lo. Sei que ela será polêmica, pois toca num dos pilares da revolução, a saúde.
O que vou contar agora foi o resultado de meses de relatos de pessoas próximas.
Não tenho dúvidas de que as histórias são verdadeiras. Algumas inclusive eu testemunhei.
Quero deixar claro que não estou negando as conquistas de Cuba nesse setor.
Acho louvável os esforços de médicos cubanos ao redor do mundo, bem como os índices do país em termos de mortalidade infantil e expectativa de vida.
Inúmeras doenças raras e graves são tratadas aqui como em qualquer país desenvolvido.
No entanto, no dia a dia dos hospitais, as pessoas sofrem com a falta de infraestrutura e equipamentos.
Médicos, desmotivados por baixos salários e alta carga horária, atendem mal e induzem a família do paciente a trazer "presentinhos".
Uma senhora, cuja filha tem uma doença reumática, foi aconselhada pelo especialista que não voltasse pois ele "não podia mais fazer nada".
Ela juntou todas as suas economias e levou alguns CUCs (divisas que valem o mesmo que o dólar) ao médico. Desde então, ele deu sequência ao tratamento.
Quando se é internado é necessário levar um kit: lençóis, travesseiro, ventilador (acredite, para o calor insuportável daqui é necessário, já que não há ar condicionado), comida, água para beber e também para a higiene do paciente, pois falta água no hospital.
A falta de reagentes para exames é outro problema grave.
Uma jovem precisava fazer exame de sangue para quatro diferentes testes. Foi pedido a ela que voltasse em três dias distintos para furar o braço, já que esses eram os únicos dias em que cada reagente estaria disponível.
Quanto ao quarto reagente, não havia.
Tomografias e raios x são outros itens complicados. Uma senhora caiu das escadas e bateu o rosto, de frente, no chão. A tomografia dela demorou tantos dias (??!!) para ser aprovada que ela faleceu antes, de hemorragia interna.
Faltam máscaras de esterilização, bisturis, luvas, seringas descartáveis.
Medicamentos então, um capítulo à parte. Todo e qualquer medicamento aqui se consegue na farmácia, mediante receita. Até mesmo uma aspirina precisa de receita. E para quem pensava, não são gratuitos, não.
O problema é que alguns tipos de remédio simplesmente não existem aqui. Quem precisa deles, tem que conseguir no exterior.
A piada corrente é que "cubano que fica doente tem que ter FÉ" (Família no Exterior). E posso garantir que, por aqui, a FÉ é a única que não costuma falhar.
Ana Carolina Boccardo Alves - 5.8.2011 - Cartas de Havana.
Pensei muito antes de escrever essa carta, mas por fim decidi fazê-lo. Sei que ela será polêmica, pois toca num dos pilares da revolução, a saúde.
O que vou contar agora foi o resultado de meses de relatos de pessoas próximas.
Não tenho dúvidas de que as histórias são verdadeiras. Algumas inclusive eu testemunhei.
Quero deixar claro que não estou negando as conquistas de Cuba nesse setor.
Acho louvável os esforços de médicos cubanos ao redor do mundo, bem como os índices do país em termos de mortalidade infantil e expectativa de vida.
Inúmeras doenças raras e graves são tratadas aqui como em qualquer país desenvolvido.
No entanto, no dia a dia dos hospitais, as pessoas sofrem com a falta de infraestrutura e equipamentos.
Médicos, desmotivados por baixos salários e alta carga horária, atendem mal e induzem a família do paciente a trazer "presentinhos".
Uma senhora, cuja filha tem uma doença reumática, foi aconselhada pelo especialista que não voltasse pois ele "não podia mais fazer nada".
Ela juntou todas as suas economias e levou alguns CUCs (divisas que valem o mesmo que o dólar) ao médico. Desde então, ele deu sequência ao tratamento.
Quando se é internado é necessário levar um kit: lençóis, travesseiro, ventilador (acredite, para o calor insuportável daqui é necessário, já que não há ar condicionado), comida, água para beber e também para a higiene do paciente, pois falta água no hospital.
A falta de reagentes para exames é outro problema grave.
Uma jovem precisava fazer exame de sangue para quatro diferentes testes. Foi pedido a ela que voltasse em três dias distintos para furar o braço, já que esses eram os únicos dias em que cada reagente estaria disponível.
Quanto ao quarto reagente, não havia.
Tomografias e raios x são outros itens complicados. Uma senhora caiu das escadas e bateu o rosto, de frente, no chão. A tomografia dela demorou tantos dias (??!!) para ser aprovada que ela faleceu antes, de hemorragia interna.
Faltam máscaras de esterilização, bisturis, luvas, seringas descartáveis.
Medicamentos então, um capítulo à parte. Todo e qualquer medicamento aqui se consegue na farmácia, mediante receita. Até mesmo uma aspirina precisa de receita. E para quem pensava, não são gratuitos, não.
O problema é que alguns tipos de remédio simplesmente não existem aqui. Quem precisa deles, tem que conseguir no exterior.
A piada corrente é que "cubano que fica doente tem que ter FÉ" (Família no Exterior). E posso garantir que, por aqui, a FÉ é a única que não costuma falhar.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
A livreta de abastecimento cubana.
Ana Carolina Boccardo Alves - 19.8.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Muita gente confunde a livreta de abastecimento cubana com "uma cesta básica" que o governo fornece para a população e acha que o benefício é uma liberalidade do sistema socialista, o que não é verdade. Vou tentar explicar, nessa carta, como e porquê ela surgiu, bem como suas mudanças ao longo dos anos.
A livreta foi criada nos primeiros anos da revolução como um "acordo" entre o governo e a população.
Os salários seriam mantidos num patamar baixo, mas em troca seriam fornecidos produtos subsidiados, saúde e educação.
Ou seja, os produtos adquiridos por meio da livreta não seriam gratuitos, seriam mais baratos que os encontrados no mercado.
A ideia é que ela fosse temporária e que, com a evolução da produção e da economia do país, não fosse mais necessária.
Só para vocês entenderem, ela é um caderninho em cujas páginas há um controle mensal de produtos, que só podem ser retirados nas "bodegas" (mercearias) governamentais.
Cada núcleo familiar recebe uma.
Quando foi criada, praticamente todos os tipos de produtos eram incluídos, de alimentação à higiene pessoal, vestuário, utensílios domésticos e brinquedos. Para isso, existiam livretas separadas.
Ao longo dos anos, os produtos foram sendo retirados. Só ficou a livreta de alimentos.
Hoje, utensílios domésticos, sapatos, roupas e brinquedos praticamente só se encontra em dólar (ou o equivalente convertido).
Da livreta de alimentos pouca coisa sobrou do original. Antigamente, eram distribuídos todos os tipos de carne (peixe, vaca e frango). Hoje resta nada mais que o frango, em quantidade irrisória para uma família.
De tempos em tempos aparece o picadinho de soja (incomível mesmo para os vegetarianos).
São entregues ainda arroz, feijão, óleo e açúcar, cujas quantidades também diminuíram muito. Leite, apenas para crianças e idosos.
Ovos quando há, pão, oito absorventes para mulheres (em idade menstrual) ao mês, e sabão completam o pacote.
Se uma família de quatro pessoas adquire o que tem direito no mês pela livreta, vai gastar mais ou menos 50 pesos cubanos. Um salário médio de um cubano são 400 pesos mensais (16 dólares), o que ao longo dos anos não sofreu reajuste.
Como quase todos os outros gastos familiares serão em dólar, apesar de ganharem em peso cubano, é só fazer a conta.
E assim vão entender porque uma das principais reclamações do povo cubano são os produtos que são retirados, gradualmente, da livreta de abastecimento.
O acordo acabou sendo "venha a nós" mas o retorno "ao vosso reino", infelizmente, ficou esquecido.
Ana Carolina Boccardo Alves - 19.8.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Muita gente confunde a livreta de abastecimento cubana com "uma cesta básica" que o governo fornece para a população e acha que o benefício é uma liberalidade do sistema socialista, o que não é verdade. Vou tentar explicar, nessa carta, como e porquê ela surgiu, bem como suas mudanças ao longo dos anos.
A livreta foi criada nos primeiros anos da revolução como um "acordo" entre o governo e a população.
Os salários seriam mantidos num patamar baixo, mas em troca seriam fornecidos produtos subsidiados, saúde e educação.
Ou seja, os produtos adquiridos por meio da livreta não seriam gratuitos, seriam mais baratos que os encontrados no mercado.
A ideia é que ela fosse temporária e que, com a evolução da produção e da economia do país, não fosse mais necessária.
Só para vocês entenderem, ela é um caderninho em cujas páginas há um controle mensal de produtos, que só podem ser retirados nas "bodegas" (mercearias) governamentais.
Cada núcleo familiar recebe uma.
Quando foi criada, praticamente todos os tipos de produtos eram incluídos, de alimentação à higiene pessoal, vestuário, utensílios domésticos e brinquedos. Para isso, existiam livretas separadas.
Ao longo dos anos, os produtos foram sendo retirados. Só ficou a livreta de alimentos.
Hoje, utensílios domésticos, sapatos, roupas e brinquedos praticamente só se encontra em dólar (ou o equivalente convertido).
Da livreta de alimentos pouca coisa sobrou do original. Antigamente, eram distribuídos todos os tipos de carne (peixe, vaca e frango). Hoje resta nada mais que o frango, em quantidade irrisória para uma família.
De tempos em tempos aparece o picadinho de soja (incomível mesmo para os vegetarianos).
São entregues ainda arroz, feijão, óleo e açúcar, cujas quantidades também diminuíram muito. Leite, apenas para crianças e idosos.
Ovos quando há, pão, oito absorventes para mulheres (em idade menstrual) ao mês, e sabão completam o pacote.
Se uma família de quatro pessoas adquire o que tem direito no mês pela livreta, vai gastar mais ou menos 50 pesos cubanos. Um salário médio de um cubano são 400 pesos mensais (16 dólares), o que ao longo dos anos não sofreu reajuste.
Como quase todos os outros gastos familiares serão em dólar, apesar de ganharem em peso cubano, é só fazer a conta.
E assim vão entender porque uma das principais reclamações do povo cubano são os produtos que são retirados, gradualmente, da livreta de abastecimento.
O acordo acabou sendo "venha a nós" mas o retorno "ao vosso reino", infelizmente, ficou esquecido.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Despedida.
Ana Carolina Boccardo Alves - 2.9.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Essa é a última de minhas Cartas de Havana. Acabo de voltar ao Brasil com meu marido, depois de ter vivido na ilha por alguns meses. Para quem não sabe, fui à Cuba para que meu marido, que é cubano, pudesse completar seu doutorado na Universidade de Havana.
Quando cheguei éramos noivos, pois eu o conheci no Brasil, onde ele fazia parte de sua pesquisa. Em Havana nos casamos e lá vivi a grande contradição da minha vida: estava no momento mais feliz como pessoa, mas vivendo num lugar onde era impossível realizar qualquer projeto de vida.
Tivemos que ir embora mais cedo que o planejado (nossa idéia era ficar um ano) por dois motivos. Primeiro, o gasto excessivo de dinheiro com os papéis do casamento e documentos do meu marido (todos em dólar), aliados ao fato de eu não poder exercer minha profissão de jornalista no país, fizeram com que nosso orçamento fosse ficando cada vez mais escasso.
Depois percebemos que, quanto mais ele se comprometesse com a universidade e eu com as cartas, que já começavam a ser notadas, mais difícil se faria sua saída. Decidimos sair e foram três meses de muito desgaste, papéis e mais gastos para conseguirmos tudo.
Não me arrependo de ter vivido lá. De Havana levo recordações de lugares queridos, meus amigos sinceros e minha família cubana, que amenizaram a vida difícil em todos os momentos. Morro de saudades, todos os dias.
Também trago no coração a esperança de que um dia, a exemplo de tantos outros países nessa recente história, as coisas em Havana e em toda Cuba possam mudar.
Não mudanças de fachada, como as que anuncia o novo governante, que nada mais é que irmão e continuísta do antigo. Mas sim mudanças que possam fazer com que esse povo, tão parecido com o brasileiro, possa ter direitos e deveres como todo cidadão, não apenas obrigações e penas.
Sei que não foi fácil para meu marido tomar essa decisão e o admiro por isso. Nunca foi o que ele quis. Mas sei também que, como cada cubano que saiu do seu país, ele continuará lutando e se expressando (pois agora tem liberdade de expressão) para que sua pátria um dia possa viver uma democracia.
Me despeço de vocês agradecendo todos os comentários aqui e no meu blog. Recebi muito apoio do Brasil e isso foi importante nessa minha estadia em Havana. E termino repetindo o que se diz por aí: vá a Cuba antes que Fidel morra. Vale a pena conhecer essa ilha tão maravilhosa e tão idiossincrática.
Hasta siempre!
Ana Carolina Boccardo Alves - 2.9.2011 - CARTAS DE HAVANA.
Essa é a última de minhas Cartas de Havana. Acabo de voltar ao Brasil com meu marido, depois de ter vivido na ilha por alguns meses. Para quem não sabe, fui à Cuba para que meu marido, que é cubano, pudesse completar seu doutorado na Universidade de Havana.
Quando cheguei éramos noivos, pois eu o conheci no Brasil, onde ele fazia parte de sua pesquisa. Em Havana nos casamos e lá vivi a grande contradição da minha vida: estava no momento mais feliz como pessoa, mas vivendo num lugar onde era impossível realizar qualquer projeto de vida.
Tivemos que ir embora mais cedo que o planejado (nossa idéia era ficar um ano) por dois motivos. Primeiro, o gasto excessivo de dinheiro com os papéis do casamento e documentos do meu marido (todos em dólar), aliados ao fato de eu não poder exercer minha profissão de jornalista no país, fizeram com que nosso orçamento fosse ficando cada vez mais escasso.
Depois percebemos que, quanto mais ele se comprometesse com a universidade e eu com as cartas, que já começavam a ser notadas, mais difícil se faria sua saída. Decidimos sair e foram três meses de muito desgaste, papéis e mais gastos para conseguirmos tudo.
Não me arrependo de ter vivido lá. De Havana levo recordações de lugares queridos, meus amigos sinceros e minha família cubana, que amenizaram a vida difícil em todos os momentos. Morro de saudades, todos os dias.
Também trago no coração a esperança de que um dia, a exemplo de tantos outros países nessa recente história, as coisas em Havana e em toda Cuba possam mudar.
Não mudanças de fachada, como as que anuncia o novo governante, que nada mais é que irmão e continuísta do antigo. Mas sim mudanças que possam fazer com que esse povo, tão parecido com o brasileiro, possa ter direitos e deveres como todo cidadão, não apenas obrigações e penas.
Sei que não foi fácil para meu marido tomar essa decisão e o admiro por isso. Nunca foi o que ele quis. Mas sei também que, como cada cubano que saiu do seu país, ele continuará lutando e se expressando (pois agora tem liberdade de expressão) para que sua pátria um dia possa viver uma democracia.
Me despeço de vocês agradecendo todos os comentários aqui e no meu blog. Recebi muito apoio do Brasil e isso foi importante nessa minha estadia em Havana. E termino repetindo o que se diz por aí: vá a Cuba antes que Fidel morra. Vale a pena conhecer essa ilha tão maravilhosa e tão idiossincrática.
Hasta siempre!
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Morreu o ministro da defesa Julio Casas Regueiro aos 75 anos...
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
- marcelo l.
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 9200,0.htm
HAVANA - A presidente Dilma Rousseff chegaria ontem à noite em Havana para sua primeira visita oficial a Cuba. A julgar pelos sinais enviados por Brasília, o governo cubano tem mais razões para ser otimista do que a dissidência. Dilma leva à ilha mais uma linha de crédito, dessa vez de US$ 523 milhões. Com isso, o financiamento brasileiro à ilha chega a US$ 1,37 bilhão.
cont.
HAVANA - A presidente Dilma Rousseff chegaria ontem à noite em Havana para sua primeira visita oficial a Cuba. A julgar pelos sinais enviados por Brasília, o governo cubano tem mais razões para ser otimista do que a dissidência. Dilma leva à ilha mais uma linha de crédito, dessa vez de US$ 523 milhões. Com isso, o financiamento brasileiro à ilha chega a US$ 1,37 bilhão.
cont.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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- rodrigo
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
E doação mudou de nome?Dilma leva à ilha mais uma linha de crédito
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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João Guimarães Rosa
- rodrigo
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Ditadura? Que ditadura?
O que caracteriza a ação de um ministro dos Direitos Humanos é (ou deveria ser)… a defesa dos direitos humanos. A afirmação, acaciana, é obrigatória quando se lê o que disse ontem Maria do Rosário, a dita ministra dos Direitos Humanos de Dilma:
- A marca de Cuba não é a violação dos direitos humanos, e, sim, ter sofrido uma violação histórica, o embargo americano.
Nem a morte de um dissidente na cadeia na semana passada, nem as dificuldades da blogueira Yoani Sanchez para deixar a ilha, nem o partido único, nem a falta de liberdade de expressão, parecem sensibilizar Maria do Rosário.
Pelo visto, se coubesse à Maria do Rosário escolher integrantes de uma hipotética Comissão da Verdade em Cuba, ela seria composta somente pelos integrantes da ditadura dos irmãos Castro.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/
O que caracteriza a ação de um ministro dos Direitos Humanos é (ou deveria ser)… a defesa dos direitos humanos. A afirmação, acaciana, é obrigatória quando se lê o que disse ontem Maria do Rosário, a dita ministra dos Direitos Humanos de Dilma:
- A marca de Cuba não é a violação dos direitos humanos, e, sim, ter sofrido uma violação histórica, o embargo americano.
Nem a morte de um dissidente na cadeia na semana passada, nem as dificuldades da blogueira Yoani Sanchez para deixar a ilha, nem o partido único, nem a falta de liberdade de expressão, parecem sensibilizar Maria do Rosário.
Pelo visto, se coubesse à Maria do Rosário escolher integrantes de uma hipotética Comissão da Verdade em Cuba, ela seria composta somente pelos integrantes da ditadura dos irmãos Castro.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/
"O correr da vida embrulha tudo,
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aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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- wagnerm25
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Falou a Ministra que frequenta aulas de direção em função da carteira suspensa por ter cometido seguidas infrações de trânsito.rodrigo escreveu:Ditadura? Que ditadura?
O que caracteriza a ação de um ministro dos Direitos Humanos é (ou deveria ser)… a defesa dos direitos humanos. A afirmação, acaciana, é obrigatória quando se lê o que disse ontem Maria do Rosário, a dita ministra dos Direitos Humanos de Dilma:
- A marca de Cuba não é a violação dos direitos humanos, e, sim, ter sofrido uma violação histórica, o embargo americano.
Nem a morte de um dissidente na cadeia na semana passada, nem as dificuldades da blogueira Yoani Sanchez para deixar a ilha, nem o partido único, nem a falta de liberdade de expressão, parecem sensibilizar Maria do Rosário.
Pelo visto, se coubesse à Maria do Rosário escolher integrantes de uma hipotética Comissão da Verdade em Cuba, ela seria composta somente pelos integrantes da ditadura dos irmãos Castro.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/
Tem horas que eu tenho muita vergonha de ser gaúcho. Ter nascido no mesmo estado do Tarso e dessa coisa aí é um dos motivos.
- Clermont
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Re: Cuba, cubanos e o Embargo americano
Saudades de Fidel...
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 1º de fevereiro de 2012.
Os jornalistas brasileiros que voaram à Cuba acompanhando a presidente Dilma Rousseff foram barrados à entrada do palácio do presidente Raul Castro.
Chegar perto de Raul? Nem pensar. A segurança impediu.
No final dos anos 80, quando o Brasil reatou relações diplomáticas com Cuba e Abreu Sodré, ministro das Relações Exteriores, visitou a ilha pela 1a. vez, o então presidente Fidel Castro abusou de tanto conceder entrevistas a um grupo de jornalistas brasileiros.
A pedido de um deles chegou a ditar a receita de um suculento prato de lagosta.
Foi sedutor com Beatriz Thielmann, enviada especial da Rede Globo de Televisão, afagando-lhe o rosto duas vezes.
No total, confraternizou cinco vezes em quatro dias com os jornalistas e Sodré, que só o chamava de Comandante.
Ao desembarcar em Havana, um dos jornalistas havia se ajoelhado e beijado o chão, como costumava fazer à epoca o Papa João Paulo II.
Mas essa é outra história...
Saudades de Fidel Castro!
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 1º de fevereiro de 2012.
Os jornalistas brasileiros que voaram à Cuba acompanhando a presidente Dilma Rousseff foram barrados à entrada do palácio do presidente Raul Castro.
Chegar perto de Raul? Nem pensar. A segurança impediu.
No final dos anos 80, quando o Brasil reatou relações diplomáticas com Cuba e Abreu Sodré, ministro das Relações Exteriores, visitou a ilha pela 1a. vez, o então presidente Fidel Castro abusou de tanto conceder entrevistas a um grupo de jornalistas brasileiros.
A pedido de um deles chegou a ditar a receita de um suculento prato de lagosta.
Foi sedutor com Beatriz Thielmann, enviada especial da Rede Globo de Televisão, afagando-lhe o rosto duas vezes.
No total, confraternizou cinco vezes em quatro dias com os jornalistas e Sodré, que só o chamava de Comandante.
Ao desembarcar em Havana, um dos jornalistas havia se ajoelhado e beijado o chão, como costumava fazer à epoca o Papa João Paulo II.
Mas essa é outra história...
Saudades de Fidel Castro!