Senhores, algumas considerações:
Assim como o mundo pós-guerra fria mudou, estamos vivenciando o início de novas mudanças para o mundo pós-Grande Depressão. Entendam principalmente os que nem eu, com mais de quarenta: temos vivenciado a História, participado sem nos darmos conta do momento. O mundo nunca mais será o mesmo..
Olhem para as diferenças e as similaridades entre a Indústria Aeronáutica Européia e Norte-Americana: Os ianques saltaram na frente com o F-35 (para mim ainda uma incógnita) montando parcerias que dessem alguma sustentação e viabilidade ao Programa mas, ainda algo presos a antigos conceitos, restringem tanto quanto podem o acesso a novas tecnologias mesmo a parceiros totalmente confiáveis, como a Inglaterra que, aliás, participa também do Typhoon (talvez aí a razão). A Grande Depressão, particularmente aguda sobre os EUA, certamente os levará a uma maior flexibilização em suas posições na busca da sobrevivência e mesmo viabilidade do seu JSF; alguns Europeus fizeram o mesmo, o que resultou no Typhoon, caro e complexo mas viável - ainda - pelas parcerias e encomendas, que resultam em escala e, portanto, viabilidade do Programa e futuros upgrades, além de um possível sucessor. Os próprios Russos buscam parcerias, ora com a Índia, ora com a China, como cedentes de tecnologia e receptores de recursos financeiros; ora com Israel e França, onde buscam, principalmente, tecnologias pontuais mais avançadas do que as que possuem.
Outras duas Nações simplesmente ignoraram isto, ainda com a mente no contexto da guerra fria: França e Suécia. A primeira, por disputas de liderança com a Alemanha e Inglaterra no Programa que se bifurcou entre Rafale e Typhoon, fez a pior escolha: seguir só. Os Suecos, que poderiam ter integrado tanto o grupo que seguiu os ianques quanto o Europeu, também buscaram manter sua independência num segmento onde tudo se conta aos bilhões, sejam dólares, sejam euros. Ambas agora pagam o preço, que é pesado: encaram de frente o possível e mesmo provável fim de sua capacidade de desenvolver e produzir sozinhos seus próprios caças. Buscam no exterior parceiros e clientes que dêem alguma sobrevida e viabilizem minimamente seus programas atuais. SABEM que sós jamais conseguirão produzir um sucessor nos mesmos moldes para os caças atuais, ainda não plenamente desenvolvidos e que arriscam a jamais o serem, e pior, não podem voltar atrás e se unirem a um dos programas de maior viabilidade, os sobreditos Typhoon e JSF.
Correndo por fora, China e Índia correm atrás do necessário para viabilizarem seus próprios programas, buscando no exterior as tecnologias que lhes faltam. A despeito da ficção (fora do plano puramente macroeconômico) BRIC, jamais se uniriam seriamente em programas realmente estratégicos, dada a mútua desconfiança. A isso se pode acrescentar a Rússia, seu competidor na região. Séculos de rivalidade teriam de ser varridos da memória para que se estabelecessem solidamente como aliados e parceiros confiantes e confiáveis. Isso levaria (levará?) gerações. Assim, vemos o Flanker a ser seguido por um possível/provável PAK-FA entre Rússia e índia que ainda assim não deixa de lado seu Tejas enquanto compra Flankers e busca tecnologia ocidental; a China com sua série J e Flankers, tanto comprados quanto feitos sob licença. Nada disso aponta para um esforço conjunto, mesmo no caso Índia-Rússia. A tendência é seguirem rumos separados, havendo intersecções apenas onde falta tecnologia a um lado e dinheiro ao outro. Isso não mudará tão cedo. Tavez nunca mude...
E quanto ao que relmente nos interessa, o Brasil? Bueno, este parece estar recém acordando, olhando para o mundo e para si mesmo e tentando encontrar um caminho a seguir. Na economia se torna cada vez mais sólido, em que pese suas notórias dificuldades estruturais, como educação, P&D, segurança pública, corrupção, saúde, infraestrutura (transportes, comunicações, etc). Mas falamos aqui de caças e o Brasil parece realmente não levar e conta o dito mais acima: aposta em caças que na verdade pouco agregam e que caminham - os três da short-list - para a descontinuidade:
1) O Super Hornet começará a sair à medida que o F-35 tiver sucesso e passar a ocupar cada vez mais lugares nos decks dos NAes ianques. Curiosamente, a Grande Depressão parece estar dando uma sobrevida ao aludido SH, permitindo-lhe inclusive upgrades, dados, por um lado, os constantes atrasos e aumentos de custos do JSF que, repito, lhe põem em risco a própria existência operacional plena e, por outro, pela simples dificuldade em adquiri-lo nas quantidades necessárias à sua viabilidade, já que é compartilhado exatamente pelos mais afetados pela Depressão. Mesmo assim o SH não deixará em momento algum de ser o que realmente é: um caça moderno mas obsolescente.
2) O Rafale sofre de solidão aguda. Não há nenhum parceiro que invista nele e o compre em quantidade suficiente para lhe dar a escala de unidades produzidas fundamental à viabilidade do Programa, aperfeiçoamentos e desenvolvimento do sucessor. A intransigência da Dassault e associadas quanto à preservação de tecnologias obtidas a duras penas e ingentes esforços apenas as conduzirá a um impasse, vendo as tales tecnologias envelhecerem (olhem o OSF) sem terem recursos para desenvolverem novas. É o típico caso de, para preservar os anéis, se acaba perdendo os dedos. Tenho dúvidas seríssimas sobre sua honesta disposição em honrar as palavras do Presidente Sarkozy, aliás, acredito que ele próprio as tenha...
3) Gripen. A SAAB parece ter compreendido esta lição (faço questão de frisar o PARECE) e estar tentando se abrir ousadamente a novas parcerias integrais. Viu o óbvio: o Gripen é seu último caça autóctone, o último de uma prolífica família de caças extremamente capazes e é um digno sucessor desta. Suas necessidades estratégicas (Suécia) diminuíram muito com o fim da guerra fria, estando tão pouco ameaçada pela antes temida Rússia/URSS que será tarefa impossível convencer seus contribuintes a custearem um novo programa de caça (não falo aqui em NG mas em um caça que esteja para o Gripen como este para o Viggen). Ou se une a alguém com muito dinheiro e disposição para investi-lo em Defesa e, com o tempo, se conforma em se tornar o parceiro menor ou será futuramente mero cliente/parceiro dos ianques ou europeus para suceder ao seu pequeno e letal caça.
Vemos, portanto, que TODOS os escolhidos na short-list dificlmente serão adquiridos em quantidades muito acima da do contrato inicial e, se o forem, será desastroso.
MINHA IDÉIA
É amargo, eu sei, mas EU desistiria do FX-2 da forma que aí está e tentaria me unir ao mais viáveis: F-35, Typhoon ou PAK-FA. Como gap-filler até a conclusão do Programa escolhido, seria F-16 ou SH até começarem a entrar os F-35; Typhoon desde já e ir, como PARCEIRO do programa, desenvolvendo junto os aperfeiçoamentos e, aí sim, participando desde o o início da concepção, projeto e desenvolvimento do sucessor; Flanker até entrar o PAK-FA. Nos três casos, seríamos uma importante fonte de recursos e um ávido receptor de tecnologias. Dos três, me parece que Russos e Norte-Americanos seriam os que mais demorariam a se dar conta da diferença entre dedos e anéis, sendo então meu preferido o Typhoon, cujos signatários estão começando a reduzir suas encomendas, na esteira da Depressão. Nicho perfeito para nós, a meu ver...
Da maneira como está indo, ou a FAB e o governo têm uma capacidade lógica MUITO superior à minha, além de informações a que nenhum de nós tem acesso sobre os aludidos Programas ou caminhamos para (mais) um retumbante fracasso...
Minha opinião.