Tomei a liberdade de comentar no tópico
correto, IMHO, pois abrange muito mais do que a FAA. Bueno, me parece que
atualmente eles (os Argentinos) não chegam a ter qualquer tipo de senso realmente Geopolítico em nível de
Establishment (atenção, não falo de
estado/governo, embora sendo o deles ainda mais hipertrofiado que o nosso, me pareceria importante isso). Em linhas gerais, parecem (displicentemente) focados em três eixos de pensamento estratégico:
Sua atual
indefensión ante alguns vizinhos/rivais (Brasil e Chile), que apenas uns 40 anos atrás podiam vencer militarmente
a ambos (Guerra Defensiva) sem sequer usar muito mais do que metade de seus recursos e hoje nem a pau, o que afeta em algo a autoestima nacional, mas nem perto do suficiente para vencerem o seu ranço antimilitar;
Sua teimosia em relação às Malvinas. Lembremos que o direito depende essencialmente
DA FORÇA para ser exercido, ou não precisaria haver Polícia nem FFAA em parte alguma do planeta. Sem a Força não há direito que se sustente;
Suas ambições na Antártida, visando somar mais território e possíveis recursos minerais.
E aí temos os problemas que se originam da falta de uma visão objetiva: eles não têm mais como se contrapor aos citados no primeiro ponto e muito menos arregimentá-los como aliados, porque alianças requerem contrapartidas que eles não têm como oferecer (nem terão tão cedo) para serem interessantes aos potenciais aliados.
Também não podem mais nem chegar perto das Malvinas pela absoluta (e quase
criminosa)
autodestruição de suas capacidades necessárias para isso: sem um único SSK ou outra belonave válida para o combate atual e sem Aviação de Combate, qualquer movimento minimamente "suspeito" poderia fazer a RN deslocar reforços para lá sem sequer precisar montar uma TF, bastaria usar os meios de transporte marítimo que já tem e talvez fretar alguns cargueiros civis, se necessário, pois além de não haver nada que os ameace, as Ilhas já possuem uma senhora infraestrutura em
stand-by, podendo ser convertidas no melhor tipo de NAe do mundo sem grande esforço.
E os bifes
NÃO VÃO devolver nem "independizar", justamente pelo terceiro item elencado: as Malvinas são de longe um excelente ponto de apoio para, quando expirar o Tratado sobre o Continente Antártico, ocuparem uma grande fatia dele (claro que às custas das pretensões Argentinas), e seu tradicional aliado, o Chile, parece estar também começando a se movimentar neste sentido. E aí, bem no meio do caminho, há o ainda mais importante ponto - e que a Argentina mantém ainda mais vulnerável que o resto do País - de potencial conflito. Lá eles falam muito da importância da Passagem de Drake, sem se atentarem para um risco muito maior, representado pelo Estreito de Magalhães:
Notar que mais ou menos metade da Terra do Fogo
já pertence ao Chile e, com apoio do UK (pior, agora
AUKUS), basta p ex uma (ainda) maior aproximação da Argentina com a China e estarão postas as condições para, com a reivindicação sobre o Estreito (que já fica no Chile mesmo, QED) como
Razão Estratégica, tomar o que a Argentina ainda tem lá e estabelecer uma base (militar, claro:
Ushuaia?) final para completar devidamente o "colar de pérolas" Britânico que leva do UK até a Antártida, mesmo tendo que repartir alguns suculentos despojos com o Chile (que passaria a ser definitivamente
bioceânico), o qual estaria provendo o respaldo legal (além de poder facilmente fazer sua parte bélica) para a invasão "defensiva". Como dito acima, o direito
respaldado pela Força sempre prevalece.
NOTA - Como ficou
BEM mais longo que um
tweet, retomo se alguém
realmente se interessar. Aliás, seria tri ver o
@gabriel219 e o
@knigh7 aqui também, este pelos
insights, conhecimentos em Geopolítica e por ser, como aquele, muito afeito a
pesquisar e falar sério, sendo aquele, IMHO
again, particularmente criativo e habilidoso com mapas e questões táticas e estratégicas.
