#19877
Mensagem
por Marino » Sáb Out 23, 2010 1:06 pm
Descontrole aéreo
Os problemas do setor aéreo no Brasil se sucedem numa novela sem fim, na qual a incompetência e a procrastinação governamentais são as protagonistas da ação ou melhor, da inação, pois é disso que se trata. Além da ineficiência dos aeroportos, que permanecem muito aquém das necessidades do país, persiste a falta de controladores de tráfego aéreo.
O Brasil conta atualmente com 3.114 desses profissionais em atividade. São quase 900 a menos do que a meta fixada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) em abril de 2008. Naquela ocasião, um ano depois de uma grave crise no setor, o Comando da Aeronáutica anunciou que planejava chegar em 2010 com 4.000 controladores.
Nesta semana, questionado pela reportagem da Folha sobre o descumprimento do objetivo, o Ministério da Defesa, 20 dias depois, respondeu que o Decea desconhecia a "suposta meta" de 4 mil controladores. Não é de espantar, pois, como é comum nessas ocasiões, promessas são feitas para acalmar a opinião pública, mas não tardam ser esquecidas. O mesmo deu-se com a abertura de capital da Infraero e o terceiro aeroporto de São Paulo, mencionados em 2007 pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Depois de a reportagem enviar a comprovação da "suposta meta" ao ministério, a promessa foi, enfim, reconhecida pelas autoridades. Entraram em cena, então, as tergiversações de praxe.
Em resumo, o governo considera que não há risco para a segurança, embora "hipoteticamente", no caso de haver menos controladores do que o necessário, "a consequência seria um número de voos menor que o demandado pelo mercado". É o que na prática que já acontece.
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ESCLARECIMENTO DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AERONÁUTICA
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informa que ocorreu um replanejamento do número de controladores de tráfego aéreo, em virtude da implantação de novos softwares de controle e de novos procedimentos que permitiram um aprimoramento dos recursos humanos existentes, ao mesmo tempo em que se aumentava a segurança e fluidez do tráfego aéreo.
Assim, a meta traçada é a de se atingir o ideal quantitativo de 3420 controladores militares em 2016.
Ressalta-se ainda que o número atual de controladores de tráfego aéreo, superior a 3100, é adequado para a operação em total segurança das aeronaves que sobrevoam o espaço aéreo brasileiro. Mesmo assim, o Comando da Aeronáutica continua a investir no setor para atender à demanda durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Somente entre 2007 e 2009, a Força Aérea Brasileira formou 1000 novos controladores de tráfego aéreo, além de profissionais de áreas também ligadas ao controle do espaço aéreo, como técnicos de comunicação e meteorologia. Em dezembro deste ano, 217 novos profissionais estão sendo formados pela Escola de Especialistas de Aeronáutica.
Reitera-se ainda que o planejamento atual tem como horizonte o ano de 2020, mas já mostra benefícios imediatos. Em 2010, o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP), por exemplo, ampliou em 50% a sua capacidade de controle do espaço aéreo. Em janeiro, o órgão podia controlar 30 aeronaves simultaneamente. Em julho, o número subiu para 45 e chegará, em 2012, a 60 tráfegos simultâneos.
As melhorias na capacidade do controle do espaço aéreo no Brasil envolvem também a aquisição de equipamentos de última geração, como os ILS (Instrument Landing System) categoria III, que serão instalados em Guarulhos e no Galeão. O equipamento permitirá que os pilotos pousem com condições visuais extremas, como neblina intensa e teto de visibilidade zero.
Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que em 2009 a International Civil Aviation Organization (ICAO), a Organização da Aviação Civil Internacional, realizou uma auditoria no sistema de controle do espaço aéreo brasileiro e o classificou dentre os três melhores no mundo. De acordo com o órgão, ligado às Nações Unidas, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco