Cortei as partes que concordo.
Algus escreveu:
Faz sentido, Quiron, só que esta definição da direita está equivocada. A gente pode dizer como você disse, que teoricamente é assim. Grosso modo a gente diz que é assim, mas efetivamente não é. Esta é uma definição bem próxima do liberalismo, não da direita política. Liberal defende Estado mínimo, mas nem toda direita política é liberal.
Mas estou falando em grosso modo mesmo: Esquerda = mais estado; direita = menos estado. Não exija tanto de um parágrafo! haha
O anarquismo, por exemplo, defende a abolição total do Estado e é uma ideologia de esquerda. Se fôssemos considerar esta premissa (tamanho do Estado), anarquismo seria uma ideologia de direita.
Anarquismo é uma utopia. Uma vez abolido o estado, entraríamos num regime de livre mercado radical, sem intervenções de espécie alguma, o que seria o sonho liberal. Um anarquista dentro da União Soviética seria considerado esquerda? Não, pois são apenas errr... anarquistas!
A direita política não vê na desigualdade social algo necessariamente negativo. Se a luta contra a desigualdade é o que une todas as vertentes da esquerda política, a meritocracia seria o termo mais adequado a todas as vertentes da direita política. Se você se é mais esforçado, mais competente, se é capaz de atender melhor as necessidades do mercado, pela lógica da direita faz sentido ter alguns privilégios sobre os demais. Perceba, a meritocracia é algo que caminha no sentido oposto à igualdade social, este é o ponto em que ambos os lados se chocam sempre. O restante pode ser tendência, mas nada além disso caracteriza esquerda e direita efetivamente.
Só um aparte: a direita considera que se você conquista algo por ser mais competente, isso é um mérito, não um privilégio. E nunca houve igualdade social em parte alguma do mundo. Talvez nas tribos de índios?
O Estado pode ser uma ferramenta que visa garantir que a sociedade seja mais igualitária (seja adotando políticas que combatam a desigualdade de maneira suave, como política de cotas ou seja na marra como fez Stalin) e pode ser uma ferramenta que visa garantir que uns tenham privilégios sobre outros (seja o modelo meritocratico americano, seja o regime do apartheid da África do Sul, no qual negros eram segregados e tenham menos direitos simplesmente por serem negros). Não é o tamanho do Estado que define direita ou esquerda, mas o uso que se faz dele.
Rapaz, se você falar que o modelo americano é meritocrático para um liberal de lá, você apanha. Ele foi no passado, atualmente não é mais. Tenho que discordar do final: o tamanho do Estado
também define direita ou esquerda, conforme você mesmo aceitou anteriormente.
Se você pegar a definição do senso comum, que direita defende liberdade e não-intervenção na economia (ou o mínimo possível), chegaria a conclusão que a ditadura militar brasileira, que perseguiu toda a esquerda política, era de esquerda.
Aí você percebe também que defesa da liberdade individual pode ser uma coisa mais comum à direita, de fato, mas não é uma característica dela, pois temos e tivemos muitos governos de direita altamente repressores.
A Regime Militar Brasileiro era tecnocrata e ele demonstrou que o uso de estatais pode estimular enormemente a economia. Não acho que os generais se importavam com esquerda/direita. Se quer um bom exemplo de direita autoritária, considere o Augusto Pinochet.
O nazismo é de extrema direita, o fascismo também, o regime da África do Sul que tirava o direito dos negros idem.
Não se você considerar o centralismo econômico e a massiva intervenção estatal na economia.
A direita política defende sociedades em que uns possam ter privilégios sobre outros. Isso é algo muito difícil de ser aceito por quem se identifica como mais alinhado à direita, mas se procurarmos o ponto em comum que une todos os regimes de direita, seria este. A justificativa para que uns tenham mais que outros é o que varia de acordo com a época e o contexto social.
Essa é a interpretação que a esquerda quer dar à direita. Na verdade o que defendem é a igualdade de oportunidades para todos e que a desigualdade sempre existiu, não sendo essa um problema solucionável. Cria-se o melhor ambiente possível, os melhores sobem e puxam os demais para cima (teoricamente, é claro, pois o que ocorre de fato é que quando você se torna um mega-bilionário, é mais barato comprar o governo e ganhar proteção estatal do que continuar concorrendo, daí porque temos figuras como o Soros sendo grandes esquerdistas).
Quando eu citei acima isso de que uns pudessem ter mais direitos sobre outros, eu sei que é algo que pouca gente que se identifica como sendo da direita vai aceitar, mas não foi uma questão de menosprezar o pensamento da direita. Acho que com este exemplo que acabei de citar isso fica mais claro. Faz todo o sentido que pessoas com mais conhecimento tenham melhores condições de gerir uma sociedade, não é verdade?
Todo mundo quer ser atendido pelo melhor médico.
O nazismo defendia que existiam indivíduos superiores e inferiores. Os germânicos saudáveis, superiores, tinham todos os direitos civis possíveis, ao passo que judeus, eslavos, ciganos, negros e até mesmo germânicos portadores de deficiência não apenas não tinham os mesmos direitos como também muitos sequer mereciam ser tratados como seres humanos. Foram escravizados ou assassinados não pelo que fizeram, mas pelo que eram.
O nacional-socialismo foi uma aberração. As idéias de esquerda e direita que falamos aqui provavelmente nem eram consideradas na época.
Vixi, escrevi demais! Abraços!