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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sáb Set 12, 2009 5:29 pm
por Ilya Ehrenburg
Clermont escreveu:HITLER QUERIA A GUERRA?

Por Patrick J. Buchanan – 1º de setembro de 2009.

Em 1º de setembro de 1939, há setenta anos atrás, o Exército alemão atravessou a fronteira polonesa. Em 3 de setembro, a Grã-Bretanha declarou guerrra.

Seis anos depois, 50 milhões de cristãos e judeus tinham perecido. A Grã-Bretanha estava quebrada e na bancarrota, a Alemanha era uma ruína fumegante. A Europa tinha servido como local para os mais mortíferos combates já conhecidos pelo homem, e os civis tinham sofrido horrores piores do que os soldados.

Em maio de 1945, as hordas do Exército Vermelho tinham ocupado todas as grandes capitais da Europa Central: Viena, Praga, Budapeste, Berlim. Cem milhões de cristãos estavam debaixo da sola da mais bárbara tirania na história: o regime bolchevique do maior terrorista de todos, Josef Stalin.

Qual causa pôde ter justificado tais sacrifícios?

A guerra polaco-alemã tinha surgido de uma querela sobre uma cidade do tamanho de Ocean City, no Maryland. Danzig, 95 porcento alemã, tinha sido separada da Alemanha, em Versalhes, violando o princípio de auto-determinação de Woodrow Wilson. Até mesmo os líderes britânicos pensavam que Danzig devia ser devolvida.

Por quê Varsóvia não negociou com Berlim, que estava ventilando uma oferta de compensação territorial na Eslováquia? Porque os poloneses tinham uma garantia de guerra da Grã-Bretanha, prometendo que, em caso de a Alemanha atacar, a Grã-Bretanha e seu império iriam em socorro da Polônia.

Mas, por quê a Grã-Bretanha passou uma não-solicitada garantia de guerra para uma junta de coronéis poloneses, dando-lhes o poder para arrastar a Grã-Bretanha para uma segunda guerra com a mais poderosa nação na Europa?

Danzig valia uma guerra? Ao contrário dos sete milhões de honcongueses que os britânicos renderam para Pequim, que não queriam ir, os danzigers estavam clamando pela volta à Alemanha.

A resposta que chega: a garantia de guerra não se tratava de Danzig, ou, até mesmo, da Polônia. Tratava-se sobre os imperativos moral e estratégico de “parar Hitler”, após ele demonstrar, ao rasgar o Pacto de Munique e, com ele, a Tchecoslováquia, de que estava pronto para conquistar o mundo. E não se poderia permitir que esta besta nazista fizesse isto.

Se é verdade, é um ponto de vista justo. Os americanos, afinal de contas, estavam preparados para utilizarem bombas atômicas, para manter o Exército Vermelho afastado do Canal da Mancha. Mas, onde está a evidência de que Adolf Hitler, cujas vítimas, até março de 1939, eram uma fração daquelas do general Pinochet ou de Fidel Castro, estava rumando para conquistar o mundo?

Após Munique, em 1938, a Tchecoslováquia desabou em pedaços. Mesmo assim, considerem o que aconteceu com estes pedaços.

O alemães Sudeten foram devolvidos ao domínio alemão, como desejavam. A Polônia anexou a pequena região disputada de Teschen, onde milhares de poloneses viviam. As terras ancestrais da Hungria, no sul da Eslováquia, foram devolvidas. Os eslovacos tiveram sua independência plena garantida pela Alemanha. Quanto aos tchecos, eles foram a Berlim, em busca do mesmo acordo dos eslovacos, mas Hitler insistiu que aceitassem um protetorado.

Agora, qualquer um pode desprezar o que foi feito, mas como esta partição da Tchecoslováquia demonstra uma impulsão hitleriana para a conquista do mundo?

Vem a resposta: Se a Grã-Bretanha não tivesse dado a garantia e ido à guerra, após a Tchecoslováquia teria sido a vez da Polônia, então, da Rússia, então da França, então da Grã-Bretanha, então dos Estados Unidos.

Todos nós estaríamos falando alemão, agora.

Mas, se Hitler estava disposto a sair para conquistar o mundo – a Grã-Bretanha, África, Oriente Médio, Estados Unidos, Canadá, América do Sul, Índia, Ásia, Austrália – por quê ele passou três anos construindo a enormemente dispendiosa Linha Siegfried, para proteger a Alemanha da França? Por quê ele começou a guerra sem nenhuma frota de superfície, nenhum transporte de tropas e, somente, com 29 submarinos oceânicos? Como você conquista o mundo com uma marinha que mal pode sair do Mar Báltico?

Se Hitler queria o mundo, por quê ele não construiu bombardeiros estratégicos, ao invés de Dorniers e Heinkels bimotores, que nem podiam alcançar a Grã-Bretanha a partir da Alemanha?

Por quê ele deixou o exército britânico sair de Dunquerque?

Por quê ele ofereceu a paz aos britânicos, duas vezes, após a queda da Polônia, e de novo, após a queda da França?

Por quê, quando caiu Paris, Hitler não exigiu a frota francesa, da mesma forma que os Aliados exigiram e obtiveram a frota do Kaiser? Por quê ele não exigiu bases na Síria sob controle francês, para atacar Suez? Por quê ele implorou a Benito Mussolini para não atacar a Grécia?

Porque Hitler queria o fim da guerra, em 1940, quase dois anos antes dos trens começarem a rolar para os campos de concentração.

Hitler nunca quis a guerra com a Polônia, mas uma aliança com ela, igual a que ele tinha com a Espanha de Francisco Franco, a Itália de Mussolini, a Hungria de Miklos Horthy e a Eslováquia do padre Jozef Tiso.

Na verdade, por que ele iria querer guerra quando, por volta de 1939, ele estava rodeado por vizinhos neutros, amistosos ou aliados, exceto a França? Ele ele tinha descartado a Alsácia, porque reconquistá-la significaria guerra com a França, e isto significaria guerra com a Grã-Bretanha, cujo império ele admirava e a quem sempre tinha desejado como aliada.

E, em março de 1939, Hitler nem mesmo tinha uma fronteira com a Rússia. Como poderia tê-la invadido?

Winston Churchill estava certo, quando ele chamou isto de “A Guerra Desnecessária” – a guerra que ainda poderá se mostrar como o golpe mortal contra nossa civilização.
Sr. Clermont, salve!

Dá-se, caro colega de fórum, que se o estudo da História derivar para hipóteses e suposições, esta há de se tornar, com toda certeza, insuportável!
Não é viável, e o senhor pode atestar que viver sob miríades de possibilidades e justificativas são amarras por demais aversivas à razão.

Esta pessoa, um revisionista descarado e insensível, Patrick J. Buchanan, possui de longe uma mão servil ao capital, que desmoralizado pela crise que no seu seio foi engendrada, procura desviar atenção e criar inverdades históricas. Criar falsas certezas e enganar o espírito proletário é função se seres como este.

Hitler ambicionava o coração daquilo que se chama de Eurásia, e lutou por isto. Quero dizer, derramou sangue alemão de várias outras nacionalidades, para dar vazão às suas ambições torpes!

No entanto, este falsário da história havida, se perde na fragilidade das suas próprias questões, que não suportam uma análise simples: Para conquistar a Eurásia, Hitler precisava suprimir a Polônia. E dizer que a besta dos quatro costados não queria a guerra, é escarnecer dos milhões de mortos soviéticos, incontáveis mulheres e crianças assassinadas pela sede de sangue racista das hordas nazi-facistas!

É por isto, que para os eslavos, o maior evento histórico é conhecido por outro nome: Grande Guerra Patriótica! E alguém precisa avisar a este revisionista do capital, que ela iniciou-se por uma invasão do solo pátrio da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Isto sim, uma verdade histórica, que saiba, inconteste.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sex Set 18, 2009 12:31 pm
por Enlil
10 de setembro de 2009

A ação dos homens nas entrelinhas

por Carolina Derivi # em 34, Revista

No campo de Treblinka, na Polônia, 70 anos após o início da Segunda Guerra Mundial, o que mais choca é o que não existe


Por Eduardo Shor*

A área do antigo campo de concentração de Treblinka, na Polônia, nada mais é, hoje, do que uma vasta região verde. Em Auschwitz, a algumas horas dali, boa parte da infraestrutura da máquina de destruição nazista permaneceu intacta. As cercas de arame farpado, os alojamentos dos prisioneiros, os postos de patrulha dos soldados, a parede de fuzilamento, a grade das prisões.

Mas, em meio às altas árvores e aos voos dos pássaros de Treblinka, não sobrou um resquício sequer de crueldade. Apenas a estranha sensação de pisar um local onde foram mortas mais de 800 mil pessoas, em, aproximadamente, dois anos. E perceber isso talvez já seja mais pesado do que olhar qualquer ruína.

A história de Treblinka sempre doeu mais na carne do que nos olhos. Franz Stangl, comandante do campo entre agosto de 1942 e o mesmo mês de 1943, transformou a estação de trem que recebia os prisioneiros em cenário de conto de fadas, para mascarar o destino das pessoas. Pintou as plataformas, colocou placas bem elaboradas, enfeitou o local com flores e mandou instalar um relógio. Os ponteiros marcavam sempre 3 horas.

Ponteiros marcavam sempre 3 horas. É bem possível que não existam tempo e massacre tão bem documentados na história do planeta do que os dos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. São cerca de 60 Museus em todo o mundo, nos EUA, Japão, África do Sul, Holanda, Alemanha, entre outros países.

Treblinka, por sua vez, é hoje a leitura das ações do homem em suas entrelinhas. Quem visita o lugar precisa de um pouco mais de atenção para se dar conta de onde está. Na falta da estrutura do campo de concentração em si, deve interpretar o grande volume de história presente na escassez de informações disponíveis. O campo é agora um espaço em branco, para repensar conceitos, ética, valorização ou desvalorização humana. A pausa. O que mais choca é o que não existe. E a maneira sutil de mesmo o que é destruído permanecer incômodo e intacto.

Ironicamente, a devastação promovida pelos nazistas foi em algum sentido mais inclusiva do que sonham ser muitas instituições democráticas. Tiveram direito à morte ricos e pobres, homens e mulheres, velhos e crianças, letrados e analfabetos, moradores dos subúrbios e os dos grandes centros urbanos. Até Treblinka foram transportados cidadãos das mais diversas origens e idiomas. Grupos da Grécia, Macedônia, Alemanha, Áustria, França, Eslováquia, Polônia. Populações de ciganos e judeus.

O campo foi destruído pelo Exército alemão, quando o ditador Adolf Hitler avaliou que perderia a guerra. O interesse era apagar provas de genocídio. Quem chega à área do campo não tem uma visão muito diferente da de uma reserva ecológica ou de um jardim botânico. Aos olhos do século XXI, pode parecer uma área de preservação ambiental, como é um terço do território polonês, de acordo com dados da Câmara de Comércio Brasil-Polônia.

Mas, com uma instalação de 17 mil pedras distribuídas em uma grande área, em homenagem às vítimas e suas nações de origem, Treblinka é fruto de outro tipo de natureza. No começo de 1943, temendo o desmantelamento do campo e a matança generalizada, os prisioneiros organizaram uma revolta. No entanto, acabaram descobertos antes que pudessem escapar dos limites do campo. Mais de 300 venceram as cercas, mas destes, em torno de 200 foram recapturados e mortos.

A insustentabilidade da nossa civilização não começou nem se encerrou em Auschwitz ou Treblinka. Em muitas regiões ainda há seres humanos que, em graus variados, investem na desvalorização da vida, na desigualdade, na indiferença, na corrupção, no abuso. Setenta anos depois do setembro em que a Alemanha invadiu a Polônia, e teve início uma das piores guerras testemunhadas pelos povos, o que as sociedades e as pessoas aprenderam com tudo isso?

*Jornalista, visitou os campos de Treblinka e Auschwitz em agosto (Excepcionalmente, este texto substitui o da colunista Daniela Gomes Pinto)

http://www.pagina22.com.br/

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sex Set 18, 2009 2:49 pm
por Clermont
Nukualofa77 escreveu:O campo foi destruído pelo Exército alemão, quando o ditador Adolf Hitler avaliou que perderia a guerra.
Com todos os seus defeitos e malfeitos; apesar do fato de que o Exército alemão, e seus generais, não pode escapar de responder por seu papel em inúmeras atrocidades e crimes contra a humanidade; apesar de tudo isto, vamos desconsiderar este trecho.

O processo de desmantelamento dos campos de extermínio, antes que caíssem nas mãos dos soviéticos, foi um processo levado à cabo pela instituição que os controlava, isto é, as SS.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sex Set 18, 2009 3:19 pm
por kurgan
Clermont escreveu:
Nukualofa77 escreveu:O campo foi destruído pelo Exército alemão, quando o ditador Adolf Hitler avaliou que perderia a guerra.
Com todos os seus defeitos e malfeitos; apesar do fato de que o Exército alemão, e seus generais, não pode escapar de responder por seu papel em inúmeras atrocidades e crimes contra a humanidade; apesar de tudo isto, vamos desconsiderar este trecho.

O processo de desmantelamento dos campos de extermínio, antes que caíssem nas mãos dos soviéticos, foi um processo levado à cabo pela instituição que os controlava, isto é, as SS.
Não tenho certeza disso, mas as SS não faziam parte do exercito alemão, eram algo independente.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sex Set 18, 2009 5:11 pm
por Enlil
Sim, era independente. Seu poder chegou a contrastar o da Wermacht. As vezes até parecia concorrer com ela. No entanto, muitas vezes também entrou em ação para tirar unidades da Wermacht em apuros, principalmente na Frente Oriental...

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Dom Set 20, 2009 7:42 pm
por Clermont
UM SOLDADO NAZISTA, UM REPÓRTER BRASILEIRO: VAI COMEÇAR A LONGA TARDE DAS LEMBRANÇAS ATORMENTADAS.

Geneton Moraes Neto - 01 de setembro de 2009.

O repórter-que-vos-fala quer fazer diante deste tribunal imaginário uma confissão que pode parecer despropositada, mas não é : sempre tive vontade de interrogar um soldado nazista. Ponto. O problema é que veteranos de guerra nazistas fazem, quase sempre, a opção preferencial pelo silêncio. Por que se expor ao escárnio?

Kurt Vonnegut chamava os repórteres de voyeurs da desgraça alheia. Ah, o inconfessável apetite de repórteres por dramas, derrocadas, derrapagens, tragédias, derrotas, arrependimentos; a íntima necessidade de vasculhar escombros, ruínas, destroços e estilhaços - físicos ou morais. Porque qualquer estagiário de jornalismo sabe que paisagens devastadas são um belo hábitat para personagens trágicos. Provocados, eles emergirão da névoa em que se encontram.

Durante anos imaginei o cenário: um veterano de guerra, octogenário, já pressentindo o blecaute final, expõe seus fantasmas mais íntimos a um repórter forasteiro que o procura, no meio da tarde, num casarão de uma rua deserta numa cidade obscura da Baviera - o berço do delírio hitlerista.

Minha insistência foi premiada. A cena que imaginei aconteceu, não numa cidadezinha da Baviera, mas no interior da Inglaterra. Tive a chance de interrogar um ex-soldado nazista, veterano da temidíssima Divisão Panzer. Nome: Henry Metelmann.

A fantasia de um dia dirigir a palavra a um nazista pode ter nascido, quem sabe, numa sessão do Cinema da Torre, no Recife, quando eu tinha doze, treze anos de idade. Eu me lembro de ter visto a platéia em peso torcendo por Steve McQueen, enquanto ele, a toda velocidade, a bordo de uma motocicleta, tentava escapar dos soldados alemães no filme Fugindo do Inferno (The Great Escape). A platéia batia palmas e gritava. O incentivo não deu certo. Recapturado, Steve McQueen voltou para a solitária.

Quem eram aqueles cães que puniam o herói com temporadas intermináveis na solitária ? Pela primeira vez, eu via uma platéia torcer pelo bem, contra o mal. O filme durava quase três horas. Vi três sessões, em três dias seguidos. Quase nove horas no cinema. Nenhum menino de doze anos escapa impunemente de tal maratona cinematográfica. A curiosidade de um dia interrogar um vilão instalou-se em algum escaninho de minhas florestas interiores.

O que um soldado nazista teria a dizer, na “vida real” ? Bato na porta da casa número 132 de uma rua sem movimento de uma cidade sem atrativos num ponto remoto da Inglaterra. O encontro tinha sido marcado a duras penas. Quando fiz o primeiro contato, por telefone, o ex-soldado alemão, radicado há décadas na Inglaterra, confessou que não tinha nem um pingo de orgulho pelo que fez no passado. Mas aceitou falar, porque queria “transmitir às novas gerações” as lições que aprendeu.

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Educado na Juventude Hitlerista, o jovem Metelmann chorava de emoção ao ouvir Hitler. Não tinha a menor dúvida da superioridade da “raça alemã” sobre os outros povos - a escumalha que deveria ser varrida do planeta em nome da supremacia ariana. Terminou se integrando à temida Divisão Panzer, a muralha de tanques que abria caminho para o avanço das tropas nazistas.

Quando a guerra eclodiu, em setembro de 1939, Metelmann ainda não era soldado. Dois anos depois, foi personagem da ofensiva contra a Rússia.

Eis um decálogo das lembranças do homem que matava em nome de Adolf Hitler:

1. ”Tudo o que me foi ensinado na Juventude Hitlerista e na escola dizia que eu pertencia a uma das maiores nações da terra: a alemã. Hitler era nosso líder. Para mim, ele era uma espécie de segundo Deus. Eu poderia morrer por ele!”.

2. ”Quando vi Hitler pela primeira vez, em Hamburgo, devo dizer que fiquei desapontado, porque ele era baixo. Pensei que ele era grande e forte, mas ele não era. Tinha um rosto sério. Não se via riso ao redor de Hitler. Assim era ele”.

3. ”Quando me tornei soldado, achava que era um ser humano superior, em comparação a todos os outros. Éramos a raça ariana! Os russos, os poloneses, os povos eslavos era raças inferiores. Por essa razão, éramos superiores”.

4. ”Precisávamos conquistar primeiro a Europa para, depois, conquistar o mundo. Eu apoiava inteiramente essa idéia! Pensava que ela era certa. Nossa missão, portanto, era impor nossa vontade às outras nações. Se as outras nações não acreditassem nessa idéia, teríamos de forçá-las. Era este o motivo de nossa brutalidade na guerra”.

5. ”A lembrança mais dolorosa que tenho é do ponto de vista humano. Estávamos em nosso tanque quando um colega disse : “Olhe, maçãs !”. Tínhamos chegado a uma espécie de sítio. Eu estava guiando o tanque. Desci, então, para colher maçãs para nós. Neste momento, vi uma mulher debruçada sobre uma menina que deveria ter uns doze anos. Tinha sido atingida por um disparo. O sangue saía da ferida aberta no corpo da menina. Pensei: “Não posso fazer nada”. A mulher - a mãe da menina - levantou-se, olhou para mim e disse: “Veja o que vocês fizeram ! Minha filha estava vindo para dar as boas-vindas a vocês, soldados ! O que ela estava trazendo para vocês era pão e sal - que é um sinal de boas-vindas. E vocês a mataram!”. Eu me lembro de que a menina ainda estava respirando. Voltei para o tanque. Um dos meus colegas perguntou: “Cadê as maçãs ?”. Eu disse : “Acabei de ter uma experiência terrível. Nós matamos uma menina! Ela está ali, no chão. Não podemos fazer nada!”. Meu colega disse : “Ah, não importa! É somente uma russa…”.

6. ”Conheci bem um prisioneiro, porque fui encerregado de vigiar,à noite, a área em que ele estava. Chamava-se Bóris. Eu sabia que todos seriam executados. Estava de guarda naquela que seria a última madrugada da vida de Bóris. Eram cerca de quatro da manhã. Pouco depois, às seis, ele seria fuzilado. Enquanto eu me afastava, ele apontou para o meu rifle: “Você pode fazer qualquer coisa! Pode matar muitos de nós, russos. Pode destruir! Pode causar mal! Mas não pode matar idéias!” . Ainda respondi: “Não consigo entender!”. Eu estava impregnado de minhas idéias nazistas. Fui embora. Mas ele repetiu: “Você pode fazer mal com este rifle! Mas não pode atingir as idéias. E essas idéias vencerão, não importa quanto demore!”. Participei da execução de Bóris e de outros prisioneiros - que foram fuzilados. Ouvi os tiros. De fato, fiquei triste por ele. Porque achei que ali estava um ser humano decente. Eu estava sentindo pena de Bóris. Mas devo dizer que também não achava que as execuções fossem exatamente erradas. Eu pensava na superioridade dos alemães. Nossa obrigação era limpar o lixo do mundo. Era este o motivo de estarmos fazendo aquelas coisas”.

7. ”Vi uma mulher que, para mim, parecia velha: devia ter uns sessenta anos. As mãos da mulher tinham sido amarradas a uma árvore. Perguntei a um soldado que estava por perto: “O que foi que aconteceu?”. E ele: “Nós a capturamos na noite passada, quando ela se preparava para enterrar minas”. Ou seja: quando um tanque de nossa Divisão Panzer, um caminhão ou um carro alemão passassem, explodiriam. Eu disse a ela algo como: “Ah,bom, pegamos você! Como é que você se chama ?”. Ela respondeu: “Celina”. E eu: “Celina de quê ? “. E ela: “Não vou dizer nada!”. Nossos soldados, então, pegaram uma corda para que ela pudesse ser executada. Disse: “Porcos alemães! Vocês vieram aqui ocupar nosso país. Longa vida à revolução! Longa vida a Lênin! Vocês são porcos! Espero que percam a guerra!”.

Celina morreu. Nosso comandante disse: “Livrem-se do corpo. Enterrem-no”.

Fiquei pensando: “Celina era uma mulher muito corajosa. Sozinha, diante de nós, soldados fortes, disse: “Vocês são uns porcos nazistas!”. Pensei comigo: “Isso foi um gesto de coragem, Celina. Não importa de que lado as idéias estejam. Não importa. Você teve coragem”.

8. ”Participei do combate contra os russos. A única maneira de sair daquele inferno era manter a coesão do nosso exército. Ou seja: nós, alemães, nos unirmos para tentar sair. Creio que essa foi uma das razões por que lutamos como demônios na Rússia: não queríamos ser capturados. Tínhamos ocupado um país! Além de tudo, matamos gente, matamos soldados. Éramos duros, difíceis. Pensávamos que tínhamos esse direito. Hoje, lamento”.

9. ”Não posso dizer, hoje, que “lamento” o que fiz, porque não significa nada para para ninguém. Mas, hoje, sou totalmente internacionalista. Não acredito na superioridade alemã, porque essa idéia é estúpida, perigosa e, por fim, autodestrutiva”.

10. ”Hoje, como existe uma espécie de guerra em andamento no Iraque e no Afeganistão, vejo jovens que são postos em uniformes e enviados para esses países. Vão matar e, provavelmente, morrer. É esta fonte de minha frustração: sei que é errado, mas não posso fazer nada.

Quando saí da casa do velho soldado, em companhia do cinegrafista Paulo Pimentel, ao fim de uma entrevista que se estendeu por uma tarde gélida de fevereiro de 2007, um detalhe me impressionava. Décadas e décadas depois do fim da guerra, o ex-soldado, então com 85 anos, não fazia grandes elucubrações geopolíticas nem alinhavava teses para justificar o horror. Não se estendia sobre Hitler nem Stalin nem Mussolini. Não tratava da Conferência de Yalta nem da divisão da Europa. Preferia falar de três lembranças que o acompanham, intocadas, desde então.

Três personagens literalmente perdidos no tempo, sem rosto, sem sobrenome, sem história : a menina que corria com um cesto de pão nas mãos, Celina e Bóris.

Feitas as contas, os três é que importam. A “dimensão humana” termina se impondo.

Depois de se despedir, o ex-soldado recolhe-se à solidão da viuvez, na andar térreo do casarão onde mora, longe de tudo e de todos. Lá dentro, as três lembranças de sempre estarão esperando por ele: a menina, Celina e Bóris; a menina, Celina e Bóris; a menina, Celina e Bóris.

Sempre foi assim.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Sáb Out 31, 2009 4:29 am
por Enlil
Atualizado em 30 de outubro, 2009 - 17:42 (Brasília) 19:42 GMT

Morte de assistente de Hitler pode revelar detalhes sobre Holocausto

As memórias de um dos assistentes mais próximos do ditador Adolf Hitler poderão esclarecer mais fatos sobre o envolvimento pessoal do líder nazista no Holocausto.


Fritz Darges, que morreu no último final de semana em sua casa perto de Hannover aos 96 anos, foi assistente de Hitler por quatro anos durante a Segunda Guerra Mundial e esteve presente durante todas as grandes conferências dos nazistas, de acordo com o jornal britânico Daily Telegraph.

Historiadores acreditam que seus manuscritos podem fornecer informações e provas importantes de que Hitler ordenou as mortes de seis milhões de judeus.

Segundo o jornal, se isto for provado, vai desacreditar as teorias de historiadores revisionistas que afirmavam que o ditador não sabia do Holocausto.

Em uma entrevista para um jornal alemão pouco antes de sua morte, Darges contou como conheceu Hitler em uma reunião do partido em Nuremberg, em 1934.

"Ele parecia simpático, era bondoso", teria dito Darges.

"Eu devia e sempre estava à disposição dele, em todas as conferências, em cada reunião, todas as conferências de guerra. Devo dizer que eu achava ele um gênio. Todos sonhávamos com um grande império alemão. Por isso eu o servi e faria tudo de novo."

Mosca

Darges tinha sido treinado para trabalhar como secretário de exportação, mas se juntou à SS em abril de 1933.

O ex-assistente também contou na mesma entrevista ao jornal alemão como ele foi demitido por Hitler devido a um incidente bizarro envolvendo uma mosca.

A mosca estava voando em uma sala onde estava ocorrendo uma conferência importante dos líderes nazistas em julho de 1944, o que irritou Hitler.

O ditador então ordenou que Darges matasse a mosca, mas o assistente da SS sugeriu que, como era uma "praga aérea", a tarefa deveria ser realizada pelo assistente da Luftwaffe, Nicolaus von Below.

Darges conta que Hitler ficou furioso e o dispensou de seu cargo, afirmando "Você vai para o front oriental".

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... tefn.shtml

>

:lol: & :shock: Essa história da mosca foi engraçada e desgraçada simultaneamente...

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 2:17 am
por Enlil
Mazocam escreveu:Visto que esse assunto tomou um caminho que me deixou um tanto "curioso" para me intrometer;

Ilya Ehrenburg;

Você, pelo que vi, defende fervorozamente a URSS e o exercito vermelho.

Leio algumas coisas, e algo sobre a Wehrmacht me deixou muito intrigado; O fato que não vejo crimes relacionados como os que a Waffen SS fazia.

Ouve isto, a Wehrmacht defendia seu pais, e obedecia seu líder.

Fato contrário o exercito vermelho.

O que houve quando invadiram Berlin e a conquistaram?

Ou com os Oficiais Poloneses -

Você defender otimo, mas faça isto sem agregar palavras de baixo calão como você o fez, atacando a Waffen SS.

Você se referiu as perdas do exercito vermelho, mas, de um grosso modo, parece que você diz que lutaram de um modo "igual para igual" - Ai que lhe pergunto, a incompetencia foi de quem?

Peço que em suas colocações direcione corretamente suas palavras, parece que você coloca o Wehrmacht no meio das "atrocidades".

É tão desgastante ver que alguem devote tanto fervor na defesa da URSS.

Notem que falo URSS que é diferente de Comunismo/Socialismo.

Defensores da ex-URSS são, em minha visão, tão baixos como os defensores do nazismo.

Basta ter senso critico para entender do que estou falando.

____________________________

Desculpem pelo off-topic, mas do modo que ele colocou, é no minimo, vergonhoso.
O oficialato da Wehrmacht sabia sobre os crimes da Waffen SS e inclusive colaborou em muitos casos. Sugiro o excelente documentário:

The Wehrmacht (ZDF, 2007)

Diretor: Ingo Helm
Duração: 208 minutos
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: Alemanha
Idioma do Áudio: Inglês e Alemão

Dividido em quatro partes:

Part 1 - The Blitzkrieg

Part 2 - The Turning Point

Part 3 - The Crimes

Part 4 - Resistance

Torrent :wink:...

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 9:35 am
por U-27
bom
eu ja defendi muito a wehrmacht falando que eles nada sabiam

porem!
é impossivel eles não saberem de nada...

então, tiveram sim sua culpa, infelizmente

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 3:04 pm
por Enlil
Apesar de minhas ressalvas quanto a essa propaganda ocidental de "luta pela liberdade" (só a deles, mas isso é outra história...) uma coisa tenho q admitir nos britânicos: eles sempre foram mestres em inteligência militar; suas vitórias na Primeira e Segunda Guerra devem-se muito a isso - espionagem, quebra de códigos, equipamentos de reconhecimento, vigilância, alerta etc's.

O documentário citado aborda o papel e responsabilidades da Wehrmacht no conflito. A teoria q nada sabiam cai absolutamente por terra e graças a um golpe de mestre dos britânicos: eles instalaram todos altos oficiais capturados por eles em uma luxuosa casa de campo no interior da Grã-Bretanha - casa monitorada por escutas 24 horas por dia. Deixaram eles totalmente a vontade (nem desconfiavam). Buenas, obviamente eles começaram a conversar, discutirem entre eles, manifestarem suas reais opiniões sobre o aconteceu e acontecia. Fica claro q eles sabiam dos acontecimentos na retaguarda, q apoiaram muitas dessas ações e, sobretudo, demonstram claramente q tinham consciência do q isso significava e suas consequências éticas e morais. As fontes do documetário (q intercala entre as discussões nessa casa e a factualidade do front) são os arquivos britânicos com as transcrições dessas conversas liberados há pouco tempo e explorados por historiadores britânicos e alemães. É um material extremamente valioso pelo simples fato q é o único conhecido em q os oficiais da Wehrmacht expressaram o q realmente pensavam.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 11:28 pm
por mandalacabla
Olha desculpa, mas aqui no Ocidente existe sim o valor da liberdade, como em nenhum olho lugar do mundo, não é perfeito, longe disso, mas muito melhor que qualquer outra coisa tentada, sou muito mais a nossa liberdade (pela qual lutamos sim) do que a liberdade da Coreia do Norte ou do Irã ou mesmo Russia.

Não somos perfeitos, mas não devemos nos medir com régua de regimes ditatoriais,

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 11:37 pm
por Enlil
Isso não tem nada a ver com o q eu estava falando: WWII... E liberdade para quem?... A custa de quem? De outrem?...

De qualquer maneira, sendo contemporâneo, nada como a liberdade em espaços de grandes amigos das potências ocidentais como Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Brunei, Egito, Líbia, Afeganistão, toda sorte de déspota africano (passados e atuais, do antigo Zaire ao atual Chade...), asiático (de Suharto a junta militar Tailandesa), Latino-americano (de Pinochet a Michelleti), etc e etc's...

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Ter Dez 01, 2009 11:54 pm
por mandalacabla
parece evidente que para você, os paises e cidades libertados por americanos, ingleses, brasileiros também inclusive, não gosavam de liberdade, ou sei la, que no final eles estavam melhor na liberdade totalitaria não sei, em fim, desculpe, mas eu não estou conseguindo alcançar o seu ponto de vista ou insinuação sobre a liberdade de quem, pra quem e as custas de quem, se tu puder se alongar ficariamos todos gratos.

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Qua Dez 02, 2009 12:38 am
por Enlil
Está enganado em suas evidências colega.

Interesses geopolíticos, econômicos, recolonização, bi-polarização, 3º mundo, etc's, é disso q estou falando. Em síntese, não foi uma luta essencialmente pela "liberdade", talvez só de parte da Europa, mas sobretudo um conflito por razões geopolíticas e econômicas entre potências industriais e militares. Agora está claro, né não?...

Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enviado: Qua Dez 02, 2009 12:54 pm
por Sintra
Enlil escreveu:Isso não tem nada a ver com o q eu estava falando: WWII... E liberdade para quem?... A custa de quem? De outrem?...

De qualquer maneira, sendo contemporâneo, nada como a liberdade em espaços de grandes amigos das potências ocidentais como Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Brunei, Egito, Líbia, Afeganistão, toda sorte de déspota africano (passados e atuais, do antigo Zaire ao atual Chade...), asiático (de Suharto a junta militar Tailandesa), Latino-americano (de Pinochet a Michelleti), etc e etc's...

O que é que obrigava a França a entrar em Guerra com a Alemenha em 1939?
Porque é que a França entrou em Guerra com a Alemanha em 1939, sendo completamente derrotada e vendo o seu território completamente ocupado pela Wermacht?
Porque é que a Grã Bretanha entrou em Guerra em 39?
Nenhum destes dois paises tinha a ganhar o que quer que seja com um confronto militar com o "Reich" e tinham tudo a perder. E perderam, ambos perderam o Império e a França sofreu quatro anos de ocupação, então porque é que eles entraram em Guerra quando a Alemanha invade a Polónia?
A Alemanha não representava qualquer perigo para a Grã Bretanha e o Império, o facto que levou Sua Majestade Britânica a declarar guerra ao Kaiser Guilherme em 1914, o re-armamento naval Germânico, desta vez não existia, tal como não existia qualquer ameaça directa ao território Britânico. Aliás Hitler passou os anos de 37, 38 e 39 a dizer aos Britânicos o quanto os admirava e que o seu objectivo era a União Soviética (o que era a mais pura das verdades). Se fosse por simples motivos Geo Politicos, a Grã Bretanha podia (devia) ter-se recostado, deixado o Fuhrer tomar metade da Europa de Leste, atacar a União Soviética e não mexer uma palha. O Império não era ameaçado, as rotas maritimas que garantiam a economia Britânica não estavam sob ameaça, os recursos que garantiam que as fábricas Britânicas continuariam a chegar de àfrica da India, da Arábia, o comercio com a América do Norte e com as colónias continuaria a funcionar às mil maravilhas, etc, etc, como brinde a Alemanha e a União Soviética teriam saido num estado miserável (como históricamente ocorreu) desta "barafunda".
Então se não existia qualquer motivo Geo Politico válido e muito menos económico, porque é que a Grã Bretanha declarou guerra à Alemanha?!


Podemos falar em Geo Politica durante horas, podemos ser cinicos e falarmos de "realpolitik" a fio, podemos falar do "the great game" em versão anos trinta area centro Europeia, podemos falar em tudo isso, mas não se pode escamotear que Neville Chamberlain foi atirado para a Guerra em grande parte devido a uma opinião publica Britânica que após o "Anschluss", os Sudetas, o resto do Checoslováquia estava "farta" (1).
A politica de "apeasement" tinha falhado as opiniões publicas Britânicas e Francesas estavam furiosas (e aterrorizadas) e, ou o "Tio Neville" (tal como Daladier) fazia alguma coisa ou ia ter problemas graves em casa. E se esta pressão publica está muito longe de ter sido "O" motivo da declaração de guerra (foram uma série enorme de factores, entre os quais o "MEDO" pesou muitissimo) por parte dos dois paises da "Entente" ao Reich, este factor também foi (muito) importante... Por isso, pelos quatro anos de ocupação, pelo facto de os "Tommies" e "Poillous" de 39 não fazerem a minima ideia do que era isso de "Danzig" é que sinceramente acho que podem orgulhar-se do que fizeram. Teria sido muito mais facil fazer o que a Itália fez.

(1) - A reacção da opinião publica Britânica ao "Kristallnacht" foi de furia