Viking escreveu: ↑Dom Abr 16, 2023 3:03 pm
Em minha opinião o VF 1 deveria ser extinto e a FAB assumir suas responsabilidades de defender o espaço aéreo sobre as AJB. A FAB deveria ter F 39 com RBS 15 complementados por aviões de REVO e AEW , aeronaves de patrulha novas para substituir os Banderulha e no futuro pelo menos uns 6/8 P8 ou equivalente e satélites. Mas para que isto aconteça o Alto Comando da FAB tem que reconhecer que as maiores ameaças de natureza militar que o Brasil vai enfrentar no futuro serão através do Atlântico Sul.
Sds
Olá Lord.
Como eu disse no outro tópico, a aviação de asa fixa na MB é questão de doutrina, e não de mera vontade e\ou capricho deste ou daquele almirante. Um esforço gigantesco de décadas foi realizado para retomar esta parte importante da aviação naval, e simplesmente dar cabo dela sem mais e nem menos por motivos tão torpes quanto a falta de verbas para operá-la de forma qualitativa e substantiva é no mínimo imprudente\irresponsável, e diria, chamar o pagador de impostos, de leso.
Basta ver o que está acontecendo com os KC-2\Traders. E vai ficar por isso mesmo.
A FAB na sua Dimensão 22 já tem o Atlântico Sul dentro de suas demandas de vigilância, controle, defesa e proteção. Exerce parcialmente a todos, dado que não possui, e nunca possuiu, os meios e recursos necessários para tal. E nem os terá em futuro visível dada nossa historiografia militar. O exemplo mais claro disso é a quantidade de caças nos programas FX que variaram de 12 a 120 unidades ao longo de +20 anos de processo, e no fim, estamos discutindo se podemos chegar, se muito, a 66 unidades, como aventado até o momento. E isto não está garantido.
Idem para aeronaves ISR, que até hoje, não fosse um SIVAM da vida, sequer teríamos este tipo de vetor na FAB, visto que qualquer coisa que não seja transporte de pessoal, material ou para uso em SAR, MMI, ACISO e GLO não é prioridade e portanto, pode ser sempre jogado para debaixo do tapete e deixado para depois. E notar que paramos nas 8 unidades planejadas na década de 1990, e não nunca se teve sequer a perspectiva em qualquer plano da FAB para o aumento e\ou modernização da frota com novos vetores e\ou sistemas. A atualização dos 5 E-99 aconteceu a troco de caixa enquanto os R-99 sequer serão modernizados. Os antigos Learjet de reconhecimento foram todos defenestrados e mandados à feita para sucateamento e venda das células aos interessados. E nada ficou para os substituir. Nem VANT e nem nada.
A FAB historicamente não vê o AS como uma prioridade para a defesa aérea. E seguirá sendo assim a perder de vista, apesar de 80% da população, e diria, uns 95% do parque industrial brasileiro estar às margens do litoral. O problema é que temos 17 mil kms de fronteira secas sem defesa aérea nenhuma. Zero. E outros 7,5 mil kms de litoral. Desde a sua fundação a FAB trabalha ainda com a ideia de defesa aérea tipo "chamem a cavalaria!!!" e enquanto isso a gente vê o que acontece.
Porque de fato nunca foi, e não é fácil, para o pessoal de farda de todos os três ramos sair do entorno Brasília a Porto Alegre, onde o "Brasil real" reside. Então, como sabemos que a FAB nunca contará com quantidades de caças necessárias para cobrir o país na integra, e que as HE da força aérea são quase todas voltadas para o interior do país, e que a proteção da esquadra nunca foi, e não é, uma prioridade, resta dizer que a aviação de asas fixa na MB é tão necessária quanto impositiva se ela quiser sobreviver - e ter alguma credibilidade operacional - enquanto força naval efetiva no Atlântico Sul. E a FAB jamais fará isso pela esquadra em tempo algum.
Por fim, a implantação do SISGAAZ joga muita luz sobre o processo de evolução da asa fixa na aviação naval. É só ler o que está descrito naquele sistema e vê-se de cara que a MB pode, e quer, operar todos os vetores aéreos de que precisa para fazer o sistema funcionar plenamente, e sobretudo, de forma integrada aos demais das forças co-irmãs. Mas para isso é preciso que os recursos financeiros necessários para tirar o sistema do papel sejam alocados, e de preferência, na íntegra, e sem cortes. Mas esta possibilidade é tão grande quanto eu ganhar na mega da virada sozinho.
Aviação de caça, patrulha, salvamento, esclarecimento, Revo, transporte, ISR, e tantas outras missões estão descritas no arcabouço do SISGAAZ, além de satélites e sistemas de comando e controle, a fim de prover um sistema NCW verdadeiramente funcional e efetivo para a marinha. Seria muito mais fácil ao invés de ficar neste birra de cancela ou não cancela o VF-1 na MB, que os políticos e o governo de plantão fizessem o óbvio e alocassem as verbas necessárias para tirar do papel todo os vetores indicados e implementar o SISGAAZ na prática até o final desta década. Impossível? Com certeza não. Fizemos uma copa do mundo e olimpíada em muito menos tempo que isso. E não faltaram recursos e motivação. A única diferença é que a Defesa do mar à nossa frente não tem o mesmo sex appeal ou o marketing ideológico.