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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qui Jun 05, 2008 7:49 pm
por EDSON
04/06/2008
Grande projeto do Lula, Unasul imita a União Européia
União de Nações Sul-americanas propõe "um espaço de concertação para a integração"

Miguel Ángel Bastenier

Duas realidades, uma planetária e outra regional, se dão as mãos para amparar uma certa mobilização pública do Brasil como grande potência, ou pelo menos do convencimento nacional de que o país está inevitavelmente destinado a sê-lo. A primeira, global, é constituída por uma série de preocupações e dissabores para a potência dominante mundial, os EUA, que conhecemos como Iraque-Irã-Afeganistão-e-Paquistão; o arco de crise da política externa americana, que ainda poderia se estender para o Mediterrâneo oriental com o conflito da Palestina. E a segunda, regional, é o advento de Hugo Chávez na presidência da Venezuela.

Washington está há alguns anos com a cabeça em outro lugar. Enquanto isso, no plano global, a segunda presidência do segundo Bush combate sem êxito visível no Iraque e Afeganistão, não consegue que o Paquistão se interesse em perseguir a Al Qaeda e também não consolida totalmente uma coalizão contra o Irã de árabes sunitas e europeus cristãos; as más notícias se acumularam na América Latina. Os eleitorados ibero-americanos elegeram um número crescente de governos contrários ao neoliberalismo, e apesar de haver bastante retórica em suas declarações antiimperialistas a maioria está muito mais interessada em proteger sua independência do que quando a Escola das Américas formava gorilas uniformizados em defesa do Ocidente.

Igualmente no plano regional, se Hugo Chávez não existisse, o presidente brasileiro Lula da Silva teria precisado inventá-lo, e, embora em menor medida, o venezuelano também recebe benefícios parecidos. Com a desmesura do líder bolivariano, as iniciativas de Lula devem parecer em comparação o próprio bom juízo e a maior temperança. E com o freqüente comércio político entre Caracas e Brasília e a deferência com que Lula costuma se referir a Chávez, este sempre pode pensar que está bem com os que estão bem com Washington. É assim que se cria a conjuntura ideal para que o Brasil tente capitalizar um sentimento que não se mostrava com tanta força -embora hoje sem guerrilha nem foquismo- desde os anos 1960 com os mil e um Vietnãs do Che; o colosso, de um lado, dando tiros no escuro a milhares de quilômetros de distância, e o líder bolivariano do outro, legitimando com sua conduta estrondosa posições que o gigante brasileiro, por sua vez, só expressa com o maior tato e convocando para que o mundo sul-americano se some a ele.

Essa luva lançada à arena política é a constituição no último 23 de maio em Brasília da Unasul (União de Nações Sul-americanas), à qual se subscreveram os 12 países do hemisfério sul continental, e que pelo único fato de existir já é uma alternativa à Organização de Estados Americanos (OEA), dominada pelos EUA. O grande projeto de Lula imita a União Européia quando em sua certidão de nascimento se lê que quer ser "um espaço de concertação para a integração"; para "construir uma identidade e uma cidadania sul-americanas"; e para manter "o respeito irrestrito à soberania, integridade e inviolabilidade territorial dos Estados", aviso este último dos navegantes, sobretudo colombianos. Com sede em Quito -a pequena Bruxelas dos Andes-, terá um Parlamento em Cochabamba (Bolívia), a Estrasburgo do mundo indígena.

Fica mais para a frente, porém, o complemento natural da Unasul, a criação de um conselho de defesa -a Otan sul-americana- à qual só se opôs a Colômbia do presidente Uribe, perfilhada pelos EUA, mas cujo caso será examinado no prazo de alguns meses. E o projeto, com ou sem essa estrutura de defesa, deveria ser enormemente atraente para a Europa, porque o fato de ser o Brasil quem o promove já é uma garantia razoável de utilização prudente e não revoltosa da bonança que traz o petróleo venezuelano. Se Lula não tivesse tomado a iniciativa, é muito provável que Chávez acabasse por fazê-lo, e quaisquer que fossem as melhores intenções do grande ator de "Alô, Presidente", a UE e também alguns dos recrutas da Unasul teriam visto suas vidas desnecessariamente complicadas.

Quando se cria uma organização militar multilateral na América Latina e dela não fazem parte os EUA, é certo que Washington só poderá interpretar o gesto como pouco amistoso; mesmo que seja o democrata Barack Obama o próximo ocupante da Casa Branca. Por isso essa conjunção astral da geopolítica mundial e regional apresenta hoje uma marca inequivocamente brasileira.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Visite o site do El País

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qui Jun 05, 2008 10:36 pm
por Bolovo
Prefiro aquele texto do Magnoli.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jun 06, 2008 11:26 am
por EDSON
Bolovo escreveu:Prefiro aquele texto do Magnoli.
Coloque ai então, informação é para ser analizada.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jun 07, 2008 12:22 am
por Bolovo
EDSON escreveu:
Bolovo escreveu:Prefiro aquele texto do Magnoli.
Coloque ai então, informação é para ser analizada.
A hora e a vez dos ideólogos

DEMÉTRIO MAGNOLI



O Conselho Sul-Americano de Defesa pode aspirar a um lugar de honra nos manuais de relações internacionais, como caso exemplar para estudo de uma política externa emparedada entre o imperativo do interesse nacional e os delírios ideológicos de uma esquerda que não aprende nada. Numa declaração contaminada pelo cinismo, Lula registrou que "dos 12 países, apenas a Colômbia colocou objeção". Não seria porque, em seu esforço para derrotar as Farc, o Estado colombiano conta com o apoio dos EUA mas enfrenta a hostilidade explícita da Venezuela e do Equador?

O interesse nacional brasileiro consiste em promover a estabilidade no entorno sul-americano. A Organização dos Estados Americanos (OEA), atravessada pela disparidade de poder entre os EUA e os demais Estados, não deveria ser um obstáculo para a constituição de um órgão de segurança regional na América do Sul. Mas um órgão assim só pode existir com base no respeito à soberania dos Estados democráticos da região. Como pretender que a Colômbia se incorpore a um Conselho de Defesa incapaz de pronunciar uma condenação das Farc?

Politicamente, as Farc morreram quando, numa seqüência de ações terroristas, destruíram o processo de paz impulsionado pelo ex-presidente Andrés Pastrana entre 1998 e 2002. A eleição de Alvaro Uribe, sobre a plataforma de derrotar militarmente a guerrilha, representou uma decisão nacional. O governo Uribe prometeu desmantelar os grupos paramilitares de direita e está cumprindo o compromisso. Os golpes assestados pelo exército eliminaram a capacidade de combate da guerrilha e a promessa de liberdade para os guerrilheiros que renunciarem às armas provoca fraturas generalizadas entre os insurgentes. As Farc só podem ser salvas pela interferência externa.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, crismou as Farc como um "movimento bolivariano" e entregou-se a uma operação de socorro que se utiliza dos reféns como ferramentas involuntárias para chantagear a Colômbia. A meta do caudilho é intercambiar a liberdade dos reféns pelo reconhecimento das Farc como parte beligerante. Nessa hipótese, o grupo conservaria suas armas e sua liberdade de ação enquanto os colombianos, contra a vontade que exprimiram em duas eleições sucessivas, seriam submetidos novamente a supostas negociações de paz. O entusiasmo chavista pelo Conselho de Defesa só pode ser compreendido à luz do que se passa na selva colombiana.

Na visão estratégica de Chávez, o Conselho de Defesa é o embrião de uma aliança estratégica e de um exército regional destinados a prover segurança contra os EUA. Essa concepção inspira-se nas teses do sociólogo alemão Heinz Dieterich, confidente do presidente venezuelano até o referendo constitucional do ano passado, que imaginou a construção de um "bloco militar de poder latino-americano" sob a liderança do próprio Chávez.

Na forma sem conteúdo aventada pelo Brasil, o Conselho de Defesa não tem cérebro nem músculos - será, unicamente, um foro consultivo de debates, algo como uma antecâmara da OEA. Chávez aceita começar com tão pouco, pois a sua prioridade tática é tecer uma articulação regional que isole política e diplomaticamente a Colômbia, propiciando caminhos para evitar a iminente derrota das Farc.

A voz do venezuelano já se converteu em uma ordem de comando para os partidos da esquerda stalinista latino-americana. Na declaração final da reunião do Foro de São Paulo, encerrada no domingo em Montevidéu, está escrito que "introduziu-se na região o conceito de guerra preventiva e aumentou-se a militarização em uma situação inédita comandada pelos EUA, que utiliza o governo da Colômbia como ponte". O documento, alinhado à operação de salvamento chavista, recomenda "aumentar os esforços para conseguir uma saída negociada para o conflito armado".

Sob Lula, a política brasileira para a América do Sul perdeu a referência do interesse nacional, tornando-se alvo fácil para a ofensiva dos ideólogos. O Conselho de Defesa está sendo preenchido com os conteúdos que interessam a Caracas. Pagaremos caro por esse erro.

DEMÉTRIO MAGNOLI é sociólogo e doutor em geografia humana pela USP.

demetrio.magnoli@terra.com.br.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jun 07, 2008 1:46 pm
por Marino
¿Un acuerdo entre Bolivia y Chile?
Jun-02-08 - por Fabián Calle

Los estudios estratégicos y geopolíticos han incorporado el término "black swan" (cisne negro) para hacer referencia a eventos profundamente impactantes y sorpresivos en el tablero de la política regional o mundial. Con ello, se recuerda el hecho que el saber convencional durante mucho tiempo negó la existencia de cisnes negros hasta que el mismo apareció. Hasta el momento ha sido aplicado a circunstancias que se desarrollaron en otras zonas del mundo, como por ejemplo el acuerdo entre la Alemania nazi y la Unión Soviética de Stalin en Agosto de 1939. No obstante, en interconexión entre el Cono Sur y la región andina se podría estar gestando un evento de este tipo y que podría saltar a la luz pública dentro de los próximos 2 ó 3 años. Nos referimos a las negociaciones secretas que vendrían desarrollando desde hace ya tiempo el presidente boliviano Evo Morales y Bachelet, su par de Chile, con vistas a articular una fórmula que resuelva el añejo litigio fronterizo y la "rivalidad duradera" entre ambos países.

Desde ya, esta versión andina de "cisne negro" convive con un escenario interno de Bolivia que tiene en estos días algunos de sus más dramáticos desarrollos y que nada hace esperar que se atenúen a lo largo del presente año. Si bien de manera infinitamente menos crítica, las circunstancias políticas que le ha tocado vivir en estos años a la primera mandataria mujer de Chile, tales como la masiva huelga estudiantil, la violencia callejera, las huelgas en el sector minero, la crisis energética, la pérdida de la mayoría en el Senado y el colapso del transporte público en la zona de Santiago, han obligado a la misma a dedicar parte sustancial del tiempo a encauzar estas turbulencias y evitar de esta forma potenciar aun más la posibilidad los sectores de centro-derecha y derecha de Chile triunfen por primera vez desde el regreso de la democracia en una contienda presidencial.

Esta "diplomacia presidencial" tiene como base estructural sed chilena en general y de su industria minera en particular, del gas y recursos hídricos de Bolivia. Asimismo, el encauzamiento del vínculo entre La Paz y Santiago afectaría también a Perú. Cabe recordar las tensiones bilaterales existentes entre Chile y ese país andino, a partir de la decisión de Lima de desconocer el límite marítimo entre ambos países así como una parte de la frontera terrestre. En los últimos meses, tales cuestiones han sido elevadas la Corte Internacional de la Haya.

Por su parte, para Bolivia implicaría la tan ansiada salida al Pacífico y un círculo virtuoso en materia comercial, económica, de exploración y exportación de energía y desarrollo de infraestructura. En el caso de Argentina, el eventual acuerdo entre los dos países vecinos vendría a sumar nuevos demandantes al gas boliviano que nuestro país ve como una fuente estratégica de abastecimiento (en especial a partir del 2012). Para el influyente Brasil, un cierto debilitamiento de su rol de "gran hermano" de la frágil Bolivia.

Desde ya, los impactos cruzados de este "cisne negro" distan de limitarse a este listado. Claro está que su eventual concreción depende, entre otros tantos factores concurrentes, de que las facciones bolivianas en disputa por temas como las autonomías, la distribución de las regalías de las materias primas, las diferencias ideológicas y raciales, logren un espacio de negociación, como por ejemplo el Parlamento con la colaboración de la Iglesia, OEA, Argentina y Brasil, para superar los escenarios más extremos y violentos.

La propia perspectiva del acuerdo con Chile y sus efectos socioeconómicos y de "causa nacional" (la salida al mar) podrían ser un acicate más a este acercamiento entre los que hoy son enemigos y no meramente rivales.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jun 14, 2008 8:45 pm
por Tigershark
14/06/2008 - 20h28 - Atualizado em 14/06/2008 - 20h35

Argentina entregará Ata de Limites à Bolívia e ao Paraguai
Da EFE


La Paz, 14 jun (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, entregará em 1º de julho, depois da cúpula do Mercosul, a Ata de Limites aos chefes de Estado da Bolívia, Evo Morales, e do Paraguai, Nicanor Duarte, informou hoje a "Agência Boliviana de Informação" ("ABI").



O vice-ministro de Exteriores da Bolívia, Hugo Fernández, fez o anúncio depois de lembrar que, ao fim da Guerra do Chaco, conflito ocorrido há 73 anos entre Bolívia e Paraguai, foi formada uma comissão de limites presidida pela Argentina.



Segundo Cristina, pouco antes, em 27 de junho, será assinada em Buenos Aires a ata de conclusão dos trabalhos da demarcação de limites, documento que consta de três volumes e que foi elaborado durante 70 anos.



O vice-chanceler disse que, com a Ata de Limites, serão evitados problemas fronteiriços entre os dois países, pois os hipotéticos conflitos limítrofes boliviano-paraguaios que possam surgir serão resolvidos por uma comissão binacional demarcadora de limites.



Na manhã de hoje, o presidente boliviano, Evo Morales, o chefe de Estado do Paraguai, Nicanor Duarte, e o presidente eleito desse país, Fernando Lugo, lembraram hoje no sul da Bolívia os 73 anos do armistício da Guerra do Chaco. EFE

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jun 16, 2008 9:37 am
por Tigershark
Época

Assunto: Entrevista
Título: Entrevista: "O Brasil é um líder do século XXI" :: Robert Kagan
Data: 16/06/2008
Crédito: Peter Moon

Peter Moon
O conselheiro de John McCain defende a entrada do país no G-8 e no Conselho de Segurança da ONU
Bob Kagan é dos poucos intelectuais conservadores dos Estados Unidos que escaparam ilesos do desastre econômico e militar em que se converteu a administração de George W. Bush. Kagan, de 49 anos, é assessor para política externa do senador John McCain, candidato republicano à Presidência americana. Seu desafio é derrotar o fenômeno Barack Obama nas eleições de 4 de novembro. “Moro em Bruxelas e falo com McCain por telefone. Eu o ajudo nos discursos de campanha”, diz Kagan. Ele é casado com a embaixadora Victoria Nuland, representante dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar entre os americanos e os europeus, cuja sede fica em Bruxelas. Nesta entrevista, Kagan afirma que McCain é a melhor opção para o Brasil. Ele considera o país uma nova potência global. Aproveita para atacar Obama e alerta sobre o perigo que as autocracias na China e na Rússia representam para a democracia no planeta.
ENTREVISTA - ROBERT KAGAN
QUEM É
Historiador, cientista político e articulista do The Washington Post. É assessor para política externa do senador John McCain, candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos
O QUE FEZ
Trabalhou no Departamento de Estado (1984- 1988). É pesquisador do Carnegie Endowment for International Peace e fundador do Council on Foreign Relations
O QUE PUBLICOU
Do Paraíso e do Poder (Rocco, 2003), Dangerous Nation (2007) e The Return of History and the End of Dreams (2008)
ÉPOCA – Barack Obama ou John McCain, qual é o melhor presidente para o Brasil?
Robert Kagan – (Risos.) Sou conselheiro de McCain. Ele é o melhor para o Brasil. É muito mais experiente que Obama. McCain deu várias palestras sobre a América Latina. Não sei se Obama falou qualquer coisa sobre esse hemisfério, com exceção do desejo de encontrar Raúl Castro. A diferença mais importante entre os dois é o livre-comércio. O Partido Democrata e Obama são protecionistas e contrários ao livre-comércio. Mesmo correndo o risco de ser impopular, McCain defende o livre-comércio. Quando McCain fala sobre a criação de uma nova instituição internacional, como a Liga das Democracias (proposta de criar uma organização que reúna os países de governo democrático), é precisamente por causa de seu desejo de incluir um país como o Brasil dentro dessa liga.
ÉPOCA – Obama disse que as relações com a América Latina serão prioridade. É uma mudança histórica na política americana...
Kagan – Não entendo o que Obama quer dizer com isso. Você acha uma declaração importante? É típica de Obama, totalmente sem conteúdo. Ele não tem política para a região. É bom para a América Latina e para os Estados Unidos acabar com os acordos de livre-comércio? É isso que Obama faria. Os democratas se opõem aos acordos de livre-comércio com os países sul-americanos. Obama diz coisas sem nenhum conteúdo, mas que as pessoas ficam felizes de ouvir. Nos Estados Unidos temos a expressão “cheap date” (algo como um “namoro sem futuro”, em português). O que eu diria aos brasileiros é: não se deixem seduzir por um “namoro sem futuro” com Barack Obama (risos).
ÉPOCA – Qual será a política de McCain para a Venezuela?
Kagan – É importante trabalhar com as nações democráticas da região, para fortalecer a solidariedade democrática e isolar aqueles que querem fazer da Venezuela uma ditadura. Hugo Chávez está em descompasso com a moderna América Latina. É importante que os países que queiram ingressar no mundo moderno se mantenham unidos.
ÉPOCA – O Brasil é um exemplo?
Kagan – O Brasil é um líder do século XXI. Não penso no Brasil no contexto da América Latina, mas em termos globais. Moro na Bélgica. Quando digo que é preciso incluir o Brasil nas deliberações internacionais das democracias, as pessoas aqui ficam surpresas. Ainda pensam apenas em termos da aliança transatlântica entre Europa e Estados Unidos. É muito importante incluir o Brasil e a Índia quando se pensa no mundo do século XXI.
ÉPOCA – O senhor afirma que a noção de que, com o fim da União Soviética, em 1991, a democracia se espalharia pelo planeta era uma miragem. Vivemos uma reedição dos anos 1930, com democracias de um lado e ditaduras do outro?
Kagan – Não acho que o mundo esteja numa situação tão séria. A economia global não enfrenta uma crise como a dos anos 1930, pela simples razão de que não temos o mesmo nível de protecionismo, tão devastador. Também não existe uma Alemanha nazista. Estamos voltando ao mundo da competição entre grandes potências. É um cenário de países nacionalistas, como a Rússia das paradas militares, assim como a China e a Índia. Quem achou que, com o fim da URSS, deixamos a geopolítica para trás e o mundo passou a girar em torno da economia estava errado. O mundo gira em torno da geopolítica e da economia. A Rússia usa seu petróleo com propósitos geopolíticos. A China faz o mesmo com seu poder econômico.
ÉPOCA – O editor da Newsweek e colunista de ÉPOCA Fareed Zakaria acredita que o poder mundial será dividido entre Estados Unidos, União Européia e China.
Kagan – Não concordo que o poder tenha se difundido pelo globo. Os Estados Unidos ainda são a nação mais poderosa e a única superpotência. Os estrategistas chineses trabalham com a idéia de um mundo com uma superpotência e várias grandes potências. Acho meio tola essa discussão sobre quem tem o arranha-céu mais alto. Ela só aborda a questão econômica. Deve-se lembrar que duas das grandes potências atuais (Rússia e China) são autocracias, que apóiam outras autocracias, como a Venezuela. Os amigos de Chávez estão no Irã, em Moscou e em Pequim. Eles não exigem que Chávez faça reformas. Só querem seu petróleo. As democracias devem permanecer unidas e defender os valores democráticos, pois, ao contrário do esperado com o fim da Guerra Fria, o que se vê é a volta de um tipo muito poderoso de autocracia.
ÉPOCA – O futuro presidente impedirá o Irã de obter armas nucleares?
Kagan – O próximo presidente tentará negociar com o Irã, mas também tentará criar uma coalizão internacional para pressionar o Irã a adotar uma solução diplomática. Ambos os candidatos já disseram que, caso medidas diplomáticas não surtam efeito, não descartam tomar quaisquer medidas que forem necessárias.
Barack Obama diz coisas sem conteúdo, mas que as pessoas ficam felizes ao ouvir. Eu diria aos brasileiros: não se deixem seduzir por Obama
ÉPOCA – O senhor defende a inclusão do Brasil no G-8, o grupo que reúne as democracias mais ricas do planeta e a Rússia. E o ingresso brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão máximo de deliberação da política internacional?
Kagan – Defendo a inclusão do Brasil e da Índia não só no G-8, como também no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos apóiam a ampliação do conselho, assim como McCain. Mas as autocracias estão determinadas a manter seu poder. A China impedirá o ingresso do Japão e da Índia. A Rússia barrará a Alemanha e qualquer iniciativa de interesse das democracias. Não há saída para isso.
ÉPOCA – O historiador Eric Foner, da Universidade Colúmbia, diz que George W. Bush será lembrado como o pior presidente da história dos Estados Unidos.
Kagan – A lista de presidentes ruins é longa. Os historiadores deveriam ter mais cuidado e lembrar que não se pode afirmar como um presidente será julgado, a não ser no longo prazo. Tenho consciência dos erros do presidente Bush e tenho criticado sua administração em diversas áreas, assim como o senador McCain.
ÉPOCA – Sete anos após os ataques de 11 de setembro, os Estados Unidos estão em recessão, os mercados financeiros em crise, o preço do petróleo nas alturas, a guerra no Iraque e no Afeganistão não tem fim e a imagem dos Estados Unidos no mundo foi abalada. Por fim, Osama Bin Laden ainda não foi pego. Osama venceu?
Kagan – Não concordo com quase nada que você disse. Em primeiro lugar, os Estados Unidos não estão em recessão. Quem foi que disse isso? A imprensa? Não é o que diz quem faz as estatísticas. O estouro do mercado imobiliário não mergulhou o mundo financeiro numa crise. Muitos analistas acham que o pior já passou. O aumento do preço do petróleo é uma conseqüência direta da ascensão da China e da Índia como grandes consumidores. É uma questão estrutural que nada tem a ver com o 11 de setembro. Em sete anos, não houve nenhum novo ataque aos Estados Unidos. A rede Al Qaeda foi terrivelmente danificada. Bin Laden vive em cavernas. Você acha isso vencer? Por outro lado, o Iraque está melhor e se move no caminho certo. O Afeganistão também começa a se mover na mesma direção. A única coisa com que concordo é que a imagem dos Estados Unidos foi abalada. Não resta dúvida de que o senador McCain, ou Barack Obama, terá de melhorá-la. McCain trabalhará com o mundo levando a sério questões como mudança climática, proliferação nuclear e a economia mundial.
ÉPOCA – McCain tem chance de derrotar o fenômeno Obama?
Kagan – Sim. Vamos ver quanto tempo o fenômeno se sustenta. Vamos ver quanto tempo as pessoas continuarão felizes ouvindo suas frases insanas, a despeito do fato de ele não ter política nenhuma. Quando os eleitores começarem a se perguntar o que Obama quer dizer em termos de políticas reais, aí as coisas ficarão bem mais difíceis para ele.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jun 16, 2008 9:45 am
por Tigershark
Gazeta Mercantil

Assunto: Internacional
Título: Inteligência estratégica e a internacionalização
Data: 16/06/2008
Crédito: Fábio Pereira Ribeiro

Fábio Pereira Ribeiro

A internacionalização de empresas é uma realidade para o empresariado brasileiro. Estamos em um momento extremamente estratégico, e do ponto de vista mercadológico, com uma imagem muito positiva. As empresas brasileiras estão conseguindo se posicionar de forma concreta e estratégica no exterior, e em mercados antes não pensados, como Ásia e África.
Neste processo, ou na decisão de como a empresa poderá internacionalizar suas estratégias, produtos e serviços, a produção de informações estratégicas, ou inteligência ganha importância maior pois toda organização e planejamento para o mercado externo devem estar em informações confiáveis e de cunho estratégico - que possam respaldar qualquer decisão de qual o melhor mercado (país) para se atuar, que produtos e serviços oferecerem e que parcerias são saudáveis, e até mesmo em contribuir em um processo diplomático e cerimonial.
A atividade de inteligência estratégica é o instrumental de governantes para minimizar ao máximo o risco nas decisões, e é trabalhada com uma determinação de fontes estratégicas de informação, além da aplicação de modelos de análise que possam constituir os parâmetros de inteligência para decisão, tais como Modelo SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), Modelos de Forças Competitivas e a construção de Cenários Prospectivos.
Dentro da atividade, a empresa ao optar pelo processo de internacionalização deve determinar: o país (ou países)-alvo, entender o cenário histórico-social e as necessidades latentes que o país tem no momento, entender o fluxo político (estrutura de poder), pois dependendo da situação, em muitos casos, o trato diplomático com as estruturas de poder é fundamental para iniciar qualquer negociação internacional, principalmente com os países da África Austral. Outra questão está no fato de avaliar as potencialidades de cada país, e cruzar as diversas fontes de informações para neutralizar qualquer situação de risco. As fontes geralmente terão vínculos com as estruturas de poder e principalmente de mídia, aí neste caso é importante uma coleta de dados histórica para construir um mapa de notícias e cenários futuros sobre o ambiente político, social e econômico da região.
Outro ponto de inteligência estratégica é a constituição de uma vigilância tecnológica sobre os mercados e potenciais concorrentes, além do fluxo de informações do potencial de mercado, a produção de inteligência estratégica visa ao controle de ações da concorrência e o conhecimento das vantagens competitivas dos mesmos, para assim constituir um grupo de estratégias que possam neutralizar a ação da concorrência.
Para utilizar os instrumentos da inteligência estratégica hoje, nas negociações internacionais, e principalmente para dar início ao processo de internacionalização da empresa, o profissional de Relações Internacionais deve conhecer a atuação dos serviços de inteligência e analistas de inteligência competitiva.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jun 20, 2008 2:13 pm
por Anderson TR
JOGOS PERIGOSOS DO PENTÁGONO COM A ARMA NUCLEAR.

Os militares dos EUA podem descobrir centenas, talvez, até mais de mil peças de mísseis nucleares, se assinala no relatório secreto do almirante Kirklend Donald ao Congresso norte-americano. Um funcionário desconhecido do Pentágono informou o conteúdo deste relatório ao jornal britânico «The Financial Times». Comentário do nosso observador político, Victor Enikeiev.
Os resultados da investigação atingem seriamente a reputação dos militares norte-americanos, pois nem nos próprios EUA e em outras partes não se esqueceram de como em agosto de 2006 a aviação norte-americana transportou para Taiwan os explosivos para mísseis balísticos nucleares em vez das baterias para helicópteros. E depois disso foi esclarecido que os caças B-2 voaram por mais de três horas sobre o território dos EUA com seis mísseis nucleares prendido às asas do avião.
Depois disso o ministro da Defesa Robert Gates demitiu toda a direção da Força Aérea do país. De acordo com as palavras da Associação washingtoniana para o controle dos armamentos, Daryl Kimball casos como esses mostram que os EUA não estão em condições de fazer o controle eficaz pelo armazenamento e controle da arma nuclear. E este problema sério se manifesta também nas bases militares dos EUA nos seis países da Europa onde são armazenadas 350 bombas nucleares. A revista norte-americana «Times» na sua edição de 19 de junho escreve que nestas instalações, em particular na Bélgica, Alemanha, Itália e Holanda elas são protegidas por sistemas de segurança defasados que precisam de manutenção, e o pessoal é mal preparado.
Eis que agora ninguém pode explicar onde estão os mais de mil componentes dos mísseis nucleares. E isso é simplesmente extraordinário para um país que parecia cuidar do problema relacionado com a proliferação nuclear e que de quanto em quando acusa a Rússia e a china da segurança insuficiente dos seus arsenais nucleares. No entanto, agora o principal se encerra em que esses componentes citados não caiam nas mãos dos terroristas que há muito desejam este tipo da arma de destruição em massa; escreveu Victor Enikeiev.
20.06.2008

http://www.ruvr.ru/main.php?lng=prt&q=3 ... 20.06.2008

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jun 23, 2008 10:24 am
por Penguin
Depois de se reincorporar ao comando militar da OTAN, os franceses estao cada vez mais alinhados as posicoes dos EUA.
Havera implicacoes dessas movimentacoes no acordo estrategico fimado entre Franca e Brasil?

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Sarkozy: "Francia nunca dejará solo a Israel frente a la amenaza de Irán"

http://www.elpais.com/articulo/internac ... int_10/Tes

El presidente fracés asegura ante el Parlamento israelí que su país está en la misma línea que Jerusalén aunque vuelve a pedir un estado palestino

AGENCIAS - Jerusalén - 23/06/2008
El presidente francés, Nicolas Sarkozy, ha reiterado en el Parlamento israelí su rechazo en pleno al programa nuclear de Irán. En un discurso pronunciado en la Knesset, Sarkozy ha afirmado que “un Irán nuclear es inaceptable para Francia” y que su país “nunca dejará solo a Israel” frente a esa amenaza.

“Francia estará al lado de Israel cuando vea amenazada su seguridad, siempre lo he sentido así y no fracasaré si llega el momento", ha dicho Sarkozy al mencionar explícitamente a Irán. El mandatario ha añadido que “Francia se interpondrá en el camino de aquellos que exhortan a la destrucción de Israel” antes de pedir una “respuesta decisiva por toda la comunidad internacional”.

Las palabras de Sarkozy se alían al discurso oficial de Jerusalén y Washington con respecto a Teherán pero en el caso de la raíz del conflicto que desestabiliza Oriente Próximo, el presidente francés ha mostrado una línea que sale algo de la tangente.

Sarkozy dijo ayer que la creación de un estado palestino era la mejor solución para solventar los problemas entre palestinos e israelíes, y hoy ha vuelto a repetir el mismo mensaje en la Knesset.

“Israelíes y palestinos son socios del mismo dolor… no habrá solución sin comprensión mutua y respeto mutuo”, ha dicho Sarkozy. El mandatario ha vuelto a pedir la creación de un estado palestino: “Os he hablado con el corazón. Los asentamientos (judíos en Cisjordania) son un obstáculo a la paz. Jerusalén deberá ser la capital de dos estados”.

Su visita es la tercera de un presidente francés al país hebreo desde su creación en 1948, y responde a la política de Sarkozy de acercamiento a Israel y al Mediterráneo, además de enmarcarse en el sexagésimo aniversario del establecimiento del Estado hebreo. La llegada de Sarkozy al poder ha dado un nuevo giro a los vínculos bilaterales, y se considera al actual dirigente galo el presidente más “pro-israelí” de las últimas décadas, sobre todo en contraste con su antecesor Jacques Chirac. Sarkozy, pese a todo, tiene previsto reunirse con el presidente palestino, Mahmud Abbas.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jun 23, 2008 2:15 pm
por Tigershark
Sarkozy está tentando restaurar a força da política externa francesa,e no Oriente Médio,em especial no Líbano,tenta refazer sua antiga importancia.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qua Jun 25, 2008 1:32 pm
por GustavoB
São as últimas cartadas do governo Bush, não se esqueçam.. esse preço do petróleo e o pedido ao congresso para que reavalie a proibição de sua exploração em alto-mar não dizem nada?

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qua Jun 25, 2008 5:46 pm
por Tigershark
Acho que Bush já não tem mais forças para tentar qualquer jogada daqui para a frente.Um bom exemplo disto foi o revés que sofreu em relação ao que ocorre na base de Guantánamo em Cuba.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Qua Jun 25, 2008 5:52 pm
por delmar
GustavoB escreveu:São as últimas cartadas do governo Bush, não se esqueçam.. esse preço do petróleo e o pedido ao congresso para que reavalie a proibição de sua exploração em alto-mar não dizem nada?
Dizem sim, que os EUA também querem explorar petróleo na seu próprio litoral, o que é vedado pelas leis de proteção ambiental americana. Atenção companheiros, nos litorais dos outros países sempre foi permitido, ali é refresco. A proteção só vale para o litoral dos EUA. No litoral da América do Sul e da África nunca foi proibida.

saudações

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jun 30, 2008 4:13 pm
por Tigershark
30/06/2008 - 15h53 - Atualizado em 30/06/2008 - 16h00

Peru chama seu embaixador na Bolívia para consultas
Da Reuters

LIMA (Reuters) - O Peru disse nesta segunda-feira que chamou para consultas seu embaixador na Bolívia a fim de avaliar o "conjunto das relações".



A medida foi tomada após o presidente Evo Morales ter feito declarações sobre suposta existência de uma base militar dos Estados Unidos nesse país. O embaixador chega na terça-feira a Lima.



"O governo do Peru se opõe às declarações públicas feitas pelo presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, no sábado, 28 de junho, referindo-se à suposta existência de uma base militar norte-americana em território peruano. O governo aconselha à população do Peru que adote medidas a respeito", afirmou a chancelaria.



"Nas mencionadas declarações são afirmados fatos que carecem totalmente de veracidade e constituem uma ingerência do presidente da Bolívia nos assuntos internos da República do Peru", disse em um comunicado a chancelaria peruana.



O Peru e a Bolívia fazem parte da Comunidade Andina, também integrada por Colômbia e Equador.



Os governos de Lima e La Paz já manifestaram diferenças em relação a acordos comerciais nas últimas semanas.



No ano passado, o Peru ratificou um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o principal destino de suas exportações, ao qual a Bolívia se opõe. O Peru quer acelerar mudanças na legislação para que o acordo entre em vigor no dia 1o de janeiro de 2009.



(Reportagem de Marco Aquino)