Página 14 de 203

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Dom Abr 13, 2008 2:09 pm
por BrasileiroBR
Relação com Brasil influencia votos

A uma semana das eleições presidenciais, ligação de candidatos com o vizinho é polêmica

Se o Brasil falasse espanhol, o Paraguai seria sua colônia. A ilustração sintetiza o discurso do povo e de políticos paraguaios que a uma semana das eleições presidenciais – consideradas históricas pela expectativa da queda do Partido Colorado depois de 60 anos no poder – insistem em inserir o Brasil no núcleo da campanha eleitoral. Subimperialista, o tacham devido à resistência em revisar o Tratado de Itaipu. Vizinho dominante, repetem, em referência às assimetrias no Mercosul. Irmão mais forte, ratificam devido à forma como o criticado Itamaraty dialoga com seu governo. O ressentimento que desperta o Brasil no Paraguai é o retrato de um conquistador lusófono no continente.

A influência verde-amarela na campanha paraguaia acompanhou a trajetória dos candidatos. O general Lino Oviedo, presidenciável pelo Partido Unace, arrancou sua campanha ancorado na sua proximidade com o Brasil, mostrando-se amigo do presidente Lula.

Em seguida, surgiram denúncias de que o governador do Paraná, Roberto Requião, financia a campanha do ex-bispo e líder nas pesquisas de intenção de votos, Fernando Lugo, candidato pela Aliança Patriótica para o Câmbio. E o Partido Colorado se vale de mais de meio século de governo para convencer que a vitória da postulante oficialista Blanca Ovelar é a garantia de manutenção da densa rede com grupos brasileiros de poder.

Diretor do Centro de Políticas Públicas da Universidade Católica do Paraguai, o cientista político Luis Fretes, avalia que a relação é desigual porque "os paraguaios não têm uma autoridade que se faça respeitar":

– Os paraguaios têm sido fracos em legitimidade. Os brasileiros sabem que podem subornar funcionários do nosso governo, mas os paraguaios não podem subornar os vizinhos. O Brasil só é imperialista com quem permite. Na Bolívia, foi imperialista até onde pôde.

O sociólogo paraguaio José Luis Simón descreve que, desde a ditadura de Alfredo Stroessner, o Paraguai é baratíssimo para o Itamaraty, que sempre comprou tudo o que quis. O problema está na falta de institucionalidade e de uma boa chancelaria no Paraguai.

São mais de 300 mil brasileiros vivendo no Paraguai, donos de grandes fazendas de soja e de gado. Muito além dos 70 km adentro de território paraguaio, estabelecidos como limite para a posse de terra por estrangeiros, os chamados brasiguaios vivem em plena ilegalidade. Na fronteira com o Brasil, há centenas de militares que só falam português e guarani.

As colônias brasileiras no Paraguai "são fruto de condições comparativas", resume o cientista político Luis Fretes, diretor do Centro de Políticas Públicas da Universidade Católica do Paraguai:

- Além de oferecer terras mais baratas, no Paraguai o controle sobre o uso de pesticidas é mais relaxado. A maioria dos brasiguaios vem de Mato Grosso e do Paraná, e muitos organismos brasileiros lhes emprestam dinheiro para a mudança. É uma política implícita e como a imigração inevitavelmente impõe sua cultura, há hoje um predomínio brasileiro na fronteira.

Com ínfima capacidade industrial, o sistema de produção paraguaio é sustentado pelo agronegócio, que tem a soja e carne como principais bens de exportação. No entanto, os produtos não têm trânsito livre nem dentro do Mercosul. A mídia paraguaia acompanha de perto a greve dos auditores da Receita Federal brasileira, que já paralisou pelo menos 800 caminhoneiros de soja paraguaios na fronteira. E a vigilância se estende à exportação de pneus, transação na qual o Paraguai ressalta discrepâncias: o mesmo Brasil que tem capacidade de produção de 150 mil pneus mensais lhes impõe um limite de 120 mil anuais.

Outra polêmica que toma conta das páginas de jornal em Assunção são as suspeitas levantadas com freqüência pelo Brasil sobre a febre aftosa da carne paraguaia.

– Mesmo sabendo que o Paraguai está livre da doença, volta e meia temos cargas apreendidas na fronteira brasileira – explicou Carlos Villalba Rotela, governador da província de Missiones.

O parlamentar Ángel Ramón Cibils acrescentou que a aftosa é um problema do Mercosul e que "é preciso pensar regionalmente" para a carne não subir de preço:

– O que o Paraguai oferece é menos de 1% do que produzem Brasil e Argentina e ainda assim colocam travas. Prejudica a todos. O Mercosul ficou na teoria. Na prática, cada um defende o seu feudo.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Dom Abr 13, 2008 3:49 pm
por bruno mt
eu to falando isso ainda vai da guerra.(tão me achando pessimista, pode se,mas no andar da carroagem)

esses caras só falam mal do brasil,deus me livre

SERA QUE OS BRASIGUAIOS ESTAO QUERENDO ANEXAR MAIS UM TERRITORIO AO BRASIL, AO ESTILO ACREANO(POVOA E DEPOIS FALA QUE JA È BRASILEIRO E NAO TEM MAIS INFLUEMCIA NENHUMA DO PAIS INVADIDO) ???


PS:seria uma boa já que no meio desse teritorio tá itaipu,dai ao inves de pagar mais caro eles que teriam que pagar pela energia


E NADA DE ME CHAMA DE DOIDOLO NAO EM

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Dom Abr 13, 2008 3:52 pm
por bruno mt
falo por causa desse trecho

"São mais de 300 mil brasileiros vivendo no Paraguai, donos de grandes fazendas de soja e de gado. Muito além dos 70 km adentro de território paraguaio, estabelecidos como limite para a posse de terra por estrangeiros, os chamados brasiguaios vivem em plena ilegalidade. Na fronteira com o Brasil, há centenas de militares que só falam português e guarani.

As colônias brasileiras no Paraguai "são fruto de condições comparativas", resume o cientista político Luis Fretes, diretor do Centro de Políticas Públicas da Universidade Católica do Paraguai:

- Além de oferecer terras mais baratas, no Paraguai o controle sobre o uso de pesticidas é mais relaxado. A maioria dos brasiguaios vem de Mato Grosso e do Paraná, e muitos organismos brasileiros lhes emprestam dinheiro para a mudança. É uma política implícita e como a imigração inevitavelmente impõe sua cultura, há hoje um predomínio brasileiro na fronteira."

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Seg Abr 14, 2008 7:23 pm
por WalterGaudério
bruno mt escreveu:falo por causa desse trecho

"São mais de 300 mil brasileiros vivendo no Paraguai, donos de grandes fazendas de soja e de gado. Muito além dos 70 km adentro de território paraguaio, estabelecidos como limite para a posse de terra por estrangeiros, os chamados brasiguaios vivem em plena ilegalidade. Na fronteira com o Brasil, há centenas de militares que só falam português e guarani.

As colônias brasileiras no Paraguai "são fruto de condições comparativas", resume o cientista político Luis Fretes, diretor do Centro de Políticas Públicas da Universidade Católica do Paraguai:

- Além de oferecer terras mais baratas, no Paraguai o controle sobre o uso de pesticidas é mais relaxado. A maioria dos brasiguaios vem de Mato Grosso e do Paraná, e muitos organismos brasileiros lhes emprestam dinheiro para a mudança. É uma política implícita e como a imigração inevitavelmente impõe sua cultura, há hoje um predomínio brasileiro na fronteira."
É o mesmo discurso que a gente houve qdo. vai a Ciudad del Este, os paraguaios ~soa os coitadinhos(eles falam isso mesmo) e nós somos o big brother do mal.

O problema todo é que de fato, os guaranis precisam mesmo da gente.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 1:08 pm
por jauro
Paraguai não é Bolívia - a falácia de Itaipu



A pessoa que serve cafezinho aos diretores na sala do conselho da hidrelétrica Itaipu binacional tem de atravessar com freqüência uma linha imaginária: situada sobre a hidrelétrica, no meio das águas que separam Brasil e Paraguai, metade da sala está do lado paraguaio da fronteira, e a outra metade, do lado brasileiro. As instalações de engenharia e operação da usina também ficam em território binacional. Esse é apenas um dos detalhes que diferenciam profundamente a situação de Itaipu das encrencas do Brasil com o gás boliviano.

Tema de campanha nas eleições presidenciais deste ano no Paraguai, a insatisfação paraguaia com os termos do contrato de Itaipu também se transformou em moeda política no Brasil. O candidato favorito no Paraguai, Fernando Lugo, incluiu no programa de governo a renegociação do Tratado de Itaipu. O tratado fixa limites para o preço da energia da usina e exige que o Paraguai venda apenas ao Brasil o que deixar de consumir. No Brasil, opositores da política externa levantam temores de que o próximo governo paraguaio crie problemas aos interesses brasileiros, imitando as agressões na Bolívia de Evo Morales aos interesses da Petrobras.

O alarme com os riscos do Brasil em Itaipu pode ser atribuído, em parte, ao jogo partidário brasileiro, que escolheu os temas de política externa como pretexto para a crítica ao governo Lula. A desinformação sobre Itaipu e sobre o país vizinho também pode explicar parte do medo de que se repitam no Paraguai os constrangimentos causados pela Bolívia, que obrigou a Petrobras a renegociar contratos e vender refinarias após cercar com tropas instalações da empresa.

No caso do contencioso boliviano com a Petrobras, a Bolívia tinha compromissos com uma empresa, e cercou com tropas as instalações privadas em território boliviano. No caso paraguaio, a imitação do gesto agressivo de Evo Morales exigiria um ato de guerra, já que o Tratado de Itaipu foi firmado entre dois governos, aprovado pelos dois Congressos, e se refere a instalações situadas na fronteira exata dos dois países.

Assumindo a extravagante hipótese de cobrar pelas armas as reivindicações sobre Itaipu, o mandatário paraguaio descobriria que as Forças Armadas paraguaias são as menos equipadas do continente, com tanques reformados pelo Brasil, que também financia seus contingentes no Haiti. É conhecido o gracejo de que o bem fornido batalhão mantido pelo Brasil em Foz do Iguaçu supera o poder de fogo de boa parte do Exército vizinho.
Excluída a fantasiosa hipótese de provocação bélica paraguaia, um pouco de conhecimento de história também ajuda a combater o alarmismo sobre Itaipu.



Lugo ameaça ir aos tribunais por Itaipu

Na Bolívia, Evo Morales assumiu o governo em um cenário de desarticulação das forças política tradicionais, após um referendo popular que aprovou a nacionalização das reservas de gás do país e levou à queda de dois presidentes, no contexto de ascensão da população indígena à cena política, após séculos de alijamento. Fernando Lugo, o favorito e mais agressivo em defesa de mudanças para Itaipu, apesar do histórico de luta pelas causas populares, fala a uma platéia apática, é descendente de fazendeiros, apoiado por um partido tradicional da elite paraguaia, o Liberal (que deve lhe garantir quadros e condições políticas para governar). Nem fala guarani, segunda língua oficial no Paraguai, dominada pelos demais candidatos e usada pelo povo.

Se essas diferenças não bastam, vale a pena prestar atenção ao que vêm dizendo os candidatos paraguaios à presidência sobre Itaipu. Um deles, Lino Oviedo, general, ex-comandante do Exército e ex-golpista, publicou na semana passada um artigo na "Folha de S. Paulo" defendendo a tese de que, antes de reclamar dos preços da energia de Itaipu ao Brasil, os governantes paraguaios têm de se preocupar em criar condições para usar a energia que lhes cabe e fazer sociedade com o Brasil para incentivar a economia.

Oviedo é considerado o grande ganhador, mesmo que não chegue à presidência. O partido formado em torno da candidatura, o Unace, tende a ter fiel da balança no Congresso, na disputa entre as maiores forças políticas.

Lugo, apesar da retórica inflamada, já deixou claro qual atitude tomará se o governo brasileiro, como vem afirmando, recusar-se a rever os termos do Tratado de Itaipu: vai recorrer aos tribunais internacionais. Será uma maneira civilizada de descobrir que seus argumentos não resistem ao crivo do direito.

Há motivos para a oposição, no Brasil, alfinetar o governo na discussão de Itaipu. Embora a renegociação do tratado seja um tabu bem preservado na Esplanada dos Ministérios e no Palácio do Planalto, as bases do PT se inclinam em favor das demandas paraguaias. A esquerda brasileira adepta à renegociação do Tratado de Itaipu, encontrável nas fileiras do PT, do PSOL e do PSTU, afirma que os argumentos do governo brasileiro, de que Itaipu não existiria sem o investimento e os riscos assumidos pelo Brasil, têm semelhanças enormes com os das mineradoras que exploravam riquezas naturais em países africanos, beneficiadas por contratos draconianos firmados com governos coloniais.

Embora se diga disposto a discutir tudo sobre Itaipu, o Itamaraty abriga um consenso pétreo contra a reabertura de tratados firmados pelo país no continente. Contra os argumentos da própria esquerda, o governo Lula apresenta idéias muito parecidas às sugestões do candidato Oviedo - e de outros candidatos de menor expressão política: o Brasil pode - e deve - ajudar a fortalecer a economia paraguaia.

Itaipu conclui neste mês o projeto de uma linha de transmissão para Assunção, que substituirá a decadente linha atual, motivo de constantes apagões na capital. Ao eliminar as perdas de até 40% na transmissão de energia à cidade, aumentará substancialmente a disponibilidade, no país, de um recurso escasso no continente.

Inundado de energia, o Paraguai tem um trunfo importante para atrair investimentos. Precisará, porém, adotar outras medidas essenciais: combater a corrupção, a burocracia, e a precariedade institucional do país, que afugentam os negócios.

Não é com a revisão de tratados que se realiza uma tarefa dessas.

Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 2:18 pm
por rodrigo
É conhecido o gracejo de que o bem fornido batalhão mantido pelo Brasil em Foz do Iguaçu supera o poder de fogo de boa parte do Exército vizinho.
Imagem

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 2:19 pm
por talharim
Pois é mas o Lugo viu que o Brzil abriu as pernas por pouca bosta no caso Bolívia..............então ele está querendo pagar para ver tbm............mesmo que seu Exército seja inferior ao contingente do EB na região.

Abriu a porteira agora segura Brazil !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Palmas para o Itamaraty revolucionário Petista esses gênios das relações internacionais.

Mais uma abrida de pernas vai ter até voltando lagosteiro francês a 100m da costa.O mundo inteiro vai querer uma lasquinha.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 3:45 pm
por Junker
Lugo, sobre Itaipu: "Lula poderá fazer concessões"
Jorge Saenz/AP
Imagem
O ex-bispo de 56 anos Fernando Lugo é apontado como favorito para as eleições de 20 de abril no Paraguai. Ele preconiza um "nacionalismo saudável" para fortalecer a democracia no país

Gerhard Dilger
De Assunção, Paraguai

A campanha eleitoral no Paraguai está entrando na reta final. Pela primeira vez em 61 anos, a hegemonia do Partido Colorado está ameaçada. O protagonista principal dessa façanha é Fernando Lugo, um bispo risonho de 56 anos. A poderosa máquina clientelista colorada trabalha a todo vapor para impedir a vitória de Lugo no próximo domingo, prevista por todas as pesquisas. Muitos paraguaios temem fraudes no pleito.

Num dos poucos momentos tranqüilos de sua frenética agenda de campanha, Fernando Lugo recebe Terra Magazine no escritório de seu "posto de comando", em Assunção. Fala de sua trajetória, de alguns aspectos de seu projeto de governo e da posição que deseja para seu país no contexto do Mercosul. Para marcar sua distância com outros projetos da esquerda na América Latina, diz: "Nossos programas não são radicais, são racionais".

O candidato à presidência do Paraguai também toca num dos polêmicos temas que envolvem o Brasil na campanha naquele país: o tratado sobre a usina hidroelétrica de Itaipu. Diz que o Brasil não paga "um preço justo" pela energia consumida da unidade, mas que está disposto a uma negociação com Lula:

- O próprio Lula disse que o Brasil não pode pensar em seu crescimento econômico às custas da pobreza de seus vizinhos. Nós admiramos muito todas as políticas sociais que tem o Brasil. Isto é precisamente o que queremos também para o nosso país.

O ex-bispo fala ainda da influência que sofreu com a Teologia da Libertação, ajudando-o a "abrir os olhos" e contribuir para sua experiência pessoal. No Brasil, Leonardo Boff é um dos principais representantes desta corrente, que enfatiza a condição social humana e encontra resistência nos círculos mais tradicionais da Igreja Católica, inclusive o Vaticano.

Leia os principais trechos da entrevista com o candidato à presidência do Paraguai:

Terra Magazine - Como o senhor fez para chegar de bispo a candidato à Presidência?
Fernando Lugo - Houve um processo de discernimento no qual se tomam todos os desafios. Vivi mais de onze anos como bispo, mais de trinta anos como sacerdote. Sobretudo em San Pedro, região mais pobre do País, fizemos uma série de atividades pastorais, sociais, de reivindicações econômicas. Víamos que tudo isso é insuficiente quando não há vontade política. Acreditamos que a política é uma ferramenta importante para alcançar as verdadeiras mudanças.
Eu era diretor de um colégio, já como bispo emérito, quando um grupo significativo de cidadãos, com mais de cem mil assinaturas, me pergunta se eu não estaria disposto a deixar o exercício sacerdotal e liderar um movimento amplo, aberto, que pudesse trazer transformações ao interior do país. Isso foi um dos grandes impactos na minha vida. Este convite exigiu reflexão pessoal e afinal acabei colocando-me à disposição da cidadania paraguaia. Fiz isso no Natal de 2006, em Encarnación, na minha casa materna.
Daí vem tudo o que significou a Resistência Cidadã, a Concertación, e ultimamente o que é a Aliança Patriótica para a Mudança (Alianza Patriótica para el Cambio), formada há 14 meses, que aglutina 9 partidos políticos, 20 organizações sociais, sindicais, de mulheres, de indígenas, camponesas. Estamos à frente de todas as pesquisas para as eleições de 20 de abril.

Mas isto lhe valeu críticas dentro da Igreja, principalmente por parte do Vaticano...
O Vaticano reagiu de forma coerente, não podia ser de outra maneira porque nunca no mundo houve caso similar. Não cabia precedente, eu entendo muito bem. Não esperava outra coisa, porque era um caso inédito, único. Nesses casos, mesmo a Cúria Romana reage com bastante cautela. Pesa sobre mim uma suspensão do exercício sacerdotal, por minhas atividades políticas. E isso é o que eu havia pedido.

O para Bento XVI o considera um sucessor dos teólogos da Libertação?
Não, não sei, não sei o que o papa vai achar, verdade... (risos). Aqui no Paraguai, nunca estudamos a Teologia da Libertação na minha época de estudante, o fizemos, sim, no Equador. Eu estive lá por cinco anos como missionário e foi meu primeiro contato com os teólogos da Libertação, pela experiência pastoral com o senhor Leônidas Proaño, também com a diocese dos bascos no Equador, e isso foi para mim um "abrir os olhos", uma experiência pastoral nova, uma experiência de igreja que acredito ter pesado muito em minha experiência pessoal.

Que aspectos da Teologia da Libertação são retomados em seu projeto político e social para o Paraguai?
Sobretudo a participação. A Teologia da Libertação, do ponto de vista pastoral, dá muito espaço à participação laica. Na diocese de San Pedro temos a experiência de mais de mil comunidades eclesiásticas de base, nas quais ninguém pode ser um cristão anônimo, ninguém pode ser um cristão que esteja olhando de longe a experiência eclesial, tem que entrar na comunidade, participar com os diversos carismas e responsabilidades que têm os laicos. Este também vai ser um governo democrático e participativo, que pede a participação de todos os escalões da sociedade.

Como o senhor vê o contexto regional para seu projeto?
Nós acreditamos que ele favorecerá a entrada do Paraguai na dinâmica de uma mudança real no país para que não sejamos uma ilha nem um oásis na conjuntura regional. Os governos de Brasil, Argentina e, sobretudo, Uruguai, para formar o Mercosul, precisamos dessa comunhão de exercício do poder e do fortalecimento democrático da região. Todos estamos saindo, alguns há mais tempo do que outros, das ditaduras ferrenhas das décadas de 60, 70 e 80... Nós fomos os últimos a sair dela. Marcou também um medo, uma apatia da participação cidadã, mas creio que hoje nos colocamos à altura dos acontecimentos e acreditamos que nas próximas eleições haverá um alto índice de participação, o que lhe confere legitimidade e legalidade aos candidatos eleitos.

Qual é o balanço de sua recente visita ao Brasil?
Em primeiro lugar, fomos a Brasília simplesmente como cidadãos paraguaios e também como candidatos à Presidência da república do Paraguai. Agradecemos o gesto do presidente Lula que teve a cortesia de nos receber e ainda mais de abordar temas de interesse comum, dentre os quais, sem dúvida alguma, ressalta os temas dos "brasiguaios", de Ciudad de Leste, da tríplice fronteira de Itaipu, do comércio, da integração do Mercosul. Durante pouco mais de uma hora de diálogo, no qual também estiveram presentes o chanceler Celso Amorim e o conselheiro Marco Aurélio Garcia, tivemos um marco de exemplo de respeito, de cordialidade, de um diálogo aberto e franco como creio devem ser as relações entre países irmãos.

Em que consistem suas demandas acerca da hidroelétrica de Itaipu?
Em primeiro lugar, há um tratado, o tratado de Foz do Iguaçu, assinado pelos chanceleres de Brasil e Paraguai em 1966. Neste tratado, afirma-se taxativamente que o preço da energia que um país vende a outro deve ser um preço justo. Nós achamos que o preço que o Brasil está pagando agora não é um preço justo, senão um preço de custo. Queremos que seja um preço de acordo com o mercado, e é uma das grandes reivindicações. Se conseguirmos isso, mudará substancialmente a economia paraguaia, independentemente da utilização dessa energia. O Paraguai não pode continuar um país agrário, um país pecuário, tem que tornar-se um país hidroelétrico, um país industrial.

O senhor acha que o presidente Lula poderá fazer concessões, considerando as fortes pressões internas contra ele?
Eu acho que sim. O próprio Lula disse que o Brasil não pode pensar em seu crescimento econômico às custas da pobreza de seus vizinhos. Nós admiramos muito todas as políticas sociais que tem o Brasil. Isto é precisamente o que queremos também para o nosso país. Aqui há um déficit muito alto de políticas públicas e sociais, e queremos pelo menos resolver parte disso. Acho que um preço justo para a energia de Itaipu pode nos ajudar.

Quais são os pontos centrais de seu programa de governo?
Aqui há um déficit de quase 400 mil moradias. Há um déficit na reforma agrária, que nunca foi feita de fato. Um sistema universal de saúde, o tema da reforma educacional que tem que preparar uma geração de fontes de trabalho, as vias de comunicação como obra de infra-estrutura, isso são os cinco grandes eixos que fundamentalmente nos preocupam.

O Paraguai tem margem de manobra para desgrudar-se um pouco do modelo agrícola baseado no cultivo da soja, que trouxe tanta miséria aos pequenos agricultores?
O programa do cultivo da soja é importante para o governo do Paraguai porque é a primeira fonte de investimentos na exportação, mas não quer dizer que seja o único modelo. Acreditamos que não é incompatível com a economia familiar camponesa de pequenas posses que podem associar-se em cooperativas para retirar crédito de seu trabalho e de sua produção.

Como vocês pretendem combater o risco de uma fraude eleitoral?
Historicamente, no Paraguai quase não houve eleições limpas. Há uma grande dúvida e desconfiança no Superior Tribunal de Justiça Eleitoral, mas para combater isso há um sistema que estamos elaborando, um sistema de controle eleitoral bastante eficiente até agora, e creio que isso terá seus resultados e o 20 de abril será uma grande jornada cívica, limpa e transparente que possa garantir a legitimidade das autoridades eleitas.

Quão fácil será governar depois de uma vitória? Existe o perigo de que, como acontece hoje na Bolívia, grupos poderosos possam bloquear o avanço social que os senhores propõem?
Nossos programas não são radicais, são racionais. Estamos trabalhando na formação e no fortalecimento da unidade na diversidade, num pluralismo saudável também dentro das forças democráticas que formam a Aliança. Creio que os princípios de um nacionalismo saudável, de pôr o país em primeiro lugar, de uma reativação econômica unificada com eqüidade social são os que primarão e facilitarão a governabilidade.

Terra Magazine

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 3:57 pm
por Edu Lopes
Eu também acho que esse contrato tem que ser revisto.

O Paraguai não entrou com um centavinho sequer para a construção de Itaipu, a obra foi bancada pelo Brasil. Então por que a energia gerada é dividida meio a meio? Eles deveriam ficar com apenas 20% - e olhe lá - e o resto teria que vir para cá.

Mesmo com parte da usina em território paraguaio não se justifica eles levarem de lambuja 50% de uma energia pela qual não pagaram um guarani sequer.

E ainda querem cobrar da gente.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 4:45 pm
por joao fernando
É tudo papo: basta fechar as fronteiras com a muamba, que em 1 semana eles religam o disjuntor.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 5:03 pm
por talharim
E o Brasil vai permitir ficar 1 semana metade das industrias do pais sem energia ?

Se isso acontecer o presidente merece um impeachment no mínimo e o pessoal do CNI tem que se reunir e dar uma surra de xicote no meio da rua nessa corja do PT.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 5:41 pm
por joao fernando
Talha veio, existe um plano de contingencia do exercito, do lado brasileiro vc consegue passar para o lado paraguaio sem problemas. Tudo para o caso de alguma "sabotagem" para apagar o Sudeste.

O duro é saber se o exercito vai conseguir por o plano em pratica... :cry:

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 5:58 pm
por douglas_bc
joao fernando escreveu:Talha veio, existe um plano de contingencia do exercito, do lado brasileiro vc consegue passar para o lado paraguaio sem problemas. Tudo para o caso de alguma "sabotagem" para apagar o Sudeste.

O duro é saber se o exercito vai conseguir por o plano em pratica... :cry:
Acredito que a questão não é nem "conseguir colocar o plano em prática", pra mim o ponto chave é que o molusco não tem culhões para mandar o EB fazer isso.
A gente ve o que o MST e a Via campesina, bem como a bolivia, fez e fazem.

NÃO HÁ REAÇÃO.

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 6:13 pm
por joao fernando
É, mas vcs viram o general Heleno dizendo que ele invade se for preciso?

Aquele gesto dele, ao meu ver, não depende muito não de uma ordem superior: ameaçou, vai te resposta.

Ou o Heleno mesmo não tem culhão e deixaria o negocio pegar fogo e ele ali quietinho???

Ps - Antes que alguem me diga que a parte do Heleno é "um pouco mais ao norte" e o Paraguai fica mais ao sul, enfatizo que um ato desses não depende a vontade no Molusco. Mas da propria existencia das FA´s em manter a segurança nacional.

Estou certo ou viajando??? :oops:

Re: Jornal paraguaio chama Brasil de 'imperialista e explorador'

Enviado: Ter Abr 15, 2008 6:35 pm
por rodrigo
Acredito que a questão não é nem "conseguir colocar o plano em prática", pra mim o ponto chave é que o molusco não tem culhões para mandar o EB fazer isso.
Essa é a questão central. O Brasil que f..da, quem manda é a ideologia.
É, mas vcs viram o general Heleno dizendo que ele invade se for preciso?

Aquele gesto dele, ao meu ver, não depende muito não de uma ordem superior: ameaçou, vai te resposta.

Ou o Heleno mesmo não tem culhão e deixaria o negocio pegar fogo e ele ali quietinho???
Não existe possibilidade de atuação independente das Forças Armadas. Só em caso de golpe. Quem vai dar o golpe? O Brasil vai levar mais essa trolha. No caso do gás ainda existiam alternativas, a parte elétrica podia ser substituída e os carros podiam andar com gasolina e álcool. Agora, com a energia de Itaipú, como fica. Estamos falando da principal central elétrica do país, Sul e Sudeste são totalmente dependentes da usina.