Wolfgang escreveu:Lula afirma que decisão sobre caças para FAB é política
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro nesta sexta-feira que será política a decisão final sobre a escolha dos caças para reequipar a Força Aérea Brasileira.
"A FAB, ela tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação, ela vai fazer e eu preciso que ela faça. Agora, a decisão é política e estratégica e essa é do presidente da República e de ninguém mais", disse Lula a jornalistas, em Pernambuco.
"Temos muito tempo para discutir porque eu não tenho obrigação de decidir amanhã, depois de amanhã, o ano que vem. Eu decido quando eu quiser", concluiu.
Alguns dirão que, em mais um momento de ira ou impaciência, nosso presidente falou impensadamente, sem medir as consequências, etc. Entendo que análises assim se traduzem como precipitações ou forma de praticar política anti-governo.
Quando o presidente Lula deu aquela declaração juntamente com o presidente Sarkozy no domingo passado, o mesmo foi dito. Claro, a "necessidade" em informar impediu que as questões legais juntas ao processo do FX-2 fossem consideradas, realmente um erro. Porém a nota divulgada pelo MD no dia seguinte visava, de fato, repará-lo. A leitura foi outra, perdeu-se a essência dos acontecimentos e o principal recado dado pelo Presidente.
Este texto postado pelo Fábio e pelo Marino não representa novidade alguma. O Presidente disse absolutamente de forma clara que a decisão é política e que, quem decide e na hora que quiser, é justamente ele, o próprio Lula.
E por que não há novidade?
Não há novidade simplesmente porque foi exatamente isso que o presidente Lula disse, ao lado de seu colega Sarkozy, no último domingo. Aquele ato, aquela declaração, em linguagem política e com ar diplomático, diz exatamente o que ele precisou traduzir nesta última declaração.
E por que o Presidente precisou ser tão claro assim?
Simples, realmente simples. A imprensa afirmou com todas as letras que a nota do MD desmentia descaradamente as declarações do Presidente. Certos segmentos da imprensa chegaram a dizer que foi por pressão da própria FAB, insatisfeita com a possível escolha do Rafale, que tiveram que voltar atrás.
Pura ingenuidade...
Primeiro, que o Cmd. Saito estava reunido com o ministro NJ para analisar a proposta francesa; e isto foi divulgado aqui no DB, se não engano, através da matéria do Luís Nassif. Segundo porque dias depois o ministro NJ voltou a falar, no mesmo tom habitual, sobre os franceses e suas propostas, além de não desmentir as falas do Presidente fez questão de dizer a mesmíssima coisa, ou seja, novamente os discursos se afinaram. Terceiro, a entrevista do Cmd. Saito, postada aqui, também deixa claríssimo que ele sabia da negociação com os franceses (claro, estava lá!), não negou nada do que foi dito e terminou dizendo apenas não saber (se o Rafale realmente ganhou ou não). Estas falas do Saito são reveladoras, ele deixou claro que a decisão será política e ponto. Porém sugeriu algum descontentamento por isso --- "por isso" deve ser entendido por ser a decisão de natureza política, ou seja, perda de poder pela Força; --- nada sugere descontentamento pelo fato do caça não ser o desejado ou coisa semelhante, se fosse assim, a cabeça teria rolado).
Realmente o presidente Lula precisava dar tal declaração se ele já tinha dito a mesma coisa?
Claro que sim, quase uma obrigação. Não existe unanimidade sobre a escolha dos caças, muitos se sentiram feridos por isso, portanto abriu-se espaço para lobby e para os descontentes reclamarem. Vários disseram por aí, via imprensa, que os militares ficaram putos e ofendidos. Quais militares??? Realmente isso aconteceu e as coisas poderiam piorar e muito se não houvesse um enquadramento formal e público. Foi isso que o presidente Lula fez, demonstrou claramente que existe uma hierarquia a ser seguida e obedecida (acima de tudo); fez questão de dizer que a decisão será política e não técnica (para que não restassem dúvidas); enquadrou do soldado raso até o mais importante de seus ministros; deixou claríssimo que esta decisão é prerrogativa do presidente da República e que ele não abriria mão disso; deixou muito claro que o prazo para se anunciar o vencedor será escolhido por ele e ninguém mais (ou seja, as datas apregoadas por aí, que dizem ser da FAB, não fazem o menor sentido para o Presidente).
Tudo isso serve como resposta a principal pergunta feita pelo Túlio neste fórum: este País tem Presidente? A resposta veio de forma clara, parecendo que para responder ao Túlio e que foi um sonoro SIM!!! Botou-se ordem na casa. Aos descontentes restam duas opções: pedir o pijama ou mudar os discursos/comportamento. Um país que pretende ser, precisa antes de tudo ter um presidente; mostrou-se que existe um de fato e de direito, gostemos ou não disso.
Esta declaração deixa muito claro também que houve respostas formais e públicas àqueles que taxaram de palhaçada as atitudes do Presidente. Este foi o gesto mais singelo e sutil das falas do Presidente, ou seja, ele enquadrou mais gente do que seus subordinados diretos, houve um enquadramento geral, mas não autoritário. Não autoritário simplesmente porque isso é prerrogativa do presidente do País e prevista em Lei, ele não inventou isso, apenas fez uso que poucos tiveram coragem para fazer, visto preferir a média do que a exposição (FHC???).
Para encerrar, afirmou: não sou do Governo, não sou filiado a nenhum partido, não faço defesa ou lobby para lado algum, apenas sou um infeliz que insiste dizer o que pensa. Se por um lado o ministro NJ é o "primeiro" ministro da Defesa deste País, por outro pode-se dizer que o presidente Lula é o primeiro presidente a dar o mínimo valor e respeito à defesa e às FFAA. Reclamar dos dois é cair no ridículo (falo sobre o assunto em particular e nenhum outro mais), visto que nunca tivemos algo próximo do que se desenha; que as FFAA se lembrem eternamente desta fase para ter que se esquecer dos acontecidos (ou falta de) no governo FHC. Basta comparar e nada mais.
Saravá meu Pai Xangô (= Orixá da Justiça),
Orestes