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- Skyway
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Re: NOTÍCIAS
Site Defesa Brasil - Notícias do dia 16/04/2010
AH-2 Sabre será apresentado dia 17 - http://tinyurl.com/y53nyjr
Brasil, Índia e África do Sul vão construir 2 satélites - http://tinyurl.com/y46kn9g
Ajuda ao Chile - http://tinyurl.com/y5fs86g
Aeronáutica mudou parecer para ter caça mais barato - http://tinyurl.com/y6zbxoj
Novo cargueiro cria oportunidades no segmento de defesa - http://tinyurl.com/y3qd7ja
Jobim contesta Alencar sobre bomba iraniana - http://tinyurl.com/y3z7av9
Granada explode em treinamento e deixa 5 militares do Exército feridos no Acre - http://tinyurl.com/y69oepx
Bom dia a todos!
AH-2 Sabre será apresentado dia 17 - http://tinyurl.com/y53nyjr
Brasil, Índia e África do Sul vão construir 2 satélites - http://tinyurl.com/y46kn9g
Ajuda ao Chile - http://tinyurl.com/y5fs86g
Aeronáutica mudou parecer para ter caça mais barato - http://tinyurl.com/y6zbxoj
Novo cargueiro cria oportunidades no segmento de defesa - http://tinyurl.com/y3qd7ja
Jobim contesta Alencar sobre bomba iraniana - http://tinyurl.com/y3z7av9
Granada explode em treinamento e deixa 5 militares do Exército feridos no Acre - http://tinyurl.com/y69oepx
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AD ASTRA PER ASPERA
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Re: NOTÍCIAS
terra.com.br
Caça francês será testado no Kuwait em meio a polêmica
18 de abril de 2010
O Kuwait vai testar os caças franceses Rafale em junho antes de tomar uma decisão final sobre a compra da aeronave, anunciou neste domingo o porta-voz do governo, Mohammad al-Bassiri, após uma reunião no Parlamento da qual participou o ministro da Defesa. "O ministro da Defesa declarou aos deputados que a transação ainda está em estágio preliminar e que o ministério realizará avaliações técnicas", acrescentou o porta-voz.
Vários deputados da oposição haviam ameaçado na semana passada submeter o primeiro-ministro ou o ministro da Defesa a uma audiência parlamentar se o contrato de milhões de dólares fosse assinado. Os deputados haviam afirmado que a avaliação técnica dos Rafale feita pela Aeronáutica kuwaitiana tinha sido negativa, pois as aeronaves não apresentam avanços tecnológicos e seu preço é alto.
O projeto de compra pelo emirado de 28 aviões Rafale foi mencionado esta semana durante um encontro entre o presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro do Kuwait, Nasser Mohammed al-Ahmed al-Sabah, em visita a Paris. No Brasil, o Rafale, da francesa Dassault, é considerado por muitos o favorito na disputa por um contrato de vários bilhões de dólares para a venda de 36 aeronaves com o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing, e com o Gripen NG, da sueca Saab.
Caça francês será testado no Kuwait em meio a polêmica
18 de abril de 2010
O Kuwait vai testar os caças franceses Rafale em junho antes de tomar uma decisão final sobre a compra da aeronave, anunciou neste domingo o porta-voz do governo, Mohammad al-Bassiri, após uma reunião no Parlamento da qual participou o ministro da Defesa. "O ministro da Defesa declarou aos deputados que a transação ainda está em estágio preliminar e que o ministério realizará avaliações técnicas", acrescentou o porta-voz.
Vários deputados da oposição haviam ameaçado na semana passada submeter o primeiro-ministro ou o ministro da Defesa a uma audiência parlamentar se o contrato de milhões de dólares fosse assinado. Os deputados haviam afirmado que a avaliação técnica dos Rafale feita pela Aeronáutica kuwaitiana tinha sido negativa, pois as aeronaves não apresentam avanços tecnológicos e seu preço é alto.
O projeto de compra pelo emirado de 28 aviões Rafale foi mencionado esta semana durante um encontro entre o presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro do Kuwait, Nasser Mohammed al-Ahmed al-Sabah, em visita a Paris. No Brasil, o Rafale, da francesa Dassault, é considerado por muitos o favorito na disputa por um contrato de vários bilhões de dólares para a venda de 36 aeronaves com o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing, e com o Gripen NG, da sueca Saab.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
- suntsé
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Re: NOTÍCIAS
Ainda bem que o Presidente e o Ministri da Defesa não vai pela cabeça da FAB para escolher o novo caça. Porque aceitar a colera dos EUA só por que é mais "barata" é o fim da picada.
- Strike
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Re: NOTÍCIAS
Colaboração Brasil - Índia na Área de Defesa
A declaração conjunta Brasil-Índia a assinada pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e o o Primeiro-Ministro da República da Índia, Dr. Manmohan Singh, no dia 15 de Abril de 2010, traz um interessante e enigmático tópico . Os dois Mandatários mantiveram encontro bilateral e reuniram-se, igualmente, por ocasião da IV Cúpula do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e da II Cúpula do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), em 15 de abril.
8. Os dois Chefes de Governo manifestaram satisfação pela atual cooperação bilateral no setor de Defesa. Saudaram a indicação dos Adidos Militares em suas respectivas Missões Diplomáticas, no Brasil e na Índia. Registraram o aprofundamento dos contatos entre a EMBRAER e a DRDO com vistas ao desenvolvimento conjunto de aeronaves militares de alta tecnologia. Destacaram que a recente visita à Índia, realizada em março último, pelo Ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, abriu oportunidades para cooperação reforçada em Defesa, particularmente na área de produção, pesquisa e desenvolvimento conjuntos. Ambos os Mandatários saudaram a decisão de sediar, na Índia, a I Reunião do Comitê Conjunto de Defesa Brasil-Índia neste ano, em data a ser definida.
Clique na foto para melhor resolução
A colaboração Brasil-Índia na área de defesa tem progredido muito lentamente. Sendo a mais abrangente no momento o desenvolvimento da versão de alerta antecipada baseada no EMB145 integrando o radar que está sendo desenvolvido pela organização indiana DRDO/CABS.
A foto acima foi apresentada pelo Orlando José Ferreira Neto, Vice-Presidente Executivo da Embraer para o Mercado de Defesa e Governo durante a FIDAE.
O sistema tem como característica mais interessantes:
- Radares primários e secundários desenvolvidos péla Índia
- SATCOM ( Comunicação por Satélite)
- COMINT /ELINT ( Comunications Intelligence - Electronic Intelligence)
- Sistemas de Contrramedidas
Na plataforma foram aperfeiçoados / incorporados:
- Lança de reabastecimento em voo
- Novo sistema de geração elétrico
- Novo sistema de refrigeração
O contrato foi assinado em 2008 e a primeira entrega das tres unidades contratas é prevista para 2011.
Mais enigmático foi a viagem do Ministro Jobim à Índia cujos resultados até o momento não foram publicados.
Link:http://www.defesanet.com.br/india1/drdo.htm
A declaração conjunta Brasil-Índia a assinada pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e o o Primeiro-Ministro da República da Índia, Dr. Manmohan Singh, no dia 15 de Abril de 2010, traz um interessante e enigmático tópico . Os dois Mandatários mantiveram encontro bilateral e reuniram-se, igualmente, por ocasião da IV Cúpula do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e da II Cúpula do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), em 15 de abril.
8. Os dois Chefes de Governo manifestaram satisfação pela atual cooperação bilateral no setor de Defesa. Saudaram a indicação dos Adidos Militares em suas respectivas Missões Diplomáticas, no Brasil e na Índia. Registraram o aprofundamento dos contatos entre a EMBRAER e a DRDO com vistas ao desenvolvimento conjunto de aeronaves militares de alta tecnologia. Destacaram que a recente visita à Índia, realizada em março último, pelo Ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, abriu oportunidades para cooperação reforçada em Defesa, particularmente na área de produção, pesquisa e desenvolvimento conjuntos. Ambos os Mandatários saudaram a decisão de sediar, na Índia, a I Reunião do Comitê Conjunto de Defesa Brasil-Índia neste ano, em data a ser definida.
Clique na foto para melhor resolução
A colaboração Brasil-Índia na área de defesa tem progredido muito lentamente. Sendo a mais abrangente no momento o desenvolvimento da versão de alerta antecipada baseada no EMB145 integrando o radar que está sendo desenvolvido pela organização indiana DRDO/CABS.
A foto acima foi apresentada pelo Orlando José Ferreira Neto, Vice-Presidente Executivo da Embraer para o Mercado de Defesa e Governo durante a FIDAE.
O sistema tem como característica mais interessantes:
- Radares primários e secundários desenvolvidos péla Índia
- SATCOM ( Comunicação por Satélite)
- COMINT /ELINT ( Comunications Intelligence - Electronic Intelligence)
- Sistemas de Contrramedidas
Na plataforma foram aperfeiçoados / incorporados:
- Lança de reabastecimento em voo
- Novo sistema de geração elétrico
- Novo sistema de refrigeração
O contrato foi assinado em 2008 e a primeira entrega das tres unidades contratas é prevista para 2011.
Mais enigmático foi a viagem do Ministro Jobim à Índia cujos resultados até o momento não foram publicados.
Link:http://www.defesanet.com.br/india1/drdo.htm
Brava Gente Brasileira ..!
- Marino
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Re: NOTÍCIAS
Por qual motivo não abateu?
=========================================
Nota à imprensa: FAB aplica tiro de aviso em aeronave suspeita
Hoje, 18 de abril, aproximadamente às 11h50, durante a realização de Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo, aviões de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) realizaram Tiro de Aviso sobre uma aeronave, com matrícula do Paraguai, que realizava voo suspeito no espaço aéreo brasileiro.
Essa medida, que antecede o Tiro de Destruição, foi aplicada em virtude de a tripulação da aeronave não obedecer aos procedimentos previstos nas Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo Brasileiro, ou seja, realizar o pouso imediato em aeródromo brasileiro para averiguação. Na verdade, a aeronave suspeita optou por fugir pela fronteira do Brasil com a Argentina em voo a baixa altura.
O Comando da Aeronáutica ressalta que são duas as situações em que uma aeronave pode ser considerada suspeita no espaço aéreo brasileiro:
a) a que entrar em território nacional, sem plano de voo aprovado, oriunda de regiões reconhecidamente fontes de produção ou distribuição de drogas ilícitas; ou
b) a que omitir aos órgãos de controle de tráfego aéreo informações necessárias à sua identificação, ou não cumprir determinações dessas mesmas autoridades, caso esteja trafegando em rota presumivelmente utilizada na distribuição de drogas ilícitas.
Brasília, 18 de abril de 2010.
Jorge Antônio Araújo Amaral - Cel Av
Chefe inteirino do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
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Nota à imprensa: FAB aplica tiro de aviso em aeronave suspeita
Hoje, 18 de abril, aproximadamente às 11h50, durante a realização de Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo, aviões de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) realizaram Tiro de Aviso sobre uma aeronave, com matrícula do Paraguai, que realizava voo suspeito no espaço aéreo brasileiro.
Essa medida, que antecede o Tiro de Destruição, foi aplicada em virtude de a tripulação da aeronave não obedecer aos procedimentos previstos nas Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo Brasileiro, ou seja, realizar o pouso imediato em aeródromo brasileiro para averiguação. Na verdade, a aeronave suspeita optou por fugir pela fronteira do Brasil com a Argentina em voo a baixa altura.
O Comando da Aeronáutica ressalta que são duas as situações em que uma aeronave pode ser considerada suspeita no espaço aéreo brasileiro:
a) a que entrar em território nacional, sem plano de voo aprovado, oriunda de regiões reconhecidamente fontes de produção ou distribuição de drogas ilícitas; ou
b) a que omitir aos órgãos de controle de tráfego aéreo informações necessárias à sua identificação, ou não cumprir determinações dessas mesmas autoridades, caso esteja trafegando em rota presumivelmente utilizada na distribuição de drogas ilícitas.
Brasília, 18 de abril de 2010.
Jorge Antônio Araújo Amaral - Cel Av
Chefe inteirino do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Gerson Victorio
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Re: NOTÍCIAS
Marino,
todo piloto tem C....se ele atira e derruba matando todo mundo, OAB, VIVA RIO, CNBB, MST e outros...iam fazer passeatas e tal...é aquela estória.....o "Brasil é da paz".
****Talvez não houve tempo hábil para a última ordem.
Gerson
todo piloto tem C....se ele atira e derruba matando todo mundo, OAB, VIVA RIO, CNBB, MST e outros...iam fazer passeatas e tal...é aquela estória.....o "Brasil é da paz".
****Talvez não houve tempo hábil para a última ordem.
Gerson
de volta a Campo Grande - MS.
- Bolovo
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Re: NOTÍCIAS
Cara, o 145 decola com aquele monte de coisa pendurada?!
E vamos averiguar melhor esse caso da lei do abate. Será que teve videozinho??!
E vamos averiguar melhor esse caso da lei do abate. Será que teve videozinho??!
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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- Juliano Lisboa
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Re: NOTÍCIAS
Amigos, achei essa entrevista bem pertinente. Muitos mitos sobre a eleição vão por terra.
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda"
O ministro diz que projetos estratégicos na área militar terão continuidade no próximo governo
EUMANO SILVA
O ministro da defesa, Nelson Jobim, desfruta uma situação única no governo Lula. Homem de confiança do presidente numa das áreas mais sensíveis da Esplanada, Jobim mantém estreitas relações com o candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB). A dupla militância permite a previsão de que, em assuntos de Defesa, o Brasil manterá as diretrizes atuais caso a eleição seja vencida por Serra ou pela ex-ministra Dilma Rousseff. “Fiz reuniões com PT, PMDB, DEM e com o ex-presidente Fernando Henrique”, diz Jobim, ao explicar as mudanças na área militar, como a subordinação ao poder civil, aprovadas no Congresso. Nesta entrevista a ÉPOCA, Jobim faz um balanço dos acordos internacionais do país e das medidas para tentar organizar a aviação no Brasil.
ÉPOCA – Como vai ficar a defesa nacional do Brasil no futuro?
Nelson Jobim – Os políticos e os governos civis viam a defesa com certa distância. Na época da Constituinte, a defesa se confundia com repressão política. Com isso, militares tinham de tomar certas decisões que, a rigor, eram decisões de governo civil. Exemplo: quais as hipóteses de emprego (das Forças Armadas) que politicamente interessam ao país? Isso é um misto de política internacional com defesa. Cabe ao poder civil definir o que os militares devem fazer em termos de defesa. Os militares decidem a parte operacional.
ÉPOCA – Isso aconteceu no governo Lula?
Jobim – Tudo é um processo. Não acontece assim, bum! Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, nas condições possíveis naquele momento. No governo Lula, avançou-se um pouco no início, com o ministro Viegas (José Viegas, primeiro ministro da Defesa de Lula). Os avanços mais doutrinários são consolidados pelo vice-presidente (José Alencar) que o sucedeu e, depois, pelo Waldir Pires. Quando assumi, decidi que precisávamos realizar uma mudança de concepção para dar mais musculatura ao Ministério da Defesa.
ÉPOCA – Como assim?
Jobim – O orçamento, por exemplo. Antes, as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) se acertavam entre si dentro do limite fixado pelo Ministério do Planejamento. O ministro (da Defesa) não tinha participação. Também foi aprovado na Câmara o projeto de alteração da Lei Complementar nº 97. O Estado-Maior de Defesa passa a ser o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será chefiado por um oficial de quatro estrelas escolhido pelo presidente, indicado pelo ministro da Defesa. Vai ter a mesma precedência dos comandantes de Força. Ao assumir, vai para a reserva. Hoje, ele volta para a Força de origem.
ÉPOCA – Qual é o problema?
Jobim – Dá constrangimentos. Às vezes, precisa tomar decisão contrária ao interesse da Força de origem e tem dificuldade. Outra mudança é na política de compras, que hoje é fixada pelas Forças, mas será fixada pelo ministério em função do que o poder civil considera relevante. Precisamos de monitoramento e controle, mobilidade e presença. O monitoramento deve ser feito, por satélite, na Amazônia Legal e na Plataforma Continental, onde o Brasil tem soberania.
ÉPOCA – São planos de longo prazo?
Jobim – Ah, uns 20 anos...
ÉPOCA – O senhor, então, não espera grandes mudanças se o próximo presidente for Dilma Rousseff ou José Serra?
Jobim – Eu não espero.
ÉPOCA – A Defesa está acima das questões políticas?
Jobim – Tudo que estou falando foi discutido com todos os partidos. Fiz reuniões com o PT, o PMDB e com o DEM. Fui ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estava cheio de gente lá, todos os ministros dele, todos meus colegas, e várias outras pessoas, intelectuais também.
ÉPOCA – Não há ideologia nessa área?
Jobim – Eu quis descolar, mostrar que não é um programa do governo. É um programa do Estado.
ÉPOCA – O que mais mudou?
Jobim – Tem uma mudança doutrinária. Saímos do conceito de operações combinadas para o conceito de operações conjuntas. Na combinada, cada Força tem seu comando próprio. Na conjunta, tem um comando só para as três Forças. O comandante da operação vai depender do teatro de operações. Se for a Amazônia, o comandante da operação vai ser do Exército. Se for no mar, vai ser um almirante.
ÉPOCA – O que, de fato, interessa ao Brasil em termos de defesa?
Jobim – O Brasil não é um país com pretensões territoriais, não vamos atacar ninguém. Então, devemos ter um poder dissuasório. Temos três coisas fundamentais. Uma é energia, que tem o pré-sal e também energia alternativa, energia limpa, entre elas a energia nuclear. Segundo, o Brasil tem as maiores reservas de água potável do mundo: a Amazônia e o Aquífero Guarani. E, terceiro, temos a maior produção de grãos. São coisas que, progressivamente, o mundo vai demandar mais.
ÉPOCA – Na América do Sul, quais são as maiores preocupações?
Jobim – A estabilidade política e econômica. Quanto mais desenvolvido o país, mais estável será. Quando o Brasil paga mais pelo excedente de energia elétrica do Paraguai, ajuda a criar condições para que o Paraguai se estabilize. Um país que tem a dimensão do nosso não pode botar o pé em cima dos outros.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre a relação do Brasil com a Venezuela?
Jobim – É boa. A Venezuela viveu sempre do óleo. A elite se apropriou dessa riqueza e não investiu no país. Ficou um conjunto de pessoas muito pobres. Aí, surgiu o presidente Hugo Chávez, que lidera esse setor. Está conseguindo avançar. Agora, o Chávez é um homem, digamos, de uma retórica forte. Isso não atrapalha. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência. Boa sorte à Venezuela.
ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
ÉPOCA – O Irã é o maior ponto de divergência entre Brasil e Estados Unidos?
Jobim – A posição do presidente Obama não é nesse sentido. Há setores nos EUA, principalmente no governo Bush, que demonizam o islã. O islã é pacífico. A posição do Brasil é assegurar a legitimidade do enriquecimento do urânio para fins pacíficos. Nós temos tecnologia para isso e temos urânio. Ainda precisamos completar a parte industrial.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares?
Jobim – É assimétrico. Divide os países em nucleares e não nucleares. Os nucleares assumiram compromisso de reduzir as armas e transferir tecnologia nuclear com fins pacíficos para os não nucleares. Não fizeram nem uma coisa nem outra. O Brasil só desenvolveu tecnologia de urânio com luta própria, com cientistas militares brasileiros.
ÉPOCA – Quais são os interesses do Brasil na área de defesa em Israel?
Jobim – Temos interesses em Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vatns, para fazer monitoramento. Algumas empresas israelenses produzem. Estou examinando a possibilidade de produzirmos no Brasil, com uma empresa brasileira associada a uma israelense.
ÉPOCA – E a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se resolve?
Jobim – Pretendo terminar em abril uma exposição de motivos para o presidente, com uma opção. O presidente convoca o Conselho de Defesa Nacional, que emite um parecer e, aí, o presidente decide.
ÉPOCA – Como estão as buscas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia?
Jobim – A segunda etapa já começou.
ÉPOCA – A irmã de um guerrilheiro desaparecido encontrou ossadas. Isso ajuda?
Jobim – Sim. Qualquer pessoa que encontrar ossos tem de chamar a polícia e identificar. Se isso estiver no âmbito de execução da sentença penal que estamos cumprindo com as buscas, vamos ter de aproveitar isso. Não há um conflito.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado para resolver o caos aéreo do Brasil. Considera a missão cumprida?
Jobim – Vou falar o que fizemos. A primeira medida foi substituir a direção da Infraero, despartidarizar. Formulamos a Política Nacional de Aviação Civil. Ela foi aprovada. Pretendemos oferecer um tratamento diferente para a aviação regional. Vamos enviar um projeto de lei ao Congresso. Em 2005, instituímos liberdade de rota e liberdade tarifária. Esse sistema funciona para a aviação doméstica, mas não para a regional, que precisa de estímulos. Vamos investir nos aeroportos regionais.
ÉPOCA – Nossa estrutura de aeroportos estará preparada para as Olimpíadas do Rio em 2016?
Jobim – Sim. Tem um calendário da Infraero para as obras necessárias. Temos um crescimento anual médio de 10% na aviação civil. Na Copa do Mundo, terá um aumento de 2% em dois meses. Mas nossa preocupação não é só com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem muito mais gente viajando, os preços caíram. Em 2002, o quilômetro voado custava R$ 0,71. Em 2009, custa R$ 0,49.
ÉPOCA – E em relação aos passageiros?
Jobim – Incentivamos uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre a responsabilidade das empresas em relação a atrasos, overbooking. É o que a Anac podia fazer dentro da legislação. Paralelamente, nós mandamos para o Congresso um projeto que cria um dever de indenização por parte das empresas se os atrasos forem devidos a qualquer agente. Se o atraso for decorrente da Infraero, a empresa se ressarce do que entregou ao passageiro.
ÉPOCA – E se for culpa da meteorologia?
Jobim – Nesse caso, não tem ressarcimento.
ÉPOCA – Dá trabalho ser ministro da Defesa?
Jobim – Na época das demissões da Infraero, recebi críticas de amigos meus porque eu demiti pessoas indicadas por eles. Fiz exatamente o que eu precisava fazer. Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... +MUDA.html
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda"
O ministro diz que projetos estratégicos na área militar terão continuidade no próximo governo
EUMANO SILVA
O ministro da defesa, Nelson Jobim, desfruta uma situação única no governo Lula. Homem de confiança do presidente numa das áreas mais sensíveis da Esplanada, Jobim mantém estreitas relações com o candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB). A dupla militância permite a previsão de que, em assuntos de Defesa, o Brasil manterá as diretrizes atuais caso a eleição seja vencida por Serra ou pela ex-ministra Dilma Rousseff. “Fiz reuniões com PT, PMDB, DEM e com o ex-presidente Fernando Henrique”, diz Jobim, ao explicar as mudanças na área militar, como a subordinação ao poder civil, aprovadas no Congresso. Nesta entrevista a ÉPOCA, Jobim faz um balanço dos acordos internacionais do país e das medidas para tentar organizar a aviação no Brasil.
ÉPOCA – Como vai ficar a defesa nacional do Brasil no futuro?
Nelson Jobim – Os políticos e os governos civis viam a defesa com certa distância. Na época da Constituinte, a defesa se confundia com repressão política. Com isso, militares tinham de tomar certas decisões que, a rigor, eram decisões de governo civil. Exemplo: quais as hipóteses de emprego (das Forças Armadas) que politicamente interessam ao país? Isso é um misto de política internacional com defesa. Cabe ao poder civil definir o que os militares devem fazer em termos de defesa. Os militares decidem a parte operacional.
ÉPOCA – Isso aconteceu no governo Lula?
Jobim – Tudo é um processo. Não acontece assim, bum! Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, nas condições possíveis naquele momento. No governo Lula, avançou-se um pouco no início, com o ministro Viegas (José Viegas, primeiro ministro da Defesa de Lula). Os avanços mais doutrinários são consolidados pelo vice-presidente (José Alencar) que o sucedeu e, depois, pelo Waldir Pires. Quando assumi, decidi que precisávamos realizar uma mudança de concepção para dar mais musculatura ao Ministério da Defesa.
ÉPOCA – Como assim?
Jobim – O orçamento, por exemplo. Antes, as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) se acertavam entre si dentro do limite fixado pelo Ministério do Planejamento. O ministro (da Defesa) não tinha participação. Também foi aprovado na Câmara o projeto de alteração da Lei Complementar nº 97. O Estado-Maior de Defesa passa a ser o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será chefiado por um oficial de quatro estrelas escolhido pelo presidente, indicado pelo ministro da Defesa. Vai ter a mesma precedência dos comandantes de Força. Ao assumir, vai para a reserva. Hoje, ele volta para a Força de origem.
ÉPOCA – Qual é o problema?
Jobim – Dá constrangimentos. Às vezes, precisa tomar decisão contrária ao interesse da Força de origem e tem dificuldade. Outra mudança é na política de compras, que hoje é fixada pelas Forças, mas será fixada pelo ministério em função do que o poder civil considera relevante. Precisamos de monitoramento e controle, mobilidade e presença. O monitoramento deve ser feito, por satélite, na Amazônia Legal e na Plataforma Continental, onde o Brasil tem soberania.
ÉPOCA – São planos de longo prazo?
Jobim – Ah, uns 20 anos...
ÉPOCA – O senhor, então, não espera grandes mudanças se o próximo presidente for Dilma Rousseff ou José Serra?
Jobim – Eu não espero.
ÉPOCA – A Defesa está acima das questões políticas?
Jobim – Tudo que estou falando foi discutido com todos os partidos. Fiz reuniões com o PT, o PMDB e com o DEM. Fui ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estava cheio de gente lá, todos os ministros dele, todos meus colegas, e várias outras pessoas, intelectuais também.
ÉPOCA – Não há ideologia nessa área?
Jobim – Eu quis descolar, mostrar que não é um programa do governo. É um programa do Estado.
ÉPOCA – O que mais mudou?
Jobim – Tem uma mudança doutrinária. Saímos do conceito de operações combinadas para o conceito de operações conjuntas. Na combinada, cada Força tem seu comando próprio. Na conjunta, tem um comando só para as três Forças. O comandante da operação vai depender do teatro de operações. Se for a Amazônia, o comandante da operação vai ser do Exército. Se for no mar, vai ser um almirante.
ÉPOCA – O que, de fato, interessa ao Brasil em termos de defesa?
Jobim – O Brasil não é um país com pretensões territoriais, não vamos atacar ninguém. Então, devemos ter um poder dissuasório. Temos três coisas fundamentais. Uma é energia, que tem o pré-sal e também energia alternativa, energia limpa, entre elas a energia nuclear. Segundo, o Brasil tem as maiores reservas de água potável do mundo: a Amazônia e o Aquífero Guarani. E, terceiro, temos a maior produção de grãos. São coisas que, progressivamente, o mundo vai demandar mais.
ÉPOCA – Na América do Sul, quais são as maiores preocupações?
Jobim – A estabilidade política e econômica. Quanto mais desenvolvido o país, mais estável será. Quando o Brasil paga mais pelo excedente de energia elétrica do Paraguai, ajuda a criar condições para que o Paraguai se estabilize. Um país que tem a dimensão do nosso não pode botar o pé em cima dos outros.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre a relação do Brasil com a Venezuela?
Jobim – É boa. A Venezuela viveu sempre do óleo. A elite se apropriou dessa riqueza e não investiu no país. Ficou um conjunto de pessoas muito pobres. Aí, surgiu o presidente Hugo Chávez, que lidera esse setor. Está conseguindo avançar. Agora, o Chávez é um homem, digamos, de uma retórica forte. Isso não atrapalha. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência. Boa sorte à Venezuela.
ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
ÉPOCA – O Irã é o maior ponto de divergência entre Brasil e Estados Unidos?
Jobim – A posição do presidente Obama não é nesse sentido. Há setores nos EUA, principalmente no governo Bush, que demonizam o islã. O islã é pacífico. A posição do Brasil é assegurar a legitimidade do enriquecimento do urânio para fins pacíficos. Nós temos tecnologia para isso e temos urânio. Ainda precisamos completar a parte industrial.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares?
Jobim – É assimétrico. Divide os países em nucleares e não nucleares. Os nucleares assumiram compromisso de reduzir as armas e transferir tecnologia nuclear com fins pacíficos para os não nucleares. Não fizeram nem uma coisa nem outra. O Brasil só desenvolveu tecnologia de urânio com luta própria, com cientistas militares brasileiros.
ÉPOCA – Quais são os interesses do Brasil na área de defesa em Israel?
Jobim – Temos interesses em Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vatns, para fazer monitoramento. Algumas empresas israelenses produzem. Estou examinando a possibilidade de produzirmos no Brasil, com uma empresa brasileira associada a uma israelense.
ÉPOCA – E a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se resolve?
Jobim – Pretendo terminar em abril uma exposição de motivos para o presidente, com uma opção. O presidente convoca o Conselho de Defesa Nacional, que emite um parecer e, aí, o presidente decide.
ÉPOCA – Como estão as buscas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia?
Jobim – A segunda etapa já começou.
ÉPOCA – A irmã de um guerrilheiro desaparecido encontrou ossadas. Isso ajuda?
Jobim – Sim. Qualquer pessoa que encontrar ossos tem de chamar a polícia e identificar. Se isso estiver no âmbito de execução da sentença penal que estamos cumprindo com as buscas, vamos ter de aproveitar isso. Não há um conflito.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado para resolver o caos aéreo do Brasil. Considera a missão cumprida?
Jobim – Vou falar o que fizemos. A primeira medida foi substituir a direção da Infraero, despartidarizar. Formulamos a Política Nacional de Aviação Civil. Ela foi aprovada. Pretendemos oferecer um tratamento diferente para a aviação regional. Vamos enviar um projeto de lei ao Congresso. Em 2005, instituímos liberdade de rota e liberdade tarifária. Esse sistema funciona para a aviação doméstica, mas não para a regional, que precisa de estímulos. Vamos investir nos aeroportos regionais.
ÉPOCA – Nossa estrutura de aeroportos estará preparada para as Olimpíadas do Rio em 2016?
Jobim – Sim. Tem um calendário da Infraero para as obras necessárias. Temos um crescimento anual médio de 10% na aviação civil. Na Copa do Mundo, terá um aumento de 2% em dois meses. Mas nossa preocupação não é só com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem muito mais gente viajando, os preços caíram. Em 2002, o quilômetro voado custava R$ 0,71. Em 2009, custa R$ 0,49.
ÉPOCA – E em relação aos passageiros?
Jobim – Incentivamos uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre a responsabilidade das empresas em relação a atrasos, overbooking. É o que a Anac podia fazer dentro da legislação. Paralelamente, nós mandamos para o Congresso um projeto que cria um dever de indenização por parte das empresas se os atrasos forem devidos a qualquer agente. Se o atraso for decorrente da Infraero, a empresa se ressarce do que entregou ao passageiro.
ÉPOCA – E se for culpa da meteorologia?
Jobim – Nesse caso, não tem ressarcimento.
ÉPOCA – Dá trabalho ser ministro da Defesa?
Jobim – Na época das demissões da Infraero, recebi críticas de amigos meus porque eu demiti pessoas indicadas por eles. Fiz exatamente o que eu precisava fazer. Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... +MUDA.html
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Re: NOTÍCIAS
viewtopic.php?f=11&t=13962&start=705Juliano Lisboa escreveu:Amigos, achei essa entrevista bem pertinente. Muitos mitos sobre a eleição vão por terra.
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda"
O ministro diz que projetos estratégicos na área militar terão continuidade no próximo governo
EUMANO SILVA
O ministro da defesa, Nelson Jobim, desfruta uma situação única no governo Lula. Homem de confiança do presidente numa das áreas mais sensíveis da Esplanada, Jobim mantém estreitas relações com o candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB). A dupla militância permite a previsão de que, em assuntos de Defesa, o Brasil manterá as diretrizes atuais caso a eleição seja vencida por Serra ou pela ex-ministra Dilma Rousseff. “Fiz reuniões com PT, PMDB, DEM e com o ex-presidente Fernando Henrique”, diz Jobim, ao explicar as mudanças na área militar, como a subordinação ao poder civil, aprovadas no Congresso. Nesta entrevista a ÉPOCA, Jobim faz um balanço dos acordos internacionais do país e das medidas para tentar organizar a aviação no Brasil.
ÉPOCA – Como vai ficar a defesa nacional do Brasil no futuro?
Nelson Jobim – Os políticos e os governos civis viam a defesa com certa distância. Na época da Constituinte, a defesa se confundia com repressão política. Com isso, militares tinham de tomar certas decisões que, a rigor, eram decisões de governo civil. Exemplo: quais as hipóteses de emprego (das Forças Armadas) que politicamente interessam ao país? Isso é um misto de política internacional com defesa. Cabe ao poder civil definir o que os militares devem fazer em termos de defesa. Os militares decidem a parte operacional.
ÉPOCA – Isso aconteceu no governo Lula?
Jobim – Tudo é um processo. Não acontece assim, bum! Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, nas condições possíveis naquele momento. No governo Lula, avançou-se um pouco no início, com o ministro Viegas (José Viegas, primeiro ministro da Defesa de Lula). Os avanços mais doutrinários são consolidados pelo vice-presidente (José Alencar) que o sucedeu e, depois, pelo Waldir Pires. Quando assumi, decidi que precisávamos realizar uma mudança de concepção para dar mais musculatura ao Ministério da Defesa.
ÉPOCA – Como assim?
Jobim – O orçamento, por exemplo. Antes, as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) se acertavam entre si dentro do limite fixado pelo Ministério do Planejamento. O ministro (da Defesa) não tinha participação. Também foi aprovado na Câmara o projeto de alteração da Lei Complementar nº 97. O Estado-Maior de Defesa passa a ser o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será chefiado por um oficial de quatro estrelas escolhido pelo presidente, indicado pelo ministro da Defesa. Vai ter a mesma precedência dos comandantes de Força. Ao assumir, vai para a reserva. Hoje, ele volta para a Força de origem.
ÉPOCA – Qual é o problema?
Jobim – Dá constrangimentos. Às vezes, precisa tomar decisão contrária ao interesse da Força de origem e tem dificuldade. Outra mudança é na política de compras, que hoje é fixada pelas Forças, mas será fixada pelo ministério em função do que o poder civil considera relevante. Precisamos de monitoramento e controle, mobilidade e presença. O monitoramento deve ser feito, por satélite, na Amazônia Legal e na Plataforma Continental, onde o Brasil tem soberania.
ÉPOCA – São planos de longo prazo?
Jobim – Ah, uns 20 anos...
ÉPOCA – O senhor, então, não espera grandes mudanças se o próximo presidente for Dilma Rousseff ou José Serra?
Jobim – Eu não espero.
ÉPOCA – A Defesa está acima das questões políticas?
Jobim – Tudo que estou falando foi discutido com todos os partidos. Fiz reuniões com o PT, o PMDB e com o DEM. Fui ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estava cheio de gente lá, todos os ministros dele, todos meus colegas, e várias outras pessoas, intelectuais também.
ÉPOCA – Não há ideologia nessa área?
Jobim – Eu quis descolar, mostrar que não é um programa do governo. É um programa do Estado.
ÉPOCA – O que mais mudou?
Jobim – Tem uma mudança doutrinária. Saímos do conceito de operações combinadas para o conceito de operações conjuntas. Na combinada, cada Força tem seu comando próprio. Na conjunta, tem um comando só para as três Forças. O comandante da operação vai depender do teatro de operações. Se for a Amazônia, o comandante da operação vai ser do Exército. Se for no mar, vai ser um almirante.
ÉPOCA – O que, de fato, interessa ao Brasil em termos de defesa?
Jobim – O Brasil não é um país com pretensões territoriais, não vamos atacar ninguém. Então, devemos ter um poder dissuasório. Temos três coisas fundamentais. Uma é energia, que tem o pré-sal e também energia alternativa, energia limpa, entre elas a energia nuclear. Segundo, o Brasil tem as maiores reservas de água potável do mundo: a Amazônia e o Aquífero Guarani. E, terceiro, temos a maior produção de grãos. São coisas que, progressivamente, o mundo vai demandar mais.
ÉPOCA – Na América do Sul, quais são as maiores preocupações?
Jobim – A estabilidade política e econômica. Quanto mais desenvolvido o país, mais estável será. Quando o Brasil paga mais pelo excedente de energia elétrica do Paraguai, ajuda a criar condições para que o Paraguai se estabilize. Um país que tem a dimensão do nosso não pode botar o pé em cima dos outros.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre a relação do Brasil com a Venezuela?
Jobim – É boa. A Venezuela viveu sempre do óleo. A elite se apropriou dessa riqueza e não investiu no país. Ficou um conjunto de pessoas muito pobres. Aí, surgiu o presidente Hugo Chávez, que lidera esse setor. Está conseguindo avançar. Agora, o Chávez é um homem, digamos, de uma retórica forte. Isso não atrapalha. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência. Boa sorte à Venezuela.
ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
ÉPOCA – O Irã é o maior ponto de divergência entre Brasil e Estados Unidos?
Jobim – A posição do presidente Obama não é nesse sentido. Há setores nos EUA, principalmente no governo Bush, que demonizam o islã. O islã é pacífico. A posição do Brasil é assegurar a legitimidade do enriquecimento do urânio para fins pacíficos. Nós temos tecnologia para isso e temos urânio. Ainda precisamos completar a parte industrial.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares?
Jobim – É assimétrico. Divide os países em nucleares e não nucleares. Os nucleares assumiram compromisso de reduzir as armas e transferir tecnologia nuclear com fins pacíficos para os não nucleares. Não fizeram nem uma coisa nem outra. O Brasil só desenvolveu tecnologia de urânio com luta própria, com cientistas militares brasileiros.
ÉPOCA – Quais são os interesses do Brasil na área de defesa em Israel?
Jobim – Temos interesses em Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vatns, para fazer monitoramento. Algumas empresas israelenses produzem. Estou examinando a possibilidade de produzirmos no Brasil, com uma empresa brasileira associada a uma israelense.
ÉPOCA – E a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se resolve?
Jobim – Pretendo terminar em abril uma exposição de motivos para o presidente, com uma opção. O presidente convoca o Conselho de Defesa Nacional, que emite um parecer e, aí, o presidente decide.
ÉPOCA – Como estão as buscas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia?
Jobim – A segunda etapa já começou.
ÉPOCA – A irmã de um guerrilheiro desaparecido encontrou ossadas. Isso ajuda?
Jobim – Sim. Qualquer pessoa que encontrar ossos tem de chamar a polícia e identificar. Se isso estiver no âmbito de execução da sentença penal que estamos cumprindo com as buscas, vamos ter de aproveitar isso. Não há um conflito.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado para resolver o caos aéreo do Brasil. Considera a missão cumprida?
Jobim – Vou falar o que fizemos. A primeira medida foi substituir a direção da Infraero, despartidarizar. Formulamos a Política Nacional de Aviação Civil. Ela foi aprovada. Pretendemos oferecer um tratamento diferente para a aviação regional. Vamos enviar um projeto de lei ao Congresso. Em 2005, instituímos liberdade de rota e liberdade tarifária. Esse sistema funciona para a aviação doméstica, mas não para a regional, que precisa de estímulos. Vamos investir nos aeroportos regionais.
ÉPOCA – Nossa estrutura de aeroportos estará preparada para as Olimpíadas do Rio em 2016?
Jobim – Sim. Tem um calendário da Infraero para as obras necessárias. Temos um crescimento anual médio de 10% na aviação civil. Na Copa do Mundo, terá um aumento de 2% em dois meses. Mas nossa preocupação não é só com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem muito mais gente viajando, os preços caíram. Em 2002, o quilômetro voado custava R$ 0,71. Em 2009, custa R$ 0,49.
ÉPOCA – E em relação aos passageiros?
Jobim – Incentivamos uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre a responsabilidade das empresas em relação a atrasos, overbooking. É o que a Anac podia fazer dentro da legislação. Paralelamente, nós mandamos para o Congresso um projeto que cria um dever de indenização por parte das empresas se os atrasos forem devidos a qualquer agente. Se o atraso for decorrente da Infraero, a empresa se ressarce do que entregou ao passageiro.
ÉPOCA – E se for culpa da meteorologia?
Jobim – Nesse caso, não tem ressarcimento.
ÉPOCA – Dá trabalho ser ministro da Defesa?
Jobim – Na época das demissões da Infraero, recebi críticas de amigos meus porque eu demiti pessoas indicadas por eles. Fiz exatamente o que eu precisava fazer. Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... +MUDA.html
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Re: NOTÍCIAS
Nossa, as vezes fico alienado demais no tópico da Força Aérea. Desculpe ai Marino hehehe.
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Re: NOTÍCIAS
Site Defesa Brasil - Notícias do dia 19/04/2010
Força Aérea Brasileira aplica tiro de aviso em aeronave suspeita - http://tinyurl.com/y4d3bjc
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda" - http://tinyurl.com/y4t46pq
Dinheiro em ação - http://tinyurl.com/y3bgoua
Bom dia a todos!
Força Aérea Brasileira aplica tiro de aviso em aeronave suspeita - http://tinyurl.com/y4d3bjc
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda" - http://tinyurl.com/y4t46pq
Dinheiro em ação - http://tinyurl.com/y3bgoua
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Re: NOTÍCIAS
revista asas
F-15C modernizados para proteção dos F-22
(Da redação, 19 de abril de 2010)
Que tal você ter o mais caro caça do mundo, e precisar utilizar como “escolta” dele exatamente o modelo que deveria ser substituído!? Este é exatamente o dilema enfrentado hoje na Força Aérea norte-americana (USAF), onde os exemplares do veterano F-15C Eagle em melhor estado serão modernizados, recebendo novos radares de longo alcance, para incrementar a capacidade de superioridade aérea da força de caças. Com a produção do sofisticado (e caríssimo) “caça invisível” F-22 Raptor encerrada por cortes orçamentários e ficando então limitada a 187 exemplares, o Eagle (que deveria ser totalmente substituído pelo F-22) ganhou uma inusitada sobrevida.
Podendo receber um radar de maior tamanho e tendo mais autonomia que o F-22, o F-15C deverá inclusive servir como jato de ataque e de “defesa eletrônica”, integrado à nova força composta de domínio aéreo – da qual também fazem parte os F-22 baseados em Langley, na Virgínia. Nessa perspectiva, a missão de superioridade aérea ficará dividida em 50% para o F-15C e 50% para seu “substituto” F-22. Para cumprir tais tarefas, os F-15C selecionados receberão, entre outras melhorias, os radares de varredura eletrônica ativa (AESA, Active Electronically Scanned Array) Raytheon APG-63(V)3. Com este, os F-15C protegerão os F-22, que poderão manter seus próprios radares inativos por boa parte da missão, minimizando as chances de serem detectados eletronicamente.
“Nosso objetivo (com o F-15C) é voar na vanguarda (de qualquer força de ataque), com o F-22, e ter a capacidade de persistir na área (por causa da maior capacidade de combustível) enquanto eles (os F-22) realizam suas missões em baixa detecção pelos radares”, explicou o maj. Todd Giggy, chefe de armas e táticas do esquadrão de Eagle da Guarda Aérea Nacional da Flórida (a primeira a receber os Eagle modernizados).
Além disso, os “novos” F-15C deverão prover proteção eletrônica (por interferência) e autodefesa da força de ataque, contra mísseis e aeronaves inimigas, abatendo estas além do alcance visual (BVR, Beyond Visual Range), assim compensando o limitado número de mísseis levado pelos
rev
F-15C modernizados para proteção dos F-22
(Da redação, 19 de abril de 2010)
Que tal você ter o mais caro caça do mundo, e precisar utilizar como “escolta” dele exatamente o modelo que deveria ser substituído!? Este é exatamente o dilema enfrentado hoje na Força Aérea norte-americana (USAF), onde os exemplares do veterano F-15C Eagle em melhor estado serão modernizados, recebendo novos radares de longo alcance, para incrementar a capacidade de superioridade aérea da força de caças. Com a produção do sofisticado (e caríssimo) “caça invisível” F-22 Raptor encerrada por cortes orçamentários e ficando então limitada a 187 exemplares, o Eagle (que deveria ser totalmente substituído pelo F-22) ganhou uma inusitada sobrevida.
Podendo receber um radar de maior tamanho e tendo mais autonomia que o F-22, o F-15C deverá inclusive servir como jato de ataque e de “defesa eletrônica”, integrado à nova força composta de domínio aéreo – da qual também fazem parte os F-22 baseados em Langley, na Virgínia. Nessa perspectiva, a missão de superioridade aérea ficará dividida em 50% para o F-15C e 50% para seu “substituto” F-22. Para cumprir tais tarefas, os F-15C selecionados receberão, entre outras melhorias, os radares de varredura eletrônica ativa (AESA, Active Electronically Scanned Array) Raytheon APG-63(V)3. Com este, os F-15C protegerão os F-22, que poderão manter seus próprios radares inativos por boa parte da missão, minimizando as chances de serem detectados eletronicamente.
“Nosso objetivo (com o F-15C) é voar na vanguarda (de qualquer força de ataque), com o F-22, e ter a capacidade de persistir na área (por causa da maior capacidade de combustível) enquanto eles (os F-22) realizam suas missões em baixa detecção pelos radares”, explicou o maj. Todd Giggy, chefe de armas e táticas do esquadrão de Eagle da Guarda Aérea Nacional da Flórida (a primeira a receber os Eagle modernizados).
Além disso, os “novos” F-15C deverão prover proteção eletrônica (por interferência) e autodefesa da força de ataque, contra mísseis e aeronaves inimigas, abatendo estas além do alcance visual (BVR, Beyond Visual Range), assim compensando o limitado número de mísseis levado pelos
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Re: NOTÍCIAS
Marino escreveu:viewtopic.php?f=11&t=13962&start=705Juliano Lisboa escreveu:Amigos, achei essa entrevista bem pertinente. Muitos mitos sobre a eleição vão por terra.
Nelson Jobim: "Com Dilma ou Serra, a defesa não muda"
O ministro diz que projetos estratégicos na área militar terão continuidade no próximo governo
EUMANO SILVA
O ministro da defesa, Nelson Jobim, desfruta uma situação única no governo Lula. Homem de confiança do presidente numa das áreas mais sensíveis da Esplanada, Jobim mantém estreitas relações com o candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB). A dupla militância permite a previsão de que, em assuntos de Defesa, o Brasil manterá as diretrizes atuais caso a eleição seja vencida por Serra ou pela ex-ministra Dilma Rousseff. “Fiz reuniões com PT, PMDB, DEM e com o ex-presidente Fernando Henrique”, diz Jobim, ao explicar as mudanças na área militar, como a subordinação ao poder civil, aprovadas no Congresso. Nesta entrevista a ÉPOCA, Jobim faz um balanço dos acordos internacionais do país e das medidas para tentar organizar a aviação no Brasil.
ÉPOCA – Como vai ficar a defesa nacional do Brasil no futuro?
Nelson Jobim – Os políticos e os governos civis viam a defesa com certa distância. Na época da Constituinte, a defesa se confundia com repressão política. Com isso, militares tinham de tomar certas decisões que, a rigor, eram decisões de governo civil. Exemplo: quais as hipóteses de emprego (das Forças Armadas) que politicamente interessam ao país? Isso é um misto de política internacional com defesa. Cabe ao poder civil definir o que os militares devem fazer em termos de defesa. Os militares decidem a parte operacional.
ÉPOCA – Isso aconteceu no governo Lula?
Jobim – Tudo é um processo. Não acontece assim, bum! Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, nas condições possíveis naquele momento. No governo Lula, avançou-se um pouco no início, com o ministro Viegas (José Viegas, primeiro ministro da Defesa de Lula). Os avanços mais doutrinários são consolidados pelo vice-presidente (José Alencar) que o sucedeu e, depois, pelo Waldir Pires. Quando assumi, decidi que precisávamos realizar uma mudança de concepção para dar mais musculatura ao Ministério da Defesa.
ÉPOCA – Como assim?
Jobim – O orçamento, por exemplo. Antes, as Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) se acertavam entre si dentro do limite fixado pelo Ministério do Planejamento. O ministro (da Defesa) não tinha participação. Também foi aprovado na Câmara o projeto de alteração da Lei Complementar nº 97. O Estado-Maior de Defesa passa a ser o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será chefiado por um oficial de quatro estrelas escolhido pelo presidente, indicado pelo ministro da Defesa. Vai ter a mesma precedência dos comandantes de Força. Ao assumir, vai para a reserva. Hoje, ele volta para a Força de origem.
ÉPOCA – Qual é o problema?
Jobim – Dá constrangimentos. Às vezes, precisa tomar decisão contrária ao interesse da Força de origem e tem dificuldade. Outra mudança é na política de compras, que hoje é fixada pelas Forças, mas será fixada pelo ministério em função do que o poder civil considera relevante. Precisamos de monitoramento e controle, mobilidade e presença. O monitoramento deve ser feito, por satélite, na Amazônia Legal e na Plataforma Continental, onde o Brasil tem soberania.
ÉPOCA – São planos de longo prazo?
Jobim – Ah, uns 20 anos...
ÉPOCA – O senhor, então, não espera grandes mudanças se o próximo presidente for Dilma Rousseff ou José Serra?
Jobim – Eu não espero.
ÉPOCA – A Defesa está acima das questões políticas?
Jobim – Tudo que estou falando foi discutido com todos os partidos. Fiz reuniões com o PT, o PMDB e com o DEM. Fui ao Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estava cheio de gente lá, todos os ministros dele, todos meus colegas, e várias outras pessoas, intelectuais também.
ÉPOCA – Não há ideologia nessa área?
Jobim – Eu quis descolar, mostrar que não é um programa do governo. É um programa do Estado.
ÉPOCA – O que mais mudou?
Jobim – Tem uma mudança doutrinária. Saímos do conceito de operações combinadas para o conceito de operações conjuntas. Na combinada, cada Força tem seu comando próprio. Na conjunta, tem um comando só para as três Forças. O comandante da operação vai depender do teatro de operações. Se for a Amazônia, o comandante da operação vai ser do Exército. Se for no mar, vai ser um almirante.
ÉPOCA – O que, de fato, interessa ao Brasil em termos de defesa?
Jobim – O Brasil não é um país com pretensões territoriais, não vamos atacar ninguém. Então, devemos ter um poder dissuasório. Temos três coisas fundamentais. Uma é energia, que tem o pré-sal e também energia alternativa, energia limpa, entre elas a energia nuclear. Segundo, o Brasil tem as maiores reservas de água potável do mundo: a Amazônia e o Aquífero Guarani. E, terceiro, temos a maior produção de grãos. São coisas que, progressivamente, o mundo vai demandar mais.
ÉPOCA – Na América do Sul, quais são as maiores preocupações?
Jobim – A estabilidade política e econômica. Quanto mais desenvolvido o país, mais estável será. Quando o Brasil paga mais pelo excedente de energia elétrica do Paraguai, ajuda a criar condições para que o Paraguai se estabilize. Um país que tem a dimensão do nosso não pode botar o pé em cima dos outros.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre a relação do Brasil com a Venezuela?
Jobim – É boa. A Venezuela viveu sempre do óleo. A elite se apropriou dessa riqueza e não investiu no país. Ficou um conjunto de pessoas muito pobres. Aí, surgiu o presidente Hugo Chávez, que lidera esse setor. Está conseguindo avançar. Agora, o Chávez é um homem, digamos, de uma retórica forte. Isso não atrapalha. Faz parte do hispano-americano. É preciso ter paciência. Boa sorte à Venezuela.
ÉPOCA – E com os Estados Unidos?
Jobim – Estamos muito bem. Com a vitória do presidente Obama, mudou muito. Concluímos um acordo de defesa para criar novas perspectivas de cooperação bilateral. Vai nos permitir, por exemplo, vender aviões da Embraer para eles sem licitação.
ÉPOCA – O Irã é o maior ponto de divergência entre Brasil e Estados Unidos?
Jobim – A posição do presidente Obama não é nesse sentido. Há setores nos EUA, principalmente no governo Bush, que demonizam o islã. O islã é pacífico. A posição do Brasil é assegurar a legitimidade do enriquecimento do urânio para fins pacíficos. Nós temos tecnologia para isso e temos urânio. Ainda precisamos completar a parte industrial.
ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares?
Jobim – É assimétrico. Divide os países em nucleares e não nucleares. Os nucleares assumiram compromisso de reduzir as armas e transferir tecnologia nuclear com fins pacíficos para os não nucleares. Não fizeram nem uma coisa nem outra. O Brasil só desenvolveu tecnologia de urânio com luta própria, com cientistas militares brasileiros.
ÉPOCA – Quais são os interesses do Brasil na área de defesa em Israel?
Jobim – Temos interesses em Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vatns, para fazer monitoramento. Algumas empresas israelenses produzem. Estou examinando a possibilidade de produzirmos no Brasil, com uma empresa brasileira associada a uma israelense.
ÉPOCA – E a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), quando se resolve?
Jobim – Pretendo terminar em abril uma exposição de motivos para o presidente, com uma opção. O presidente convoca o Conselho de Defesa Nacional, que emite um parecer e, aí, o presidente decide.
ÉPOCA – Como estão as buscas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia?
Jobim – A segunda etapa já começou.
ÉPOCA – A irmã de um guerrilheiro desaparecido encontrou ossadas. Isso ajuda?
Jobim – Sim. Qualquer pessoa que encontrar ossos tem de chamar a polícia e identificar. Se isso estiver no âmbito de execução da sentença penal que estamos cumprindo com as buscas, vamos ter de aproveitar isso. Não há um conflito.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado para resolver o caos aéreo do Brasil. Considera a missão cumprida?
Jobim – Vou falar o que fizemos. A primeira medida foi substituir a direção da Infraero, despartidarizar. Formulamos a Política Nacional de Aviação Civil. Ela foi aprovada. Pretendemos oferecer um tratamento diferente para a aviação regional. Vamos enviar um projeto de lei ao Congresso. Em 2005, instituímos liberdade de rota e liberdade tarifária. Esse sistema funciona para a aviação doméstica, mas não para a regional, que precisa de estímulos. Vamos investir nos aeroportos regionais.
ÉPOCA – Nossa estrutura de aeroportos estará preparada para as Olimpíadas do Rio em 2016?
Jobim – Sim. Tem um calendário da Infraero para as obras necessárias. Temos um crescimento anual médio de 10% na aviação civil. Na Copa do Mundo, terá um aumento de 2% em dois meses. Mas nossa preocupação não é só com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem muito mais gente viajando, os preços caíram. Em 2002, o quilômetro voado custava R$ 0,71. Em 2009, custa R$ 0,49.
ÉPOCA – E em relação aos passageiros?
Jobim – Incentivamos uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre a responsabilidade das empresas em relação a atrasos, overbooking. É o que a Anac podia fazer dentro da legislação. Paralelamente, nós mandamos para o Congresso um projeto que cria um dever de indenização por parte das empresas se os atrasos forem devidos a qualquer agente. Se o atraso for decorrente da Infraero, a empresa se ressarce do que entregou ao passageiro.
ÉPOCA – E se for culpa da meteorologia?
Jobim – Nesse caso, não tem ressarcimento.
ÉPOCA – Dá trabalho ser ministro da Defesa?
Jobim – Na época das demissões da Infraero, recebi críticas de amigos meus porque eu demiti pessoas indicadas por eles. Fiz exatamente o que eu precisava fazer. Como não sou candidato a coisa nenhuma e sempre gostei de confusão, não teve problema.
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Re: NOTÍCIAS
O atual sonho dos EUA é ter um "F-15BM"eu sou eu escreveu:revista asas
F-15C modernizados para proteção dos F-22
(Da redação, 19 de abril de 2010)
Que tal você ter o mais caro caça do mundo, e precisar utilizar como “escolta” dele exatamente o modelo que deveria ser substituído!? Este é exatamente o dilema enfrentado hoje na Força Aérea norte-americana (USAF), onde os exemplares do veterano F-15C Eagle em melhor estado serão modernizados, recebendo novos radares de longo alcance, para incrementar a capacidade de superioridade aérea da força de caças. Com a produção do sofisticado (e caríssimo) “caça invisível” F-22 Raptor encerrada por cortes orçamentários e ficando então limitada a 187 exemplares, o Eagle (que deveria ser totalmente substituído pelo F-22) ganhou uma inusitada sobrevida.
Podendo receber um radar de maior tamanho e tendo mais autonomia que o F-22, o F-15C deverá inclusive servir como jato de ataque e de “defesa eletrônica”, integrado à nova força composta de domínio aéreo – da qual também fazem parte os F-22 baseados em Langley, na Virgínia. Nessa perspectiva, a missão de superioridade aérea ficará dividida em 50% para o F-15C e 50% para seu “substituto” F-22. Para cumprir tais tarefas, os F-15C selecionados receberão, entre outras melhorias, os radares de varredura eletrônica ativa (AESA, Active Electronically Scanned Array) Raytheon APG-63(V)3. Com este, os F-15C protegerão os F-22, que poderão manter seus próprios radares inativos por boa parte da missão, minimizando as chances de serem detectados eletronicamente.
“Nosso objetivo (com o F-15C) é voar na vanguarda (de qualquer força de ataque), com o F-22, e ter a capacidade de persistir na área (por causa da maior capacidade de combustível) enquanto eles (os F-22) realizam suas missões em baixa detecção pelos radares”, explicou o maj. Todd Giggy, chefe de armas e táticas do esquadrão de Eagle da Guarda Aérea Nacional da Flórida (a primeira a receber os Eagle modernizados).
Além disso, os “novos” F-15C deverão prover proteção eletrônica (por interferência) e autodefesa da força de ataque, contra mísseis e aeronaves inimigas, abatendo estas além do alcance visual (BVR, Beyond Visual Range), assim compensando o limitado número de mísseis levado pelos
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"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)