Por exemplo, os magnatas dos navios colocaram na constituição que sejam isentos de impostos. A justificativa é parecido com das empreiteiras, campeões nacionais e montadoras no Brasil: somos importantes e precisamos de benefícios. Os armadores não se importam com os gregos por que os negócios dependem do comércio internacional.
Em vários setores gregos são assim. Ser uma magnata na Grécia é um grande negócio. Se tivesse rompido com isso lá nos anos 1990s, eles não boa parte dos problemas que tem hoje.Os armadores gregos ameaçam deslocalizar as suas operações para outros destinos, caso o novo governo, liderado por Alexis Tsipras, decida acabar com os benefícios fiscais.
Em causa pode estar o desejo de reformular o artigo 107.º da Constituição da Grécia, que concede aos armadores isenções de impostos sobre os lucros e lhes permite pagar apenas uma taxa pela arqueação dos navios.
Aquele artigo foi publicado em 1953, na altura para permitir a reconstrução da frota mercante grega, aniquilada durante a Segunda Guerra Mundial, mas manteve-se até hoje. A própria União Europeia já questionou, há dois anos, Atenas sobre o tema, com dúvidas se é compatível com a legislação comunitária.
A cada vez que surge no ar a ameaça de retirada dos privilégios fiscais, os armadores helénicos abanam a “bandeira” da deslocalização. Mónaco, Dubai, Singapura ou até a Alemanha são destinos possíveis.
“Todos temos um plano B que podemos colocar em prática no espaço de 24 horas. Mas queremos ficar na Grécia e contribuir para o esforço comum. Com a condição, claro está, que ninguém toque nos direitos que nos são concedidos pela Constituição”, afirmou, há pouco tempo, ao italiano “La Repubblica”, Theodore Ventiamidis, líder do movimento de empresários do mar na Grécia.
A posição de força dos armadores gregos explica-se pela importância que têm para a economia do país. Representam 7% do PIB, empregam cerca de 250 mil pessoas e investiram 13 mil milhões de dólares (11,67 mil milhões de euros) na construção de novos navios em 2014, apesar da crise que afecta a Grécia.
Não por acaso, a Grécia é uma potência mundial em termos de frota controlada pelos seus empresários nacionais.
http://www.transportesenegocios.pt/2015 ... s-fiscais/
Depois vem os "especialistas na Grécia e UE" que surgiram aos montes nas últimas semanas no Brasil dando a solução: volta o drakma e adota a estratégia export-led (crescimento puxado por exportações) que em dois anos a coisa irá melhorar. Os caras não tem noção do que é a Grécia e o impacto estrutural do euro e UE sobre os países periféricos. Eles pensam é como Brasil, Argentina ou países asiáticos. Sabem nada, inocentes. Eles não tem noção da enrascada que a Grécia está.
O Brasil sobreviveu aos anos 1980s e boa parte dos 1990s, com mercado externo de capitais e crédito fechado. Por que é grande, tem um grande mercado interno e o que exportar de bens industriais à commodities. Mesmo assim com restrições péssimas para produtividade e competitividade da economia que sentimos na pele até hoje.
Antes que chamem de neo-con, digo desde de 2008 que a estrutura institucional de integração do euro é ruim e precisa de um novo modelo. A bola da vez é a Grécia que era oportunidade para implementar as mudanças em direção ao novo modelo. Entre os elementos maior transparência, fiscalização e punição na condução das finanças pública, romper as estruturas ruins de benefícios as elites dos países da periferia, ter uma estrutura de endividamento centralizado, entre outras. No entanto, a UE e principais países foram para o caminho da austeridade para reduzir demanda e adequar o padrão de vida a menor produtividade em relação aos países do norte.