Programa Espacial Brasileiro

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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#181 Mensagem por LeandroGCard » Dom Dez 21, 2014 7:07 pm

GIL escreveu:Parece mentira que a mesma Argentina esta diante de nos em temas de satelites

E no aspecto de foquetes da igual porque o VLS assim como o Tronador 2 são pouco mais que inuteis, o relevante seria saber
qual o objetivo real do PEB
no curto, medio e longo prazo e logo do nosso governo.
Este é justamente o problema: O PEB não tem absolutamente nenhum objetivo desde que os militares perderam o interesse em possuir um arsenal nuclear, logo após a redemocratização. E mesmo antes disso o objetivo era apenas dominar a tecnologia de propulsão sólida, nunca houve nenhum projeto de míssil ou lançador de satélites realmente prático. Como não há até hoje.

Porém não desanimemos agora vamos ter nosso primeiro satelite geoestacionario brasileiro (made in Europa)
É, como metade do planeta já tem... :roll: . E alguns, como a Argentina, até construíram os seus próprios :? .
Também devemos de ter memoria para lembrar que no passado o Brasil já teve seus satelites geo estacionarios (se nao estou equivocado) mais quando o famigerado FHC vendeu a Telebras os satelites foram junto para os novos donos mexicanos.
Exato, havíamos comprado alguns. E agora vamos comprar de novo. Nossa evolução ao longo dos anos não dá até orgulho :evil: ?


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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#182 Mensagem por FinkenHeinle » Dom Dez 21, 2014 11:44 pm

E aquele Cruzeiro do Sul, subiu no telhado?!




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#183 Mensagem por LeandroGCard » Seg Dez 22, 2014 9:09 am

FinkenHeinle escreveu:E aquele Cruzeiro do Sul, subiu no telhado?!
O programa Cruzeiro do Sul jamais foi uma proposta do PEB.

Ele foi uma ideia apresentada pelos russos quando o governo estava pensando em uma parceria com eles, de uma espécie de mini-projeto Angara. O pessoal da AEB (burocratas puros) pegou isso, preparou algumas imagens e apresentações powerpoint e soltou na mídia, simplesmente por falta do que mais apresentar. Mas nunca nenhum engenheiro sequer estudou aquilo para saber o que de fato seria. Puro smokeware.


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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#184 Mensagem por Skyway » Seg Dez 22, 2014 3:17 pm

Não é por nada não, mas o título desse tópico chega a dar um misto de tristeza com vontade de rir. :(




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#185 Mensagem por FinkenHeinle » Seg Dez 22, 2014 4:43 pm

LeandroGCard escreveu:
FinkenHeinle escreveu:E aquele Cruzeiro do Sul, subiu no telhado?!
O programa Cruzeiro do Sul jamais foi uma proposta do PEB.

Ele foi uma ideia apresentada pelos russos quando o governo estava pensando em uma parceria com eles, de uma espécie de mini-projeto Angara. O pessoal da AEB (burocratas puros) pegou isso, preparou algumas imagens e apresentações powerpoint e soltou na mídia, simplesmente por falta do que mais apresentar. Mas nunca nenhum engenheiro sequer estudou aquilo para saber o que de fato seria. Puro smokeware.


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E qual a situação atual?! Quando o VLS vai finalmente pelos ares?! Hehe...




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#186 Mensagem por GIL » Seg Dez 22, 2014 5:34 pm

FinkenHeinle escreveu:
LeandroGCard escreveu:O programa Cruzeiro do Sul jamais foi uma proposta do PEB.

Ele foi uma ideia apresentada pelos russos quando o governo estava pensando em uma parceria com eles, de uma espécie de mini-projeto Angara. O pessoal da AEB (burocratas puros) pegou isso, preparou algumas imagens e apresentações powerpoint e soltou na mídia, simplesmente por falta do que mais apresentar. Mas nunca nenhum engenheiro sequer estudou aquilo para saber o que de fato seria. Puro smokeware.


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E qual a situação atual?! Quando o VLS vai finalmente pelos ares?! Hehe...
Essa frase soou um pouco mal dado o historico que temos com esse foguete.

Recorte de orçamento, projetos adiados, nenhuma perspectiva real de lançamento do VLS confirmada e vamos fazer 30 anos sem praticamente avançar em algo importante.

A única coisa que gera algo de esperança é a promessa do governo de transformar o PEB em um programa estrategico com a importancia que se merece a partir desse proximo ano.

Creio que a melhor noticia que podiamos ter nesse fim de ano na area de ciencia é a confirmação do prosseguimento do Projeto Sirius.




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#187 Mensagem por LeandroGCard » Ter Dez 23, 2014 9:35 am

GIL escreveu:E qual a situação atual?! Quando o VLS vai finalmente pelos ares?! Hehe...
Sem previsão. Qualquer atividade relativa ao VLS é tratada apenas como uma esforço acadêmico, que dará resultados (se der) algum dia, quem sabe... . Os únicos programas de foguetes que tem alguma pretensão de ter um cronograma são os dos foguetes de sondagem (VSB-30, VS-40, etc...) e o VLM (que na minha opinião deveria ter sido o passo seguinte ao Sonda-IV já lá atrás na década de 1980). E isso só porque há países estrangeiros envolvidos, senão estariam todos na mesma "banheira" do VLS.

Essa frase soou um pouco mal dado o historico que temos com esse foguete.

Recorte de orçamento, projetos adiados, nenhuma perspectiva real de lançamento do VLS confirmada e vamos fazer 30 anos sem praticamente avançar em algo importante.

A única coisa que gera algo de esperança é a promessa do governo de transformar o PEB em um programa estrategico com a importância que se merece a partir desse proximo ano.
É disso que o PEB vive já desde o governo FHC, promessas... :roll: .


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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#188 Mensagem por joao fernando » Ter Dez 23, 2014 10:42 am

Uma duvida: o Sonda 4 virou o VS 40 M?

O leandro escreveu certa vez que o Sonda 4 era um exercicio academico. Dele deriva o VS 40?

O VS 40 com mais um estágio a mais não vira um lançador de nanosatélites?

Os motores não são os mesmos do VLS? Não servem para testar sistemas?




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#189 Mensagem por Skyway » Ter Dez 23, 2014 2:21 pm

Melhor que o Programa Espacial Brasileiro...e provavelmente com verba maior também.





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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#190 Mensagem por joao fernando » Ter Dez 23, 2014 3:29 pm

Perfeito!




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#191 Mensagem por Bolovo » Ter Dez 23, 2014 6:29 pm

Em 2016, o VLS decola com apenas os dois primeiros estágios. Em 2017, completo. Em 2018, lança um satélite.




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#192 Mensagem por LeandroGCard » Ter Dez 23, 2014 7:30 pm

joao fernando escreveu:Uma duvida: o Sonda 4 virou o VS 40 M?
Mais ou menos. O Sonda-IV tinha um estágio superior S-30 que era o primeiro estágio do Sonda-III. Já o VS-40 conta com o motor S-44, desenvolvido para ser o último estágio do VLS. O foguete mais novo também utiliza algumas modificações que foram surgindo ao longo das décadas, como os estojos (o "corpo" do foguete) em material composto ao invés de aço e provavelmente um sistema de controle de atitude (posição) diferente e mais simples, por tubeira móvel ao invés de injeção de freon (mas não tenho certeza deste último ponto).
O leandro escreveu certa vez que o Sonda 4 era um exercicio academico. Dele deriva o VS 40?
O Sonda-IV era de fato um experimento em engenharia, para permitir dominar as tecnologias necessárias para construir foguetes de combustível sólido de grande porte visando algum dia a construção de mísseis nucleares. Foi um sucesso, mas foi logo descontinuado porque não havia muito interesse em foguetes de sondagem deste porte e porque não era um "produto" que pudesse ser realmente utilizado de formas prática (não era produzido em série de forma industrial, com todos os controles esperados, e não podia ser operado por ninguém além de seus construtores). A ideia é que o VS-40 alcance este status, embora pelo que sei ele ainda não tenha realmente chegado lá.
O VS 40 com mais um estágio a mais não vira um lançador de nanosatélites?
O motor S-40 é um tanto pequeno, o ideal seria utilizar o S-43, e seriam necessários mais DOIS estágios. Mas sim, poderia virar um lançador de nano e micro satélites na mesma categoria do Lambda-4S (primeiro lançador de satélites japonês), do SLV-3 (primeiro lançador indiano) ou do Scout americano. Esta configuração se chamava VLM e deveria ter sido a primeira de lançador de satélites a ser desenvolvida no Brasil, mas por questões internas do IAE e devido a um certo ufanismo comum no país na década de 1980 foi decidido partir logo para o maior e mais complexo VLS. Ao que parece os problemas inerentes a esta opção não foram percebidos logo de início, e depois não havia mais ninguém para tomar a decisão de mudar os rumos, por isso o programa do VLS permanece até hoje.

Agora, por solicitação dos alemães, o projeto do VLM foi retomado, mas com um motor do primeiro estágio ainda maior, o S-50.
Os motores não são os mesmos do VLS? Não servem para testar sistemas?
É o mesmo motor do terceiro estágio do VLS (os dois primeiros utilizam o motor S-43, similar mas ligeiramente mais longo e com maior quantidade de combustível). Serve sim para teste não apenas dos sistemas, mas dos processos de fabricação. Mas só de um "pedaço" do VLS, e um que já mostrou não ser problemático (afinal o VS-40 já foi lançado com sucesso pelo menos 3 vezes).


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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#193 Mensagem por LeandroGCard » Ter Dez 23, 2014 7:32 pm

Bolovo escreveu:Em 2016, o VLS decola com apenas os dois primeiros estágios. Em 2017, completo. Em 2018, lança um satélite.
Previsões de antes da "crise" atual. Vamos ver o que se mantém com os cortes do orçamento previsíveis para os próximos anos.

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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#194 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Dez 25, 2014 6:00 pm

Bolovo escreveu:Em 2016, o VLS decola com apenas os dois primeiros estágios. Em 2017, completo. Em 2018, lança um satélite.
Há uns 20 anos vi um cronograma parecido, algo como 1996, 1997 e 1998...




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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro

#195 Mensagem por Boss » Qui Jan 08, 2015 6:18 pm

Qual é o problema do programa espacial brasileiro?

No início da década de 1960, Brasil, China e Índia encontravam-se no mesmo estágio da corrida espacial. Passados mais de 50 anos, não só ficamos para trás, como colecionamos vários fracassos e corremos o risco de ser ultrapassados por África do Sul e Israel. Por que somos tão ruins em mandar nossas naves e satélites para o espaço?

07/01/2015 - 18H01/ ATUALIZADO 18H0101 / POR ALEXANDRE RODRIGUES

Imagem
DESASTRE: Lançamento do protótipo 2 do VLS-1, da base de Alcântara. Uma falha no sistema pirotécnico, no 2º estágio, ocasionou a explosão (Foto: Divulgação/ CLA-IAE)DESASTRE: LANÇAMENTO DO PROTÓTIPO 2 DO VLS-1, DA BASE DE ALCÂNTARA. UMA FALHA NO SISTEMA PIROTÉCNICO, NO 2º ESTÁGIO, OCASIONOU A EXPLOSÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO/ CLA-IAE)


No final de outubro, cientistas de todo o mundo voltaram os olhos para Marte para observar um fenômeno raro. Viajando a mais de 200 mil quilômetros por hora, o cometa Siding Spring passou zunindo a 144 mil quilômetros do Planeta Vermelho, o equivalente a um terço da distância que separa a Terra da Lua. Em termos espaciais, onde tudo se mede em anos-luz, é como a fina que os motoboys tiram do retrovisor de um carro no trânsito.

Para estudar o cometa, que saiu de um lugar misterioso do Universo para dar uma volta pelo Sistema Solar, a Nasa mobilizou os jipes Curiosity e Opportunity. Já as sondas que orbitam Marte foram escondidas atrás do planeta para evitar acidentes. Entre elas estava a Mangalyaan. Nunca ouviu falar? É a primeira sonda desenvolvida e lançada pela Índia a chegar ao Planeta Vermelho ao custo de US$ 74 milhões. Ela representa um feito na corrida espacial: o programa Mangalyaan custou um décimo do valor gasto na missão Maven, da Nasa, e saiu mais em conta inclusive do que a produção do filme Gravidade, estrelado por Sandra Bullock.

Imagem
ILUSTRE DESCONHECIDA: Lançamento do foguete que transportava Mangalyaan, a primeira sonda desenvolvida pela Índia a chegar até Marte (Foto: Pallava Bagla/ Corbis)ILUSTRE DESCONHECIDA: LANÇAMENTO DO FOGUETE QUE TRANSPORTAVA MANGALYAAN, A PRIMEIRA SONDA DESENVOLVIDA PELA ÍNDIA A CHEGAR ATÉ MARTE (FOTO: PALLAVA BAGLA/ CORBIS)


A bem-sucedida missão Mangalyaan abre uma discussão: por que o programa espacial brasileiro não consegue decolar? Uma das respostas é falta de investimentos. O Brasil gasta menos do que deveria com pesquisas de foguetes e naves. Neste ano, o orçamento de US$ 122 milhões da Agência Espacial Brasileira (AEB) sofreu um corte de 14%. Enquanto isso, Índia e China investiram, respectivamente, US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões. “Não é que o Brasil vai perder o bonde, ele já perdeu. O país está atrás não só da China e da Índia, mas da Coreia do Sul e de Israel”, diz Celso de Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Física.

O Brasil começou a desenvolver um programa espacial em 1961. Na época, estava no mesmo estágio de pesquisas que China e Índia. Os asiáticos, porém, receberam tecnologia da União Soviética, aliada dos tempos de Guerra Fria, e souberam se desenvolver mais rapidamente. A China lançou o primeiro foguete em 1965 e pôs um satélite em órbita cinco anos depois. Em 2013, realizou 19 lançamentos — sete a mais que a Nasa. Desde 2003, quando levou ao espaço o astronauta Yang Liwei, seu programa espacial é considerado completo. Agora, os chineses desenvolvem projetos para levar satélites e astronautas à Lua e a Marte.

Já o programa espacial indiano é conhecido pela filosofia de baixo custo. É famosa uma foto, tirada nos anos 1970, que mostra partes de um satélite sendo transportadas pelas ruas de uma cidade num carro de boi (foto abaixo). Para economizar, os engenheiros indianos não constroem três protótipos — um inicial, um de voo e outro para testar a separação da nave no espaço —, como é de praxe. Eles fazem apenas um, mais completo. Com essa estratégia, a Índia enviou uma sonda à Lua em 2009 e hoje participa da exploração de Marte.

Imagem

No mesmo período, o programa brasileiro só conseguiu produzir cinco satélites e um microssatélite. Desde 1999, quando foram realizados os testes com o segundo protótipo do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), a Agência Espacial Brasileira (AEB) não lança um foguete de grande porte. O treinamento com o quarto protótipo do VLS-1, que estava marcado para este mês, foi adiado. O Brasil desenvolve um programa espacial básico: não tem ambições, pelo menos nas próximas décadas, de explorar a Lua ou enviar uma missão a Marte. O objetivo é produzir satélites de monitoramento (para controlar o desmatamento na Amazônia, acompanhar o clima, facilitar as comunicações e defender e vigiar as fronteiras) e atingir o espaço com o VLS-1.

RITMO LENTO

A dupla finalidade — civil e militar — do programa espacial brasileiro também é responsável pelo excesso de lentidão. De 1971 a 1994, o programa foi vinculado às Forças Armadas. Só há 20 anos, com a criação da AEB, autarquia hoje subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o programa passou a ter uma finalidade civil. Mesmo assim, parte da pesquisa, como a do Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), um dos principais laboratórios aeroespaciais do país, ainda é ligada à Aeronáutica. No Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), outro órgão militar, se forma a maioria dos técnicos espaciais.

A relação íntima com os militares é o motivo de boicote dos Estados Unidos ao programa espacial brasileiro. Com base no Regime de Controle da Tecnologia de Mísseis (RCTM), acordo de 1987 para proibir o uso de tecnologia nuclear em mísseis, os norte-americanos impõem uma série de embargos à venda de equipamentos ao país. A justificativa é que os foguetes brasileiros usam combustível sólido e poderiam ser convertidos em mísseis. Nem a adesão do Brasil ao tratado, oito anos depois da sua criação, facilitou a relação. Todos os presidentes desde então, inclusive Barack Obama, proibiram o uso de patentes norte-americanas e obrigaram o país a criar sua própria tecnologia — o que leva a mais atrasos.

Em 2010, telegramas diplomáticos vazados pelo site WikiLeaks mostraram que a embaixada norte-americana em Brasília tentou convencer o governo da Ucrânia a não se associar ao programa do foguete Cyclone-4 (Brasil e Ucrânia já gastaram US$ 1 bilhão na Alcântara Cyclone Space, empresa binacional para lançar satélites de outros países) “devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil”. “Há uma pressão para afastar os militares”, diz o consultor legislativo Fernando Carlos Wanderley Rocha, um dos autores do estudo A Política Espacial Brasileira, produzido pela Câmara dos Deputados em 2010. “Mas não há programa espacial sem militares. Os primeiros foguetes norte-americanos foram derivados de mísseis da Marinha.”

Imagem
SINO-BRASILEIRO: Satélite brasileiro CBERS-4 passando pelos testes finais na China, já na fase de preparação para o lançamento, marcado para dezembro (Foto: Divulgação/INPE)SINO-BRASILEIRO: SATÉLITE BRASILEIRO CBERS-4 PASSANDO PELOS TESTES FINAIS NA CHINA, JÁ NA FASE DE PREPARAÇÃO PARA O LANÇAMENTO, MARCADO PARA DEZEMBRO (FOTO: DIVULGAÇÃO/INPE)


BOAS NOTÍCIAS

Outro fator que tem prejudicado o programa espacial brasileiro são os acidentes. O mais grave foi a explosão do terceiro protótipo do VLS-1, que matou 21 técnicos e cientistas na base de Alcântara em 22 de agosto de 2003. Desde então, nenhum protótipo importante foi lançado. Só em junho deste ano foi ao espaço o primeiro nanossatélite brasileiro, o NanoSatC-BR1, lançado por um foguete russo. O país levou 11 anos para substituir o modelo anterior, o Unosat-1, destruído no acidente.

Paradoxalmente, o Centro de Lançamento de Alcântara é um dos principais trunfos do Brasil para recuperar o tempo perdido. Localizado numa área de 520 quilômetros quadrados e apenas 2 graus ao sul da Linha do Equador, ele usa a velocidade de rotação da Terra e o impulso para lançamentos, o que exige menos combustível para a entrada em órbita. A economia é estimada em 30%. Alcântara tem ainda o Oceano Atlântico à sua frente, o que barateia os seguros, uma vez que não há risco de queda em locais habitados. Outra vantagem é ficar numa região de clima agradável, sem grandes variações de temperatura, que permite lançamentos o ano todo.

Além de possuir uma base de lançamento numa posição estratégica, o setor tenta ganhar fôlego com a versão mais recente do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), de 2012. O plano prevê o repasse de US$ 2,2 bilhões até 2021 para a conclusão de projetos como o satélite CBERS-4, os lançamentos dos foguetes Cyclone-4 e VLS, do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), do satélite Amazônia-1 e do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC-1). Outra meta é estimular a indústria espacial nacional. O mercado de defesa e segurança equivale atualmente a apenas 0,17% do PIB brasileiro, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). As indústrias privadas recebem 25% da verba do programa brasileiro. Nos Estados Unidos, o governo é o grande cliente, mas parte considerável da pesquisa espacial é desenvolvida por uma indústria inovadora, com empresas como Lockheed Martin, Boeing e Space X. As duas últimas foram vencedoras de uma concorrência para transportar astronautas até a Estação Espacial Internacional em naves privadas a partir de 2017.

“Nosso programa ainda é público e atende ao governo. A parte privada é que falta”, afirma José Braga Coelho, presidente da Agência Espacial Brasileira. No momento, o único grande empreendimento com capital privado é a empresa Visiona, que constrói o SGDC-1, na qual a Embraer é sócia da estatal Telebrás. “Mas a tendência é de maior envolvimento. Grandes empresas em breve vão querer ter seus próprios satélites, atendendo a seus interesses. É isso que o programa tem de suprir. Por que a Petrobrás vai depender de imagens de outro satélite se puder ter o seu?”

VAI DECOLAR UM DIA?
Baixo investimento é um dos principais motivos para o Brasil continuar na lanterna da corrida espacial

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NA PLATAFORMA
Nem tudo está perdido. Apesar do atraso, o Brasil tem algumas cartas na manga: são novos projetos que devem dar um impulso firme ao programa espacial nos próximos anos

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