Re: Noticias de Portugal
Enviado: Seg Fev 15, 2010 10:08 pm
Depois da tempestade vem a bonança
Sócrates aposta na mobilização dos socialistas
Patrocínio
"Não há fome que não dê em fartura". O dito popular pode aplicar-se à situação que se vive no PS. Ou seja, foi ontem, segunda-feira, anunciado que José Sócrates convocou reuniões de todos os órgãos directivos, na sequência de críticas à falta de diálogo entre o líder e o partido.
A atitude de Sócrates é lida internamente como um salto em frente, numa tentativa de chamar o partido a si para um novo "sobressalto mobilizador".
"O líder tem de ouvir o partido". É o que pensam alguns dos dirigentes, que têm vindo a criticar a ausência de uma orientação clara para dar resposta ao momento difícil que o Governo, e em particular o primeiro-ministro, tem vindo a atravessar na sequência da divulgação das alegadas escutas telefónicas, no âmbito do processo Caso Face Oculta.
Após a reunião do Secretariado Nacional (órgão de direcção restrito) marcada para as 13 horas de amanhã, Sócrates reúne-se, na quinta-feira, à hora do jantar , com o grupo parlamentar. O órgão máximo entre congressos, a Comissão Nacional, tem agenda marcada para as 10 horas de sábado, em Lisboa. Nessa tarde, o líder estará também no Porto, no edifício da Alfândega, numa reunião geral de militantes da federação portuense. Este encontro decorrerá à hora da manifestação de apoio a Sócrates, convocada por SMS para a Alameda, em Lisboa, em relação à qual a direcção do partido já se demarcou.
"Novas Fronteiras"em Março
Vitalino Canas, um dos socialistas que pediu, na edição de sábado do JN, a convocação dos órgãos partidários, sublinha agora a necessidade de Sócrates estar junto do partido.
"Reconheço que, antes da viabilização do Orçamento de Estado estar encaminhada, me parecia difícil o chamado núcleo duro do Governo ter disponibilidade para o partido. Mas, agora que há uma certa acalmia nessa frente, é muito importante que o primeiro-ministro saiba o que pensa o partido. Mais do que se justificar, o secretário-geral tem de ouvir o partido". A esta opinião do deputado e antigo porta-voz socialista, junta-se a de Vítor Ramalho, para quem "urge que se provoque esse sobressalto mobilizador" no PS.
"O partido e o Governo têm de dar resposta a uma crise financeira, económica, política e de confiança. E esse combate só será eficaz se houver uma unidade de acção que resulte de uma unidade de pensamento".
Ainda em declarações ao JN, o ex-deputado e actual presidente do INATEL, defendeu ser "urgente acabar com a telenovela" relacionada com a polémica em torno da divulgação das alegadas escutas telefónicas que dão contam de um eventual plano para controlar a comunicação social. Por isso, defendeu, "é preciso gerar um debate interno no partido, no qual a direcção esteja presente com ouvidos de ouvir".
Além dos órgãos do partido, Sócrates agendou igualmente uma Convenção "Novas Fronteiras" para 20 de Março.
A iniciativa de marcar uma convenção fora do estrito quadro partidário não agradou a Vítor Ramalho, porque, acentuou, "cada passo deve ser dado no seu tempo e agora é o momento de mobilizar o partido". Um argumento que utilizou também para considerar ser ainda prematura falar-se de presidenciais.
ANA PAULA CORREIA
publicado a 2010-02-16 às 00:00