Re: EUA
Enviado: Sex Nov 06, 2015 7:54 am
Bush pai arrasa o "radical" Cheney e o "arrogante" Rumsfeld
Alexandre Martins
05/11/2015 - 15:46
O 41.º Presidente dos EUA também crítica o seu filho, George W. Bush, por ter permitido que os dois responsáveis tivessem exercido mais poder do que deviam.
George W. Bush, Donald Rumsfeld e Dick Cheney em 2006 Kevin Lamarque/Reuters
A opinião do ex-Presidente George Bush sobre a forma como o seu filho liderou a resposta aos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 foi finalmente revelada, numa biografia que reserva palavras pouco elogiosas para figuras como o antigo secretário da Defesa Donald Rumsfeld.
"Não gosto do que ele fez, acho que serviu mal o Presidente", disse George Bush ao autor do livro, Jon Meacham, biógrafo de outros ex-Presidentes norte-americanos e vencedor de um Prémio Pulitzer em 2009, precisamente na categoria de Biografia ou Autobiografia.
Mais de uma década depois da invasão do Iraque, o Presidente que também liderou uma ofensiva contra Saddam Hussein, no início da década de 1990, revela o que pensa sobre Donald Rumsfeld, sobre o antigo vice-presidente Dick Cheney e sobre o seu próprio filho.
Mas é para o antigo secretário da Defesa entre 2001 e 2006 que Bush pai reserva as palavras mais duras: "Nunca fui muito próximo dele. Há ali uma falta de humildade, uma incapacidade de ver o que as outras pessoas pensam. Ele é mais do tipo de começar a dar porrada e marcar pessoas. E acho que pagou um preço por isso. O Rumsfeld era um tipo arrogante."
Donald Rumsfeld apresentou a demissão do cargo de secretário da Defesa em Novembro de 2006, sob pressão de vários generais norte-americanos, que começaram a questionar a sua capacidade de liderança e competência militar, numa altura em que a situação no Iraque já tinha escapado ao controlo dos EUA.
Para além da opinião sobre Rumsfeld, George Bush revela também que ficou desiludido com o antigo vice-presidente Dick Cheney, que tinha sido seu secretário da Defesa entre 1989 e 1993 – e que, durante esse mandato, dirigiu a Operação Tempestade no Deserto, motivada pela ocupação do Kuwait pelo Iraque, em 1990.
"Ele tornou-se muito radical, e muito diferente do Dick Cheney que eu conheci e com quem trabalhei", disse George Bush, criticando-lhe ainda a "submissão aos tipos que querem lutar por causa de tudo e acima de tudo, e que querem usar a força para impor a vontade dos EUA no Médio Oriente".
Para George Bush, Dick Cheney tinha um poder próprio na Administração, com funções e decisões muito para além do que é tradicional num vice-presidente: "Ele tinha o seu próprio império e marchava ao ritmo do seu próprio tambor."
"O maior erro foi terem deixado Cheney instalar o seu Departamento de Estado. Mas isso não foi culpa do Cheney. Foi um erro do Presidente", disse Bush, apontando o dedo ao seu filho, George W. Bush. "O passa-culpas acaba ali", disse, referindo-se ao cargo de Presidente dos Estados Unidos.
Se as palavras mais duras são dirigidas aos dois maiores falcões da Administração que lidou com os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, George Bush também critica "a retórica" usada pelo seu filho: "A retórica inflamada entra facilmente nas manchetes dos jornais, mas não resolve o problema diplomático."
Quando questionado para dar um exemplo dessa "retórica inflamada" usada no pós-11 de Setembro, George Bush respondeu com o discurso do Estado da União de 2002, quando George W. Bush juntou o Iraque, o Irão e a Coreia do Norte num "eixo do mal".
"Quando recordamos o 'eixo do mal' e outras coisas do género, podemos admitir que está historicamente comprovado que isso não beneficiou nada nem ninguém."
Apesar de tudo, George Bush não chega a criticar a invasão do Iraque, considerando mesmo que o derrube e a captura de Saddam Hussein foram "momentos de orgulho" para os EUA. "O Saddam desapareceu, e com ele desapareceu muita da brutalidade e da sordidez", considera o 41.º Presidente norte-americano. Sobre o conjunto das decisões tomadas pelo 43.º Presidente – o seu filho –, George Bush não consegue fazer uma avaliação totalmente negativa: "Ele é meu filho. Fez o seu melhor e eu apoio-o. É uma equação muito simples."
Fora do livro – intitulado Destiny And Power: The American Odysseys Of George Herbert Walker Bush – fica uma surpreendente revelação feita pelo antigo Presidente ao seu biógrafo em Setembro passado, sobre o casamento entre pessoas do mesmo género.
"A nível pessoal continuo a acreditar no casamento tradicional. Mas as pessoas devem poder fazer o que quiserem, sem discriminação. As pessoas têm direito a serem felizes. Acho que se pode dizer que fui ficando mais sensível."
http://www.publico.pt/mundo/noticia/bus ... ld-1713460
Alexandre Martins
05/11/2015 - 15:46
O 41.º Presidente dos EUA também crítica o seu filho, George W. Bush, por ter permitido que os dois responsáveis tivessem exercido mais poder do que deviam.
George W. Bush, Donald Rumsfeld e Dick Cheney em 2006 Kevin Lamarque/Reuters
A opinião do ex-Presidente George Bush sobre a forma como o seu filho liderou a resposta aos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 foi finalmente revelada, numa biografia que reserva palavras pouco elogiosas para figuras como o antigo secretário da Defesa Donald Rumsfeld.
"Não gosto do que ele fez, acho que serviu mal o Presidente", disse George Bush ao autor do livro, Jon Meacham, biógrafo de outros ex-Presidentes norte-americanos e vencedor de um Prémio Pulitzer em 2009, precisamente na categoria de Biografia ou Autobiografia.
Mais de uma década depois da invasão do Iraque, o Presidente que também liderou uma ofensiva contra Saddam Hussein, no início da década de 1990, revela o que pensa sobre Donald Rumsfeld, sobre o antigo vice-presidente Dick Cheney e sobre o seu próprio filho.
Mas é para o antigo secretário da Defesa entre 2001 e 2006 que Bush pai reserva as palavras mais duras: "Nunca fui muito próximo dele. Há ali uma falta de humildade, uma incapacidade de ver o que as outras pessoas pensam. Ele é mais do tipo de começar a dar porrada e marcar pessoas. E acho que pagou um preço por isso. O Rumsfeld era um tipo arrogante."
Donald Rumsfeld apresentou a demissão do cargo de secretário da Defesa em Novembro de 2006, sob pressão de vários generais norte-americanos, que começaram a questionar a sua capacidade de liderança e competência militar, numa altura em que a situação no Iraque já tinha escapado ao controlo dos EUA.
Para além da opinião sobre Rumsfeld, George Bush revela também que ficou desiludido com o antigo vice-presidente Dick Cheney, que tinha sido seu secretário da Defesa entre 1989 e 1993 – e que, durante esse mandato, dirigiu a Operação Tempestade no Deserto, motivada pela ocupação do Kuwait pelo Iraque, em 1990.
"Ele tornou-se muito radical, e muito diferente do Dick Cheney que eu conheci e com quem trabalhei", disse George Bush, criticando-lhe ainda a "submissão aos tipos que querem lutar por causa de tudo e acima de tudo, e que querem usar a força para impor a vontade dos EUA no Médio Oriente".
Para George Bush, Dick Cheney tinha um poder próprio na Administração, com funções e decisões muito para além do que é tradicional num vice-presidente: "Ele tinha o seu próprio império e marchava ao ritmo do seu próprio tambor."
"O maior erro foi terem deixado Cheney instalar o seu Departamento de Estado. Mas isso não foi culpa do Cheney. Foi um erro do Presidente", disse Bush, apontando o dedo ao seu filho, George W. Bush. "O passa-culpas acaba ali", disse, referindo-se ao cargo de Presidente dos Estados Unidos.
Se as palavras mais duras são dirigidas aos dois maiores falcões da Administração que lidou com os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, George Bush também critica "a retórica" usada pelo seu filho: "A retórica inflamada entra facilmente nas manchetes dos jornais, mas não resolve o problema diplomático."
Quando questionado para dar um exemplo dessa "retórica inflamada" usada no pós-11 de Setembro, George Bush respondeu com o discurso do Estado da União de 2002, quando George W. Bush juntou o Iraque, o Irão e a Coreia do Norte num "eixo do mal".
"Quando recordamos o 'eixo do mal' e outras coisas do género, podemos admitir que está historicamente comprovado que isso não beneficiou nada nem ninguém."
Apesar de tudo, George Bush não chega a criticar a invasão do Iraque, considerando mesmo que o derrube e a captura de Saddam Hussein foram "momentos de orgulho" para os EUA. "O Saddam desapareceu, e com ele desapareceu muita da brutalidade e da sordidez", considera o 41.º Presidente norte-americano. Sobre o conjunto das decisões tomadas pelo 43.º Presidente – o seu filho –, George Bush não consegue fazer uma avaliação totalmente negativa: "Ele é meu filho. Fez o seu melhor e eu apoio-o. É uma equação muito simples."
Fora do livro – intitulado Destiny And Power: The American Odysseys Of George Herbert Walker Bush – fica uma surpreendente revelação feita pelo antigo Presidente ao seu biógrafo em Setembro passado, sobre o casamento entre pessoas do mesmo género.
"A nível pessoal continuo a acreditar no casamento tradicional. Mas as pessoas devem poder fazer o que quiserem, sem discriminação. As pessoas têm direito a serem felizes. Acho que se pode dizer que fui ficando mais sensível."
http://www.publico.pt/mundo/noticia/bus ... ld-1713460