#17618
Mensagem
por FCarvalho » Qui Dez 07, 2023 11:48 am
É lamentável dizer que o Prosub está matando a marinha como força naval no todo, tirando qualquer capacidade de investimento a longo prazo que se possa vislumbrar para a substituição dos meios de superfície que hora demandam ser retirados de serviço.
Com alguma sorte vamos ao longo desta década construir e entregar, se muito, pouco mais de uma dezena de navios, sendo 4 sub e 4 fragatas. O resto são meios distritais, e ainda assim, em números tão pífios quanto risíveis do ponto de vista operacional da esquadra.
E no entanto, a MB irá dispender gigantesco esforço orçamentário a fim de manter estes poucos projetos que ainda mantém com o nariz fora d'água. Sinal mais que evidente do colapso total da sustentabilidade financeira da esquadra e demais meios.
Quanto aos meios aéreos, é o que se tem. Os Esquilo continuam sem solução para aposentadoria, e os UH-15 seguem sendo espalhados pelo país de forma a tentar manter uma capacidade mínima de SAR e apoio aos DN, diluindo a já pouca disposição de helos em apoio à FFE e à esquadra sediada no RJ. A ideia de se comprar mais SH-60 não encontra luz no fim do túnel, enquanto VF-1 segue sua sina de escola de manutenção de doutrina de asa fixa, e nada mais. O início da implantação do SISGAAZ talvez traga alguma novidade, mas, mesmo assim, sem qualquer certeza dos aportes necessários à sua plena funcionalidade.
Volto a lembrar do projeto construído no Peru do navio de apoio anfíbio sul coreano, e que chegou a ser ofertado à MB, mas que não passou disso. Seria uma opção aceitável para substituir o Navio Escola Brasil, e mesmo os dois NDCC britânicos, que foram defenestrados, assim como o Matoso Maia, sem solução de continuidade. A FFE hoje basicamente só tem o NAM Atlântico e o Bahia como meios de deslocamento, o que não é suficiente sequer para transportar uma UAnf nucleada em um btlfuznvs e seus meios de apoio.
Para resolver este problema, seria lícito recorrer a outros estaleiros fora do eixo USA-Europa, olhando o que existe no mercado asiático, que não por acaso há muito tempo já oferece soluções à altura dos fornecedores tradicionais da MB.
Não vejo problema, por exemplo, que o Navio de apoio logístico móvel possa ter na Coréia do Sul e\ou China a solução adequada de sua incorporação. Os meios de apoio anfíbio idem.
Agora, navios como Rebocadores de alto mar, patrulha fluviais, caça minas, e Navios hidroceanograficos são meios que podem, e devem, ser obtidos a partir de soluções nacionais sempre que viáveis, e economicamente factíveis. E para isso o CPN tem projetos, ou pode traçar parcerias com a iniciativa privada. Não vejo dificuldades da indústria naval projetar e construir tais meios para a MB.
O aporte técnico à Corveta Barroso para que consiga operar por mais 10-15 anos é louvável, já que é na prática o único navio da esquadra, fora o NAM Atlântico e o Bahia, que não apresenta algum problema operacional ou de manutenção quando necessita ir ao mar. Por outro lado, se a MB conseguir encetar os dois navios adicionais das FCT, e a TKMS entregar tudo até 2030, não vejo porque continuar com o navio em operação, assim como as Niterói que se tentará manter até o final da década. Caso negativo, mas os dois navios sendo entregues na sequência do cronograma atual em 2030 e 2031, ela poderá dar baixa normalmente em 2035, que seria o tempo para a MB receber estes navios até serem aceitos, formalmente pela MB após todas as avaliações e testes de mar.
Acredito que os Navios patrulha oceânico da classe Amazonas serão mantido apenas as 3 unidades compradas por ocasião, já que a MB não quis lançar mão do direito de construir mais unidades aqui sob licença britânica, o que talvez, possa se mostrar um erro da alta gestão naval, tendo em vista ao menos 5 navios acrescidos à frota de superfície durante os últimos anos desde sua incorporação. Acréscimo este hoje que seria valiosíssimo aos parcos recursos disponíveis que hoje a MB consegue operar integralmente. Seriam 8 navios que poderiam fazer grande diferença, para quem não tem mais praticamente navios de escolta em condições de aprestamento imediato.
Enfim, penso que a MB deva rever os seus projetos de forma a buscar soluções mais razoáveis em termos financeiros e operacionais a si, buscando voltar a operar meios que realmente ela possa dispor quando e se necessário, gerando mais dias de mar, com a consequente presença onde eles realmente são necessários, que obviamente não é em seus portos e bases navais. Neste sentido, para a próxima década, buscar a construção dos NaPaOc BR em quantidade de 12 a 18 navios, deve ser a meu ver o objetivo. Se fizermos o nosso dever de casa, conseguimos uma forma de financiar tais meios via Engepron, escapando dos cortes onipresentes da fazenda e planejamento no orçamento da Defesa. Com certeza um investimento que pode nos trazer muitos benefícios em termos industriais e tecnológicos junto à BIDS e indústria naval nacional.
Carpe Diem