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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Ter Ago 28, 2018 12:13 pm
por P44
DAFUQ....

As mais recentes simulações feitas no Japão parecem dar força à ideia de que o nosso Universo não é tridimensional, mas sim uma projeção holográfica proveniente de um longínquo local a duas dimensões.


O Universo não existe enquanto espaço tridimensional. É, antes, uma ilusão; um holograma projetado a partir de uma área bidimensional algures na longínqua fronteira do espaço conhecido.


A teoria foi proposta em 1997 pelo físico Juan Maldacena, que criou um modelo do Universo onde a gravidade resultava da vibração de minúsculas cordas, vibrações essas que podiam ser reinterpretadas nas leis estabelecidas da física. O espaço segundo esta Teoria das Cordas inclui nove dimensões espaciais, mais uma do tempo, e é um mero holograma.


A Nature diz que esta ideia foi muito bem recebida pelos físicos por conseguir conciliar e resolver aparentes inconsistências entre a física quântica e a teoria da gravidade de Einstein, o mundo do micro e do macro. Todavia, até agora não havia qualquer tipo de provas que apoiassem esta ideia.


Agora, uma equipa de cientistas japoneses criou duas simulações distintas, para tentar perceber se esta ideia tinha qualquer tipo de validade.

Numa, simularam a energia interna de um buraco negro e a posição do horizonte de eventos, a fronteira entre o buraco negro e o resto do universo, o local para lá do qual é impossível fugir à gravidade do objeto. Os cálculos foram feitos tento em conta as previsões da Teoria Das Cordas. Na outra simulação, os cientistas calcularam a energia interna de um cosmos sem gravidade. Os dois cálculos são concordantes, o que parece indicar que dois mundos aparentemente díspares nas regras da física são correspondentes. Segundo Maldacena, isto dá aos cientistas esperança de que as propriedades gravitacionais do nosso Universo possam um dia ser explicadas com base num universo bidimensional mais simples e recorrendo apenas à teoria quântica.

fonte :
http://exameinformatica.sapo.pt/noti...e-um-holograma

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Ter Ago 28, 2018 12:13 pm
por P44
http://www.numbersleuth.org/universe/size/big-universe-poster.jpg

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Sex Set 14, 2018 8:12 pm
por cabeça de martelo
The Crazy Solution For Keeping The Melting Arctic Frozen


Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Seg Set 17, 2018 7:44 am
por cabeça de martelo

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qua Set 19, 2018 4:23 pm
por Clermont
"Irmão vota em irmão".

Silvia Mara Novaes Sousa Bertani - VEJA, 19-09-18.

A cada eleição, o Brasil comparece de uma maneira diferente às urnas. Se hoje os estudantes aprendem nas escolas que vivemos no maior país católico do mundo, dentro de duas ou três décadas uma transformação radical terá se consumado. Segundo a Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, 36% brasileiros hoje se dizem católicos e 37% se afirmam evangélicos. Em 2040, a expectativa é a de que essa diferença aumente. Os católicos serão 23% e os evangélicos, 45%. Por causa desse fenômeno que já está em movimento, no pleito deste ano o voto evangélico terá importância ímpar, não vista em outras eleições. Essa reviravolta trará consequências ainda maiores para a economia e para o equilíbrio das forças políticas, alterando a percepção nacional em relação a temas diversos, como o direito das mulheres e dos homossexuais.

Financeiramente, os evangélicos não foram tão afetados pela crise econômica que levou inúmeras empresas à bancarrota. Há uma enorme solidariedade entre os fieis que montaram seus próprios negócios. Dentre eles, há uma valorização muito grande do empreendedorismo. Para os evangélicos, principalmente os neopentecostais, o valor não está em ter um emprego, e sim em ter um negócio. É enfatizada a ideia de que essas atividades são conduzidas por Deus e possibilitam atingir melhores condições de vida. A percepção dos riscos envolvidos nas diversas atividades é minimizada, pois permeia entre eles a noção da interferência divina na ordem das coisas. Os vínculos criados entre os fieis empreendedores, vistos como um grupo diferenciado e selecionado de privilegiados dentro das igrejas, os protege das épocas de crise, em que os recursos são parcos. Há um compartilhamento racional do ganho econômico por meio da troca entre integrantes do próprio grupo, que assim é capaz de se ajustar a escassas condições econômicas de um determinado momento.

Outro ponto é que os evangélicos souberam se articular no Congresso nos últimos anos para criar leis que favoreceram seus interesses. Recentemente, a bancada evangélica apresentou uma emenda ao Refis que dispensaria igrejas de pagar impostos sobre as remessas ao exterior. A mesma bancada apresentou outro dispositivo que ainda os livra do pagamento de contribuições, além de terem de ser perdoadas por todas as dívidas do passado. Os recursos que ficam à disposição são gigantescos. Trata-se de caixa volumoso e de rápido acesso, que lhes possibilita participar de leilões por canais de televisão e rádio numa condição privilegiada. Há uma nítida conexão entre a conquista de emissoras, a abertura de novos templos ou grupos de apoio e, consequentemente, maior arrecadação financeira. Trata-se de um processo que se retroalimenta.

Segundo os dados da Receita Federal, a Igreja Universal do Reino de Deus arrecada cerca de 1,5 bilhão de reais por ano, movimentando mais recursos que muitas grandes empresas convencionais que pagam impostos. Em um pleito em que o financiamento privado não será permitido, esse montante poderá fazer a diferença.

Enquanto a maior parte dos candidatos tradicionais enfrenta problemas para alcançar os eleitores pessoalmente ou pelo horário gratuito da televisão, os candidatos evangélicos se beneficiam por exercer uma influência sutil e condicionante em seus fiéis. Quando um pastor recebe a ordenança de cuidar de um pastoreado, as pessoas o têm como um guia de comportamentos e ensinamentos. Além disso, quando um homem recebe um chamado de pastor, entende-se que, de acordo com o evangelho, é um chamado de Deus. Um dos slogans mais comuns antes do boom dos neopentecostais era o de “crente vota em crente”. Hoje, a frase mudou para “irmão vota em irmão”.

Em razão dessa força de indução ao voto, mais do que qualquer outra religião, pastores e bispos podem ganhar votos baseados na confiança. O vínculo religioso entre candidato e eleitor atestam essa cumplicidade e parceria. Isso não significa que eles só votem nos “irmãos de fé”, mas o vínculo é expressivo e a cada eleição se amplia mais, com candidatos assumindo postos de comando e, especialmente, fortalecendo os grupos de pressão.

Confiantes, em um momento em que todos os demais estão fragilizados, os evangélicos buscarão candidatos que abracem seus valores. Eleitos, seus representantes terão força no próximo Congresso. Como traço predominante, eles trazem o conservadorismo moral. São afeitos a discursos a favor da família, contra o aborto ou que neguem políticas de gênero e de sexualidade. São temas que a Frente Parlamentar Evangélica já tem levado adiante, até mesmo fazendo alianças com outras denominações religiosas, como os católicos.

No espectro político, o grupo dos evangélicos rejeita imediatamente a esquerda. Fazem isso não porque discordam dos seus princípios ideológicos, mas por terem arraigados no inconsciente que a esquerda é do mal. Se é do mal, não é de Deus. Quando se fala da direita, a percepção é do “grupo do bem”. Não há um desejo pela volta da ditadura militar, tema que aparece na boca dos candidatos. O que existe é uma articulação desse tema com o de segurança pública. Quando se pergunta a um evangélico sobre o que foi a ditadura militar, as respostas convergem para o mesmo ponto: a de que naquela época podíamos andar na rua sem sermos assaltados.

Na questão econômica, a busca é por um presidenciável que defenda o liberalismo de mercado. Que seja capaz de gerar postos de trabalho e garantir o crescimento. Nesse ponto, pode-se dizer que os evangélicos fizeram um bem ao Brasil. Entre os neopentecostais, por exemplo, os fiéis são convidados a tomar posse das riquezas a eles destinada, adotando uma posição proativa com relação a prosperidade material. Fiel e Deus são sócios na missão de progredir. Para os neopentecostais não existe um destino, uma predestinação, um futuro certo. Cada um deve buscar individualmente a sua graça. Trabalho e a iniciativa pessoal são valorizados, porque são ferramentas para a conquista de bens e de riqueza. Prosperar é a palavra chave para empreender, sendo a fé em Deus uma sócia nos negócios. Sob esse aspecto o empreendedorismo começa a desenhar um perfil de uma nova classe social que é economicamente ativa e em ascensão. Esse crescimento dos empreendedores neopentecostais ainda não é tão significativo, mas pode ganhar mais corpo no futuro, transformando em grande parte o perfil da sociedade brasileira.

___________________________________________________________________________________________
Silvia Mara Novaes Sousa Bertani é advogada civilista, pós-graduanda em gestão pública da educação pela Unifesp e doutora pela PUC-SP.

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qua Set 19, 2018 4:56 pm
por J.Ricardo
é a nova roupagem do voto de cabresto.
Mas o voto evangélico não é tão uniforme como se faz passar na reportagem, há muita divisão também entre as lideranças evangélicas.

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qui Out 11, 2018 7:26 am
por cabeça de martelo
Imagem

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qui Out 11, 2018 3:54 pm
por J.Ricardo
Desculpe, mas, quais foram os dados levados em consideração para qualificar um país de como "mais saudável" que outro?

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Sex Out 12, 2018 10:43 am
por cabeça de martelo
J.Ricardo escreveu: Qui Out 11, 2018 3:54 pm Desculpe, mas, quais foram os dados levados em consideração para qualificar um país de como "mais saudável" que outro?
Não sei, mas fui pesquisar ao site directamente e só encontrei isto:

https://www.numbeo.com/health-care/rank ... title=2018

Ao nível do continente Americano o resultado é este:

1 Argentina
2 Canada
3 Mexico
4 United States
5 Colombia
6 Chile
7 Uruguay
8 Puerto Rico
9 Brazil
10 Venezuela

Penso que a imagem que questionou tem mais a ver com a longevidade das populações e este é mesmo só acerca dos sistemas de saúde nacionais.

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qua Out 17, 2018 8:45 am
por cabeça de martelo
Essays reveal Stephen Hawking predicted race of 'superhumans'
Physicist said genetic editing may create species that could destroy rest of humanity

Sarah Marsh


Stephen Hawking: ‘Some people won’t be able to resist the temptation to improve human characteristics.’
The late physicist and author Prof Stephen Hawking has caused controversy by suggesting a new race of superhumans could develop from wealthy people choosing to edit their and their children’s DNA.

Hawking, the author of A Brief History of Time, who died in March, made the predictions in a collection of articles and essays.

The scientist presented the possibility that genetic engineering could create a new species of superhuman that could destroy the rest of humanity. The essays, published in the Sunday Times, were written in preparation for a book that will be published on Tuesday.

“I am sure that during this century, people will discover how to modify both intelligence and instincts such as aggression,” he wrote.

“Laws will probably be passed against genetic engineering with humans. But some people won’t be able to resist the temptation to improve human characteristics, such as memory, resistance to disease and length of life.”

A brief history of A Brief History of Time by Stephen Hawking
Read more
In Brief Answers to the Big Questions, Hawking’s final thoughts on the universe, the physicist suggested wealthy people would soon be able to choose to edit genetic makeup to create superhumans with enhanced memory, disease resistance, intelligence and longevity.

Hawking raised the prospect that breakthroughs in genetics will make it attractive for people to try to improve themselves, with implications for “unimproved humans”.

“Once such superhumans appear, there will be significant political problems with unimproved humans, who won’t be able to compete,” he wrote. “Presumably, they will die out, or become unimportant. Instead, there will be a race of self-designing beings who are improving at an ever-increasing rate.”

The comments refer to techniques such as Crispr-Cas9, a DNA-editing system that was invented six years ago, allowing scientists to modify harmful genes or add new ones. Great Ormond Street hospital for children in London has used gene editing to treat children with an otherwise incurable form of leukaemia.

What is Crispr?
Crispr, or to give it its full name, Crispr-Cas9, allows scientists to precisely target and edit pieces of the genome. Crispr is a guide molecule made of RNA, that allows a specific site of interest on the DNA double helix to be targeted. The RNA molecule is attached to Cas9, a bacterial enzyme that works as a pair of "molecular scissors" to cut the DNA at the exact point required. This allows scientists to cut, paste and delete single letters of genetic code.

However, questions have been raised about whether parents would risk using such techniques for fear that the enhancements would have side-effects.

The astronomer Lord Rees, who was a friend of Hawking at Cambridge University but often disagreed with his peer, noted a sperm bank in California offering only “elite” sperm, including from Nobel prize winners, had closed due to lack of demand.

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Seg Nov 19, 2018 8:56 pm
por Clermont



Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Ter Nov 27, 2018 1:34 am
por knigh7

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Ter Nov 27, 2018 12:40 pm
por Sterrius
cabeça de martelo escreveu: Qua Out 17, 2018 8:45 am Essays reveal Stephen Hawking predicted race of 'superhumans'
Physicist said genetic editing may create species that could destroy rest of humanity

Sarah Marsh


Stephen Hawking: ‘Some people won’t be able to resist the temptation to improve human characteristics.’
The late physicist and author Prof Stephen Hawking has caused controversy by suggesting a new race of superhumans could develop from wealthy people choosing to edit their and their children’s DNA.

Hawking, the author of A Brief History of Time, who died in March, made the predictions in a collection of articles and essays.

The scientist presented the possibility that genetic engineering could create a new species of superhuman that could destroy the rest of humanity. The essays, published in the Sunday Times, were written in preparation for a book that will be published on Tuesday.

“I am sure that during this century, people will discover how to modify both intelligence and instincts such as aggression,” he wrote.

“Laws will probably be passed against genetic engineering with humans. But some people won’t be able to resist the temptation to improve human characteristics, such as memory, resistance to disease and length of life.”

A brief history of A Brief History of Time by Stephen Hawking
Read more
In Brief Answers to the Big Questions, Hawking’s final thoughts on the universe, the physicist suggested wealthy people would soon be able to choose to edit genetic makeup to create superhumans with enhanced memory, disease resistance, intelligence and longevity.

Hawking raised the prospect that breakthroughs in genetics will make it attractive for people to try to improve themselves, with implications for “unimproved humans”.

“Once such superhumans appear, there will be significant political problems with unimproved humans, who won’t be able to compete,” he wrote. “Presumably, they will die out, or become unimportant. Instead, there will be a race of self-designing beings who are improving at an ever-increasing rate.”

The comments refer to techniques such as Crispr-Cas9, a DNA-editing system that was invented six years ago, allowing scientists to modify harmful genes or add new ones. Great Ormond Street hospital for children in London has used gene editing to treat children with an otherwise incurable form of leukaemia.

What is Crispr?
Crispr, or to give it its full name, Crispr-Cas9, allows scientists to precisely target and edit pieces of the genome. Crispr is a guide molecule made of RNA, that allows a specific site of interest on the DNA double helix to be targeted. The RNA molecule is attached to Cas9, a bacterial enzyme that works as a pair of "molecular scissors" to cut the DNA at the exact point required. This allows scientists to cut, paste and delete single letters of genetic code.

However, questions have been raised about whether parents would risk using such techniques for fear that the enhancements would have side-effects.

The astronomer Lord Rees, who was a friend of Hawking at Cambridge University but often disagreed with his peer, noted a sperm bank in California offering only “elite” sperm, including from Nobel prize winners, had closed due to lack of demand.
tb considero inevitável. De fato já começou.

Obvio que não vai começar de maneira radical, começa primeiro eliminando-se doença e procurando detalhes que os pais achem +atraente ou que ajudem o seu filho a ser bem sucedido.
Mas logo logo começara a ficar difícil impedir pessoas de terem filhos +rápidos, fortes e inteligentes, especialmente se houver nenhum problema negativo com o procedimento.

Ae caberá aos governos escolher expandir isso pra população toda ou deixar o $$$ falar e aumentar a desigualdade.

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qui Nov 29, 2018 9:40 am
por cabeça de martelo
Já começou... :evil:
Ainda poderá nascer um terceiro bebé geneticamente editado
Cientista chinês defendeu esta quarta-feira a experiência que terá resultado no nascimento dos dois primeiros bebés geneticamente editados, com uma manipulação que pretende conferir resistência à infecção por VIH. Assumidamente orgulhoso, anunciou que, além das gémeas Lulu e Nana, há uma outra gravidez que poderá trazer um terceiro bebé.

ANDREA CUNHA FREIT

Quem esperava esta quarta-feira saber todos os pormenores da experiência que terá sido levada a cabo pelo cientista chinês He Jiankui, que reclama ter ajudado a conceber os primeiros dois bebés, duas gémeas, geneticamente editados e que nasceram este mês, só pode estar frustrado. O pouco que He Jiankui adiantou na conferência internacional sobre edição genética, que decorre em Hong Kong, só serviu para deixar a comunidade científica (e não só) ainda mais confusa. Na plateia, enquanto o orgulhoso cientista defendia o seu trabalho com um discurso aparentemente ingénuo, havia quem acabasse por assumir que se sentiu fisicamente maldisposto com a apresentação.

No palco, aguardado com enorme expectativa, He Jiankui só pediu desculpa por uma coisa: pela fuga de informação dos resultados da sua experiência antes da revisão por pares, especialistas da área capazes de escrutinar e validar os dados apresentados. Mas, na verdade, os pormenores do trabalho do cientista ainda não foram divulgados. Nem vão ser, segundo adiantou, revelando que só o fará quando a revista científica (não disse qual) a que submeteu o artigo para publicação o fizer.

Assim, o que He Jiankui disse esta quarta-feira é basicamente o mesmo que sabíamos no início desta semana quando explodiu a polémica, juntando-se “apenas” o anúncio de um possível terceiro bebé editado a caminho, o resultado de uma gravidez que estará ainda na fase inicial. Na sua versão, nasceram este mês dois bebés, duas gémeas a que chama Lulu e Nana, que foram submetidas a uma edição genética que pretende torná-las resistentes à infecção pelo vírus do VIH. Para executar a tarefa, o cientista terá usado uma técnica chamada CRISPR-Cas9 que permite um jogo de “corta e cola” de genes. A ser verdade, será a primeira vez que embriões editados nascem no mundo. Até agora, as raras experiências neste campo envolvem apenas embriões que não são viáveis ou que são destruídos.

A experiência começou por envolver oito casais (mas prosseguiu com sete após a desistência de um deles) e incluía homens com VIH e mulheres que não estavam infectadas pelo vírus que queriam recorrer a fertilização in vitro. Um total de 31 embriões foi abrangido no procedimento, sendo que 70% foram efectivamente editados. Já este ano, um dos casais “engravidou”. He Jiankui recusa fornecer detalhes que permitam identificar as pessoas envolvidas mas assegura que as bebés “são saudáveis”. Aliás, esta quarta-feira durante a conferência, disse ainda que o procedimento não terá provocado nenhum efeito fora do alvo [no genoma] pretendido.

Um antiácido para David Baltimore
O risco de modificações no genoma off-target é um dos maiores receios da comunidade científica. Isso e possíveis efeitos colaterais que uma modificação no genoma pode provocar. Neste caso, He Jiankui refere que “silenciou” um gene que produz uma proteína que serve de “porta de entrada” para o vírus do VIH no ser humano. Trata-se de uma mutação que algumas pessoas têm (mais no Norte da Europa e que curiosamente não existirá na população da China) e que as torna resistentes à infecção por VIH. Tentar “silenciar” este gene num adulto com VIH já poderia ser discutível para algumas pessoas, sobretudo se tivermos em conta que os tratamentos hoje prolongam consideravelmente a vida destes doentes. Mas fazê-lo num embrião como o cientista chinês alega ter feito e tornar possível que esta “alteração” passe para futuras gerações, é ainda mais questionável. Os especialistas que já arriscaram comentar a hipótese da experiência de He Jiankui avisam ainda que as gémeas podem vir a desenvolver outro tipo de problemas. Por um lado, a manipulação pode não ter “alterado” todas as cópias do gene, e os bebés terão algumas cópias alteradas e outras não, o que não lhes garante a desejada resistência. Por outro, e embora existam pessoas aparentemente saudáveis com uma mutação (natural) neste gene,

Mas mais do que as consequências (a ser verdade, os bebés estão aí e deverão ser cuidadosamente acompanhados durante toda a vida), questionam-se as motivações deste trabalho. Os cientistas ainda não tinham conseguido convencer(-se) sobre o resultado da difícil equação que coloca riscos e benefícios lado a lado para tratar de doenças herdadas e incuráveis, e He Jiankui apareceu no palco mundial com o carro muito à frente dos bois. Porque o plano do cientista chinês não teve como objectivo curar uma doença ou corrigir algum tipo de erro genético no embrião, mas apenas conferir uma vantagem em relação a outros bebés, tornando-os supostamente resistentes a uma infecção por VIH.

E se até aqui a história já era capaz de arrepiar o mais liberal dos geneticistas, ainda há mais. Esta quarta-feira, na conferência internacional, o cientista chinês terá sido confrontado com várias questões e críticas, às quais foi respondendo de forma evasiva e com um discurso de uma ingenuidade pouco credível. Citada pela CNN, Jennifer Doudna, uma das responsáveis pela invenção desta ferramenta de edição genética, admitiu ter ficado “fisicamente maldisposta” durante a apresentação. David Baltimore, prémio Nobel da Medicina em 1975, também estava na plateia e também terá confessado aos jornalistas que teve de tomar um antiácido para suportar a sessão.

He Jiankui ainda tentou reparar danos e disse, por exemplo, que era contra o uso da edição genética para melhorar características do ser humano (como a inteligência ou a cor dos olhos). Mas depois descarrilou. “Sinto-me orgulhoso. Sinto-me orgulhoso porque o pai [das gémeas] já tinha perdido a esperança. Não se trata de ‘desenhar bebés’, só uma criança saudável”, justificou. Quando David Liu, da Universidade de Harvard (EUA), um dos principais responsáveis pela ferramenta de edição do genoma, o criticou durante a conferência por realizar uma experiência que não abordava uma “necessidade médica não atendida” (o HIV é evitável e tratável), He Jiankui argumentou que o pai seropositivo das gémeas desejava que a técnica lhe permitisse ter filhos que ficariam eternamente imunes ao VIH e que este vírus assume preocupantes contornos na China.

Durante uma grande parte da palestra, o cientista chinês que tem poucos artigos publicados na área da edição genética falou sobre experiências anteriores realizadas com ratinhos e macacos e embriões humanos inviáveis. Terá sido nesse contexto que percebeu que como a edição do genoma era mais eficiente quando feita perto do momento da fertilização. Ele, portanto, entregou a ferramenta de edição de genoma CRISPR-Cas9 via micro-injecção, juntamente com o espermatozóide usado para fertilizar um óvulo. Foram necessárias muitas injecções para garantir que a maioria das células contivesse a edição do ADN. “Depois de ouvir o Dr. He, só posso concluir que tudo isto foi malconduzido, prematuro, desnecessário e em grande parte inútil”, disse a bioeticista Alta Charo, da Universidade de Wisconsin, membro da comissão da organização da conferência internacional.

Ainda que orgulhoso, He Jiankui avisou que vai fazer uma pausa no trabalho tendo em conta o que aconteceu esta semana. Mas há coisas que não dá para colocar em pausa. Como a gravidez que estará ainda numa fase inicial e que poderá resultar no nascimento do terceiro bebé geneticamente editado, segundo anunciou. Disse ainda que todos os casais assinaram um consentimento informado, adiantando que lhes explicou todo o projecto “linha por linha”. E aqui abriu-se mais uma frente para críticas, uma vez que este tipo de autorização deve ser mediado por uma pessoa independente e nunca por alguém (tão) envolvido no projecto. Por fim, confirmou que a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzen, a que pertence (e que publicou uma declaração considerando que aquele trabalho constitui uma “grave violação da ética e dos padrões académicos"), não tinha conhecimento da experiência. He Jiankui terá pedido uma licença por três anos em Fevereiro.

Vídeos e outros meios de “promoção”
Esta é a versão de He Jiankui que, diga-se de passagem, já estava a ser preparada há várias semanas. Sabe-se agora que o cientista terá contratado uma empresa de comunicação e relações públicas para gerir todo o processo da divulgação do que antecipou (e bem) como uma bomba. Os vários vídeos (o primeiro da série tem mais de 200 mil visualizações) com um tom quase “promocional” que publicou no último domingo no YouTube sobre o trabalho no seu laboratório estavam prontos há algum tempo. Nos filmes curtos (em inglês) evita a expressão “edição genética” que substitui por “cirurgia genética”, apresenta a CRISPR-cas9 como um “tecnologia para curar” considerando que a sua experiência “cura uma família inteira” e diz estar consciente das inevitáveis críticas à experiência, mas também afirma estar disposto a lidar com elas “pelas famílias”...
https://www.publico.pt/2018/11/28/cienc ... do-1852801

Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência

Enviado: Qui Nov 29, 2018 7:39 pm
por knigh7
Para não "dramatizar" o tópico sobre um assunto delicado (O Inferno) vou colocar apenas o link para quem quiser ler. O trecho foi copiado literalmente sem nenhuma distorção pois eu tenho o Diário da Santa Faustina.

Embora não conste, está na página 234 do Diário dela.

https://padrepauloricardo.org/blog/eu-i ... do-inferno